Cesar Vanucci *
“Os grandes homens são os que entendem bem seu tempo.”
(Imre Madách, citado por Paulo Rónai, tradutor de sua obra)
Na simpatia das ruas, o ex-Vice Presidente José Alencar ocupa, por óbvias razões, um lugar todo especial. As lições de vida que permanentemente passa, fruto de uma aventura pessoal densa, enchem de fascínio o espírito popular. Dia desses, vimo-lo, novamente, a bravura indômita de sempre plenamente assomada, o bom humor permeando a sabedoria das coisas ditas, a exprimir enriquecedoras crenças a respeito do sentido da vida e do destino superior do ser humano.
Animei-me, à vista disso, a republicar um artigo de anos atrás em que coloquei algumas informações, extremamente atuais, sobre sua atuação como cidadão.
“Um homem”, afirma Carlos Heitor Cony, na “Folha”. “O grande homem”, reafirma Sylvia Romano, no “Diário do Comércio”. Que homem! Confirmam, em tudo quanto é lugar, homens e mulheres, jovens e adultos.
Todas essas vozes exprimem um sentimento popular genuíno. Falam de José Alencar. Mencionam seu exemplo de vida. Sua irradiante simpatia. Sua lúcida visão das coisas. O sorriso aberto que emoldura sua palavra, sempre franca e objetiva, social e politicamente corretíssima, ajustada ao momento, às circunstâncias, às expectativas populares.
O exercício altivo e irrepreensivelmente ético da função deu ao nosso Vice-presidente notoriedade nacional. Não apenas como líder político influente, mas, sobretudo, como ser humano carregado de dons. “Um homem em pleno exercício da condição humana”, assinala Cony. “Uma unanimidade nacional com postura otimista e responsável diante da adversidade que o afeta”, acentua Sylvia Romano.
Toda a nação passou a se inteirar, a partir da ascensão de Alencar nos domínios trepidantes da ação política, dos pormenores de uma cintilante trajetória como cidadão. À informação, já conhecida, sobre o empresário amplamente vitorioso vieram se juntar mais revelações de grande significado. A história do empreendedor social, responsável por estupendo conjunto de realizações no período em que comandou a Federação das Indústrias, o SESI e o SENAI em Minas Gerais. A história do garoto de origem humilde que madrugou na lida profissional e que transportou, vida afora, a convicção de que o trabalho tudo pode, de que o trabalho é essência na fascinante jornada humana. A história de uma pessoa que acumulou saberes singulares nas práticas do dia-a-dia e que moldou o caráter em crenças humanísticas arraigadas e em sentimento nacional autêntico. E que aprendeu, nas atividades abraçadas, que a primeira coisa exigida de um cidadão é o civismo, não podendo haver pátria, verdadeira pátria, “onde os cidadãos não se preocupem com os problemas políticos”, como assevera Unamuno.
Tais constatações ajudam a explicar as posições arrojadas e arejadas no plano das idéias, assumidas pelo Vice. Sua visão nacionalista e progressista. Sua cristalina vocação democrática. Seu entendimento do tempo, do momento que vive. Sua carismática liderança. Seu apaixonado apego a princípios e permanente disposição para ações que conduzam à conquista do futuro. A compreensão espiritualizada das momentâneas adversidades.
E, também, seu destemor e independência de atitudes. Uma pequena amostra, extraída de episódio ocorrido por ocasião da campanha presidencial que elegeu aquele político das Alagoas. O tal que andou confiscando poupança de viúva e ameaçando confiscar a autoestima de nossa gente. Num dado dia, campanha em plena efervescência, já com o fiel escudeiro do político citado, conhecido por PC, “convidando” representantes de vários setores do mundo dos negócios para encontros com vistas à arrecadação de polpudos recursos, o candidato num arroubo retórico marcado por deslavada hipocrisia berrou aos quatro ventos não querer, jeito maneira, voto de empresário. Os jornalistas se puseram logo no encalço de Alencar, para saber o que achava ele da surpreendente declaração. Resposta imediata. O candidato não queria e nem teria seu voto. Os jornalistas insistiram: quer dizer, então, que o seu voto será dado a Lula? E por que não? - a resposta ouvida.
Na avaliação de certos empresários preconceituosos e elitistas, engajados no processo maniqueísta que norteou a campanha, não caia bem num dirigente de entidade representativa da classe industrial fazer confissão desse gênero. Um deles, estrangeiro, petulante, sem condição de votar nas eleições por conta da nacionalidade, chegou ao disparate de sustentar, numa entrevista, que a manifestação não traduzia o pensamento da categoria. A empáfia e a intolerância foram, evidentemente, reduzidas a estilhaços diante da posição altiva do futuro Vice.
Pra concluir o papo. O conhecimento mais dilargado, que hoje se tem, em todas as camadas, da biografia do ilustre personagem alimenta, no espírito dos brasileiros, uma serena certeza. A presença de José Alencar nas altitudes do poder político engrandece este momento de nossa vida pública.
Um homem. Um grande homem. Que homem!
Jornalista (cantonius@click21.com.br)
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