Interpretando
melhor o Brasil
“O
Brasil não é para principiantes.”
(Tom Jobim)
Lendo e escutando coisas ditas em
jornais, rádios e tevês a respeito deste nosso abençoado país sou levado a
admitir, compartilhando conceito do genial Tom Jobim, que “o Brasil não é mesmo
para principiantes.” Entendê-lo em sua efervescente diversidade não é tarefa
mole.
A cada hora tropeçamos em informações
que contradizem análises amiúde propagadas. A imagem do país pendurado por um
fio na “beira do abismo”, tão do agrado de expoentes do pensamento
fundamentalista, é colocada constantemente em xeque face a revelações nascidas
de súbito que muitos, pirracentamente, insistem em não lançar como ganho na
conta corrente do esforço desenvolvimentista nacional.
Temos aqui arrolados alguns exemplos
frisantes. Especialistas na temática econômica sustentam com ardor que o Brasil
é, hoje, sobretudo depois das eleições, ponto de destino ignorado, se não
evitado, por investidores estrangeiros. Nada menos verdadeiro. É só mandar
conferir. No exato momento em que estas maldatilografadas são lançadas, ostentamos
airosamente a condição de quarta potência na lista das que mais recursos de
procedência externa conseguem captar.
A situação por aqui – não é o que se
afirma? - anda caótica, terrível, escalafobética, abacadabrante, como dizia o
primo rico para o primo pobre no divertido programa humorístico do passado e
vivem agora repetindo alguns festejados comentaristas econômicos. Mas a
performance do nosso sistema bancário desmente isso. E chega a despertar inveja
por aí afora. Verifiquemos. Vejamos, primeiramente, dados a respeito do que vem
acontecendo no setor citado em outros países. Em países que aqui, no palco doméstico,
alguns insistem em apontar como modelos de desenvolvimento ordenado.
O Banco Espírito Santo, maior e mais
moderno grupo empresarial e financeiro de Portugal, simplesmente faliu. A
derrocada obrigou o governo a despender a bagatela de 4.9 bilhões de euros (multiplicando-se
esse valor por 3.14 teremos o montante do estrago em reais) para resgatá-lo, ou
seja estatizá-lo, de forma a evitar verdadeira catástrofe financeira em cadeia
na economia lusitana. Na Comunidade Europeia, o Banco Central acaba de anunciar
que das 130 mais importantes instituições bancárias localizadas em sua
jurisdição fiscal, agora em novembro, 25 foram reprovadas no “teste de
estresse” aplicado.
Dos Bancos em questão, 9 são italianos,
3 são gregos, 3 são de Chipre, 2 da Bélgica, mais 2 da Eslovênia. Alemanha,
Irlanda, Espanha, França, Áustria e Portugal entram, cada qual, com 1 banco nessa
relação. Entre as organizações bancárias que andam mal das pernas figuram o
Banco mais antigo do mundo, o Monte dei Paschi de Siena, italiano, e o
Eurobank, grego. Antes dessa avaliação do Banco Central Europeu, o Bankia, o
Novagalicia, o CalunyaCaixa e o Banco de Valência, todos espanhóis, faliram
estrepitosamente. Para que o estrago não fosse maior, o governo de Madri viu-se
compelido a estatizá-los a um custo de 37 bilhões de euros (convido o leitor, outra
vez, a fazer a operação de multiplicação).
Seguindo essa linha de raciocínio cabe
recordar a colossal injeção de dólares, estimada em trilhões, feita tempos
atrás pelo Erário dos Estados Unidos na tentativa de impedir a bancarrota dos
maiores conglomerados bancários do país. A medida foi acompanhada, como se
recorda, de uma tremenda maracutaia que provocou devastador impacto na
sociedade estadunidense. Dirigentes dos bancos beneficiados resolveram
contabilizar a dinheirama do Tesouro como resultado operacional com o fito de
se apoderarem de milionárias gratificações e polpudos dividendos, numa
inequívoca comprovação de que a corrupção é mesmo um malefício planetário.
Pois bem, enquanto tudo isso rola lá
fora, onde “os ventos sopram favoravelmente no plano econômico”, conforme
tantos analistas tupiniquins vivem asseverando, o que é mesmo que vem pintando aqui
neste nosso pedaço de chão, nos atuais momentos – segundo as mesmíssimas fontes
– “tão dolorosamente adversos do ponto de vista econômico”? O que dizem mesmo os
números referentes ao desempenho das organizações que operam no Brasil,
representativas desse mesmo segmento econômico que, no plano internacional, opera
com resultados tão perturbadores?
Como diria, em tempos idos, o Ibrahim
Sued (ou seria o Jacinto de Thormes?), depois eu conto. No artigo vindouro.
A real dimensão
do problema
“Tem
muito disso por aí: gente das classes
abonadas chorando de barriga cheia!”
(Ouvido de uma
dona de casa
na feira de artesanato dominical)
Como exuberantemente demonstrado no
comentário anterior, a atividade bancária vem sendo pontilhada de transtornos
em numerosas regiões do planeta, o que naturalmente afeta os negócios
econômicos com danosos desdobramentos
sociais.
A comparação entre os dados estampados
no referido artigo e os indicadores do desempenho brasileiro nesse mesmo
relevante segmento econômico é revelador – como não? – de que a economia
nacional não apresenta, apesar dos pesares, a fragilidade que tantos analistas
insistem em apregoar.
Aqui estão informações recentes do
desempenho do setor bancário brasileiro. O Banco do Brasil teve lucro de 2.78
bilhões no terceiro trimestre. A carteira de crédito ampliada da instituição
subiu para 732.7 bilhões. O incremento registrado nesse item foi da ordem de
12.3 por cento em 12 meses. A carteira de crédito pessoa física teve aumento no
mesmo período de 6.9 por cento.
O Bradesco, com resultado líquido
contábil de 3.875 bilhões no terceiro trimestre de 2014, cresceu em
lucratividade 2.6 por cento em relação ao semestre anterior e 25.6 por cento no
que concerne ao terceiro trimestre do ano passado. Sinalizando avanço de 2.6
por cento com referência aos números do trimestre passado, o Bradesco chegou a
um lucro de 3.875 bilhões no terceiro trimestre. Sendo até aqui de 11.227
bilhões o resultado acumulado, a alta consignada na lucratividade é de 24.7 por
cento, comparando-se os números dos primeiros nove meses do ano de 2013. O
estoque de financiamentos da economia avançou no Banco cerca de 7.7 por cento
no período de um ano.
Já o lucro líquido do Itaú Unibanco
alcançou no período julho-setembro deste ano, a expressiva soma de 5.4 bilhões.
Esse valor é superior em 10.3 por cento aos valores atingidos nos três meses
anteriores. De janeiro a setembro os ganhos da organização chegaram a 14.722
bilhões.
O BNDES, banco de fomento ao
desenvolvimento, responsável pela canalização de recursos para empreendimentos
empresariais de vulto, registrou lucro de 7.399 bilhões até setembro de 2014, o
melhor para o período desde muitos anos para cá. Acusou também alta de 26.6 por
cento nos negócios de intermediação financeira voltada para empresas.
A Caixa Econômica Federal, por sua vez, anotou
lucro de 1.9 bilhão no terceiro trimestre. Elevação de 1.7 por cento ante os números
apresentados em igual período de 2013. O estoque de financiamentos dessa
organização estatal atingiu, no mesmo espaço de tempo, 576.4 bilhões,
incremento da ordem de 24.4 por cento.
Concluindo essa amostragem da
performance do sistema bancário brasileiro, no todo extremamente satisfatória considerados
os balanços apresentados, destacamos ainda que o lucro do Santander foi de 1.58
bilhão nos primeiros nove meses de 2014. Seja ressaltado que no Brasil esse
banco de origem espanhola opera com resultado positivo ao contrário do que
ocorre em seu país de origem.
Muitos outros elementos, além dos acima
registrados, podem ser também arguidos como constatação de que a problemática
econômica brasileira - clamando obviamente por atenção e cuidados especiais e
também por necessária e urgente alteração de rumos na gestão da coisa pública -
não tem a dimensão desastrosa estampada nas avaliações equivocadas, amiúde
divulgadas.
O Brasil vem implantando, neste momento,
muitos empreendimentos infraestruturais de vulto nas áreas da energia, do
transporte, da construção civil e por aí vai. Os aeroportos e os aviões de
carreira acham-se sempre repletos de passageiros, noite e dia, indo e voltando.
As rodoviárias e os ônibus, idem, idem, com a mesma data. Os shoppings, pela
mesma forma. Lojas, restaurantes e bares abarrotados. Nesses centros de
concentração comercial, há fila pra tudo. O cenário noutros locais de
polarização comercial é parecido. Tudo cheio, todo dia. Fila pra
estacionamento, pra refeição, pra uso de instalação sanitária. A movimentação urbana
deixa evidenciado que as frotas de taxis são insuficientes para atender as
encomendas. A movimentação turística de patrícios é intensa. Cá dentro e lá fora.
Voltando o olhar para o que acontece na esfera social, deparamo-nos com índices
de empregabilidade razoavelmente estáveis.
Pergunta lógica: de onde sai, então,
afinal de contas, a dinheirama pra toda essa frenética movimentação? Será que
de uma economia hiper debilitada, desmantelada, como trombeteado nas falas de
alguns incorrigíveis plantonistas do desalento? Hein, hein?
JOGO ANIMADO
Veja, ao lado, no "Jogo Animado", uma esclarecedora reportagem televisiva (Rede Record) sobre o exorbitante custo de veículos no Brasil, com comentários adicionais de um internauta inconformado.
O material vem circulando nas redes sociais.
JOGO ANIMADO
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