Relações afetivas futuristas
“Vejo um futuro em que vamos gostar
das pessoas independentemente
do que elas sejam: robôs ou
humanos”.
(Paula Aguiar, Presidente da Associação Brasileira
das
Empresas do Mercado Erótico).
As antevisões futurísticas
acenadas pela robótica no tocante aos relacionamentos afetivos são de bagunçar
por inteiro a capacidade de raciocínio de pessoas tidas como fleumáticas, que
não se deixem perturbar por qualquer motivo. Equivalem a um tsunami psicológico.
Reviram pelo avesso até padrões de comportamento rotulados (muitas vezes depreciativamente)
como vanguardeiros. O cenário desenhado roça as franjas do inimaginável.
O que a jornalista Litza Mattos
revela nas paginas de “O Tempo”, numa instigante reportagem sobre o sexo do
futuro, reportando-se a novidades anunciadas por especialistas em sexualidade e
em feiras tecnológicas realizadas recentemente no país e no exterior, é de
queimar a mufa de qualquer vivente. Não são apenas novidades fantásticas que se
possa com algum esforço imaginar. São novidades muito mais fantásticas do que
qualquer um jamais conseguirá imaginar. Orgasmo produzido por controle remoto,
transas de seres humanos com robôs, aparelhos para detectar “amor verdadeiro”. Por aí vai...
Um autor citado, especialista em
inteligência artificial, o inglês David Levy, prevê, por exemplo, que em cinco
anos seres humanos farão sexo com robôs. E desse tipo de “relacionamento”
derivará, em poucas décadas, a possibilidade de criação de laços amorosos
densos entre os “parceiros”. Uma comédia cinematográfica intitulada “Her”, apresentada
como um estudo sobre as complexas relações humanas em nosso mundo, elaboradas
com base nesse surreal bombardeio tecnológico, é apontada como “amostra sugestiva”
do que poderá acabar rolando no espantoso cenário futurista traçado. Os
protagonistas da trama emaranham-se em inusitadas experiências. Ele, um cara de
carne e osso. Ela, dotada de feição e silhueta femininas, não passa na verdade
de um sistema operacional avançadíssimo de computador.
Assestando nossos olhares de
perplexidade nessas extravagantes previsões da cibernética, cibernética essa cada
dia mais presente no complicado jogo da vida, matutemos como poderiam vir a ser
alguns lances do cotidiano dentro de tão psicodélico contexto. A situação dá
vaza a que nos arrisquemos a formular a hipótese de um causo singular. Em seu frequentado
espaço de fofocas, colunista bem informado anuncia, lamentando pacas, a
separação definitiva de casal bastante festejado nas altas rodas mundanas. Divulga
a causa da repentina ruptura, diga-se de passagem, recebida com manifestações
de surpresa pelos amigos chegados, que se habituaram a ver no galante par
solido exemplo de união estável. A adorável esposa foi flagrada em adultério numa
cruel armadilha do destino. O pivô do “affaire”, o robô de nome Ernestino, era
o encarregado dos serviços de copa e cozinha da suntuosa mansão do casal localizada
em Macacos. O marido, desconfiado da presença de “mouros na costa” em seus
cobiçados domínios conjugais, mandara espalhar, sigilosamente, câmeras pelos
aposentos da casa. As indiscretas câmeras – daquela mesma linha sofisticada dos
modelos empregados pelas agências de espionagem estadunidenses nas arapongagens
eletrônicas executadas em “países amigos”, naturalmente com o nobre objetivo de
“resguardar” os sagrados “valores democráticos” – captaram imagens da maior incandescência,
para dizer o mínimo, envolvendo o ditoso par amoroso. Elas, as câmeras, surpreenderam
até mesmo o “camareiro”, no afã de acelerar o processo de assédio à patroa
rendida aos seus encantos, a preparar com utilização de elevadas doses de
produtos afrodisíacos as refeições consumidas nas ausências do chefe da casa, um
respeitado homem de negócios intensamente absorvido em atividades da Bovespa. O
eficiente serviçal vangloriava-se de que a receita culinária, por ele
classificada de “supimpa”, trancada a sete chaves, representava herança de seus
“ancestrais eletrônicos”. Da composição da dita receita fazia parte uma erva medicinal
rara do Cazaquistão mesclada com extrato de ovo de pata da Patagônia.
Por conta do ocorrido, de acordo
ainda com o bem informado colunista, o marido bigodeado contratou os bons
ofícios profissionais de renomada causídica na área de contendas familiares, a
doutora Patrícia Rios. A ação objetivando à dissolução dos laços matrimoniais estaria
correndo em rigoroso segredo de justiça.
O panorama descortinado nessas
desconcertantes previsões futurísticas sobre sexo cria ensancha oportunosa
ainda para se levantar uma indagação curiosa, noutro alucinante voo de
imaginação. Qual poderia ser mesmo a reação dos zelosos guardiões dos costumes
fundamentalistas do, Irã, Afeganistão, Arábia Saudita e doutros lugares diante
dessa escalafobética história do “casal” pilhado no flagra? Será que
condenariam o robô transgressor a apedrejamento publico?
Mundo mais doido...
Essas
agências de risco...
“Coisa mais sem pé
nem cabeça: um órgão técnico qualquer, com sede em lugar distante, meter-se por
aí a aplicar notas sobre as atividades econômicas e sociais de países e
empresas dos quais nada ou pouco conhece!” (Domingos Justino,
educador).
O
semblante encrespado, assumindo pose majestática própria de alguém que se
acredita investida, por desígnios divinos, da sagrada e tormentosa missão de
anunciar pra patuleia a data fatal do juízo final, a toda poderosa
economista-chefe da “Standar & Poor´s” comunicou, com pompa solene, o
rebaixamento da nota de classificação do Brasil. A manjada turma do contra
vibrou com a novidade. A impávida economista-chefe voltaria, pouco depois, a
ocupar o púlpito, exibindo mesma fleuma doutoral, característica dos que se rejubilam
em desempenhar papel de “papagaio falante” do senhor “deus-mercado”.
Caprichando pra valer na entonação da fala, de modo a que as frases proferidas
conseguissem traduzir, com precisão, incisos conceitos, arremessou outras notas
de rebaixamento estipuladas por sua agencia, alvejando um punhado de prosperas
empresas brasileiras, entre elas, o Banco do Brasil, a Petrobras, a Caixa Econômica
Federal, o Banco Itaú, o BNDEs, a Sul América Seguros, o Bradesco, a
Eletrobrás.
E
não é que parte da grande mídia, fazendo o jogo de grupos políticos
tendenciosos, ávidos por conturbar a qualquer preço a economia nestes momentos preliminares
da campanha eleitoral, resolve sem mais essa nem aquela dar eco exagerado a essa
prosa desatinada? Resolve conceder credito gracioso (será que o vocábulo fica
bem colocado?) a essa papagaiada toda? Decide transformar meros palpites
técnicos, de origem estrangeira e altamente suspeitosos, em dogmas de fé com
consistência granítica?
Expliquem-nos,
por favor. Que pessoal é esse que, volta e meia pinta no pedaço com panca
presunçosa distribuindo notas de desempenho a torto e a direito, interferindo
intempestivamente na intimidade doméstica dos chamados países emergentes? De
qual fonte do poder provem essa marota delegação conferida a uma meia dúzia de
órgãos alienígenas que saem soltos por aí, ditando regras em terras e
propriedades distanciadas de seus pontos de origem, alvejando atividades
produtivas empenhadas na construção nacional? Por que razão vários órgãos da
mídia acolhem sem vacilo e sem questionar os fajutos argumentos propalados por
essas agencias em “boletins de mérito” instituídos sabe–se lá a mando de quais conveniências?
Interessa
muita à cidadania conhecer a fundo todo esse cabuloso enredo. As “agencias de
classificação de riscos”, comportando-se como “suprema corte”, ao emitirem suas
“infalíveis” sentenças, acham-se subordinadas a algum poder legalmente reconhecido?
No ver de abalizados analistas não passam, no duro da batatolina, de aberrações
jurídicas. Tais analistas entendem ainda tratar-se de órgãos que não carregam
consigo, no exercício de sua despoliciada e inglória empreitada, qualquer laivo
de legitimidade. A impressão que passam é de um bando ruidoso de vulgares oportunistas,
intrujões saídos das sombras, que atuam sempre em sintonia com as maquiavélicas
aprontações da mega especulação. Mega especulação esta escancaradamente
engajada, na hora atual, desafiando a sociedade brasileira, em patrocinar novo
assalto especulativo a nossa florescente economia.
O
tema rende mais uma fulminante e decisiva indagação. Alguém por aí em plenas condições
de esclarecer devidamente o porquê de esses gringos sabichões terem se conservado
em ensurdecedor silencio, sem disposição para divulgar “notas” e emitir
“alertas”, frente a “bolha imobiliária” que explodiu devastadoramente em seus domínios
territoriais e que mergulhou o mundo, quase que por inteiro, numa crise
econômica tida socialmente como a mais cruel dos últimos tempos? Hein? E ai,
gente boníssima?
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