sábado, 24 de setembro de 2011

Só mesmo Nonô!

Cesar Vanucci *

“Mestra Julia me deu (...) o dom de oferecer
sem orgulho e de receber com humildade.”
(Juscelino Kubitschek de Oliveira)


Focalizando em comentário recente a excepcional performance governamental do Presidente Lula, aludimos ao extraordinário trabalho executado, no século passado, por um outro Presidente que deixou marcas indeléveis na crônica política brasileira. Ele mesmo, JK. Fomos interpelados, na sequência, por universitária nascida nos anos 80, admiradora confessa de Lula, que demonstrou interesse em conhecer alguma coisa a mais sobre o construtor de Brasília, nascido em 12 de setembro de 1902 e falecido em circunstâncias trágicas, em 22 de agosto de 1976.

Com o propósito de satisfazer a curiosidade da pessoa mencionada, confiados ainda que entre os benevolentes leitores muitos possam também se interessar por informações concernentes a Juscelino, resolvemos a partir de hoje contar neste espaço histórias de Nonô, o mineiro de Diamantina. Um governante que, tal qual Lula, soube entrelaçar o espírito desenvolvimentista, o sentimento de brasilidade e a sensibilidade social nas metas de trabalho. Um cidadão que, por causa disso mesmo, como se repetiria depois com Lula, enfrentou borrascas de incompreensões urdidas por adversários raiventos, inconformados com sua liderança carismática.

“Só mesmo Nonô para fazer tudo isso!” A sugestiva frase foi dita por Dona Júlia Kubitschek, mãe de Juscelino, ao contemplar Brasília de uma janela do Alvorada. É citada em “JK, o Artista do Impossível”, livro de Cláudio Bojunga. Um esplêndido documentário da vida e obra do grande estadista, onde colhemos várias informações que permeiam estes comentários.

Olhando Brasília, não temos como não reverenciar, em clima de exultação cívica, o personagem mais fascinante da História brasileira do século XX. Natural de Diamantina, JK conquistou lugar de realce entre os estadistas que deixaram impressa sua marca na construção de um mundo melhor.

Diamantina, região mineradora, é um monumento barroco de extraordinária beleza. Um centro de efervescente cultura, genuinamente brasileira. Num ensaio magistral sobre a formação do povo mineiro, Paulo Pinheiro Chagas lembra que a mineração foi um desdobramento natural das bandeiras. E que a cultura dominante nas zonas mineradoras apontou sempre na direção da democracia e da indústria. O autor comprova o acerto da tese nos exemplos de insubmissão cívica de Felipe dos Santos, Tiradentes e Teófilo Otoni que sonharam com uma política de industrialização para o país. É legítimo extrair-se desse encadeamento de conceitos que Juscelino, “provindo da região das lavras, se formou ao calor dessas tradições. Ouviu, no recolhimento dos serões domésticos, a história dramática do nosso destino. Desse modo, o natal de sua imaginação haveria de impregnar-se de elementos definitivos”, como registra Pinheiro Chagas.

Em atmosfera cultural tão propícia, os dons naturais do futuro líder afloraram com impetuosidade. Sua inquietação cívica, sentimento de nacionalidade e visão transcendente da vida ganharam constantes estímulos e força. Assim modelou-se sua personalidade, rica em virtudes humanísticas. O ambiente familiar influiu poderosamente na formação do caráter de JK. Ele mal conheceu o pai, falecido quando não havia ainda chegado aos três anos de idade. Seu tio-avô, João Nepomuceno, atuou na política e se fez também conhecido pelos pendores literários. Dona Júlia, professora, era carinhosamente chamada pelo filho de “anjo protetor”. Seu enorme carinho pela mãe retrata-se nestas palavras: “Mestra Júlia me deu o bem da vida (...) o dom do exemplo, o de madrugar e o de trabalhar; o de persistir no esforço e na dignidade sem esperar compreensão e tolerância; o de oferecer sem orgulho e o de receber com humildade; o de amar a justiça e exaltar a coragem.” Era também afeiçoado à irmã, Maria da Conceição, Naná, figura de exponencial importância em sua preparação para a vida. Na esposa, Sara, companheira dos bons e dos maus momentos, encontrou ajuda inestimável.

Juscelino frequentou o Seminário na terra natal. Aprendeu o gosto pela leitura. Experimentou, “por juvenil curiosidade”, como confessou, o alfabeto Morse. Substituía telegrafistas, a cinco tostões por hora, quando estes deixavam a tenda de trabalho para um cafezinho. Fez concurso e passou para telegrafista. Registrou, a propósito: “Batendo o Morse e o Baudot – ligeiro e certo, de meia noite às seis da manhã – ao longo de oito anos, pude oferecer à Mestra Júlia a minha vocação: o médico que decidira ser.”

José Maria Alkimin, amigo nas futuras andanças políticas, fazia parte da turma de telegrafistas. Em 1927, tendo como companheiros Odilon Bherens e Pedro Nava, JK colou grau como médico. Tornou-se sócio do cunhado, Júlio Soares, médico conceituado, de influência preponderante nos rumos assumidos em sua trajetória pública.

Depois de especialização profissional na Europa, veio a ser nomeado chefe do Serviço de Urologia da Polícia Militar, recebendo divisas de capitão. Chegaria, mais tarde, ao posto de coronel médico. Benedito Valadares nomeou-o chefe de gabinete, incluindo-o, em 1934, na chapa para deputado federal. Foi o mais votado entre os candidatos mineiros à Câmara dos Deputados. Alguns amigos figuraram também entre os eleitos: José Maria Alkimin, Pedro Aleixo, Negrão de Lima, Gabriel Passos, seu concunhado e, mais tarde, seu oponente ao governo de Minas.



Estilo juscelinista de administrar


“JK era alegre como uma janela aberta.”
(Paulo Pinheiro Chagas)


O golpe dado por Vargas em 10 de novembro abalou os “devaneios democráticos de Juscelino”, segundo o biógrafo Cláudio Bojunga. O Estado Novo era um regime híbrido, sem ideologia, acentuava ele.

Por volta de 1940, Valadares convocou Juscelino de volta à política. Convidou-o a ocupar a Prefeitura de BH. O convite foi a princípio recusado. JK escudou-se em sua notória aversão às ditaduras. Consta que Valadares, no afã de quebrar-lhe a resistência, garantiu que a redemocratização estava a caminho. Recebendo acerbas críticas por aceitar o cargo, Juscelino tomou posse. O Brasil começou a conhecer, a partir dali, arrojado empreendedor público, o mais criativo tocador de obras governamentais de sua história. Anunciando que ia administrar na rua, e não fechado no gabinete, ele promoveu, em curtíssimo tempo, verdadeira revolução urbana. Uma antecipação, em dimensões provincianas, do que viria a fazer mais tarde na vastidão territorial do Brasil. A audácia administrativa deixou os belorizontinos boquiabertos. Eles estavam habituados a ritmos menos trepidantes na esfera do serviço público. O primeiro trator empregado em obra urbana levou às ruas milhares de curiosos. Juscelino revolveu a fisionomia arquitetônica de Belô. Num lance administrativo ousado para a época, criou a Pampulha. Introduziu nessa parte da Capital referenciais arquitetônicos de vanguarda, nascidos de suas agudas percepções e de sua vocação conquistadora do futuro. E, também, dos traços geniais, carregados de beleza, de Oscar Niemeyer. O arquiteto, que se tornaria mundialmente famoso, iria acompanhá-lo, anos afora, em outras viagens grandiosas pelos caminhos do desbravamento territorial e da integração cultural. Em um ano, a área pavimentada urbana já equivalia a mais de 1/3 de todo o calçamento feito desde a inauguração da Capital.

A ação indormida, fecunda em frutos, do revolucionário Prefeito polarizou no Nonô, de Diamantina, as atenções dos mineiros de outras regiões. Após a queda da ditadura Vargas, candidato a deputado federal, Juscelino obteve a segunda maior votação em Belo Horizonte, superado apenas pelos votos dados a Getúlio, que mesmo afastado do poder conseguiu se eleger, nos termos da legislação eleitoral vigente, senador (por dois Estados) e deputado (por sete).

Em 1950, pregando democracia e anunciando hidrelétricas, industrialização, escolas, rodovias, incentivos à cultura e artes, ensino técnico, JK chegou ao Palácio da Liberdade. Sua campanha eletrizou o eleitorado. Cruzou os céus, num pequeno avião, descendo em todos os lugares que dispunham de campos de pouso. Houve dias em que participou, com sua palavra empolgante, de dez comícios. O binômio “Energia e Transportes” sacudiu o Estado. Virou marca do governo mais operoso da história. Acabou significando, como testemunha Pinheiro Chagas, “um provérbio das aspirações de Minas”. O mesmo historiador faz do JK governador instigante descrição: “Ele era alegre como uma janela aberta!” Uma historieta lapidar que dá a medida do “estilo juscelinista” de administrar. Tristão da Cunha, Secretário da Agricultura, solicitou autorização para a compra de 40 mil enxadas. Envolvendo-o num abraço, Juscelino pediu-lhe não o levasse a mal, mas do que gostaria mesmo era de poder assinar uma autorização para a compra de 40 mil tratores. Disse isso e explodiu numa ruidosa gargalhada, conta seu biógrafo Cláudio Bojunga.

A morte trágica de Getúlio, em agosto de 54, no desdobramento de uma crise político-militar de proporções, surpreendeu-o candidato à Presidência. JK contava com a simpatia de Getúlio, que já o havia apoiado na campanha em Minas. O governador mineiro acolheu o então Presidente com todas as honras e envolvente calor humano, na última viagem que fez antes do desfecho fatídico da crise que o retirou de cena. Juscelino foi o único governador presente no velório de Vargas.

Com destemor e altivez, JK venceu as virulentas resistências à sua candidatura. Adversários ardilosos se esmeravam em inçar-lhe de obstáculos difíceis o percurso em direção ao Catete. Lançavam mão de manobras as mais solertes e de casuísmos os mais despudorados. Nessa quadra da vida brasileira, agigantou-se aos olhos da Nação a figura do líder corajoso, a quem Deus despojara do sentimento do medo, conforme tantas vezes proclamou. As urnas consagraram-lhe o nome.


50 anos em 5



“Denunciei o FMI como um instrumento de retrocesso.”
(Juscelino Kubitschek de Oliveira)


Com habilidade, desassombro cívico, conduzindo-se exemplarmente dentro dos postulados da democracia, Juscelino superou as resistências e até mesmo complôs militares contra sua posse. Enfrentou de peito aberto os inimigos, venceu-os e perdoou-os, num gesto de magnanimidade que deixou estampada sua autoridade moral e grandeza d’alma.

Seu programa de metas, consubstanciado em um novo “provérbio”, entusiasticamente assimilado na consciência das ruas – “50 anos em 5” – conquistou mentes e corações. Aos 54 anos, ele colocava a serviço do Brasil e de sua gente uma imagem de energia, determinação e doação pessoal arrebatadora. Ao assumir o governo, nosso Produto Interno Bruto era de pouca expressão. Nossa renda “per capita” não passava de 230 dólares. Os avanços industriais eram considerados tímidos.


Rapidamente, as coisas começaram a mudar. Para melhor. A industrialização ganhou impulso notável. O sistema rodoviário foi consideravelmente ampliado. A capacidade de geração de energia quase duplicou. O asfalto rasgou, em nova versão do bandeirantismo, regiões potencialmente ricas, de rarefeita povoação. Surgiram novas refinarias. A implantação da indústria automobilística espalhou empregos e progresso por todos os lados. A produção de cimento, celulose, alumínio, álcalis, entre outros itens, expandiu. A indústria naval redimensionou a capacidade produtiva. O país ingressou na era da tecnologia de ponta. Conquistou mercados. Implantou indústrias de base. Não houve setor algum da produção nacional que não recebesse os estímulos da “varinha de condão”, propondo crescimento, emprego e progresso, acionada pelo Nonô, de Diamantina. O homem providencial fez o brasileiro acreditar no Brasil e ensinou o estrangeiro a encarar nosso país com admiração. Em meados do século XX, com metas ousadas, Juscelino preparou a entrada do país no futuro.

Febricitante conjunto de obras, espalhando progresso e criando riquezas, mostrava uma face entusiasmante da postura governamental. Mas, como se já não lhe bastasse esta condição inigualável de fazedor de obras Juscelino oferecia ainda, ao Brasil e ao mundo, outras facetas admiráveis como ser humano vocacionado. Assumiu inconteste liderança continental, ao desenvolver, precursoramente, um esquema de integração regional latino-americana através da Operação Pan-americana. Reagiu, com santa indignação e bravura cívica, às impertinentes exigências do Fundo Monetário Internacional.

“Decidi romper as negociações e denunciei o Fundo Monetário Internacional como um instrumento de retrocesso e do atraso internacional”, anotou nas memórias. Com carisma, palavra convincente e irradiante simpatia conquistou multidões. Era aclamado entre celebridades da cultura, da arte e do esporte, junto às lideranças operárias e empresariais, nas classes mais abastadas, na classe média e junto ao povão, como o governante “bossa nova”. O título carinhoso brotou da gratidão das ruas. O povo não ocultava o orgulho pela oportunidade que JK deu aos compatriotas de poderem exercitar sua cidadania e de exibir ao resto do mundo, em termos pujantes, sua identidade nacional.

Brasília, erguida do nada, foi meta-síntese. “Um monumento à vida”, dizia. Jamais o mundo viu coisa igual. Em pouco mais de três anos, o Planalto Central, grande “vazio demográfico” no país-continente, viu irromper das entranhas da terra, por força da obstinação e crenças do grande estadista, a Capital da Esperança. Brasília significou tudo isto: a grande marcha para o oeste. Uma invasão do futuro. Um instante precioso, inigualável, de integração nacional e interiorização do desenvolvimento.

Em que pese seu significado para o País, a implantação da Capital, prevista na Constituição e sonhada profeticamente por Dom Bosco, atiçou a ira de empedernidos adversários e provocou inacreditáveis e belicosas manifestações. Nesses núcleos inconformados, dominados por cega e doentia paixão, Brasília era apontada como uma ode ao desperdício, refletindo inconsequência administrativa.

De certa feita, em Nova Iorque, com o manifesto intuito de provocação, indagaram de Juscelino quais os motivos que o haviam levado a construir Brasília. Numa resposta estupenda, ele resumiu o sentido de sua missão: “Os mesmos motivos pelos quais vocês, americanos, estão construindo uma estrada para a Lua.”



JK, símbolo de muita coisa



“Sua aventura vital foi extraordinária.”
(Afonso Arinos, adversário político, descrevendo JK)


Na Presidência e, depois, na extenuante e dolorida jornada do exílio, Nonô estabeleceu ligações de convivência fraternal com personalidades mundiais de todos os continentes. Nas palestras para as quais era frequentemente convidado, em diferentes partes do mundo, reservava sempre uma palavra otimista à sua terra natal.

Converteu em amigos rancorosos inimigos. O caso mais famoso é o de Carlos Lacerda, que veio a ser seu companheiro na chamada “Frente Ampla”, uma tentativa das lideranças políticas de expressão, banidas do jogo político pela ditadura de 64, de devolverem o Brasil à democracia. Estas palavras, um retrato perfeito, sem retoque, de JK, pertencem a Lacerda: “Esse homem de paz era um combatente. Porque era um verdadeiro renovador, era também generoso. No horror à vingança, à mesquinharia, à mediocridade, fundou sua atitude diante da vida.”

JK recebeu, de certa feita, a visita de John Foster Dulles, Secretário de Estado americano, expoente da assim chamada “linha dura”. Tinha dificuldades para entender os latinos e direcionava obsessivamente suas ações para o combate, conforme fazia questão de sublinhar, ao “comunismo ateu”. Cláudio Bojunga conta como foi o encontro. Depois de bom tempo de conversação, Juscelino revelou a assessores que Dulles já havia proposto nove fórmulas, todas recusadas pelo Presidente brasileiro, para uma declaração conjunta. O norte-americano insistia num documento que utilizasse surrados jargões anticomunistas. Juscelino considerava as ponderações fora de propósito. O documento, insistia, deveria conter, essencialmente, um compromisso com o desenvolvimento e a prosperidade social. A nota final não incluiu as propostas do Secretário. JK reagiu ainda à arrogância de Dulles, que queria porque queria, assinar a declaração, mesmo sendo funcionário de escalão inferior, juntamente com o Presidente do Brasil. Isso não impediu Dulles de registrar, em depoimento público, que “o Presidente do Brasil trata o desenvolvimento com a fé dos místicos.”

Desfrutando de enorme simpatia popular, JK foi instado por lideranças influentes a promover uma reforma constitucional que lhe garantisse novo mandato presidencial. Desfez, de forma categórica, essa possibilidade. Deixou o governo aureolado pelo respeito e gratidão da Nação.

Sua eleição para futuro mandato era tida como líquida e certa. Os acontecimentos político-militares posteriores, com graves desdobramentos, retiraram o Brasil dos trilhos da democracia, mergulhando-o no regime de exceção. JK foi alvejado impiedosamente. Cassaram-lhe injustamente o mandato quando representava Goiás no Senado. O último discurso que proferiu, como parlamentar, é uma obra prima de afirmação democrática e de crença nos valores nacionais. Injuriaram-no, impuseram-lhe humilhações. Fizeram de um tudo para calar-lhe a voz, numa tentativa de diminuir a importância de seu incomparável papel no teatro da história. Tudo embalde. “De todos nós, é o nome dele que vai durar mil anos. Juscelino estará na memória das gerações porque sua aventura vital foi extraordinária.”  Palavras de um adversário em tempos idos, Afonso Arinos.

Sua morte, num acidente automobilístico, que suscitou questionamentos ainda não de todo esclarecidos, enlutou a Nação. O Brasil parou para o adeus ao Nonô de Diamantina, filho de Da. Júlia, político bom de voto e bom de obras. Foi um predestinado. “Deus pegou um século e pôs a maior parte dele no colo do Nonô de Diamantina”, registra, liricamente, o jornalista David  Nasser, no artigo em que se despede de Juscelino. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sintetiza, em depoimento, o pensamento da gente brasileira sobre o grande personagem: “Acho que o melhor presidente que o Brasil já teve foi Juscelino. Não acredito em quem não tem objetivos, não tem projetos, não sonha alto. Eu acredito em gente como Juscelino.” Lula fala por todos nós. O Presidente do sorriso franco e aberto deixou-nos, como herança, obras definitivas, exemplos vitais, idéias que não morrem, inspirações para as lutas em favor das transformações que a sociedade brasileira ardentemente almeja.

JK é, no sentimento das ruas, símbolo de muita coisa. Símbolo de progresso. De desenvolvimento. De empregos, justiça social, diálogo e concórdia. De intransigência na defesa da soberania nacional. De projetos arrojados na construção humana. De democracia interpretada como instrumento insubstituível nas ações econômicas e sociais. De insubmissão cívica e de nacionalismo autêntico. Por isso suas idéias são, ao mesmo tempo, a inspiração e o fanal de um Brasil que não aceita recessão nem desemprego; que repele a intromissão estrangeira em seus negócios internos; que exige fervoroso respeito no trato da coisa pública e que repudia as fórmulas discricionárias no exercício do poder.

Em suas memórias, uma cartilha de orientação cívica que deveria ser levada às salas de aula onde são preparadas as gerações futuras, JK deixa-nos lições de brasilidade: “Olhai para o mapa do Brasil. É o mapa de um país jovem, a preparar-se para assumir o papel de grande potência que lhe está reservado no mundo.”

Dona Júlia tinha razão ao dizer aquelas palavras: “Só mesmo o Nonô para fazer tudo isso!”

(E, por último, aos que se interessem conhecer a fundo a saga de Juscelino, recomendo com ênfase a magnífica obra de Cláudio Bojunga, “JK, o artista do impossível”).


* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

Um comentário:

Denise disse...

Oi, César,

Muito bom seus comentários sobre JK.
Ilustrativo para os jovens que ignoram tudo sobre o estadista.
Abraços
Denise

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