sexta-feira, 20 de setembro de 2013

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Não precisa explicar...

Cesar Vanucci *

“Não precisa explicar. Eu só queria entender...”
(Bordão célebre de antigo programa humorístico da tevê)

O macaco falante do “Planeta dos Homens”, campeão de audiência na Globo dos anos 80, empregava em suas falas um bordão que ficou famoso e foi absorvido com facilidade por um bom tempo no linguajar das ruas: “Não precisa explicar, eu só queria entender...”

Consideramos oportuno reapropriá-lo para comentários a respeito de muita coisa intrigante que vem rolando no pedaço.

O magnânimo Tio Sam, empenhado mais do que nunca no incremento de sua alardeada política de “boa vizinhança” com as nações amigas, botou pra funcionar a pleno vapor no Brasil a gigantesca máquina de arapongagem eletrônica instituída pelo “Projeto Echelon”. Implantou escutas clandestinas nos órgãos do governo. Invadiu, com o fito de captar informações comerciais estratégicas, os computadores da Petrobras. Violentou a intimidade da Presidenta Dilma nos contatos com assessores por meios eletrônicos. Apoderou-se de dados e informações valiosos, de interesse nacional, transmitidos pela internet e sistema de telefonia. Pilhado em flagrante delito pelas convincentes denúncias de um antigo prestador de serviços desse audacioso esquema de bisbilhotagem, levantou a indignação das autoridades e da opinião pública brasileira, sendo chamado às falas para esclarecer direitinho as coisas. Dispôs-se, com envergonhada relutância, atender ao que foi reclamado. Num encontro reservado que teve com Dilma no malogrado encontro de São Petersburgo, Barack Obama declarou-se pronto para reparar o clamoroso ato falho cometido pela Casa Branca. Reportou-se, com constrangedora insinceridade ao elevado nível das relações de amizade e confiança que afiança nutrir com relação ao Brasil etecetera e tal. O chanceler Luiz Alberto Figueiredo deslocou-se até Washington para ouvir as explicações prometidas.

Diplomatas estadunidenses passaram ao seu jeito as informações sobre a candente questão. Utilizaram a “tática Cantinflas” de bate-papo. Cantinflas, para quem não se lembra, foi personagem aclamado nos áureos tempos da comédia cinematográfica. Protagonizado pelo ator mexicano Mário Moreno, quando se via surpreendido em situações comprometedoras, escorregava que nem quiabo ou bagre ensaboado nas arguições que se lhe eram feitas pelos malfeitos engraçados. Falava um mundão de coisas sem dizer coisa alguma. Exatamente como agora vem sendo feito pelos porta-vozes americanos.

Dos fatos assim narrados desponta uma perguntinha inocente: num pedido de desculpas pela besteira praticada por alguém molestando conhecidos ou amigos (vá lá), não seria mais correto o autor procurar a vítima na residência desta, apresentando pedido formal de desculpas, e não, ao contrário, a vítima dirigir-se à casa do agressor mode que saber a razão de seu despropositado ato? Hein?

Não, não precisa explicar, o que a gente quer mesmo é entender...

O episódio a seguir tem a ver também com a orientação política dos governantes dos Estados Unidos. O Presidente Obama, que de há muito abdicou das convicções que lhe asseguraram por razoável período celebridade mundial, contrariando ponto de vista da opinião pública internacional, vem insistindo numa ação militar na sanguinolenta guerra civil síria. Uma guerra em que um governante insano e facções insurgentes terroristas disputam palmo a palmo, segundo relatórios da ONU, a “primazia” na execução de ações bélicas bárbaras. Alega o dirigente estadunidense que as quase 2 mil mortes de inocentes numa operação com armas químicas proscritas, executada por um dos lados contendores, representa uma “linha vermelha” que jamais poderia ter sido ultrapassada. O argumento usado para justificar a intervenção, em que pese todo o horror suscitado por mais esse capítulo selvagem do abominado conflito, parece ignorar um capítulo apavorante da história. É o que diz respeito ao fato de que 100 mil vidas inocentes já foram eliminadas com o emprego de outras apavorantes armas de destruição em massa, sem falar na tragédia humanitária representada pelas levas de refugiados. São circunstâncias, todas essas, que abrem margem à suposição de que a tal “linha vermelha” já teria sido, há um tempão, ultrapassada. Não é isso mesmo?

Mas não precisa explicar, o que a gente está querendo mesmo é entender...

O Papa Francisco, um clarão de esperança em meio ao espesso nevoeiro que circunda os procedimentos dos donos deste mundo do bom Deus onde o diabo costuma implantar também nocivos enclaves, andou fazendo perguntas incômodas, dia desses, numa de suas lúcidas homilias. Uma delas: essas guerras que pipocam aqui e ali não serão meros e cruéis pretextos para incrementar a produção industrial bélica? Tal pergunta continua suspensa no ar sem que as lideranças políticas e os grandes sistemas de comunicação se disponham a difundi-la. Muito menos respondê-la.

Caso, no tamanho adequado, de recorrermos novamente ao bordão: Não precisa explicar, eu só queria entender...

Por último: o jornalista José Simão, com seus divertidos comentários críticos concernentes à incomensurável comédia humana, estaria incorrendo, por acaso, nalgum exagero ao lembrar que um bombardeio em favor da paz, como consta da proposta Obama, seja algo com peso equivalente à idéia de um estupro em favor da preservação da virgindade?

Não, não precisa responder...


Regras salutares de vida

“Você é o que se fizer”
 (Gurdjieff)

Trata-se de filósofo russo bastante badalado nos círculos esotéricos. Viveu no início do século passado e traçou regras de vida citadas com freqüência em cartilhas, prédicas e livros dedicados a auto-estima e comportamento. Seu nome: Gurdjieff. O Instituto Francês de Ansiedade e Estresse encarregou-se de divulgar com destaque 20 regras básicas de vida boladas pelo pensador. Entendemos interessante e oportuna sua reprodução para conhecimento dos leitores ou, se for o caso, aplicação em seu dia-a-dia.
1. Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.
2. Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.
3. Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.
4. Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.
5. Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.
6. Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.
7. Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.
8. Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9. Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.
10. Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.
11. Família não é você: está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12. Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trava do movimento e da busca.
13. É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros.
14. Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.
15. Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram de bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16. Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.
17. A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.
18. Uma hora de intenso prazer substitui com folga três horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19. Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.
20. Entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: você é o que se fizer.


C O N V I T E - SEMANA MUNDIAL DO SERVIÇO LEONISTICO - 2013 

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