A estatura moral do Brasil
Cesar Vanucci*
“A tão sonhada paz na região depende de Israel, a
parte mais forte e equipada do conflito”. (Celso Amorim, Ministro da Defesa do
Brasil)
Os radicais que
comandam na atualidade o Estado de Israel cometeram mais um estrondoso
desatino. Este, apenas verbal. Sem perdas de vidas inocentes. Mas altamente
revelador, outra vez, do animo belicoso e postura prepotente que entendem por
bem (melhor dizendo, por mal) assumir nas inesgotáveis demandas de seu país com
a tolerante comunidade das nações.
O Brasil não é um país
irrelevante. Não é “anão diplomático”, conforme anotado na histérica descrição do
porta-voz do grupo extremista. E, a seu turno, Israel não possui estatura moral
para impor a quem quer que seja, muito menos ao Brasil, regras desabridas, ao
inteiro arrepio das leis internacionais, como aprecia costumeiramente fazer.
Exemplo frisante dessa conduta abominável se configura nos deslocamentos de
suas ferozes divisões blindadas em territórios da Palestina. Na hora presente,
provocando perplexidade e comoção planetária, essas divisões promovem uma luta
desigual e iníqua, que recorda sob muitos aspectos os horrores praticados, no
passado, pelo nazismo contra o heroico e indefeso povo hebreu.
Quando o Papa Francisco,
do alto de sua cátedra, brada ao mundo “parem com isso!”, ele na verdade interpreta
um anseio humano global. Fala de um sentimento que povoa as mentes e os
corações de homens e mulheres de boa vontade em todos os quadrantes do mundo,
independentemente de crenças e etnias diversificadas. Um tipo de gente,
esmagadora maioria, que sonha com a implantação da paz e de fraternal
convivência em todos os lugares, sobretudo num ponto do globo cheio de
simbolismo sagrado, berço das mais poderosas e influentes correntes ideológicas
da civilização. Como aceitar que justamente num lugar assim possa ocorrer uma
explosão ensandecida como essa, produzida por radicalismos os mais
desapiedados. A culpa no cartório pelos brutais acontecimentos deve ser atribuída,
em cota proporcionalmente maior, a radicais israelitas, no confronto mantido
com seus adversários, parte deles também radicais fanáticos. Mas o que está
prioritariamente em jogo é a aspiração ardente das multidões palestinas de ter sua
pátria. Tal como almejado e conquistado com inteira justiça e merecimento pelos
judeus num passado não tão distante. Tal como já definido, há décadas, pela
assembleia geral da ONU.
O que a diplomacia brasileira
expressou na critica à exacerbação imprimida ao conflito pelo contendor bélica,
politica, tecnológica, economicamente mais poderoso, no caso Israel, situa-se na mesma linha do pensamento
pontifício. Parem já com isso! Interrompam o massacre! Tomem logo seus assentos
na mesa de negociações. Tracem em
definitivo, com concessões se necessário, os limites dos territórios israelense
e palestino. Aprendam a conviver. Mirem-se no exemplo aqui do Brasil. Um país
de indiscutível grandeza cultural e politica, que não cultiva desafeições com nenhum
de seus dez vizinhos territoriais. Um país onde as comunidades árabe e judia
convivem em perfeita harmonia. Onde a pluralidade de ideias e as diferenças de
costumes são satisfatoriamente respeitadas e onde, também, os fundamentalistas
de todos os matizes são contidos em suas idiossincrasias e intolerâncias.
Veja bem o porta–voz dos radiais de Telavive
se o Brasil dispõe ou não de condições para opinar a respeito do horror de
Gaza, essa sucessão de incidentes atordoantes tão próximos da funesta lembrança
do genocídio ocorrido no gueto de Varsóvia?
Já ia me esquecendo.
Como o porta-voz também fez menção a um mero e inofensivo placar de simples
contenda esportiva, em seu patético esforço de desqualificar o Brasil como
Nação, que tal lembrar ainda do tétrico e dilacerante placar em vidas preciosas
construído com o “eficiente” concurso das tropas de ocupação que, por terra,
mar e ar, vêm se esmerando a reduzir a escombros – com gente dentro - asilos,
escolas, hospitais, lares, na estreita faixa rodeada por muros e patrulhas
militares reservada ao confinamento do povo palestino?
Filme já visto
Cesar Vanucci*
“A instituição ganha
mais dinheiro no Brasil do que ganha em qualquer
outro país, inclusive na
matriz, na Espanha.”
(ex–Presidente
Lula, aludindo ao banco Santander).
O
Santander extrapolou os limites. Dilma Rousseff classificou o ato de “inadmissível”.
Foi demasiadamente branda na reação. A impertinência do grupo espanhol, que tem
neste nosso país tropical, abençoado por Deus, um de seus núcleos operacionais
mais dinâmicos e rendosos, se não o mais importante deles, roça as raias da
imbecilidade sob o estrito ponto de vista empresarial. Representa ainda
inocultável violência à ordem institucional política. Onde já se viu
absurdidade desse tamanho? Uma organização estrangeira, extravasando arrogância,
resolve de repente dirigir-se à clientela para exprimir tendenciosa orientação
política! Resolve manifestar preferencia partidária com relação a uma campanha
eleitoral de suma importância para o futuro de um país que lhe franqueou as
portas para ocupação de espaço privilegiado no mundo de promissores negócios!
Ponho-me
a matutar com os botões do pijama qual não seria o fragor, inclusive midiático
(além de diplomático), da reação do governo da Espanha diante da inimaginável hipótese de
que o Banco do Brasil, por exemplo, atuando no mercado daquele país, resolvesse
sem mais essa nem aquela emitir juízo de valores sobre candidaturas numa
campanha eleitoral em curso. O rebu que uma intromissão descabida como essa
seria capaz de produzir, vou te contar!...
O
Santander aprestou-se a protagonista da vez nas periódicas sortidas
maquiavélicas deflagradas por forças estranhas à vida e ao sentimento nacional.
Essas forças, às vezes mancomunadas com grupos nativos, mantêm-se sempre
entocaiadas á espera de ensanchas oportunosas. Ávidas por botar pra fora
estaparfúrdios “ensinamentos” sobre como nós, brasileiros, deveremos nos
comportar na condução de nossos próprios destinos políticos.
Acode
irresistivelmente à lembrança, nesta hora, aquela ridícula manifestação de 2002,
feita por um gringo mundialmente reconhecido como mago da especulação
financeira, George Soros. Ele falava, na ocasião, em nome do “mercado”. Ou
seja, em nome desse ente ectoplásmico, evocado costumeiramente em momentos
imprevistos, por conveniências clandestinas, ativas nos bastidores mundanos,
para “opinar” a respeito de questões momentosas. Questões, naturalmente, que possam
render algum ganho espúrio aos manipuladores de sempre das riquezas
circulantes. E o que foi mesmo que o supracitado cara andou dizendo com
repercussão encomendada na mídia e com a indisfarçável cumplicidade de manjados
oportunistas na esfera política? Seguinte: “A vitória, nas eleições, de Luís
Ignácio Lula da Silva e de seu companheiro José Alencar, outro Silva com marca
legendária na historia, representaria o caos...” O papo do mega especulador não
colou. A catastrófica profecia foi vista por todos como terrorismo econômico. O
malogrado prognóstico soou como eco de pronunciamento impregnado de babaquice formulado
anteriormente pelo então presidente da FIESP, Mario Amato. O mencionado prócer
classista vociferava que um possível triunfo de Lula na disputa com Fernando
Collor, seria capaz de desencadear–ora, veja, pois! - um fluxo incontrolável de
brasileiros para Miami na busca de exílio. O grotesco episódio faz aflorar na
lembrança deste desajeitado escriba uma outra intervenção descabida com sotaque
estrangeiro. A exemplo da primeira, salpicada de preconceito. Outro empresário
influente, de Minas Gerais, no exercício da presidência da Belgo Mineira, Hans Schaller,
compareceu gratuitamente a publico para sublinhar que o então presidente da
FIEMG, José Alencar, não traduziu o pensamento do empresariado brasileiro quando
anunciou a disposição de votar no líder sindicalista na disputa com o “caçador
de marajás”. O autor desse outro palpite infeliz ficou mudo e quedo que nem
penedo depois de ter-lhe sido lembrado que, em razão da nacionalidade, ele não
poderia votar no candidato de sua preferencia, a não ser que Collor pusesse
concorrer a presidente em seu país natal.
O
filme projetado pelo Santander é o de sempre. Parece um bocado com aqueles lançamentos
cinematográficos “inéditos” da televisão. Surge infalivelmente na tela do
cinema político toda vez que o Brasil se prepara para votar. O elenco pode até
mudar. O enredo, não!
Grupos
de ódio
Cesar Vanucci*
“Enquanto a cor da pele for mais
importante que o
brilho dos olhos, haverá guerra”. (Bob Marley)
Quem
tem olhos pra enxergar e ouvidos para escutar que se esforce por captar o alarido
sombrio do movimento racista escancaradamente empenhado em marcar presença em
tudo quanto é frente. A virulência extremista parece haver encontrado em bolsões
conturbados da vida contemporânea estímulos renovados para suas vociferações de
ódio fraticida. Na Europa, principalmente na França, partidos
ultraconservadores, que pregam abertamente a discriminação, ganharam em
recentes prélios eleitorais espaço mais dilargado para atuação. O fundador da
“Frente Nacional”, Jean-Marie Le Pen, eufórico com a meteórica ascensão da
filha e atual líder da agremiação, Marine Le Pen, ao palco central da política,
declarou, entre gargalhadas histéricas, aludindo numa entrevista ao ator e
cantor judeu Patrik Bruel, essa atordoante imbecilidade: “Da próxima vez
faremos uma fornada com eles!”
Nos
Estados Unidos, o numero dos chamados “grupos de ódio”, que defendem a supremacia
branca e “cristã”, alvejando não só negros e judeus, mas a tudo quanto “fuja”
ao seu “padrão de nação” – imigrantes, latino-americanos, muçulmanos, gays e
minorias étnicas – cresceu cerca de 56% desde 2000. Esses núcleos antissemitas hidrófobos
chegam a 940 em todo país. Segundo a polícia federal estadunidense, 5.800
crimes motivados por ódio racial foram cometidos em 2012. Atrás dos delitos
atuam a Ku Klux Klan, “skindeads”, neonazistas, o Partido dos Cavaleiros (The
Knigths Party) e outros grupamentos especializados na disseminação do ódio. Os
sinistros símbolos nazistas e da KKK são vistos em muitas das ocorrências
criminosas.
Cotas na pós-graduação. Uma valiosa
informação acerca da (auspiciosa) expansão do projeto de democratização do
ensino superior implantado pelo Ministério da Educação. Depois de bem sucedido
esforço no capitulo das cotas raciais, a Universidade Federal de Brasília está
partindo para adotar o mesmo regime de partilha nas matriculas em seus cursos
de pós-graduação. A pioneira iniciativa, não divulgada com destaque,
incompreensivelmente, pela grande mídia, acabará sendo introduzida, em breve,
com certeza, nas demais instituições escolares.
Taxa de Juros. Analistas
políticos mencionam com insistência, em especulações pré-eleitorais, o nome de
Armínio Fraga, renomado técnico das fileiras da oposição para ocupar, numa
eventual vitória eleitoral em outubro, posição de destaque na área econômica do
governo. Isso acende a lembrança de que por volta de 1999, época em que o
economista esteve à frente da politica econômica, a taxa de juros andou
alcançando as altitudes himalaianas dos dois dígitos.
Um comentário:
Infelizmente a mídia está olhando somente e tão somente, que centenas de palestinos estão perdendo a vida. Enquanto apenas uma pequena parte (dezenas) de israelenses estão morrendo do outro lado. Então ai temos uma desproporção bem grande (Centenas X Dezenas); e isto aos olhos de quem vê de longe é simplesmente horripilante. Mas caro senhor jornalista, coloque-se no lugar de milhares de famílias que dormem em cima de um grande barril de nitroglicerina pura, que não dormem achando que talvez não acordem no outro dia, pois a ameaça de grupos extremistas, simbolizados por homens bombas, que com a mente lavada pelas delicias de encontrarem varias virgens que os levariam ao extremo do prazer, caso eles se matem, levando consigo o máximo de pessoas que consigam matar com estas explosões? Imaginem se Israel não tivesse um sistema próprio de antimísseis fornecidos por um cartel de armas que abastece aqueles loucos sanguinários do Hamas, e que durante a noite, dezenas destes mísseis caíssem sobre a população judaica indefesa, qual seria o número de mortes que ocorreriam do lado judeu, ai sim nos teríamos uma desproporção de números, com milhares de judeus mortos na caladas da noite, e apenas uma pequena parte dos terroristas que perderiam a vida. Olhe por este prisma, e veja a conclusão que o senhor chegaria. Atenciosamente,
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