sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Recordando Flash Gordon

Cesar Vanucci *

“O que lembro, tenho.”
(Guimarães Rosa)

Vinte anos atrás, se tanto, uma revista incluiu-me na lista de jornalistas e escritores convidados a indicarem os 20 melhores filmes de todos os tempos. Recordo-me de que os títulos por mim arrolados coincidiram, na maior parte, com os filmes apontados pelas demais pessoas consultadas. Apenas num caso ocorreu discrepância. Fui o único a relacionar entre os filmes mais apreciados as fitas-em-série (como eram chamadas) de Flash Gordon. Fundamentei essa escolha no argumento de que nos fascinantes domínios das criações cinematográficas, em particular, e artísticas, de modo geral, poucas coisas buliram tanto e de forma tão excitante com a mente infantil, quanto as proezas narradas em capítulos do herói de ficção que antecedeu os astronautas da vida moderna.

Ele era visto, semanalmente, nas telas de cinema a singrar o espaço sideral em ruidosa nave com forma de charuto, acompanhado da encantadora Dale Arden, do professor Zarkov e do Príncipe Barin. Cumpria galhardamente a missão de enfrentar as solertes investidas do maligno imperador Ming, do planeta Mongo, com seus abjetos planos de colonização da Terra.

A trama e as ações dos personagens eram, pode-se dizer hoje, bastante simplórias. Os cenários, a se levar em conta os recursos visuais empregados na atualidade pela indústria cinematográfica, revelavam uma simplicidade comovedora. As situações vividas pelos protagonistas anteponham-se a lógica comum. Lembravam um bocado as historietas de quadrinhos. Outro ponto de identificação das fitas em série com os gibis consistia na constatação da solene aversão que Juizes de Menores, educadores e pais nutriam com referencia a essas duas modalidades de entretenimento infantil, encaradas como nefastas na formação educacional. Comissários de menores, compenetrados de sua sagrada incumbência, postavam-se na entrada dos cinemas para impedir a presença de menores de 14 anos. Ficavam ali mode protegê-los dos enormes riscos contidos nas mensagens propagadas nas deletérias aventuras de Flash Gordon.

Nos pátios das escolas havia o costume, também nessa época, de acenderem-se piras de respeitáveis proporções com revistinhas. O nocivo material era localizado nas pastas dos alunos, junto aos livros e cadernos, graças a eficiente monitoramento executado por zelosos encarregados das salas de aula. Em alguns lugares, o fogaréu saneador adquiria aspecto ritualístico. Os pais e os alunos recebiam convites para assistir, ao lado dos professores, a transmutação dos abomináveis impressos multicoloridos em cinzas.

Como são as mudanças comportamentais! Desses processos pedagógicos, numa reavaliação histórica, o que conservamos na atualidade é um registro simplesmente hilário. Os quadrinhos adquiriram status de arte. Os seriados de Flash Gordon são reconhecidos como referencia precursora, tal qual os livros de Julio Verne, nos fascinantes caminhos percorridos pela criatividade humana na busca infindável do sentido da vida. Os produtores do seriado sabiam das coisas. Anteciparam, lá pelos anos 30, as ainda inimagináveis viagens espaciais. Botaram nos céus engenhos voadores tocados a energia nuclear e aparelhados para confrontos bélicos com raio laser. Que poder de imaginação aquele, santo Deus!

Flash Gordon foi protagonizado por Larry Buster Crabbe, nadador que integrou a equipe olímpica estadunidense. A primeira série de fitas, lançada em 1936, custou algo equivalente a 350 mil dólares, uma fortuna para a época. Em 1938, novos capítulos foram lançados. O herói cosmonauta, desta feita, salvou o planeta de uma ofensiva extraterrena articulada por seres de argila, procedentes de Marte, empenhados em retirar o nitrogênio da atmosfera. No derradeiro seriado, o Imperador Ming reapareceu como vilão. Flash Gordon não permitiu, destemidamente, que ele infectasse a Terra com um vírus mortal.

O papel de Dale Arden nos seriados foi vivido por Jean Rogers, pelos padrões de beleza da época uma mulher estonteante. Povoou com meiga presença nas trepidantes aventuras do pioneiro em viagens espaciais os sonhos da meninice de muita gente.


Meu candidato a Prefeito de Uberaba



Adelmo Carneiro Leão, Deputado Estadual (PT-MG) por seis mandatos consecutivos, médico, educador e agricultor, dono de impecável currículo em sua trajetória política, é o meu candidato a Prefeito de Uberaba.
Por sua atuação na defesa das causas sociais, pela dignidade com que encara a missão vocacional que lhe foi outorgada na vida pública, pela luta incessante sustentada em favor da melhoria das condições da saúde e da educação públicas, pelos projetos e realizações de sua autoria voltados para o propósito da construção humana e de um país mais justo e mais fraterno, pelo seu enraizado sentimento democrático e republicano, Adelmo tornou-se personagem de inconfundível realce no cenário político das Gerais. Reúne todas as qualificações desejadas para exercer com brilhantismo o cargo a que se candidata.


  
Operações clandestinas rendosas


“Enorme buraco negro na economia mundial!”
(Frase cunhada pelo economista Mckinsey James Henry, coordenador de uma pesquisa internacional sobre a dinheirama aplicada clandestinamente nos paraísos fiscais)


O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é estimado, hoje, em R$ 4.2 trilhões. Isso nos assegura o sexto lugar entre as mais pujantes economias do mundo.

Informações liberadas pela organização “Tax Justice Network”, com base em estudo encomendado a consultores especializados em levantamentos sobre aplicações de recursos privados nos negócios internacionais, dão conta de que algo equivalente a quase 30% da riqueza nacional (estimada pelo Banco Central) acha-se depositado, neste preciso instante, por patrícios nossos bem abonados financeiramente, nos chamados “paraísos fiscais”. A apuração desses números, reunidos no trabalho intitulado “The Price of offshore Revisited”, resulta de um meticuloso mapeamento dos volumosos recursos, procedentes de dezenas de países, lançados de forma clandestina – já que não declarados aos órgãos da fiscalização – em contas secretas em lugares onde viceja, estimulado por espúrias conveniências políticas e financeiras, esse processo fraudulento de ocultação de bens. Lugares como Suíça, Ilhas Cayman e outros mais, onde negócios escabrosos são movimentados à pamparra, em meio a reações hipócritas das instituições bancárias envolvidas e debaixo da indiferença conivente dos “donos do mundo”.

Para se chegar ao cálculo que confere ao Brasil “honroso” quarto lugar no mundo inteiro em matéria de evasão de dinheiro – um dinheiro, obviamente, de origem suspeitosissima -, os responsáveis pela pesquisa se louvaram em elementos fornecidos pelo Banco de Compensações Internacionais, FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial, além de organismos governamentais dos países prejudicados.

O montante correspondente aos ricaços brasileiros é de 1 trilhão e 5 milhões de reais (em dólares 520 bilhões). Ficamos na relação atrás apenas dos milionários chineses (2 trilhões e 200 bilhões de reais), russos e coreanos (1 trilhão, 596 bilhões). Os números referentes a essas fortunas não oficialmente admitidas, considerado um universo de 139 países com 10 milhões de “investidores”, chegam à espantosa soma, no total, de 42 trilhões de reais. Mas isso, advertem os pesquisadores, num cálculo bastante conservador. Não será exagero estimar – acrescentam eles - que o montante possa elevar-se a 64 trilhões de reais. Valor correspondente, mais ou menos, a 15 vezes o PIB brasileiro.

Classificando essa riqueza privada não contabilizada de “enorme buraco negro na economia mundial”, os autores do estudo calculam ainda que essas ações de ludibrio fiscal levam a uma sonegação de impostos, nos países prejudicados, da ordem de 380 a 560 bilhões de reais. No caso especifico de nosso país, os depósitos clandestinos de ilustres patrícios no exterior equivalem a quase 20 vezes o dinheiro destinado orçamentariamente ao programa “Brasil sem miséria” no exercício de 2012.

Equivale também a mais da metade das aplicações previstas para o PAC2 (Programa de Aceleração do Crescimento) em todo o quatriênio governamental.

Nessa rendosa operação que suga, de forma desalmada, parte substanciosa dos recursos nacionais, em tantos lugares, traficantes, bandidos do “colarinho branco”, malversadores do dinheiro público, milionários despojados de sensibilidade e responsabilidade sociais encontram prestimosa colaboração da poderosa engrenagem bancária, que oferece mundos e fundos em suas frenéticas disputas pela captação da dinheirama mal adquirida.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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