Ventos separatistas
“Nós damos 20 bilhões de euros de
graça para um Estado
falido, que criou uma divida pública de 2.1
trilhões de euros”.
(Alessio Mororin, líder do movimento
separatista veneziano).
Experientes observadores dos
eventos internacionais confessam-se temorosos de que a recente decisão da
Crimeia, respaldada pelo governo russo, de desmembrar-se da Ucrânia, além de
toda a colossal tensão já suscitada, possa deflagrar um surto separatista
noutros pedaços deste planeta azul. Tem–se por certo que sinais já vêm sendo emitidos,
em diversos lugares, no sentido de que a história volte a ocorrer, até mesmo em
regiões de jamais suspeitada tendência emancipacionista. Caso da fascinante
Veneza, capital do Vêneto, norte da Itália.
E não é que, dias atrás, a
população veneziana foi convocada, via redes sociais, a participar de uma
consulta sobre a possibilidade de desvincular-se da Itália com vistas à implantação
de uma República federal soberana, abrangendo toda a província de Vêneto? As
ações politicas desencadeadas com tal proposito compreenderam inclusive – vejam
só! – contatos de representantes da comunidade interessada com dirigentes de
países da Comunidade Europeia.
Na Escócia, por outro lado, ganhou
forte incremento após os acontecimentos na Ucrânia a campanha pelo “sim”, em plebiscito
já marcado para setembro vindouro pelos Congressos britânico e escocês. O intuito
da consulta é recolher a opinião da população escocesa acerca da separação do
Reino Unido. Trata-se de antiga aspiração alimentada por ponderáveis parcelas dos
habitantes do território.
Os espanhóis também viram recrudescer
a luta pela independência da Catalunha. Uma contenda política que já dura um
bocado de tempo e não poucas vezes desembocou em confrontações armadas. Essa
região, conhecida como autônoma, entre aspas, pelo governo de Madrid, vai
promover em novembro próximo um referendo para o exame de proposta relativa à
fundação de um novo Estado. O governo espanhol classifica a consulta de inconstitucional. A
situação promete dar “bode” lá na frente...
O sonho de assegurar-se autonomia à
porção francesa nesse país continental chamado Canada é antigo. Tão antigo
quanto a Serra da Canastra, como era de costume dizer-se noutros tempos. Para sentir
o peso considerável desse desejo entranhado no seio da população de origem
francesa, relembremos intrigante episódio. Quando presidia a França, numa visita
oficial ao Canadá, influenciado pelos sentimentos e tradições predominantemente
franceses existentes em Quebec, Charles de Gaulle chutou estrepitosamente para corner, numa monumental
trapalhada, o protocolo diplomático. Exclamou numa concentração popular: “Viva
Quebec Livre!” O mal-estar que essa incontinência verbal provocou, vou te
contar!...
Há quem admita que o episódio da
Crimeia sirva de inspiração, também, para que se intensifiquem as ações do
agrupamento politico separatista “Parti Québécois”. Esta agremiação vai,
certamente, tentar fortalecer-se nas eleições programadas para abril. Se isso
realmente se efetivar, conforme previsto por analistas políticos, é quase certo
que a proposta de realização de mais uma consulta plebiscitária sobre a independência
da província de Quebec retornará com força total ao debate publico canadense.
Sueltos
(I)
“Suelto: condensação de fatos em poucos e
curtos parágrafos”
(F. Fraser Bond, autor do livro “Introdução ao jornalismo”).
Petrobrás e
Metrô de São Paulo. Os acontecimentos concernentes à maior empresa
brasileira, a Petrobrás, sobre supostos malfeitos praticados na esfera
executiva, carecem, sim, ser devidamente explicados. A opinião publica tem o
direito de saber tintim por tintim tudo que ocorreu. Como também tem o direito de ser colocada
inteiramente a par dos pormenores de todas as denuncias a respeito de supostas
irregularidades cometidas, durante largo espaço de tempo, nos negócios do órgão
que opera o metrô de São Paulo com fornecedores estrangeiros de equipamentos. A
bem do interesse público. Mas para que tudo isso fique devidamente apurado não
há necessidade alguma de se criar uma, ou mais comissões parlamentares de
inquérito. Os órgãos competentes estão aptos a conduzir as investigações, tanto
num quanto noutro caso. As CPI’s, por outro lado, nas situações citadas, são
inteiramente contraindicadas, pelo risco se virem a se tornar instrumentos de
exacerbação das paixões politicas em momento pré-eleitoral.
Dilma, JK e Lula. A não ser que eu esteja
tão por fora dos fatos quanto alguns celebrados analistas da grande mídia nas
previsões que têm por hábito fazer sobre a conjuntura econômica brasileira,
Dilma Rousseff vai emergir, politica e eleitoralmente, mais forte da onda de
acusações com que se procura presentemente desqualifica-la como gestora
publica. Se a memória não tá a fim de trair, já vi com estes olhos que a terra
vai comer (só que, dependendo de minha vontade, daqui muito tempo ainda), o
mesmo acontecer tanto com JK quanto com Lula, em efervescentes campanhas
eleitorais do passado. Esperar pra conferir.
Desqualificação da “agência de risco”. Gostaria muito de ser informado por alguém do motivo
de não ter sido mencionado pelos veículos de comunicação que realçaram, de
forma tão estrepitosa, as informações depreciativas da “Standar&Poor’s”
sobre a economia brasileira, a circunstância dessa "agência de
riscos" estar sendo, no momento atual, processada pelo governo dos Estados
Unidos, ora, veja, pois! O motivo do processo é um dado desqualificante
adicional na constatação já feita da ilegitimidade das ações efetivadas pelo
órgão ao sair por aí aplicando notas sobre o desempenho econômico de países e
empresas. A “S&P” está sendo acusada de haver, fraudulentamente, atribuído
“notas” positivas a organizações norte-americanas que se notabilizaram, na
crise de 2008, a negociar papeis podres, arruinando a vida de gente incauta e
inocente. A agência não apenas fingiu ignorar a bandalheira da “bolha
imobiliária”, como também se esmerou em valorizar, para tapear trouxas, a
“performance” de clientes seus comprometidos com o colossal escândalo que
abalou a conjuntura econômica mundial.
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