Umas e outras
“Minas, capital nacional do futebol!” (Frase empregada com euforia, por muita gente nas ruas, em razão da atuação nos gramados do Cruzeiro e Atlético)
Futebol
eletrizante. A torcida mineira está com tudo e – ao contrário do
famoso ditado antigo – com muita prosa. Também pudera! O Cruzeiro já
praticamente com os dois pés no título do “Brasileiro”, enfrentará o Atlético,
bem posicionado na reta de chegada classificatória para a “Libertadores”, nas
pelejas decisivas do outro magno torneio nacional, a “Taça Brasil”. Graças à
performance de ambos os clubes nos gramados pode-se garantir, sem forçação de
barra alguma, já como “favas contadas”, a conquista de outro sugestivo título: Minas,
capital nacional do futebol!
Merecedores obviamente de aplausos pelo
que acontece, os dirigentes das duas agremiações bem que poderiam concentrar o
melhor de seus esforços e criatividade no sentido de evitar que momento tão
refulgente do futebol mineiro se empobreça em consequência de decisões
irrazoáveis, reveladoras de desnorteante primarismo. Essa história de clássico
com “torcida única”, ou com quota de 10 por cento de “torcida adversária”; de
espetáculos de gala, aguardados por multidões, deslocados para estádio com
capacidade limitada no acolhimento de torcedores, não auxilia em nada, muito
pelo contrário, a compor o epílogo eletrizante almejado por todo mundo com
referência à competição. O bom senso – e não falo aqui do “Bom Senso Futebol
Clube”, que tanto empenho tem demonstrado em alterar situações deprimentes na
condução do “esporte das multidões” - recomenda a exclusão da cancha dessas
normas sem pé nem cabeça, concebidas em instantes de absoluta irreflexão e
alimentadas pela ausência total de disposição para diálogo minimamente
civilizado.
Comunicação à praça. E, depois, ainda tem gente por aí considerando extravagante a teoria da existência de quantidade excessiva de estrôncio de alta toxicidade espalhado pela atmosfera a produzir reações comportamentais escalafobéticas!
Em Conselheiro Pena, Vale do Rio Doce,
um sacerdote foi afastado das funções e o motivo alegado pelos superiores
eclesiásticos, objeto de impactante repercussão, foi divulgado, com detalhes –
imaginem só – no site oficial da instituição de que ele faz parte. Segundo o
comunicado, o religioso mantinha relacionamento “afetivo-sexual” com uma
paroquiana, mulher casada, advogada conhecida por todos na comunidade. Grávida
no último mês da gestação, ela resolveu confessar ao marido, com quem tem dois
filhos, que o terceiro filho a caminho havia sido concebido fora do casamento,
em razão da ligação amorosa relatada. A informação, levada ao conhecimento do
titular da Diocese, ganhou, pouco depois, para geral estupefação, registro com
detalhes numa nota oficial dirigida aos fiéis e, via de consequência, a
qualquer outra pessoa.
A atordoante divulgação expôs, descaridosamente,
como fica fácil deduzir, todos os personagens direta e indiretamente envolvidos
no episódio a impiedosa boataria. Onde já se viu...
Opção pela intolerância. Já disse e, agora, repito: ostensiva ou camuflada, a intolerância racial é impiedosa. Abre no corpo e na alma feridas de difícil cicatrização. Tenho para comigo que o racista é um desertor da condição humana. Um cara psicologicamente desarrumado. Um vivente de mal com a vida. No olhar raivoso, no tom de voz, em frases encharcadas de irritação, bota pra fora, sem mais nem menos, sua total incapacidade em conviver com a diversidade.
Vejam só o que acaba de ocorrer numa
Universidade capixaba, envolvendo um professor de Economia! Num debate em sala
de aula sobre as cotas raciais – tão combatidas em redutos extremistas, contaminados
pela insensibilidade social – o referido educador deixou escapar sua orientação
de vida pessoal preconceituosa. Disse, com todos os “erres” e “esses”: “Se
tivesse que escolher (numa consulta) entre um médico branco e um médico negro,
escolheria o branco.” “Explicou melhor”, ao depois, seu ponto de vista: “Os
negros, em média, vêm de comunidades menos privilegiadas, para a gente não usar
um termo mais forte. Nesse sentido, eles não têm uma socialização primária na
família que os torne receptivos aos trâmites da Universidade.” Perfeito! Nada
que antigos dirigentes da África do Sul se recusassem a utilizar para expressar
com adequação suas estrambóticas teorias...
Giro pela sandice humana
É como digo sempre: um pessoal chegado a
galhofas, que se diverte à pamparra com as proezas praticadas, infesta os
corredores da Bolsa de Valores. A serviço do desenfreado jogo especulativo,
falando em nome dessa instituição abstrata alcunhada de “mercado”, apela
incessantemente para ilações psicodélicas com vistas a “explicar” o que rola no
desconcertante pedaço. Dias atrás, a oscilação para baixo ocorrida na pontuação
do índice foi atribuída – ora, veja, pois! –, por mais incrível que isso possa
soar, a uma operação de financiamento bancário concedido a uma socialite que
atua na televisão...
Coisas do gênero ajudam a entender a
razão pela qual o cidadão comum - que se sente naturalmente injuriado ao topar
pela frente com “especialistas” tão empenhados em zombar da inteligência alheia
– enxerga os negócios bursáteis com irretratável desconfiança...
Proposta para elevação do PIB. A notícia está deixando boa parte dos agentes econômicos simplesmente estupefatos. Cogita-se em alguns setores, na Itália, da hipótese de serem incorporados aos resultados do PIB os valores dos “negócios clandestinos”. Não apenas os provenientes da chamada “economia informal”, à margem de controles rígidos, mas rodeada de simpática complacência comunitária. Os autores da revolucionária tese falam em recorrer a estimativas referentes aos quantitativos das “atividades negociais” à inteira deriva dos devidos conformes legais. Ou seja, à imensa bufunfa correspondente às rendosas operações da máfia, melhor dizendo das diversas máfias que compõem as poderosas engrenagens do crime organizado que opera no país. A contabilização de toda essa dinheirama, na avaliação dos autores da insólita proposta, garantirá PIB mais encorpado, representativo de todas as riquezas circulantes, as declaradas e as não declaradas. Assim que divulgado esse esdruxulo propósito, apareceu na Irlanda e no Reino Unido quem se confessasse simpático a essa modalidade diferente de avaliação do potencial econômico nacional.
Cada uma.
Concurso de beleza nazista. “Miss Hitler” é a denominação de um “concurso de beleza” instituído na Alemanha. Das candidatas exige-se como “atributo essencial”, além de “dotes estéticos”, que sejam fervorosas adeptas do nazismo, porta-vozes entusiastas das “sábias concepções sobre pureza racial” do “admirado mestre” que empresta o nome à competição. Não deixa de chocar a revelação de que número expressivo de “beldades” inscreveu-se para a insana competição. Além de postarem fotos sensuais com símbolos nazistas, terão que redigir também texto confessando “amor incondicional ao glorioso Fuhrer.”
A quantidade de estrôncio com elevada
toxidade solto no ar parece muitas vezes mais abundante do que se calcula...
“Adiamento de gravidez.” Deu no jornal. As organizações “Apple” e “Facebook” anunciaram um original plano de “congelamento de óvulos”, apontado como “incentivo econômico” para colaboradores do sexo feminino. Cada funcionária que se disponha a “adiar a gravidez” por meio do “congelamento de óvulos” fará jus a uma indenização equivalente a 100 mil reais mais ou menos. Não faltaram executivos empresariais para aplaudir a “genial” proposta.
Tá danado.
De espanto em espanto
“Não se espantar com nada é o único meio.” (Horácio, “Epístolas”)
Houve tempo, como sabido, em que o
extinto ditador Sadam Hussein, do Iraque, desfrutou de incondicionais apoio e
simpatia por parte dos Estados Unidos para suas estripulias bélicas. A maior
potência do mundo era governada pelo xerife George W. Bush, cujos atos deixaram
na memória humana sombrias recordações. Como ajuda aos iraquianos em seu
esforço de guerra contra o Irã dos raivosos aiatolás, a Casa Branca resolveu
montar no “território aliado”, clandestinamente, na época do confronto entre os
dois países, opulento arsenal de armas químicas. (Aquelas que, provavelmente,
acabaram sendo utilizadas por Sadam contra rebeldes curdos). Seja esclarecido
que esse material destrutivo específico nada tem a ver com a história
fantasiosa das armas de destruição em massa que o tirano iraquiano manteria
estocadas e que serviram, como reconhecido anos depois, de mero pretexto para a
invasão do Iraque, com o Sadam já aí devidamente deslocado da posição de
“aliado” para a condição de “inimigo”. O arsenal permaneceu guardado a sete
chaves em local incerto e não sabido. Até que, no início do mês de outubro,
tantos anos passados após a ocupação e retirada das tropas da coalizão incumbidas da “pacificação” e “democratização” do país, alguém ligado aos
atuais círculos dirigentes iraquianos resolveu quebrar o silêncio a respeito
dessa operação ultra sigilosa, face a uma nova aterrorizante perspectiva. O
local secreto onde o material (um gás de toxidade letal) se encontra
“armazenado” fica localizado em área conflagrada, atualmente em poder do grupo
fundamentalista do EI. Algo, sem dúvida, apavorante. Bota pavor nisso...
Incesto
entre irmãos.
É o caso de recorrer, mais uma vez, às “Epístolas” de Horácio (65-8 a.C): “não
se espantar com nada talvez seja o único meio”. Vejam só mais esta aqui,
chegada das terras germânicas! O incesto entre irmãos poderá deixar de ser
crime. O governo revela-se disposto a descriminalizar as relações íntimas entre
irmãos. O Conselho de Ética, muito acatado na vida nacional, com grande força
junto ao Parlamento, sustenta a tese de que “a prática sexual entre irmãos deve
ser legal”, sem que signifique obrigatoriamente que ela não possa ser
moralmente condenada.” Um dos argumentos levantados em favor da medida é este:
“O direito à autodeterminação sexual é mais importante que a ideia abstrata de
proteção à família e mais importante que os riscos de se gerar crianças
portadoras de necessidades especiais.” As autoridades alemãs explicam que as
punições legais continuarão prevalecendo para casos incestuosos envolvendo pais
e filhos.
A anunciada disposição do governo alemão
em regulamentar o incesto trouxe ao conhecimento público que na França, em
Portugal, Espanha, Bélgica e Luxemburgo, o relacionamento sexual consentido é
permitido entre adultos, ainda que envolvendo irmãos. Condenado moralmente
quase em todo o mundo, ele é legalmente proibido em numerosos países. Não é
objeto de condenação criminal no Brasil, em casos onde as pessoas sejam maiores
de 14 anos e a relação ocorra de forma consentida.
Drama
kafkiano de atleta brasileiro. Com a anexação da Crimeia, operada na
marra pelos russos, um jogador de futebol brasileiro, Célio Santos, viu
desmoronar de hora para outra, em circunstâncias inimagináveis, sua promissora
carreira profissional. Ele havia sido contratado para o elenco de um clube de
Simferopol, capital da Crimeia. De repente, não mais que de repente, um drama
kafkiano pintou em seu percurso de vida. Seu time passou, em consequência das
bruscas alterações políticas, a integrar a Confederação russa de futebol. Esse
órgão não aceita atletas estrangeiros nos torneios. Diante do impasse, Celio
ficou privado da condição de exercer a profissão na Crimeia. Pra piorar as
coisas, os salários em atraso não foram quitados. Sem perspectiva de trabalho
no confuso cenário ucraniano/russo recorreu à FIFA pedindo desvinculação do
clube ucraniano, na esperança de poder fechar contrato com alguma agremiação
europeia. A janela de transferências para atletas no futebol europeu havia sido
fechada um pouco antes dos acontecimentos narrados.
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