sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Presidente Lula

Cesar Vanucci *


“Se houvesse um monte Rushmorse no Brasil,
o rosto de Luiz Inácio Lula da Silva estaria agora sendo esculpido na rocha.”
(Leonardo Attuch, jornalista)

Lula deixa o governo e entra na história como o presidente detentor dos maiores índices de prestígio popular de todos os tempos. E como se isto tudo já não bastasse em termos de consagração, investe-se também da invejável condição de ser hoje o cidadão brasileiro mais conhecido e admirado no mundo inteiro.

Ao lado do inesquecível Juscelino Kubitschek de Oliveira, é apontado no plano interno como o maior tocador de obras públicas que já tivemos. No exercício do mandato de oito anos mudou por completo a fisionomia social e econômica do país. Consegue galgar, por esse motivo, na reverência grata da nação, um patamar dantes só escalado, de certo modo, por Getúlio Vargas – cuja atuação social fecunda não chegou a ficar de todo obscurecida pelo período trevoso do Estado Novo – e, de modo completo sem restrições quaisquer, pelo grande construtor de Brasília.

Na gestão administrativa encerrada, o Brasil adquiriu projeção em todos os quadrantes do planeta. Sua voz passou a ser ouvida e suas intervenções nos grandes debates mundiais passaram a ser constantemente requisitadas. Sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, a democracia brasileira consolidou-se definitivamente. As soberbas manifestações eleitorais, a livre expressão das idéias, a inserção social de expressivos contingentes humanos representam, entre outros referenciais significativos, provas incontestes dos alvissareiros avanços registrados.

As estatísticas revelam que, entre 2003 e 2009, 23 milhões de compatriotas saíram da linha de pobreza. Quinze milhões de novos empregos formais foram criados. O chamado “risco Brasil”, que era de 2.700 pontos em 2002, baixou pra menos de 200 pontos. Medido em dólares, o salário mínimo pulou de 78 para 310. Falando ainda em dólar, a moeda americana que era cotada em três reais, é agora cotada em um real e setenta centavos. A divida com o FMI foi quitada e o país passou a financiar essa instituição. As reservas do Tesouro, que eram de 185 bilhões de dólares negativos, roçam hoje as cercanias dos 300 bilhões de dólares positivos. A selic, taxa de juros básica, atualmente (ainda elevada) fixada em 11%, estava por ocasião da mudança de governo em 2002, em 27%. Os investimentos em obras de infraestrutura, no passado praticamente reduzidos a zero, ultrapassaram nos dois últimos quatriênios 500 bilhões de reais. A indústria naval ressurgiu das cinzas, a construção civil ganhou proporções gigantescas, os programas de inclusão social beneficiaram dezenas de milhões de pessoas, o sistema rodoviário em frangalhos foi recuperado em cerca de 70 por cento. A grandiosa expansão das atividades petrolíferas, com a autossuficiência na produção e a descoberta da imensurável riqueza do pré-sal, prenunciaram a chegada de tempos novos, ainda mais promissores, em matéria de prosperidade social. No plano educacional, o número de novas Universidades cresceu em dimensão nunca vista, enquanto 214 novas Escolas Técnicas eram implantadas. Em cinco anos de ProUni, um programa que permite o acesso democrático ao ensino superior de jovens de famílias carentes com bom desempenho escolar, 540 mil estudantes foram beneficiados. De outra parte, as taxas de desemprego despencaram dos níveis históricos tradicionais e o crédito popular cresceu a índices que permitiram a milhões de brasileiros participação no mercado de consumo de bens mais requintados. Em 2010, o crescimento brasileiro só foi superado, em todo o planeta, pelo da China. E, para arrematar as citações das conquistas sociais registradas, não deixa de ser oportuno recordar o vaticínio de Lula – tão criticado pelos que insistem em não reconhecer-lhe méritos como líder político e gestor público – quando da eclosão da crise financeira que abalou as estruturas econômicas da grande maioria dos países. No tocante ao Brasil, asseverou ele com a convicção de quem sabe das coisas, a crise não passaria de uma simples marola. Estava certo, nisso também, como a história se encarregou de mostrar.

Com sua percepção social e espírito desenvolvimentista, Lula desce a rampa do Palácio do Planalto com a sensação do dever cumprido. As falhas cometidas, as metas não realizadas não são, de maneira alguma, capazes de toldar sua cintilante passagem pelo poder.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

Um comentário:

Tulio Vanucci disse...

Vanucci, parabéns pela iniciativa de tornar disponível na internet, para deleite de nós leitores, belos e interessantes textos de sua autoria.

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