sexta-feira, 4 de março de 2011

Hipnose e terapia

Cesar Vanucci *

“São muitas as terapias alternativas
 a serem ainda inseridas no arsenal da medicina.”
(Antônio Luiz da Costa, professor)

Intriga-me há décadas a inexistência, fácil de comprovar, de interesse maior por parte do sistema médico de assistência, no tocante às possibilidades de emprego da hipnose em larga escala, como eficiente instrumento terapêutico. A curiosidade de repórter conduziu-me, já há algum tempo, à constatação tranquila de que o processo hipnótico, conduzido por pessoal qualificado, costuma funcionar admiravelmente bem. Proporciona certeiramente benefícios às pessoas que, superando resistências nascidas de preconceitos, se animem a utilizá-lo.

À vista de tal convencimento, celebrei como avanço significativo uma notícia relativa a experiências com hipnose que vêm sendo feitas nalguns centros médicos objetivando o alívio das dores e mal estar provocados pela quimioterapia em pacientes oncológicos. Não consegui, a bem da verdade, captar a informação por inteiro, só fragmento dela. Mas o que deu pra ouvir, num programa de tevê recente, já foi de razoável tamanho, representou um bom sinal. Um indicador de que o preconceito, a restrição, ou outro nome qualquer que se dê a essa postura de não aceitação da hipnose como fórmula coadjuvante em tratamento da saúde, podem vir a ser definitivamente quebrados. Como aconteceu, aliás, em tempos não tão distantes, com a acupuntura. Uma técnica terapêutica milenar conservada também por largo período numa inexplicável “quarentena”, embora, mesmo ainda hoje, não seja processada com a intensidade e extensão recomendáveis, levados em conta os efeitos positivos que comprovadamente propicia.

Mas o caso a festejar é que a hipnose começa, pelo visto, a desbravar caminhos. Começa a ser visualizada, por muitos na esfera científica, como instrumento terapêutico e não mais como um mero exercício exótico de consequências penumbrosas e, de certo modo, amedrontadoras. É o que acabará acontecendo também, mais cedo ou mais tarde, com outras modalidades de ações preventivas e curativas ancoradas em aplicações de energias sutis. Energias essas, também, até aqui, mantidas à margem das cogitações nos círculos científicos ortodoxos, seja como material substancioso de estudo, menos ainda como hipótese de trabalho.

Trago aqui, como fruto de observações pessoais, contribuição singela ao debate que porventura possa ser suscitado por essa revelação concernente ao emprego da hipnose na área oncológica. Travei conhecimento bem de perto com a surpreendente e singular capacidade de algumas pessoas especiais na lida com as chamadas energias sutis. A hipnose entre elas. De uma dessas pessoas guardo lembranças imorredouras. Uma criatura extraordinária. Sabedoria incomum, cultura fulgurante. Hábitos franciscanos, em vivência encharcada de apostolicidade. Soberbo orador. Fala eletrizante, fustigante se preciso, no tom, tamanho e hora certos, adequada ao momento, à platéia, à faixa etária, ao ambiente cultural.

Estou falando de um certo Dom. Alexandre Gonçalves Amaral, Arcebispo de Uberaba, falecido em 2002, lidava admiravelmente bem com essas energias. Os resultados dessa lida, que soavam desconcertantes em ambientes leigos, ele os situava nos domínios da ciência pura. Passo a contar algumas (das numerosissimas) intervenções por ele feitas tendo por base sua condição de hipnotizador. A esposa do escritor e jornalista Mário Salvador, ex-presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, estava atacada há anos de bursite. “Injeções, aplicações e mil coisas não vinha dando resultado”, relata o próprio Salvador. Alexandre ofereceu-se para resolver o caso. Hipnose seguida de toques na parte afetada. Poucos minutos de aplicações foram suficientes para debelar o mal. “Nunca mais – o escritor ainda com a palavra – a bursite amolou a patroa.” O mesmo Salvador reporta-se ao ocorrido com uma filha, também levada a submeter-se a transe hipnótico. A garota tinha pavor de barata. “Posso fazer com que ela perca o medo”, asseverou Alexandre. Dito e feito. A “aversão ao bicho” acabou de um dia para o outro.

Eu, por minha vez, testemunhei cenas em que pessoas hipnotizadas por Alexandre permaneciam suspensas entre duas cadeiras, a cabeça de um lado, os pés do outro, o corpo enrijecido no vácuo, suportando mesmo que fossem franzinas carga de peso inacreditável. Testemunhei igualmente o caso de uma freira dominicana com inchação descomunal na face, às voltas com dolorosa infecção dentária que lhe arrancava gemidos ao mais leve sopro de vento. Alexandre acompanhou-a para atendimento no consultório odontológico do dr. Adão Champs, em Uberaba. Sob efeitos da hipnose, a religiosa foi submetida a tratamento complexo, que se arrastou por um bocado de tempo e que à primeira vista parecia desprovido de qualquer viabilidade. A paciente não esboçou o menor sinal de reação dolorida no curso do extenuante processo. Melhor de tudo: deixou a cadeira do dentista liberta do mal que a agoniava.

É isso ai, gente boa. Hipnose é coisa importante.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)



Um comentário:

Heraldo Marcio Galvão disse...

Ressaltando que a hipnose é reconhecida pela medicina, odontologia, psicologia e mais recentemente pelo COFFITO (Conselho federal dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais).
Forte abraço !!!

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