*Cesar Vanucci
“Nunca descarto o uso de força
militar” (Donald Trump, sobre a Groenlândia.)
São
impactantes e de abrangência global os efeitos da febricitante atuação do
“xerife” Trump, disparando a torto e a direito seus atos executivos. Não há,
por conseguinte, como as questões suscitadas nesses atos deixarem de frequentar
insistentemente as preocupações da opinião pública, nem tampouco as atenções dos
comentaristas. Vejam, pois: o dirigente do mais poderoso país do mundo deixa
escancarada a disposição de apoderar-se na marra de territórios Soberanos, aliados
incondicionais em todas as ocasiões. O
caso da Groenlândia é bem emblemático. Com desfaçatez só vista antes na fala de
déspotas que infernizaram a história mundial, ele afirma, reafirma e confirma o
propósito de fazer de área vinculada à Dinamarca uma província
estadunidense. Não esconde sua cobiça
pelas riquezas existentes naquela Ilha do Ártico com potencial extraordinário
de exploração.
A
visita recente do Vice à Base Militar que os EUA mantêm na Groenlândia, operada
nos termos de um acordo firmado há décadas com a Dinamarca, foi interpretada
como incrível provocação. Tanto é que os governantes da Ilha recusaram-se a renderem-lhe
as honras de ilustre visitante. O governo da Dinamarca, contando com forte
solidariedade da Comunidade das Nações, tem expressado indignação com relação
aos desejos expansionistas de Trump. A população, pela mesma forma, dá
demonstrações de compreensível inconformismo e desagrado nas ruas e praças das
cidades dinamarquesas.
Até
a semana passada os atos desencadeados, monocraticamente, pela Casa Branca, já
haviam produzido 150 decisões judiciais, uma delas no âmbito da Suprema Corte. São
sinais eloquentes, bem sintomáticos, do estado de espírito reinante nos
diversos setores da vida Norte Americana. As questões demandadas compreendem
deportações, conflitos trabalhistas, ocasionados por demissões em massa,
entrechoques com magistrados, escritórios de advocacia, educadores,
empresários, agentes públicos, gente ligada a movimentos de cidadania.
Para
aguçar ainda mais as relações, já tensas, do governo com a opinião pública,
vieram à tona 2 escândalos ligados ao vazamento de informações sigilosas,
consideradas segredos de Estado. Uma delas, já aqui comentada, é a visita de
Elon Musk ao Pentágono, onde o magnata obteve informações altamente
privilegiadas. Outra situação amplamente criticada disse respeito á extrema
facilidade com que a imprensa colheu dados secretos, com antecedência, da
operação militar promovida contra o grupo terrorista no Iêmen.
Por
conta deste cenário parece mais que provável a movimentação, a qualquer
momento, dos ponteiros do Relógio do Juízo Final, sinistra metáfora do
comportamento desvairado da liderança mundial na atualidade.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)