terça-feira, 1 de abril de 2025

A ambição expansionista do “xerife”

 


 

*Cesar Vanucci

“Nunca descarto o uso de força militar” (Donald Trump, sobre a Groenlândia.)

 


São impactantes e de abrangência global os efeitos da febricitante atuação do “xerife” Trump, disparando a torto e a direito seus atos executivos. Não há, por conseguinte, como as questões suscitadas nesses atos deixarem de frequentar insistentemente as preocupações da opinião pública, nem tampouco as atenções dos comentaristas. Vejam, pois: o dirigente do mais poderoso país do mundo deixa escancarada a disposição de apoderar-se na marra de territórios Soberanos, aliados incondicionais em todas as ocasiões.  O caso da Groenlândia é bem emblemático. Com desfaçatez só vista antes na fala de déspotas que infernizaram a história mundial, ele afirma, reafirma e confirma o propósito de fazer de área vinculada à Dinamarca uma província estadunidense.  Não esconde sua cobiça pelas riquezas existentes naquela Ilha do Ártico com potencial extraordinário de exploração.

A visita recente do Vice à Base Militar que os EUA mantêm na Groenlândia, operada nos termos de um acordo firmado  décadas com a Dinamarca, foi interpretada como incrível provocação. Tanto é que os governantes da Ilha recusaram-se a renderem-lhe as honras de ilustre visitante. O governo da Dinamarca, contando com forte solidariedade da Comunidade das Nações, tem expressado indignação com relação aos desejos expansionistas de Trump. A população, pela mesma forma, dá demonstrações de compreensível inconformismo e desagrado nas ruas e praças das cidades dinamarquesas.

Até a semana passada os atos desencadeados, monocraticamente, pela Casa Branca, já haviam produzido 150 decisões judiciais, uma delas no âmbito da Suprema Corte. São sinais eloquentes, bem sintomáticos, do estado de espírito reinante nos diversos setores da vida Norte Americana. As questões demandadas compreendem deportações, conflitos trabalhistas, ocasionados por demissões em massa, entrechoques com magistrados, escritórios de advocacia, educadores, empresários, agentes públicos, gente ligada a movimentos de cidadania.

Para aguçar ainda mais as relações, já tensas, do governo com a opinião pública, vieram à tona 2 escândalos ligados ao vazamento de informações sigilosas, consideradas segredos de Estado. Uma delas, já aqui comentada, é a visita de Elon Musk ao Pentágono, onde o magnata obteve informações altamente privilegiadas. Outra situação amplamente criticada disse respeito á extrema facilidade com que a imprensa colheu dados secretos, com antecedência, da operação militar promovida contra o grupo terrorista no Iêmen. 

Por conta deste cenário parece mais que provável a movimentação, a qualquer momento, dos ponteiros do Relógio do Juízo Final, sinistra metáfora do comportamento desvairado da liderança mundial na atualidade.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)


A sublime linguagem da música.

 



 

*Cesar Vanucci

“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música”.

(Aldous Huxley)

 

Conto com a permissão de meu diminuto, posto que culto e leal leitorado, para introduzir, neste acolhedor espaço, pausa musical. Tem hora que é necessário fazer isso. Aliás, como se recomenda na canção de Carlos Lyra, “É preciso cantar”...

Confesso, em boa verdade, gostar um bocado de musica, bom sujeito que sou. Como dizia Dorival Caymmi, expoente da infindável musicalidade da Bahia com “H” e de Todos os Santos, quem não gosta de musica, bom sujeito não é.

Não toco nenhum instrumento, não componho, cantar mesmo pra valer, só quando resolvo dar uma de “tenor de banheiro” desafinado. Apreciando, então, ouvir música, prevaleço-me com frequência de instantes  reservados ao lazer para audições solitárias, que eu próprio organizo, na tenda de trabalho. Conto sempre com a ajuda prestimosa da Alexa. A obediente secretaria eletrônica facilita muitíssimo o acesso ao inesgotável repertório da “Amazon”.

Vasculhando o imenso território melodioso, costumo reunir, nas mencionadas audições, diferentes interpretações, vocais ou orquestradas, referentes ás canções de minha especial predileção. Dias atrás, seguindo esse método, consegui juntar nada mais nada menos do que 18 versões da belíssima “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Aproveito para registrar que o genial compositor não tem sido suficientemente lembrado nas programações radiofônicas e televisivas da atualidade, o que é deplorável e injusto. “Descolei” até uma gravação esplêndida de Frank Sinatra. Mas, a que mais me tocou foi a de outro rei, daqui de nossas paragens, Roberto Carlos.

As viagens que faço pelo reino encantado do “barulho que pensa” (Victor Higo) conduzem-me a descobertas e redescobertas fascinantes. Uma delas diz respeito a uma excepcional cantora brasileira que teve momentos de glória no exterior, mas que em sua pátria, embora  aplaudida não encontrou reconhecimento à altura de seu imenso talento. Leny Eversong  morreu nos anos 80, em São Paulo quase no ostracismo . Enfrentou drama pessoal pungente, sobre o qual, falarei noutra ocasião. Brilhou intensamente nos palcos de Las Vegas. Fez dueto com Elvis Presley, que a tinha na conta de uma das maiores cantoras mundiais. Repassando suas interpretações é fácil concluir que o chamado Rei do Rock and Roll" estava coberto de razão.

Dos álbuns por ela deixados constam primorosas vocalizações de clássicos da MPB e do melódico estadunidense. Cito algumas delas: uma extraordinária fusão de “Canta Brasil com Aquarela do Brasil”; “Baixa do Sapateiro”, “Muito Além” (versão brasileira de Al DI LA).

Deixo o fecho destas considerações para Schopenhauer: “A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende.”

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

terça-feira, 25 de março de 2025

Escândalo sem precedentes

 


 

*Cesar Vanucci

 

“Ele é um crianção patético” (Vivian, 21 anos, filha de Elon Musk a respeito do pai, numa entrevista )

 

A mídia estadunidense classificou o episódio como escândalo sem precedentes. A denúncia do New York Times acerca da visita do magnata Elon Musk ao Pentágono, com o fito de coletar informações altamente sigilosas, causou estupefação nos círculos políticos e diplomáticos mundo afora. A Casa Branca negou a versão do jornal. Mas, segundo fontes qualificadas, realmente aconteceu o inimaginável acesso de Musk aos planos secretos dos EUA sobre estratégias militares no caso de eventuais confrontos com outras potências, a China destacadamente. Anote-se que embora tido como principal assessor de Trump, Elon não foi investido oficialmente nas funções que informalmente vem desempenhando. A suma gravidade do ocorrido entra pelos olhos de qualquer cidadão por menos escolado que seja da conjuntura geopolítica. As especulações suscitadas pela história levam em conta certas circunstâncias assaz desconcertantes. Elon Musk é dono de fabuloso complexo aeroespacial, que opera em todos os continentes. Faz parte também de seus pertences redes de comunicação digital com alcance mundial. Sua atuação é significativa, em termos globais, na área da Inteligência Artificial. Possui negócio de grande envergadura, no setor automobilístico, inclusive na China. Mantém contratos vultosos com o Governo dos EUA desde o tempo em que se dizia partidário dos  democratas. Chocou o mundo com a saudação Nazista. E por aí vai... A pergunta que se recusa a calar na garganta de muitos analistas políticos: O que ele quer fazer com as informações tão privilegiadas obtidas? Outra  interrogação intrigante: Quem no Pentágono favoreceu o vazamento das informações? Fê-lo com quais intuitos?

 

2) Bolsonaro - Anunciando  disposição de passar temporada nos EUA, Eduardo Bolsonaro licenciou-se da atividade parlamentar. Seu manifesto propósito é incrementar, pelos meios a que tenha acesso, os ataques desabridos às instituições do seu país, onde pelo que acintosamente propaga, vigora um sistema político “autoritário” com negação das “liberdades públicas” e “perseguição” política a adversários. O filho de Jair Bolsonaro calcula, equivocadamente no próprio ver de muitos de seus partidários, que sua atuação no exterior poderá beneficiar a causa do pai emaranhado até o pescoço, como se diz na linguagem popular, na trama golpista desbaratada pelas forças democráticas brasileiras. O Supremo, com foco especial no Ministro Alexandre de Moraes, continuará a ser alvo prioritário, com toda certeza, das assacadilhas ditadas por vindita e ódio. Tudo isso acontece no momento em que a Justiça se prepara para o julgamento dos arquitetos do complô antidemocrático.  

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Flagrantes da comedia humana

 


 

*Cesar Vanucci

“ E pensar que não existe vacina para surto de sandices !”( Antônio Luiz da Costa, educador)

 

Alinhamos na sequência registros sobre o persistente surto de sandices que anda assolando nossa aldeia global. No que pode ser considerado apartheid às avessas, o governo estadunidense fez chegar á África do Sul  “desagrado” quanto a supostos atos de discriminação cometidos contra a população branca (isso mesmo que você, caro leitor, acaba de ler: população branca). A reprimenda teria derivado de discordâncias quanto a políticas tributárias adotadas pelos sul-africanos. Pretória, obviamente, reagiu à manifestação. Observadores da cena política enxergam a presença de Elon Musk, principal assessor de Trump, nascido na África do Sul, nos bastidores do incidente diplomático reportado. A mesma linha conceitual utilizada no tocante ao governo da África do Sul orientou outro ato da Casa Branca, envolvendo algumas das mais conceituadas Universidades dos EUA. As referidas instituições foram surpreendidas com comentários críticos, em tom de velada admoestação, com insinuação até de sanções, alusivos a discriminações que estariam alvejando alunos ... brancos, ora, veja, pois!

Bem que a justiça tentou impedir, mas o governo foi mais expedito. Caso é que Trump, dando continuidade à sua desatinada política de deportações, invocando legislação pra lá de obsoleta, do século XVIII, ordenou a expulsão de um grupo especifico de mais de 300 elementos, alegadamente  venezuelanos e supostamente condenados em diferentes instâncias judiciais, encaminhando-os a uma prisão de El Salvador e não ao seu país ou ao seus países de origem. A justiça estadunidense proibiu taxativamente a deportação concebida em moldes tão insólitos. Mas quando a ordem legal chegou o avião que transportava os imigrantes já estava despejando-os no presídio considerado mais terrível das Américas, com capacidade pra abrigar 40 mil detentos. O governo de EL Salvador embolsou milhões de dólares por concordar com essa “terceirização penitenciaria”.

As conversações sobre um “cessar fogo” na Ucrânia continuam a oferecer singulares desdobramentos. Num papo telefônico de 2 horas, Trump e Putin estabeleceram curiosas premissas quanto à incandescente questão. Resolveram definir trégua para algumas, mas não todas as frentes de luta. Resumindo a história: as escaramuças sangrentas com mortos, feridos e destruição, podem ocorrer neste pedaço aqui que permanece ativo para o desvario belicoso, mas não naquele pedaço adiante a ser mantido, a todo custo, como um Oasis idílico de amor e paz.

Fechando a lista destes casos surreais: A PM do Rio calculou em 20 mil o numero de manifestantes presentes num comício Bolsonarista em Copacabana. O Palácio da Guanabara determinou que a estimativa fosse multiplicada por 20. Deu 400 mil. Da procês?

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Isenção e justiça social

 


 

*Cesar Vanucci

“A proposta está sendo muito bem recebida” ( Ministro Fernando Haddad)

 

1) Promessa de campanha de Lula, a isenção de Imposto de Renda para assalariados de até 5 mil reais tornou-se projeto de lei, já em poder da Câmara de Deputados para avaliação. A medida encontra simpática receptividade junto à opinião pública. Será fatalmente aprovada, para aplicação a partir de 2026. Acaloradas manifestações já se fazem ouvir entorno da renuncia fiscal, com foco na fonte dos recursos necessários para compensação orçamentária. A previsão é de que o dinheiro provenha de rendimentos, até aqui não tributáveis, de uma minoria alojada financeiramente nas coberturas da edificação social. Noutras palavras: a compensação referente ao beneficio a ser concedido a quem ganha menos derivará dos proventos de quem ganha muito mais. Nada a estranhar. Esta a formula adotada em  países onde a justiça social se revela mais aprimorada, caso, por exemplo da Escandinávia. Pelas estimativas do Ministério da Fazenda, 142 mil patrícios mais aquinhoados em matéria de renda e bens contribuirão assim para que 24 milhões de cidadãos menos favorecidos economicamente desfrutem da isenção. Não soa despropositada, nesta hora, a ideia de que a compensação orçamentária possa também defluir, se necessário, de percentual dos rendimentos de quem esteja recebendo, ao arrepio da lei, super. salários no serviço público. Com alguma dose de boa vontade e espírito publico, executivo e legislativo poderão, ainda – como não? – abrir mão, a título de reforço orçamentário, de parte das dotações destinadas a emendas parlamentares e fundos partidários.

2) Milei - “Cover” mal-ajambrado de Donald Trump, Javier Milei continua aprontando. Anunciou a retirada da Argentina do Acordo de Paris e da OMS, tal qual fez seu ídolo. Dia desses, na TV, apresentando-se como “especialista em finanças”, propagou as vantagens excepcionais de uma criptomoeda recém-lançada no mercado portenho. Tal fato ocorreu pouco depois de receber, na Casa Rosada o criador da mesma. Não deu outra: Milhares de chefes de família e donas de casa saíram a campo imediatamente, à cata da criptomoeda para aquisição. O negocio proporcionou, por curto espaço de tempo, vantagens para os investidores. Pouco depois, entre tanto, veio a degringolada, com prejuízos incalculáveis para a economia popular. A indignação causada pelo sucedido levou as vítimas da fraude, gente do povo e empresas, a ajuizarem inédita ação, perante a justiça Estadunidense, reivindicando ressarcimentos. Milei e pessoas à sua volta são citados no processo como supostos beneficiários da maracutaia. Enquanto isto, com passeatas e panelaços, aposentados argentinos queixam-se sob repressão policial, que suas pensões são insuficientes adquirir simples cesta básica.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

Dois temas candentes

 


 

*Cesar Vanucci

 

"A solução é manter o canal de diálogo aberto para evitar prejuízos desnecessários para ambas as partes".( Vice Geraldo Alckmin , sobre a guerra fiscal)

  

1) Os sons das trombetas da guerra fiscal deflagrada por Donald Trump estão desagradando meio mundo. Aliás, falar verdade, o mundo inteiro. As estúpidas medidas adotadas, quebrando acordos reconhecidamente sedimentados nas relações multilaterais, procurando amoldar países soberanos a caprichos supremacistas, alimentam turbulências, podendo desembocar numa recessão econômica global, conforme admitem qualificados especialistas. No Brasil as taxas extras estabelecidas, mormente as incidentes sobre os itens aço e alumínio, afetam principalmente os Estados da região Sudeste, com destaque para Minas Gerais. Sejam realçados os esforços dos negociadores governamentais, via Ministérios da Indústria e das Relações Exteriores no sentido de defender adequadamente, nos foros competentes, os respeitáveis interesses dos segmentos alvejados. Impõe-se assegurar aos porta-vozes credenciados do Brasil nas negociações com o Governo de Washington apoio amplo e irrestrito nas postulações formuladas. Sem essa de se retrair ou de silenciar diante de tão relevante e candente questão, em nome de mesquinhas conveniências políticas. O que está em jogo coloca-se bem acima de questiúnculas abstratas. O Congresso, por exemplo, não pode furtar-se, jeito maneira, ao dever de cerrar fileiras em torno de causa tão significativa.

 

2) As lideranças compromissadas com a missão de estruturar um eficiente Sistema Nacional de combate ao crime organizado precisam se capacitar de que a sociedade brasileira tem pressa na solução do atordoante problema. Se já existe delineado em suas linhas mestras, no Ministério da Justiça, um esquema que condensa o melhor da experiência policial na luta contra milícias, facções e outros grupos mafiosos, o que resta, então, para se colocar em movimento as ações preventivas e repressivas tão almejadas? Há quem diga ser necessário incrementar o dialogo entre as corporações que atuam no front da chamada “guerra urbana”, na busca de denominador comum na metodologia do trabalho. Diálogo nunca é demais, debates também. Dialogue-se, debata-se, esgote-se todo o arsenal de ideias e sugestões nascidas das vivências cotidianas no enfrentamento do banditismo, mas desfaçam-se logo, o mais rápido possível, os entraves burocráticos que impedem sair do papel as ações concretas pretendidas. São diárias e numerosas as violências urbanas que clamam por soluções  eficazes. O que vem sucedendo em alguns aglomerados urbanos, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, por exemplo, ganha conotação, no ver de muitos, de atos terroristas. Escusado lembrar que, nalguns casos, como é fácil deduzir, o combate ao crime exigirá ação cirúrgica no próprio organismo policial.   

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)  

quinta-feira, 13 de março de 2025

Tempos inquietantes

 



*Cesar Vanucci

                                   “Acho que vamos obtê-la ”(Trump, aludindo à Groenlândia)

 

Tempos confusos e inquietantes. As conversações entre Nações, habitualmente transcorridas de forma solene e regidas por protocolos diplomáticos, cedem lugar a enfezados bate-bocas, transmitidos ao vivo e a cores. Ou, então, são substituídas por recados curtos e grossos, cheios de azedume, postados em redes sociais.

O Presidente Donald Trump e seu vice J.D Vance armaram emboscada para Zelensky, Chefe do governo ucraniano. Atraíram-no ao famoso Salão Oval da Casa Branca com o fito de aplicar-lhe senhora descompostura. A humilhação foi vista com perplexidade por milhões de pessoas, em todos os continentes. O que se exigiu da Ucrânia foi rendição incondicional, com a entrega aos invasores russos das províncias ocupadas. Além disso, a título de compensação pela “ajuda” em armamentos utilizados na defesa do país, a sessão para exploração pelos Estados Unidos das jazidas minerais raras existentes em seu subsolo.

Quase que ao mesmo tempo, em discurso proferido no Legislativo estadunidense, o incorrigível Trump reafirmou sua disposição, de ocupar a Groenlândia, “de um jeito ou de outro”. Reiterou, igualmente, a intenção de tomar o Canal do Panamá. Paralelamente à primeira visita oficial que fez ao Congresso, onde foi recebido com aplausos dos partidários e apupos dos adversários, Trump ordenou aos delegados de Washington na ONU que votassem contrariamente – ora, veja, pois! - a uma moção, aprovada pela maioria da Assembleia, condenando a Rússia pela invasão da Ucrânia. O voto dos EUA foi acompanhado apenas pelas delegações da Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Iran e Nicarágua.

 Noutra vertente das estapafúrdias decisões que vem tomando, Trump tem deixado explicito, com “a guerra fiscal” deflagrada, o propósito de fomentar uma nova ordem econômica mundial, mesmo que isso implique numa recessão global.  Fora e dentro dos Estados Unidos avolumam-se reações e discordâncias quanto aos seus posicionamentos. Os países europeus, reafirmando apoio incondicional à Ucrânia invadida, anunciaram um projeto extraordinário de fortalecimento armamentista com custos equivalentes a 1/3 do PIB brasileiro, soma fabulosa em “tempos de paz”. A China, sobretaxando produtos estadunidenses em resposta á política tarifaria de Washington, declarou-se de forma rude, nada diplomática, “pronta” para “qualquer tipo de guerra”... No Canadá acumulam-se os protestos contra os atos e palavras do dirigente estadunidense. Trump costuma chamar o 1° Ministro do país irmão de “governador”, em alusão à descabida pretensão de anexar o Canadá. Pesquisa, nos EUA sobre os primeiros 50 dias do Governo apontou índice de desaprovação a Trump  superior ao de aprovação, o que não é de se espantar. Uma coisa é certa: a confusão não vai parar por aqui.

      Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

segunda-feira, 10 de março de 2025

“Ainda estou aqui” chegou lá.

 



O filme é a Eunice Paiva (Fernanda Torres)

 

O Brasil da amorosidade, da sensibilidade social e da vocação democrática apostou na premiação todas as fichas de sua inesgotável esperança. Deu certo. O “Ainda estou aqui” chegou lá. O cobiçado Oscar, como melhor filme estrangeiro, juntou-se a outros reluzentes troféus já conquistados pelo esplêndido filme de Walter Salles em outros famosos centros mundiais da consagração cinematográfica. Entre eles “O Globo de Ouro” de melhor atriz arrebatado pela magnífica Fernanda Torres.

Marco épico no plano artístico cultural, o filme tornou-se também referência histórica maiúscula na vida política e democrática brasileira. A mensagem poderosa que dele deflui é de clareza solar: “Ditadura nunca Mais!” Ganha sonoridade especial nos dias que correm, quando a Justiça se prepara, debaixo do olhar atento da Nação, para emitir  veredicto acerca  da participação da cúpula sediciosa na trama que colocou sob risco as sagradas instituições democráticas e republicanas.

A ovação popular que se seguiu, de norte a sul, de leste a oeste do país, à proclamação em Hollywood do premio atribuído, pela vez primeira a uma obra de arte fílmica, inspirada em historia real narrada num livro brasileiro, protagonizada e dirigida por brasileiros e falada em nosso idioma foi de deslumbramento indescritível. A maior festa das ruas em todo o mundo, ou seja, o carnaval brasileiro elevou ao zênite o entusiasmo das pessoas já envolvidas, solidariamente nos frenéticos folguedos. A vibração alcançou também os que solitariamente optaram pelo recolhimento durante o período momesco. Alguns poucos elementos da atividade política preferiram guardar silêncio envergonhado com relação ao grande feito cultural, fazendo prova com tal procedimento de indigência cívica e intelectual.

Aplaudido pela critica e pelo público em milhares de salas de projeção onde vem sendo exibido, em dezenas de países, o longa metragem ganhador da estatueta dourada é visto como uma saga dos tempos modernos, por onde se projeta o anseio generoso dos homens e mulheres de boa vontade, dos humanistas, dos democratas, em prol das liberdades e dos direitos fundamentais. O drama existencial vivido pela família Paiva, heroicamente conduzida por Eunice Paiva e contado no excelente livro escrito por Marcelo, filho do deputado “desaparecido”, ajuda a gente a entender o significado da celebre frase proferida pelo saudoso Ulysses Guimarães na promulgação da constituição que nos rege: “Eu tenho nojo da ditadura”.

Por derradeiro, aqui vai registro que soará, certeiramente, como novidade para grande maioria das pessoas. Há 80 anos, em 1945, nosso maior compositor musical, Ary Barroso, produziu “Brasil”, primeiro filme a concorrer ao Oscar.

 

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

O método Trump




 

                 “É loucura, mas há um método.” (Shakespeare).

 


Anos atrás, ainda no primeiro mandato, o órgão de classe dos psiquiatras, nos EUA emitiu parecer questionando a condição mental do Presidente. Seus ditos e feitos, monopolizando manchetes e produzindo tensões, contribuem em muito para que a opinião pública aceite como veraz o diagnóstico.

Atropelando leis, rasgando tratados, desfazendo regras instituídas ou estimuladas pelos próprios EUA, nas relações multilaterais Trump apresenta-se ao olhar mundial, de repente, como “providencial arauto” de “ideias novas”, todas resvalando o absurdo. Manifesta interesse em comprar a Groelândia, anexar o Canadá, tomar o Canal do Pananá, deportar 10 milhões de imigrantes, encarcerando parte deles em Guantanamo e em presídio de El Salvador. Não se dando por satisfeito, anuncia a retirada, na força bruta, se não puder ser “espontânea”, de 2 milhões de palestinos radicados nos escombros de Gaza, alojando-os na Jordânia e Egito, apesar, dos dois países se recusarem peremptoriamente, mesmo sob ameaças de represálias, a participar do medonho êxodo. Aponta duas alternativas como “solução” da questão do território palestino: a) transformar-se em Riviera do Oriente Médio; b) tornar-se uma sucursal do inferno. Diz isso sem atentar para as circunstâncias de que os palestinos já conhecem de sobra o que seja viver uma experiência infernal. Deixa expresso que o território pertencente aos palestinos não será comprado, mas sim tomado na marra.

As manifestações de desagrado pelo que está rolando avolumam-se. Além obviamente dos ruídos produzidos nos circuitos diplomáticos, vêm ocorrendo outras reações, até outro dia impensáveis, em ambientes que sempre mostraram receptividade simpática ao povo, cultura e costumes estadunidenses. Caso, por exemplo, dos canadenses, que pregam boicote aos produtos do vizinho país e substituem aplausos por vaias, em competições esportivas quando o hino dos Estados Unidos é executado.

E o que não dizer da onda de questionamentos levados à apreciação da justiça por cidadãos e organizações de seu próprio país?  

Desrespeitando acordos comerciais de longa data consolidados, desestabilizando a Organização Mundial do Comércio (OMC), os gravames fiscais impostos a fornecedores de produtos carreados ao mercado de consumo de seu país, as políticas de comércio exterior colocadas em prática pelo ocupante da Casa Branca afetam o Brasil, como de resto, praticamente todos os países que fazem parte do sistema de intercâmbio negocial.

Analistas da conjuntura mundial apontam como fatores influenciáveis das decisões criticadas, o chauvinismo medular presente na orientação politica do presidente e as circunstâncias da China haver atingido superávit recorde de quase 1 trilhão de dólares na balança comercial, enquanto os Estados Unidos amargaram déficit quase equivalente em suas transações comerciais.

Jornalista Cesar Vanucci

 

Estarrecimento e indignação

 

  “Vejo o inquérito da trama golpista como um dos mais graves da história da Corte”

(Ministro Gilmar Mendes.)  ]



 

O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro declarou-se “estarrecido” e “indignado” com as acusações feitas pela Procuradoria Geral da Republica apontando-o como chefão das articulações do grupo engajado na trama golpista. As expressões utilizadas são exatamente - por sinal as mais brandas - empregadas nas ruas e lares como tradução do sentimento nacional, diante da nefanda tentativa de ruptura democrática capitaneada pelo ex-chefe do governo.

O descomunal conjunto de provas coletadas pela Policia Federal e já apreciadas no âmbito da PGR configuram, sem a mais pálida sombra de dúvida, uma ação premeditada, calculada em todas assustadoras minudencias, com o inequívoco intuito de profanar a legitimidade de uma eleição democrática e mergulhar o país nas trevas do autoritarismo.

A delação do ajudante de ordens, os categóricos depoimentos dos comandantes do Exercito e Força Aérea, os vídeos, os áudios, as mensagens e diálogos resgatados dos celulares apreendidos, as reuniões gravadas, as minutas de atos executivos instaurando o caos  e por aí vai, tudo no processo deixa à mostra com clareza solar as digitais e as pegadas dos integrantes do clã Palaciano, na torpe arregimentação sediciosa.   

No arrazoado do Procurador Geral incriminando Bolsonaro e outras trinta e três pessoas, entre elas Braga Neto, Vice na chapa derrotada em 2022, são acusados pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de quadrilha.  Outra acusação grave imputado ao ex-presidente e companheiros diz respeito ao monitoramento do Presidente Lula, Vice-Presidente Alckmin e Ministro Alexandre de Moraes, do STF, dentro de um plano diabólico, denominado “Punhal verde amarelo” que tinha sob mira o assassinato de todos eles.

A alentada peça acusatória revela como se processou, passo a passo, ao longo de vários meses, o encadeamento dos episódios relevantes que compuseram o enredo do complô contra as instituições republicanas. Os dramáticos eventos do “8 de janeiro”, juntamente com as manifestações nas imediações dos quartéis, arruaças e atentados em Brasília, obstrução de rodovias, agressões e intimidações via internet e outros meios constituíram  lances perturbadores orquestrados pelo ativo núcleo operacional comprometido com a derrubada do regime. O importante papel desempenhado pelo autocomando Militar na conjuntura política da época é ressaltado pela PGR e PF como fundamental no sentido da abortagem da sinistra conspiração que se achava em andamento.

 

Caberá agora ao STF avaliar e julgar os fatos. A Democracia sai fortalecida desta história. O sentimento Nacional repele toda e qualquer ameaça contra os direitos fundamentais.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Mundo de pernas para o ar

  

. “Eu comprei este carro antes de Elon Musk enlouquecer” (Proprietários de veículos da Tesla na Alemanha)

 




O repertorio de “novidades impactantes” de Trump é mesmo inesgotável. Cá estão algumas das mais recentes.  

O Presidente conduziu negociação com o “Tzar” Vladmir Putin dizendo que iria por fim na guerra da Ucrânia. Desprezou velhos aliados da OTAN, bem como o dirigente ucraniano Zelensky, o que causou estupefação nos círculos diplomáticos e no seio da opinião pública internacional. O surpreendente gesto de aproximação com o Presidente russo foi acompanhado do levantamento de sanções impostas pelos EUA a Moscou em razão da tão criticada invasão. A incontinência verbal e arrogância imperial de Trump levaram-no a dizer – vejam só! - que Zelensky provocou o conflito e não passa de um político irrelevante, ditador refratário a eleições. A situação fica mais atordoante quando se toma ciência de que o “acordo”, à revelia dos ucranianos e dos europeus prevê a posse pela Rússia das terras ocupadas na marra. Isto corresponde a quase 25 por cento da área total do país invadido. Tem mais; Trump mandou dizer ao presidente da Ucrânia que aceite os termos ou se prepare para perder o país. Por incrível que pareça, foi ainda mais longe: exige do governo de Kiev, como compensação pelo “acordo de paz” proposto, nada mais, nada menos que a outorga do direito de exploração de suas jazidas minerais raras pelos EUA. Emprega outro “argumento poderoso” mirando as riquezas do subsolo ucraniano: a ajuda de quase 200 bilhões de dólares destinada durante o governo Biden ao esforço de guerra do governo da Ucrânia.

Na data que marcou o terceiro ano da presença das tropas Russas no território vizinho, Zelensky declarou que estaria disposto a deixar o cargo, desde que fosse assegurada a entrada de seu país na OTAN. A Casa Branca discorda da proposta. Quer na realidade a rendição incondicional da nação agredida.

 Noutra frente da turbilhonante atuação do Governo Trump, seu vice J.D. Vance, em giro recente por países europeus, criticou causticamente os aliados do “Velho Mundo” pela atitude de isolarem o partido extremista alemão que tenta ressuscitar teorias nazistas. Foi rebatido veementemente pelas lideranças europeias. O gesto do vice coincidiu com duas outras manifestações chocantes, condenadas pelas mesmas lideranças e por democratas nos Estados Unidos e outras partes do mundo. Assessor de Donald Trump, num encontro de dirigentes ultraconservadores ergueu o braço duas vezes em inequívoca saudação hitlerista. Elon Musk, a seu turno, apoiou abertamente a campanha dos extremistas alemães, no pleito recém-findo. Por tal motivo, nas ruas das cidades alemãs carros da marca Tesla circulam com dísticos afixados nos para-brisas contendo os seguintes dizeres: “Eu comprei antes de Musk enlouquecer.” O mundo está mesmo de pernas pro ar. E vem mais coisa por aí...

Jornalista (cantonius1@yahho.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

A ambição expansionista do “xerife”

    *Cesar Vanucci “Nunca descarto o uso de força militar” (Donald Trump, sobre a Groenlândia.)   São impactantes e de abrangência...