Currículo
futebolístico ignorado
César Vanucci*
“Mas
que cambada de pernetas!"
(Desabafo
do técnico do juvenil do USC)
Ainda naturalmente tocado pelas impactantes emoções
da Copa, mergulho fundo nas ternas reminiscências infanto-juvenis, para de lá
voltar com singelo e breve relato pertinente ao meu sugestivo passado
futebolístico, lastimavelmente ignorado em momentos de convocação.
Cinco
minutos de jogo, e o juvenil da Merceana já havia enfiado, que nem viriam a
fazer décadas depois os atacantes alemães na semifinal do Mineirão, duas bolas
nas redes do Aníbal. Era o nosso goleiro, filho do presidente do clube,
jornalista Souza Junior. Ele se
queixava, agora, aos berros, da parelha de beques. Os beques botavam a culpa na
intermediária. A linha de médios, a voz do José Tomaz se destacando tanto
quanto a altura passava a bola pra frente, isso é, dizia que a responsabilidade
era nossa, dos atacantes, que não recuávamos para buscar jogo. O técnico, esse,
pobre coitado, nada dizia. Esfregava a cabeça, mordia nervosamente o polegar,
num silêncio constrangedor que era bem uma projeção da idéia que fazia do time
sob o seu comando:
-
Mas que cambada de pernetas!
O
técnico deles, o Amargoso, babava de contentamento. Os olhos faiscavam na cara
escura e redonda. E o time, mais experimentado, bem sortido de valores,
esnobava. Punha o pessoal do juvenil do Uberaba Sport na roda, pra dançar o
miudinho... O Renato e o Waldir, tão novos, mas já se identificando um pouco
com o Marambaia, beque que deixou fama de durão no futebol de Uberaba, brecavam
com rigor policialesco todas as nossas investidas. O ataque ainda não conseguia
acertar um tiro a gol e já o placar chegava aos cinco a zero. Na frente, o
Dorival Cicci judiava com a defesa. Uma finta aqui, outra finta ali, a entrega
da bola ao companheiro, para recolhê-la, adiante, em fulminante tabelinha. A
meta escancarada, com o arqueiro já batido, e, ao invés do toque fatal, o
drible desnecessário, puro enfeite, o passe para o colega desmarcado que vinha
atrás pedindo bola. A suprema humilhação.
Numa
das vezes em que, num pique irresistível, Dorival partiu em direção ao gol,
entendi de detê-lo. Entrei de corpo e alma. O danado do menino meteu a bola
entre as minhas pernas e, sorriso zombeteiro e triunfante, numa paradinha
desafiadora, ficou a esperar pela segunda investida. Entrei firme, com fúria de
boi acuado por toureiro. E tornei a entrar bem. Ele simplesmente repetiu a
manobra. Perdi o equilíbrio e despenquei no gramado. Olhei, desapontado, as
arquibancadas. Pareceu-me ouvir a torcida gritando, compassadamente, “Olé...
Olé... Olé”. Perdemos o jogo. Se a memória não tá a fim de trair, de onze a um.
O juiz, benevolentemente, resolveu marcar pênalti a nosso favor. Na cobrança, o
goleiro do inimigo ainda tocou o “esférico”, por pouco não detendo sua
trajetória.
Mas
não foi só o jogo que perdi naquele domingo, na preliminar de um jogo do USC. Junto,
também se foi a secreta esperança de vir a ser algum dia lembrado para servir à
seleção. E tudo por conta de alguns dribles secos que ecoaram em meu espirito
como sentença inapelável para prematuro descalçar das chuteiras.
Pelo
que, seja a praça devidamente notificada de que ao futebol brasileiro assiste o
sagrado dever de cobrar do Dorival Cicci, do juvenil da Merceana, com juros e
correção, uma divida nascida de sua imperdoável façanha de haver tolhido
naquele domingo, inclementemente, para todo o sempre amém, uma promissora
carreira de craque.
A brasileira Petrobrás
Cesar Vanucci*
“As
dificuldades não podem ser pretexto para
a demolição dos legítimos interesses
brasileiros”.
(Professores Gilberto Bercovici e Walfrido Ward Júnior, da USP)
Intrigante
demais da conta o tratamento costumeiramente dispensado, por parte da chamada
grande mídia, a tudo quanto diga respeito à nossa Petrobrás. Denúncias acerca
de supostos atos falhos, porventura cometidos nas esferas administrativas ou
técnicas, geram sempre, com incomum rapidez, manchetes estridentes e
comentários ácidos duradouros. “As dificuldades não podem ser pretexto para a
demolição dos legítimos interesses brasileiros”, alertam num ensaio acadêmico
os professores Gilberto Bercovici e Walfrido Ward Júnior, da Universidade de
São Paulo, acrescentando que não podemos correr o risco de deslegitimar a mais
importante empresa brasileira, “personificação do controle soberano de nossos
recursos naturais”.
Mas
se, ao contrário, as informações trazidas a lume encerrem conteúdo positivo, o
que se depara, quase sempre, é com uma irrazoável parcimônia de palavras ao se
contar a historia ao respeitável publico. Dias passados, tivemos a atenção despertada
para mais uma amostra desse indesejável estado de coisas. Uma organização
mundial tradicionalmente incumbida da avaliação periódica do desempenho das
empresas no plano universal registrou (e não é a primeira vez que o faz) que a
nossa estatal energética assumiu o
primeiro lugar disparado no ranking da América Latina. A auspiciosa revelação
coincidiu com o anúncio de outra sequência de recordes alcançados na produção
de petróleo, como já se vem tornando frequente na história da empresa. O que se
conseguiu anotar em termos de repercussão midiática a respeito de tão
expressivos feitos pode ser definido numa mera e simples palavra:
desconcertante. No boletim noticioso de um importante canal tivemos frisante
resumo da desimportância inexplicavelmente atribuída ao assunto. O texto dado à
locutora para leitura desprezou solenemente o essencial para enfatizar lance
secundário. Foi “explicado” ao telespectador, na oportunidade, que embora
apontada como a maior empresa latino-americana, a Petrobrás ostenta valor de mercado
inferior ao de anos atrás. Ignorou-se evidentemente, no desnorteante comunicado,
dado relevante para melhor compreensão das coisas. Se ocorreu “desvalorização”
patrimonial da principal empresa no ranking, esse fato não terá sido,
certeiramente, isolado, restrito a apenas uma organização. As demais empresas
da lista terão sido, fatalmente, afetadas pela conjuntura. Não é assim mesmo?
Situações
como a que acaba de ser narrada recomendam reflexões. Sugerem reexames de
procedimento por parte de setores influentes da mídia. Afigura-se sumamente
desejado, em função do respeitável interesse nacional que ninguém com presença marcante
na comunicação social, sinceramente integrado no esforço de construção da
prosperidade econômica e social, perca de vista jamais, a qualquer tempo, uma óbvia
constatação histórica. A constatação de que a Petrobrás, admirável conquista do
povo brasileiro, é uma instituição detentora, com suas inciativas técnicas vanguardeiras,
da admiração e respeito mundiais.
Convite aos amigos
Do “Blog do Vanucci”
Todos vocês estão convidados para o ato de lançamento do livro “Eternamente Zélia”, do escritor Vicente Muzinga Oliveira, contendo depoimentos a respeito da bela trajetória de vida da médica, cientista e líder espiritual Zélia Savala Rezende Brandão, dirigente do conceituado “Grupo Científico Ramatis”.
O evento será realizado no dia 20 (vinte) de agosto, quarta-feira, a partir das 19 (dezenove) horas, no salão nobre da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais), Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho, Belo Horizonte.
Contamos com sua participação.
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