Certeza
eleitoral
“O impecável cumprimento do calendário
eleitoral é amostra loquaz da pujança democrática brasileira.”
(Antônio
Luiz da Costa, educador)
Um desses manjados “profetas do
catastrofismo” que enxameiam a rede midiática anotava, indoutrodia, na tevê, os
“motivos” de seu mórbido ceticismo com relação ao Brasil: a “incerteza
eleitoral” e os “humores” da Bolsa. Fiz-me várias vezes a pergunta: mas a que
“incerteza eleitoral” estaria mesmo o cara se reportando?
A realização do pleito para Presidente
da República, Governadores de Estado, Senadores, Deputados, previsto no
calendário traçado pelo TSE em consonância com os ditames do regime democrático
que, mercê de Deus, rege nossos soberanos destinos políticos, com data certíssima
para acontecer, estará sendo por acaso ameaçada de adiamento ou cancelamento
por algum motivo de força maior? A resposta categórica é não!
Paira no ar, porventura, alguma tênue
dúvida quanto ao cumprimento rigoroso das diversas etapas do saudável processo
eleitoral em desdobramento? Vamos conferir quais são essas etapas. Campanha em
clima de vibração nas ruas, nos veículos de comunicação e nas redes sociais; votação
eletrônica por escrutínio secreto, seguida da apuração instantânea dos votos, procedida
de acordo com invejável esquema tecnológico criado por brasileiros, sem nada no
gênero equiparável no resto do mundo; anúncio oficial dos resultados, com
programação de um segundo turno para cargos majoritários se necessário; ao
depois, proclamação dos eleitos, posse dos escolhidos, tudo, tudo devidamente
desenhado em rigorosa conformidade com um calendário pré-definido e com regras
legais amplamente consolidadas.
Se a “incerteza” deriva da circunstância
de ainda não se saber, a esta altura da campanha, de modo certeiro, os nomes
das pessoas que a vontade soberana das urnas indicará para conduzir os rumos
deste país, seria o caso, então, de reavivar, com todo cuidado didático, para algum
cidadão “tomado de dúvida”, uma informaçãozinha essencial. É assim mesmo, desse
exato jeito, que as coisas rolam costumeiramente nos regimes democráticos. O
cidadão, na democracia, pode intuir, pode torcer, pode apostar firme nos
candidatos de sua predileção. Mas a escolha definitiva dos governantes, dos
parlamentares nos devidos trinques legais, só se processa realmente com as
apurações encerradas. Nos regimes totalitários o cenário é diferente. Não existe
incerteza eleitoral alguma. As “eleições” são de araque. Só pra efeito público
externo. Os “vencedores” são bem antes do pleito “escalados” para exercer,
“naturalmente, com patriotismo e espírito públicos acendrados”, suas nobilitantes
funções.
Então, vamos lá. Se os acontecimentos
políticos brasileiros, nesses momentos que antecedem a grande festa
cívico-eleitoral de cinco de outubro se desenrolam de maneira impecável,
demonstrativa da pujança democrática da Nação, cabe retrucar: mas que diabo de
incerteza eleitoral é essa que tanto apoquenta os “plantonistas do desalento”?
Temos algo também a acentuar quanto aos
“humores da Bolsa”, outro item objeto de preocupação dos pregoeiros do
pessimismo. São constatações que ajudam na dissipação desses infundados temores
suscitados a propósito da realidade brasileira. Neste ano de 2014, até meados
de setembro, o registro de alta nas operações roçava os 14 por cento. Tal pontuação
é considerada, mesmo por analistas ranhetas, bastante satisfatória em termos
globais.
Tem mais: quem se der ao trabalho de
consultar os números que falam das chamadas operações bursáteis vai se deparar,
indesviavelmente, com a informação de que os resultados positivos acumulados, pelas
mais de duzentas e cinquenta empresas de capital aberto que operam na Bovespa, alcançaram
de janeiro até aqui, índice (nada desprezível) superior a 50 por cento. E aí
José?
Vamos resumir, então, a ópera: malgrado
o insosso papo dos incorrigíveis “céticos de plantão”, do ponto de vista
institucional democrático não existe “incerteza eleitoral” alguma a deplorar.
Apenas certeza eleitoral a festejar.
Fla-Flu político-econômico
“Graças a Deus ainda estamos quase no
pleno emprego e não vemos, como em outros países, uma juventude
desesperançada.”
(Murilo
Ferreira, presidente da Vale)
O presidente da Vale, mineiro de Uberaba
Murilo Ferreira, concedeu à “Folha de São Paulo” entrevista em que traça lúcido
diagnóstico da conjuntura política e econômica brasileira. Diz coisas que se
colocam, tanto quando se percebe pelo tom rotineiro do noticiário nosso de cada
dia, em contraposição com os registros e vaticínios de desalento e pessimismo
propagados, com enervante frequência, por não poucos personagens influentes do
empresariado e jornalismo.
Convido o leitor a conhecer algumas das
partes mais frisantes do interessante depoimento.
“Folha:
O Brasil está crescendo pouco por falta de investimentos. Por que as empresas
não investem?
Murilo Ferreira – Não concordo com essa
afirmação. A Vale está fazendo o projeto mais intensivo em capital de sua história,
em Carajás, São US$ 19,5 bilhões.
Os
números da Vale são sempre superlativos. No geral, as empresas brasileiras não
estão investindo.
No Brasil, não prestamos atenção ao
mercado internacional. O crescimento mundial está muito abaixo do esperado. O
problema se tornou mais agudo depois da crise europeia de 2011. O México e o
Chile vêm avançando menos. Até 2016, não haverá mais indústria automobilística
na Austrália. Mesmo na Ásia, só sinto um certo ânimo no Japão. Vivemos um
período muito diferente daquele em que a economia mundial crescia 4,4% e todos
comiam o mamão com açúcar da globalização. Agora chegou a vez das frutas
amargas. No Brasil, as pessoas não querem enxergar isso por conta da disputa
eleitoral.
O
senhor acha que a disputa eleitoral aumenta o pessimismo?
Claramente. Graças a Deus ainda estamos
quase no pleno emprego e não vemos, como em outros países, uma juventude
desesperançada. O agronegócio é show de bola e tem uma produtividade superior à
americana. Mineração e serviços são pontos fora da curva. A amargura está
concentrada no setor industrial. Lamento muito, mas é São Paulo que está pagando
uma conta mais alta do que outros lugares do Brasil.
Mas
os empresários não reclamam da crise global. Eles dizem que a culpa é do
governo.
Certamente eles são capazes de
justificar suas queixas do governo e devem ter razão em muitos pontos. Mas
existem alguns setores – não gostaria de polemizar citando um ou outro – em que
falta tecnologia e inovação.
Por
que a indústria perdeu competitividade?
Temos que fazer uma análise rigorosa.
Será que o empresariado de São Paulo tem o mesmo entusiasmo do pessoal do
cerrado? Será que a nova geração tem o mesmo entusiasmo para investir em
tecnologia e inovação? Quando chego ao Japão e à Coreia, fico preocupado porque
se estabeleceu um “gap” muito grande em relação ao Brasil. Não sei se os
empresários não se atualizaram ou não estão motivados, mas essa é a realidade.
O
relacionamento entre Dilma e o empresariado hoje é ruim. Se ela for reeleita,
como refazer essa ponte?
Os dois lados precisam procurar o
interesse do Brasil. Não podemos continuar esse Fla-Flu politico, que é
estimulado por São Paulo, de onde vêm os partidos que disputam a eleição, PT e
PSDB. A politica em São Paulo está muito rancorosa. É importante restabelecer
as pontes para governar depois. Adversários têm ideias diferentes, mas não são
inimigos.
O
PT diz que o mercado financeiro faz terrorismo ao derrubar a Bolsa quando a
presidente sobe nas pesquisas. O que o senhor acha?
De novo, isso é fruto da cultura política
de São Paulo. Esse Fla-Flu permanente é irradiado da Faria Lima (avenida da
capital paulista onde estão os grandes bancos de investimento)”.
Estas declarações do presidente da Vale,
segunda maior empresa brasileira, no ramo da mineração a maior do mundo,
oferecem um retrato da realidade social e econômica brasileira totalmente
diferenciado daquele que insistentemente nos tem sido mostrado, sobretudo
nestes momentos pré-eleitorais, pelos “profetas do desalento” e “cartomantes do
pessimismo”. Esses aí, apoderados de considerável espaço midiático, “garantem”
que o Brasil vem rolando, de há muito, ribanceira abaixo. O bom senso aconselha
a ficar com o ponto de vista do Murilo e não abrir.
Um espetáculo
memorável
“O público aplaudiu, de pé, os artistas,
por vários minutos seguidos, uma coisa impressionante.”
(Registro
da espectadora Mariângela Palmeira, na saída do teatro)
Os apreciadores de jazz foram
presenteados, dias atrás, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, com um
espetáculo arrebatante. As aclamações do público que lotou as dependências do
majestoso teatro, ao final da bela apresentação vocal e instrumental produzida
pelo “Caffeinne Trio” e a “Big Band”, foram de intensidade tal que os artistas
não tiveram como não acrescentar mais três interpretações ao programa
anunciado. E, a tomar por base a disposição dos espectadores que, de pé, os aplaudiam,
outros números teriam sido executados dentro do mesmo clima de entusiasmo caso
não houvesse uma limitação regimental de tempo para a apresentação. O
“Caffeinne Trio”, integrado por três esplêndidas cantoras – Sylvia Klein,
Renata Vanucci e Carô Rennó – mostrou novamente, como já havia feito na “Virada
Cultural”, a pujança e riqueza de sua
arte, revelando-se capacitado para voos mais ousados em sua trajetória que já
consigna uma série de recitais exitosos no exterior, meses atrás na Alemanha. O
“Big Band Palácio das Artes”, comandado pelo consagrado maestro e arranjador
Nestor Lombida, ex-regente da Orquestra de Câmara da Televisão Cubana,
professor de Arranjo e Improvisação no Centro de Formação Artística da Fundação
Clovis Salgado, é composto de instrumentistas do melhor quilate. Os sons são
produzidos por piano, trompetes, contrabaixo, trombones, bateria, guitarra,
percussão e saxofones. A junção dos dois grupos se fez em torno de um belíssimo
concerto que combinou o estilo dos trios femininos famosos das décadas de 30 a
50 com o jazz e musica instrumental, que são marcas da banda. O repertório
utilizado trouxe peças de famosos compositores de jazz. Inteirei-me, após o
espetáculo, do propósito dos artistas de montarem, brevemente, um recital para
turnê internacional. Pelo que foi mostrado, não fica difícil vaticinar sucesso
estrondoso à vista.
Mais
espaço para cultural nacional. A Lei 12.485, em vigor desde 2011,
estabeleceu marco regulatório para a televisão, criando a obrigatoriedade da
veiculação diária de 3 horas e 30 minutos de conteúdo nacional nas
programações. A medida representou estimulante apoio à expansão da produção
artística voltada para o setor. Especialistas na matéria, empenhados em fazer
da televisão um instrumento mais bem identificado com a cultura e o sentimento
nacional, defendem a ampliação do espaço mínimo estipulado para os conteúdos
audiovisuais brasileiros. Por que não 50 por cento? - perguntam. Existe talento e criatividade de
sobra na praça para tocar vitoriosamente um esquema assim. Noutros países do mundo desenvolvido vigoram
há tempos exigências de veiculação de produções nacionais nessa base do meio a
meio.
Um
senhor entrevistador. A Rede Globo de Televisão dispõe em suas
competentes fileiras o cara certo para desfazer a desfavorável impressão
deixada pelas entrevistas feitas no “Jornal Nacional” com os presidenciáveis. O
nome dele é Roberto D’Ávila que, semanalmente, na “Globo News”, dá lições
magistrais sobre como extrair de um entrevistado, com serenidade e segurança
profissionais, revelações e informações
que ao espectador interessa saber.
Interpretações eletrizantes de clássicos brasileiros
Amigos diletos encaminharam-me um vídeo contendo preciosidades musicais que tenho o prazer de compartilhar com os leitores deste blog. Trata-se de uma sequencia de clássicos de nossa MPB, com destaque para criações de Tom Jobim e Ary Barroso, interpretados pelo "Perpetuum Jazzile", um coral esloveno do melhor nível. Deleitem-se com o "Vou te contar" e "Aquarela do Brasil" e as outras melodias interpretadas pelo grupo.
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