*Cesar Vanucci
“Inadmissível! O apagão deixou SP
às escuras por uma semana inteira” (Domingos Justino Pinto, educador)
Os
habitantes da maior metrópole brasileira não estão conseguindo ver a luz no
final dos apagões. Têm plena convicção de que a empresa (ir) responsável pela distribuição
de energia elétrica, para milhões de moradias e instalações de serviços essenciais
nos lugares onde vivem e trabalham, não dispõe da mais leve condição técnica e
administrativa para executar a contento sua função.
Desaparelhada
para simples e rotineiras anomalias que ocorram no dia a dia da cidade de São
Paulo, a concessionária deparou-se com desafios que não está conseguindo,
definitivamente, contornar após o advento das mudanças climáticas. Noutras
palavras, a empresa não se mostra apta a enfrentar sequer um toró das
tradicionais temporadas chuvosas, quanto mais chuvas e trovoadas estrondosas
destes novos tempos metrológicos.
A
ENEL, sucessora da Eletropaulo em razão de privatização com características
muitíssimo singulares, não vem aportando os recursos definidos contratualmente,
para a manutenção e constante ampliação das redes de distribuição de energia. E
olhe que estamos falando de uma cidade colossal que cresce em ritmo vertiginoso.
Para pasmo de todos, encontra dificuldade até mesmo para remover galhos de
arvores tombadas sobre as fiações nas vias públicas.
A
atuação da ENEL configura, de forma enfática, mais um caso de privatização que não
deu certo e que envolveu ativos valiosíssimos e setores estratégicos vitais para
o desenvolvimento nacional. O enorme patrimônio da antiga estatal que operava
em São Paulo foi adquirido por uma bagatela. A concessionária conseguiu em curto
espaço de tempo, a façanha, de piorar consideravelmente o serviço prestado a
população além de elevar escorchantemente as taxas para consumidores.
Anotamos
acima o caráter singular da privatização. Cuidemos, agora, de explicar do que
se trata. A ENEL é uma multinacional com participação acionária do governo
Italiano. Encurtando razões: para a “privatização” acontecida aqui foi trazida uma
estatal de fora daqui. Há que se reconhecer que a operação em questão revestiu-se de características
bastante surreais, pra dizer o mínimo.
Os
clamores dos traumatizados paulistanos diante da calamidade dos apagões
provocaram, como não poderia deixar de ser, reações vigorosas das autoridades
competentes. Não faltaram ainda críticas ao comportamento de alguns segmentos
administrativos comprometidos com a missão de fiscalizar os atos da empresa. A Aneel,
órgão regulador do sistema energético foi chamada a se explicar. O mesmo
aconteceu com relação à prefeitura de SP. Instituições representativas dos governos Federal,
Estadual e Municipal abriram procedimentos e autuaram a eletricitária faltosa.
Dessas diligencias oficiais resultarão, por certo, amplo leque de medidas de
resguardo do interesse coletivo, como, por exemplo, intervenção na empresa,
cancelamento de contrato, indenizações pelos vultosos prejuízos.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)