quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Currículo futebolístico ignorado
                                                          
                                   César Vanucci*

“Mas que cambada de pernetas!"
(Desabafo do técnico do juvenil do USC)

Ainda naturalmente tocado pelas impactantes emoções da Copa, mergulho fundo nas ternas reminiscências infanto-juvenis, para de lá voltar com singelo e breve relato pertinente ao meu sugestivo passado futebolístico, lastimavelmente ignorado em momentos de convocação.

Cinco minutos de jogo, e o juvenil da Merceana já havia enfiado, que nem viriam a fazer décadas depois os atacantes alemães na semifinal do Mineirão, duas bolas nas redes do Aníbal. Era o nosso goleiro, filho do presidente do clube, jornalista Souza Junior.  Ele se queixava, agora, aos berros, da parelha de beques. Os beques botavam a culpa na intermediária. A linha de médios, a voz do José Tomaz se destacando tanto quanto a altura passava a bola pra frente, isso é, dizia que a responsabilidade era nossa, dos atacantes, que não recuávamos para buscar jogo. O técnico, esse, pobre coitado, nada dizia. Esfregava a cabeça, mordia nervosamente o polegar, num silêncio constrangedor que era bem uma projeção da idéia que fazia do time sob o seu comando:

- Mas que cambada de pernetas!

O técnico deles, o Amargoso, babava de contentamento. Os olhos faiscavam na cara escura e redonda. E o time, mais experimentado, bem sortido de valores, esnobava. Punha o pessoal do juvenil do Uberaba Sport na roda, pra dançar o miudinho... O Renato e o Waldir, tão novos, mas já se identificando um pouco com o Marambaia, beque que deixou fama de durão no futebol de Uberaba, brecavam com rigor policialesco todas as nossas investidas. O ataque ainda não conseguia acertar um tiro a gol e já o placar chegava aos cinco a zero. Na frente, o Dorival Cicci judiava com a defesa. Uma finta aqui, outra finta ali, a entrega da bola ao companheiro, para recolhê-la, adiante, em fulminante tabelinha. A meta escancarada, com o arqueiro já batido, e, ao invés do toque fatal, o drible desnecessário, puro enfeite, o passe para o colega desmarcado que vinha atrás pedindo bola. A suprema humilhação.

Numa das vezes em que, num pique irresistível, Dorival partiu em direção ao gol, entendi de detê-lo. Entrei de corpo e alma. O danado do menino meteu a bola entre as minhas pernas e, sorriso zombeteiro e triunfante, numa paradinha desafiadora, ficou a esperar pela segunda investida. Entrei firme, com fúria de boi acuado por toureiro. E tornei a entrar bem. Ele simplesmente repetiu a manobra. Perdi o equilíbrio e despenquei no gramado. Olhei, desapontado, as arquibancadas. Pareceu-me ouvir a torcida gritando, compassadamente, “Olé... Olé... Olé”. Perdemos o jogo. Se a memória não tá a fim de trair, de onze a um. O juiz, benevolentemente, resolveu marcar pênalti a nosso favor. Na cobrança, o goleiro do inimigo ainda tocou o “esférico”, por pouco não detendo sua trajetória.

Mas não foi só o jogo que perdi naquele domingo, na preliminar de um jogo do USC. Junto, também se foi a secreta esperança de vir a ser algum dia lembrado para servir à seleção. E tudo por conta de alguns dribles secos que ecoaram em meu espirito como sentença inapelável para prematuro descalçar das chuteiras.


Pelo que, seja a praça devidamente notificada de que ao futebol brasileiro assiste o sagrado dever de cobrar do Dorival Cicci, do juvenil da Merceana, com juros e correção, uma divida nascida de sua imperdoável façanha de haver tolhido naquele domingo, inclementemente, para todo o sempre amém, uma promissora carreira de craque.




A brasileira Petrobrás

Cesar Vanucci*

“As dificuldades não podem ser pretexto para
 a demolição dos legítimos interesses brasileiros”.
(Professores Gilberto Bercovici e Walfrido Ward Júnior, da USP)


Intrigante demais da conta o tratamento costumeiramente dispensado, por parte da chamada grande mídia, a tudo quanto diga respeito à nossa Petrobrás. Denúncias acerca de supostos atos falhos, porventura cometidos nas esferas administrativas ou técnicas, geram sempre, com incomum rapidez, manchetes estridentes e comentários ácidos duradouros. “As dificuldades não podem ser pretexto para a demolição dos legítimos interesses brasileiros”, alertam num ensaio acadêmico os professores Gilberto Bercovici e Walfrido Ward Júnior, da Universidade de São Paulo, acrescentando que não podemos correr o risco de deslegitimar a mais importante empresa brasileira, “personificação do controle soberano de nossos recursos naturais”.
Mas se, ao contrário, as informações trazidas a lume encerrem conteúdo positivo, o que se depara, quase sempre, é com uma irrazoável parcimônia de palavras ao se contar a historia ao respeitável publico. Dias passados, tivemos a atenção despertada para mais uma amostra desse indesejável estado de coisas. Uma organização mundial tradicionalmente incumbida da avaliação periódica do desempenho das empresas no plano universal registrou (e não é a primeira vez que o faz) que a nossa estatal energética  assumiu o primeiro lugar disparado no ranking da América Latina. A auspiciosa revelação coincidiu com o anúncio de outra sequência de recordes alcançados na produção de petróleo, como já se vem tornando frequente na história da empresa. O que se conseguiu anotar em termos de repercussão midiática a respeito de tão expressivos feitos pode ser definido numa mera e simples palavra: desconcertante. No boletim noticioso de um importante canal tivemos frisante resumo da desimportância inexplicavelmente atribuída ao assunto. O texto dado à locutora para leitura desprezou solenemente o essencial para enfatizar lance secundário. Foi “explicado” ao telespectador, na oportunidade, que embora apontada como a maior empresa latino-americana, a Petrobrás ostenta valor de mercado inferior ao de anos atrás. Ignorou-se evidentemente, no desnorteante comunicado, dado relevante para melhor compreensão das coisas. Se ocorreu “desvalorização” patrimonial da principal empresa no ranking, esse fato não terá sido, certeiramente, isolado, restrito a apenas uma organização. As demais empresas da lista terão sido, fatalmente, afetadas pela conjuntura. Não é assim mesmo?

Situações como a que acaba de ser narrada recomendam reflexões. Sugerem reexames de procedimento por parte de setores influentes da mídia. Afigura-se sumamente desejado, em função do respeitável interesse nacional que ninguém com presença marcante na comunicação social, sinceramente integrado no esforço de construção da prosperidade econômica e social, perca de vista jamais, a qualquer tempo, uma óbvia constatação histórica. A constatação de que a Petrobrás, admirável conquista do povo brasileiro, é uma instituição detentora, com suas inciativas técnicas vanguardeiras, da admiração e respeito mundiais.   
      




Convite aos amigos
Do “Blog do Vanucci

Todos vocês estão convidados para o ato de lançamento do livro “Eternamente Zélia”, do escritor Vicente Muzinga Oliveira, contendo depoimentos a respeito da bela trajetória de vida da médica, cientista e líder espiritual Zélia Savala Rezende Brandão, dirigente do conceituado “Grupo Científico Ramatis”.

O evento será realizado no dia 20 (vinte) de agosto, quarta-feira, a partir das 19 (dezenove) horas, no salão nobre da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais), Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho, Belo Horizonte.
Contamos com sua participação.

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