SEMANA MUNDIAL DO SERVIÇO LEONÍSTICO
ENCONTRO ECUMÊNICO MEMORÁVEL
¨ Painéis de estudos reuniram representantes de mais de uma dezena de
culturas religiosas
¨ Assembleia festiva, com teatro lotado, homenageou 34 personalidades
¨ Espetáculo artístico de altíssimo nível emoldura histórica promoção
leonística
Refulgente celebração leonistica
Cesar Vanucci
“Acabamos
de participar de uma riquíssima experiência de aprendizado, diálogo e reflexão
em torno do tema “Em busca de um mundo melhor”.
(José Monteiro da Silva, Governador do
Lions)
Todos os anos o Lions Clube celebra a
“Semana Mundial do Serviço Leonístico” na esfera de atuação da governadoria do
Distrito LC4, com o envolvimento dos Clubes e da Academia Mineira de Leonismo.
A comemoração deste ano, entre os dias 17 e 19 de novembro, ganhou relevo todo especial, à vista do tema
escolhido para reflexão, estudos e as atividades culturais levadas a efeito: “A
busca de um mundo Melhor - Travessia
ecumênica e interreligiosa”.
Cinco painéis, com participação na
condição de expositores de representantes das diferentes culturas religiosas,
atraíram plateias vibrantes, com realce para a presença de estudantes e
professores vinculados ao Instituto de Educação de Minas Gerais. Estes, por
ordem das apresentações, os expositores: Pastor Jorge Diniz, da Igreja
Presbiteriana Unida do Brasil; Jornalista Romero Carvalho, da Sociedade
Internacional para a Consciência de “Krishna”; Reverendo Bernardino Ovelar, da
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Professor Sidney Ferreira da Silva,
especialista em candomblé afro-brasileiro; Dom Joaquim Mol, Bispo Auxiliar de
Belo Horizonte e Reitor da PUC Minas; Irmã Márcia Maria Lobo Leite, dirigente
do CONIC (Conselho das Igrejas Cristãs de Minas Gerais); Padre Dinamar Gomes
Pinto, Vigário paroquial em Betim; Valeriane Bernard, coordenadora da Brahma Kumaris
em Genebra; Professor Marcelo Gardini Almeida, diretor da União Espírita
Mineira; Gurt Muller, da Comunidade Evangélica Luterana; Irmã Marizete Batista,
da Congregação Paulina; Mauricio Godoy, membro do budismo tibetano.
Os debates, bastante animados,
proporcionaram ao público a esplêndida oportunidade de conhecer mais a fundo os
conceitos essenciais das varias doutrinas religiosas, permitindo ainda a
constatação de que através do dialogo constante, compreendendo ações sociais
conjugadas, é possível vislumbrar-se a eliminação, nas vivencias humanas, das
desavenças de cunho ideológico que tantos malefícios acarretam. Vários grupos
promoveram demonstrações artísticas.
A
programação cumprida no curso da “Semana” culminou com uma festa cívico
cultural grandiosa. Com as dependências do Teatro Francisco Nunes inteiramente
tomadas, o Lions homenageou 34 personalidades com a outorga de troféus criados
para enaltecer o trabalho de cada um na construção de um mundo melhor e em
favor do diálogo ecumênico e interreligioso. O Arcebispo Metropolitano de Belo
Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi agraciado pela Academia Mineira
de Leonísmo com a comenda “JK- Cultura, Civismo e Desenvolvimento”. Estas as
pessoas homenageadas com os troféus “Lions–Solidariedade Social”: Deputado Adelmo Carneiro Leão; Padre
André Callegari; Alba Duarte; Pastor Bernardino Ovelar Arzamendia; Celso Cota
Neto; Deputado Dinis Pinheiro; Padre George
Rateb Massis; Henrique Vizibelli Chaves; Jacques Tadeu França; Dom Joaquim
Giovani Mol Guimarães; Padre
José Cândido da Silva; Professor José Wagner Leão; Lieselotte Jokl; Luiz
Roque; Maria Magdalena de Araujo; Irmã Márcia Maria Lobo Leite; Reverendo
Márcio Moreira; Marcos Antônio Maldonado Moreira; Mauricio Alves Pereira; Marli
Medeiros; Irmã Marizete Batista; Nelson Mateus Nogueira; Orestes Debossan
Junior; Monsenhor Pedro Terra; Rosana
Basile Ribeiro dos Santos; Salim Zaidan; Sergio Fernando Pinho Tavares; Sidália
Xavier Silva; Sonia Sergio de Souza; Ulisses Martins Filho; Waldevino Batista
de Souza; Padre Willamy Feijó; Zélia Savala Rezende
Brandão.
O Governador do Distrito LC-4, José
Monteiro da Silva, discursou na ocasião. Este escriba também fez uso da
palavra, como coordenador geral do evento. O Diácono Paulo Franco Taitson,
professor da PUCMinas, agradeceu em nome de Dom Walmor, que não pôde estar
presente ao acontecimento.
A parte artística da noitada de gala
esteve a cargo, num primeiro momento, do Coral da Unimed, que apresentou
números do folclore brasileiro, contando com o apoio de um grupo de batuque que
integra o programa de incentivo cultural mantido com recursos da instituição. A
apresentação foi muito aplaudida. A Companhia de Dança do Sesiminas, dirigida
pela coreógrafa Cristina Helena, completou a programação artística, encenando
uma adaptação do “Lago do Cisne”, com introdução de motivos brasileiros, A
exibição foi arrebatante.
O Lions contou, para o êxito da
promoção, com o decisivo apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, do
CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs), Fundação Municipal de Cultura de
Belo Horizonte, Sistema FIEMG, Sesiminas, “Diário do Comércio” e de mais de uma
dezena de organizações religiosas, além da colaboração do Sindicato dos Artistas de Minas Gerais. A consagrada atriz Magdalena Rodrigues, presidente do Sindicato, desempenhou com brilhantismo o papel de Mestre de Cerimônia na festividade.
Professor Paulo Franco Taitson, da PUCMinas, recebe,
em nome de Dom Walmor, Arcebispo Metropolitano, a Medalha JK
Homenagens contemplaram figuras de destaque na vida comunitária
Escolher o bem é oração
Cesar Vanucci
“Como santa pode ser a guerra?”
“Como santa pode ser a guerra?”
(Marilene Guzella Martins Lemos,
escritora).
A
“Invocação a Deus” é ato tradicional nas atividades leonísticas. Cada evento da
organização, que possui ramificações em todos os continentes, é sempre iniciado
com uma palavra de reverência ao Ser Supremo.
Na
recente celebração do “Dia Mundial do Serviço Leonístico”, 19 de novembro
passado no teatro Francisco Nunes, BH, Marilene Guzella Martins Lemos,
integrante de várias Academias de Letras, entre elas a Mineira de Leonismo,
brindou o público, na “Invocação”, com as sugestivas palavras que se seguem. A
propósito da autora, cabe adicionar a informação de ser ela também exímia
“contadora de histórias”. Esta a “Invocação”:
“O
homem sente carência, quer saber que influência norteia seu viver./ Quando
sente a consciência e vislumbra o transcendente, sente a pequenez./ Conecta-se
ao sagrado, é o místico em sua vez. Que força maior é essa? Causa, efeito?/
Quem fez tudo tão perfeito nesse mundo ao seu redor!/ Quem criou o que via?
Epifania do conhecimento maior? / O homem segue, ideias se aprimoram, cria
deuses e teogonias; rituais pelos quais moldam comportamentos. Em cada lugar
brotam teorias, religiões, filosofias./ Zoroastro, Buda, Confúcio plantam
pensamento./ Moises, em conexão sagrada, transmite da moral, os fundamentos./
Se grande a necessidade, maior a devoção; imensa a dor, é a fé solução./ Em
meio ao caos, de semente divina nasce um redentor./ Do mundo, a esperança. Em curta
vida, ensina, acima de tudo, o amor. / E fé. Tão simples a lição! O nome, Jesus
de Nazaré. Caminha pela terra, mostra a luz. / Por poder e arrogância usam sua
cruz em guerras santas. Como santa pode ser a guerra?/ Símbolo de uma era,
pregou o entendimento, não a desavença./ Por ritos, heresias, dogmas, crença e
descrença negam a paz./ Dissidências com motivo, sem motivo, inúteis, tanto
faz./ Aldeia global, mundo sem barreiras, de muitas maneiras chega-se a Deus./
Cristãos e não cristãos, crentes e ateus; dentro de cada um vive o mesmo Deus./
Que é amor, solidariedade, compaixão. Escolher o bem é oração./ Rezar é olhar
quem está ao lado: se necessitado estender-lhe a mão. / Que plantem filosofias
adaptadas ao presente. Floração de Gandhis, Mandelas e Franciscos./ mesmo
correndo riscos, vitória da bondade, do humanismo, da diversidade.”
Anos
atrás, noutra celebração do “Dia Mundial do Serviço Leonístico”, foi
apresentado, na Invocação, um texto com feitio de oração ecumênica. As pessoas
de consciência aberta, infensas ao dogmatismo rançoso, tão ajustado ao paladar
das correntes fundamentalistas, nele encontrarão referências enriquecedoras
acerca do empenho da humanidade em se aproximar, pelo instrumento da prece, de
suas origens e destino transcendentes. Vamos reproduzi-lo como uma contribuição
a mais ao diálogo ecumênico.
“Oração
é atitude essencial. Em todos os tempos, em todas as culturas, em todos os
cantos do planeta, os seres humanos sempre se curvaram diante de algo maior que
eles mesmos. É muito interessante e precioso ouvir a voz da humanidade, em
todas as latitudes geográficas, dirigida a Deus. Como se faz aqui, agora, nesta
oração ecumênica Ela enfeixa textos sagrados de diferentes épocas e formas de
devoção humana, servindo de comprovação para o fato de ser o sentimento de
religiosidade fenômeno sociológico planetário.
Comecemos
pelo Bhagavad.Gita, da tradição sagrada hinduísta: “O que supera o fazer e o
saber é o amor”. Ouçamos o que dizem os índios da tribo ienape, da América do
Norte: “Deus é aquele que sentimos em nós quando praticamos uma boa ação”.
Passemos à visão que tem de Deus o povo esquimó: “Ele é um espírito poderoso,
que guarda o universo, regula as estações do ano e toda a vida do homem”.
Manifestação inca: “Que esplendor! Eu me prostrarei diante de Ti. Olha-me,
Senhor, presta atenção à minha voz”. Invocação a Deus dos tempos da
Mesopotâmia: “Senhor - Tua divindade brilha com glória sublime. Sublime como o
céu. Vasta como o mar”. Egito antigo: “A terra inteira, quando surges, cada dia,
se prostra em oração, para Te adorar”. Judaísmo: “Iavé é meu pastor, nada me
falta. Ele me conduz por campos verdejantes, leva-me a águas que refrescam,
reconforta a minha alma”. Islamismo: “Deus é a luz dos céus e da terra. Sua luz
é como um nicho onde se acha uma lâmpada”. Cristianismo, pela palavra de Paulo:
“Temos agora a fé, a esperança, o amor. Mas, dos três, o mais excelente é o
amor”. Martinho Lutero: “Para o meu próximo devo tornar-me um Cristo e agir
como o Cristo fez por mim, sacrificando-se pela minha salvação”. E, por último,
uma expressão carregada de lirismo de Antoine de Saint Exupéry: “Aparece-me,
Senhor, porque é árido perder o gosto de Deus”.
Esses belos impulsos da alma humana foram extraídos em
grande parte do livro “As mais belas orações de todos os tempos”, seleção e
tradução de Rose Marie Muraro e Frei Raimundo Cintra.
Paineis de estudos referentes ao diálogo ecumênico e interreligioso reuniram
como expositores representantes de mais de uma dezena de instituições religiosas.
Diálogo, palavra-chave
Cesar Vanucci
“O
sentido da vida e o seu arcano é a aspiração
de
ser divino no prazer de ser humano.”
(Raul de Leoni)
A convicção que carregamos de que o
diálogo ecumênico e interreligioso é uma forma magistral de tagarelar com Deus,
contribuindo para que o mundo se conecte melhor em torno da verdadeira essência
da aventura humana está traduzida nas palavras que dissemos na sessão festiva
de encerramento da celebração da “Semana Mundial do Serviço Leonistico”, dia 19
de novembro último, no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte.
Eis o que falamos: Antes de tudo mais, efusivos agradecimentos aos ilustres
expositores dos painéis de estudos de ontem, anteontem e de hoje pela manhã. As
informações passadas enriqueceram bastante o nosso cabedal de conhecimentos.
Representantes
de variadas culturas religiosas, eles nos fizeram ver que suas convergências
suplantam esmagadoramente suas diferenças no território livre das ideias.
Os
valores humanísticos e espirituais exaltados em todas as falas ouvidas, sem
exceção, foram rigorosamente os mesmos.
Nossos
brilhantes convidados, contemporâneos do futuro, deixaram-nos, com toda
certeza, melhor preparados para entender o mundo e entendermo-nos no mundo.
Nossos
homenageados são igualmente merecedores de congratulações calorosas por
personificarem admiravelmente o espírito desta celebração. Mesclam
harmoniosamente pensamento, palavra e ação na busca do ideal da fraternidade.
Perdoem-nos
a empolgação das palavras neste amorável encontro festivo de características
tão singulares. A palavra é pura magia. Segundo Ronsard, é na verdade a única
magia, já que a alma é conduzida e regida pela palavra e também porque a
palavra é sempre dona do coração.
Para
todos nós, que vivemos as reconfortantes emoções da celebração de mais esta
Semana Mundial do Serviço Leonistico, o evento desta noitada de gala e os
eventos que a antecederam têm, simbolicamente falando, dentro da voragem das
rotinas mundanas, a aparência singela de uma ermida toscamente plantada num
bucólico outeiro campestre.
Mas,
caríssimos amigos, nas audazes propostas e reflexões de cunho espiritual e
social suscitadas, na tomada de consciência gerada, nesse trabalho ecumenicamente
compartilhado, tudo isso tem também, ainda simbolicamente falando, a imponência
de uma catedral profusamente iluminada. Ou de uma sinagoga. Ou de uma mesquita.
Ou de uma outra majestosa estrutura arquitetônica que consiga refletir
adequadamente o supremo anseio humano de interpretar a mensagem de infinita
beleza que, do fundo e do alto dos tempos, chega aos homens de boa vontade e
aos corações fervorosos.
O
diálogo é palavra-chave. Um “abre-te Sésamo” universal. Dir-se-á mesmo cósmico.
Destranca ferrolhos. Destrava segredos eletrônicos das blindagens compactas,
espessas, da intolerância, do preconceito, dos dogmas rançosos, das
dificuldades que muitos encontram em participar com alegria e descontração da
fascinante aventura humana, reconhecendo a exuberância das diversidades de
comportamento e da pluralidade de ideias.
O
diálogo desbrava caminhos para que outras palavras edificantes possam ser
conjugadas com maior intensidade. Palavras como amor, desenvolvimento,
comunhão, paz, solidariedade, justiça social, respeito, tolerância, concórdia,
igualdade, liberdade, democracia. E por aí vai.
O
diálogo é a fórmula eficaz de reduzir as tensões do mundo. De melhorar o nível
do entendimento entre países. De enfrentar as guerras do terror e o terror das guerras.
De se fortalecer o sentimento nacional e o sentimento do mundo. De se combater
o racismo e outras formas de preconceito, sempre aviltantes. De se conter a
desagregadora e inquisitorial torrente das ideologias fundamentalistas que a
ele, diálogo, se contrapõem tão ruidosamente. De promover a ascensão social de
multidões marginalizadas no acesso a padrões de conforto consentâneos com a
dignidade humana. Diálogo é compartilhamento. Sinaliza rumos, suaviza
caminhadas, desarma desconfianças e belicosidades. Enriquece a convivência. Tem
validade permanente, no jogo mundano, para todos, em todas as horas e em todos
os lugares.
O
poder imensurável do diálogo é uma das lições que esta celebração deixará para
sempre na mente e no coração de seus participantes.
Outras
lições a serem extraídas desta promoção do Lions, que contou com a ajuda
decisiva de valorosos parceiros, representantes de culturas religiosas
empenhadas verdadeiramente na construção de um mundo melhor, podem ser
definidas em mais alguns conceitos essenciais.
Vejamos
quais:
O
espírito humano é que nem o paraquedas, só funciona aberto. O homem é a medida
correta das coisas. A economia, a tecnologia e outros instrumentos importantes
nascidos do engenho humano são meios e não fins em si mesmos. O fim é sempre
social. É sempre o ser humano. O sentido da vida e o seu arcano, como proposto
poeticamente por Raul de Leoni, é a aspiração de ser divino no supremo prazer
de ser humano.
E,
por derradeiro, é certo, absolutamente certo, que a serenidade de Deus está
sempre presente nas coisas que juntos empreendemos. Palavra de Leão!
Riquíssima experiência de aprendizado
O Governador do Distrito LC-4, José Monteiro da Silva, proferiu o seguinte discurso na solenidade realizada no Teatro Francisco Nunes:
"Boa noite!
O Distrito LC-4 vive nesta noite
memorável um de seus maiores momentos.
A instituição do Dia Mundial do Serviço
Leonístico reporta-nos ao dia 8 de outubro de 1917, data de abertura da
primeira Convenção da Associação Internacional de Lions Clubes, feliz resultado
da emanação solidária do notável visionário que foi Melvin Jones.
Em julho de 1917, apenas três meses
antes, Melvin Jones conseguira reunir delegados de clubes independentes e
associações dos Estados Unidos, procurando interessá-los na sua proposta de
unificação, para formar uma associação de clubes de serviços que, em lugar de
dedicarem-se exclusivamente a objetivos comerciais, dirigissem seus esforços
para a melhoria da comunidade onde estão inseridos.
Melvin Jones, percebe-se, tinha
pressa. Melhor dizendo, tinha
determinação, liderança e força para, pela via exclusiva do diálogo, motivar
pessoas.
Isto, Senhores, se chama liderança!
Depois de quarenta e
três anos dedicados ao Lions, Melvin Jones faleceu em 1961, aos 82 anos de
idade, cercado de respeito e admiração.
E hoje, como em todos os anos, aqui
estamos para celebrar esse grande feito, em uma comemoração de profundo e
significativo brilho que traz em si a história de grandes leões que, através
dos tempos, souberam também construir e enriquecer este grande legado. E pela
beleza e pelo magnífico alcance desta festa em seu tema de uma nobreza ímpar,
quero homenagear um grande companheiro Leão que tem firme condução em todas as
bandeiras que empunha. Falo do CL Cesar Pereira Vanucci, Presidente da Academia
Mineira de Leonismo, à frente de uma comissão radiosa, atuante e dedicada.
Ao CL Cesar Vanucci, um grande Leão pra Valer!, o agradecimento e o
respeito de todos os Leões pra Valer
do Distrito LC-4.
Acabamos de participar de uma riquíssima
experiência de aprendizado, diálogo e reflexão em torno do tema
“Em
busca de um mundo melhor - Travessia Ecumênica e Diálogo Inter-religioso”.
Por três dias, em cinco mesas-redondas,
ilustres representantes de diversas correntes de pensamento religioso nos
informaram as bases e a estrutura de sua concepção doutrinária sobre Deus,
sobre os homens e, principalmente, sobre a orientação que cada uma delas presta
aos seus fiéis, na sua relação com a divindade e com a humanidade em geral.
Das exposições e debates feitos,
restou-nos a instigante conclusão de que, para sermos respeitados em nossa
crença, temos o dever de respeitar a do outro, em seu contrato particular com o
Absoluto. A fé não é separada de nós.
Ela está em nós, porque Deus está em nós; quando respeitamos o outro,
respeitamos a sua fé e a Deus, que nele habita.
Nosso penhorado agradecimento a todos que
abrilhantaram, com as suas lições, este portentoso exemplo.
Finalmente, nesta noite memorável, o
Distrito LC-4 de Lions Clubes se engalana para homenagear personalidades cuja
vida, convicções e atuação pessoal se exercem e se marcam por sua notável
atuação em prol de um mundo melhor.
Impressiona sobremaneira a quantidade de
saber coletivo, de conhecimento, de estudos, de dedicação, de espiritualidade,
reunidos nos nossos homenageados.
Os senhores, e senhoras, constituem a
mais legítima expressão da dignidade do ser humano, de quanto é possível
crescer pessoalmente pela fé, pelos estudos, pelo aperfeiçoamento pessoal.
Esta cerimônia tem sua culminância na
outorga, a Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo
Horizonte, da medalha JK - Cultura,
Desenvolvimento e Civismo, que ocorre na pessoa de seu representante, o dinâmico
Professor da PUC-Minas e Diácono Sr. Paulo Franco Taitisom.
A quem solicitamos que leve a Vossa
Excelência Reverendíssima, todo o nosso respeito e admiração, e pela contínua
lição de seu exemplo pessoal, de suas atitudes e de seu magistério - de que
somos beneficiários.
Ao homenageá-lo, crescem muito a
Academia Mineira de Leonismo e o próprio Lions. E crescemos todos nós, como
cidadãos de bem e como LEÕES PRA VALER! Muito
obrigado!"
Linguagem ecumênica
Cesar Vanucci
“O que supera o fazer e o saber é o Amor.”
“O que supera o fazer e o saber é o Amor.”
(Oração do Bhagavad-Gita)
Ainda envolto nos bons eflúvios
dos diálogos ecumênicos produzidos durante a “Semana Mundial do Serviço
Leonistico”, que tive o privilégio de coordenar, insisto nestas
maldatilografadas de hoje em entregar à reflexão dos leitores conceitos que
estão em rigorosa sintonia com as ideias propagadas naquele memorável evento.
As malquerenças de cunho
religioso que, volta e meia, no curso da história, desembocam em inenarráveis
tragédias, estão em gritante dissonância com os textos sagrados, de louvor à
divindade, das diferentes culturas e tendências. É o que se deflui, de forma
prazerosa, da releitura que acabamos de fazer de livro muito especial,
elaborado por um frade dominicano que conhecemos nos anos 50, à época em que
residíamos em Uberaba. Ele se chamava frei Raimundo Cintra. Faleceu no final da
década de 60. Compunha o quadro sacerdotal responsável pelos bons trabalhos
desenvolvidos na paróquia de São Domingos, onde se acham localizados a casa
matriz da congregação dominicana no Brasil e um dos mais belos templos do
acervo arquitetônico católico.
Ministrando
curso de História das religiões, Raimundo Cintra produziu bela antologia,
enfeixando orações que exprimem, de alguma maneira, a relevância do ecumenismo.
Tal circunstância foi muito bem captada pela pensadora e empresária cultural
Rose Marie Muraro. Assinalando que o livro constituiu “fenômeno único” em seu
itinerário pessoal de vida, Rose registra que, por meio dele, “pude perceber
como todas as religiões em seus cumes místicos falam a mesma linguagem em todos
os espaços e todos os tempos: a linguagem da ligação com a totalidade.”
Intitulada “As mais belas orações de todos os tempos”, envolvendo como
co-autora, responsável pela seleção e tradução de textos, a já citada
pensadora, e contando com prefácio de ninguém mais nem menos do que Tristão de
Athayde, o inesquecível Alceu Amoroso Lima, a obra é um cântico universal por
onde a voz da humanidade se eleva a Deus. O próprio frei Cintra fala, na
introdução, dos caminhos que, desde sempre, conduzem o homem a Deus: a busca do
amor, da verdade e da beleza. Mostra, também, que a oração é uma atitude vital.
Uma forma de liberação dos mais nobres impulsos da alma em direção ao Absoluto,
ao Inominado, a Deus.
Nas
orações que compõem a primorosa coletânea, tanto nas dos chamados povos
primitivos, dos povos da antiguidade, quanto nas dos povos da chamada era
moderna da civilização, o que se percebe, com clareza, é uma identificação
bastante forte em termos de emoções e de sentimentos. Algo que extrapola tempo,
território, conceitos culturais, dogmas, regras, latitudes físicas e
psicológicas e que torna a aventura humana uma procura amorável e fascinante de
integração com o cosmos.
“Deus
é aquele que sentimos em nós quando praticamos uma boa ação.” Haverá quem
discorde, não importa a crença religiosa a que esteja vinculado, do teor da
mensagem de singela beleza extraída dessa prece do povo iename, tribo que
povoou, em tempos idos, as terras norte-americanas?
Em
suas invocações ao Altíssimo, os gregos do século VIII a.C. chamavam Zeus de
rei soberano, “pai dos deuses e dos homens”. E proclamavam, com fervor: “Um
sinal apenas de sua fronte basta para sacudir o Universo! És justo e poderoso,
punes implacavelmente os maus, fulminas os orgulhosos, recompensas os bons e os
humildes. (...) Tu, que trovejas do alto dos céus, sentado no palácio das
regiões superiores, inspira-me a justiça e a verdade.”
Neste
“versículo da luz”, atribuído ao profeta Maomé, os muçulmanos expressam sua
devoção a Alá: “Deus é a luz dos céus e da terra. Sua luz é como um nicho onde
se acha uma lâmpada. E este é como um astro brilhante. Seu óleo provém de uma
oliveira abençoada. Que não vem do Oriente, nem do Ocidente. (...) Deus guia
quem ele quer para a Sua luz. Ele se exprime em símbolos para os homens. Ele
mesmo é onisciente.”
Numa
prece a Viracocha, das tradições religiosas incas, louva-se com estas palavras
a divindade: “Senhor antigo, Senhor longínquo (...) que criou e estabeleceu
todas as coisas, dizendo: que seja o homem, que exista a mulher, (...)
permitirá que eu possa viver em bravura, em segurança (...) multiplica Seu povo
sobre a terra, aumenta o número de Seus filhos.”
O
“Hino a Horus”, entoado pelos egípcios na época dos faraós, invoca o “Pastor
que apascenta o rebanho” e que “habita nas profundezas do céu”, pedindo-lhe
assegure aos homens “vida e repouso”, lembrando que “a terra inteira, quando
surges, se prosta em oração, para Te adorar.”
A
substanciosa coletânea revela ser a linguagem dos corações fervorosos universal
e permanente. Igual em todos os tempos e em todas as partes. É só comparar as
ligeiras amostras reunidas com as preces feitas em nosso cotidiano. Textos como
os enunciados ajudam a entender o sentido da vida. E a enaltecer o ideal
ecumênico, alojado nas mentes mais espiritualizadas ao longo da extensa jornada
humana pela pátria terrena.
Ecumenismo rima com humanismo
Cesar Vanucci
“A fé é um pássaro que pousa no alto da
“A fé é um pássaro que pousa no alto da
folhagem e canta nas horas em que Deus escuta.”
(Joaquim Nabuco)
Insistimos
na temática ecumênica. Faz todo sentido. Vivemos instante humano perturbador.
Sedento de amor, de compreensão, de tolerância. Em momento assim posturas
ecumênicas ganham especial significado, por remeterem a questões essenciais, a
nobres aspirações humanas.
O
ecumenismo tem tudo a ver com humanismo, que é a nossa própria razão de viver.
Responde com vigor escorraçante às propostas radicais dos fundamentalismos de
todos os matizes. Setores que se prevalecem de rançosos (pré) conceitos, com
conotações invariavelmente racistas, para baixar regras de comportamento em
estridente dissonância com a dignidade humana. O espírito ecumênico torna
explícito que religião não pode significar obstáculo a liberdade. A fé há que
ser encarada, dentro de perspectiva religiosa autêntica, como “um pássaro que
pousa no alto da folhagem e canta nas horas em que Deus escuta”, conforme
lírica observação de Joaquim Nabuco.
Do
ponto de vista ecumênico, as religiões mostram pontos consideravelmente mais
numerosos de convergência, do que de divergências. Equivalem-se em mérito na
busca do diálogo sincero com Deus. Com doses mais maciças de boa vontade,
desarmamento de ânimos, respeito, zelo pela primazia dos valores fundamentais
das diferentes crenças, reconhecendo que no fundo todos são valores
extremamente parecidos, as religiões estarão capacitadas a oferecer
valiosíssima contribuição na construção de um mundo melhor. Na retomada,
digamos assim, do mundo pela humanidade.
Empolga-me
a fala ecumênica. Todas as vezes em que a percebo enunciada nalgum ambiente
cercado ou não por ritualística religiosa imagino a presença ali de criaturas
inspiradas, propensas a deixarem de lado as diferenças na forma, para se
fixarem, em junção fraternal, no conteúdo do culto aos valores transcendentes
da vida.
Nos
pronunciamentos do admirável Papa Chico, o ecumenismo vem ganhando, pelo lado
cristão, sonoridade e intensidade com certeza nunca dantes registradas. João
XXIII e João Paulo II estimularam também
ações positivas no tocante à aproximação das religiões. Das outras
grandes correntes religiosas pouco se sabe quanto à real disposição de suas
lideranças qualificadas em se associarem às práticas ecumênicas. O Dalai Lama,
dignitário de facção budista de forte expressão, parece ser delas todas, a
liderança que melhor assume publicamente atitude propositiva com relação ao
tema.
Entendo
que os meios de comunicação social estão capacitados a contribuir de maneira
efetiva para a propagação do ideal ecumênico, amortecendo tensões resultantes
das dificuldades que se antepõem, em tantas partes, ao exercício da liberdade
de expressão religiosa. É certo que a tevê e o rádio reservam espaço
considerável para divulgação religiosa. Nos casos específicos das emissoras
vinculadas a correntes ideológicas bem configuradas os temas focalizados
atendem naturalmente às conveniências do proselitismo. Mas, de qualquer modo,
as mensagens são irradiadas para plateias imensas. Pena que uma tribuna de
tamanha magnitude não dedique também boa fatia de tempo para a fala ecumênica.
Tenho para comigo, com razoável conhecimento de causa, que poderão se revelar
altamente compensadores os índices de audiências para programas produzidos com
talento, abarcando estudos e debates de questões momentosas que coloquem lado a
lado especialistas do pensamento cristão, budista, maometano, judaico, assim
por diante.
A
propósito, participei, tempos atrás, de missa dominical natalina na Igreja do
Carmo, em Belo Horizonte. Rendi-me incondicionalmente ao fascínio de uma
celebração de ponta a ponta impregnada de genuíno ecumenismo. Toda a composição
litúrgica denotava isso, a começar pelo presépio, de singelo simbolismo, que
ornamentava a nave principal do templo, confeccionado por meninos assistidos
socialmente pela paróquia. E a mensagem, então, do celebrante Frei Cláudio van
Balen! Um senhor cântico de louvor à divindade e à humanidade. Sem chavões
piegas, sem fórmulas estereotipadas que pudessem desfigurar o sentido da
sabedoria evangélica. Fala harmonizada com os clamores sociais da hora. Com os
anseios de paz que habitam a alma das ruas. Anseios esses que se contrapõem à
belicosidade fundamentalista que tanta angústia traz aos corações e mentes dos
homens e mulheres de boa vontade em todas as latitudes deste nosso mundo velho
(e cansado) de guerra.
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