Passando
tudo a limpo
Cesar Vanucci *
“É apenas o
começo.”
(Juiz Sergio Moro, comparando
a “Lava Jato”
com a operação “Mãos Limpas”, deflagrada na Itália)
Desta
feita, parece que as coisas vão ser realmente passadas a limpo, doa a quem
doer, de conformidade com as aspirações da sociedade. Nascida de benfazeja
conjugação de forças, envolvendo Justiça Federal, Ministério Público Federal, Ministério
da Justiça, Polícia Federal, a operação “Lava Jato” dá provas de manter sob
pulso firme as rédeas dos acontecimentos, avançando com firmeza nas apurações
das colossais maracutaias praticadas por ousado bando mafioso composto de
agentes públicos, políticos e empreiteiros inidôneos, além de elementos do
submundo financeiro.
No
começo, ao se delinearem indícios do escabroso esquema, as operações de
deslindamento dos fatos concentraram-se nas irregularidades promovidas por
graduados da Petrobras, os apelidados “predadores internos”. Ao depois,
surgiram pistas apontando na direção da grei política.
O
vazamento de nomes, rodeado de espalhafato, sem acompanhamento de provas, enfocou
em dado momento, campanha eleitoral em curso, partidários da candidatura
situacionista. Adiante, o mesmo reprovável critério de denuncismo solto alvejou
também alguns elementos das fileiras oposicionistas. Compreensível reação do núcleo
central das investigações levou à constatação de que pessoas com acesso às diligências,
em manobras escusas, empenharam-se no lançamento de lenha na fogueira política.
Sindicância aberta para definição de responsabilidades conteve um pouco o
açodamento acusatório.
Noutro
momento, a opinião pública tomou ciência, estupefata, do indiciamento, além dos
funcionários infiéis da estatal e de doleiros inescrupulosos, de outro poderoso
conjunto de malversadores do bem público: empreiteiros agrupados num cartel
montado com o fito de mamar à exaustão nas tetas do Tesouro. Esta foi, certeiramente,
a primeira vez que a história registrou a detenção em massa de corruptores
desse naipe. No passado, outras operações ligadas a delitos de “colarinho
branco” deram em nada.
Chega
agora, tudo indica, a hora das denúncias oficiais contra políticos emaranhados
nos fraudulentos esquemas. Da lista, provavelmente, não constarão todos os nomes
listados na onda sensacionalista dos vazamentos intempestivos. O que também parece
em vias de ocorrer são revelações relativas ao sistema financeiro clandestino usado
na desova da nota preta acumulada nos atos de corrupção e sonegação da atrevida
patota.
Os brasileiros aguardam da força-tarefa coordenada
pelo magistrado Sergio Moro e pelo
Procurador Rodrigo Janot que o trabalho atinja as derradeiras
consequências. A operação Lava Jato pode redimir o país do tantão de
investigações inacabadas que resultaram em pizza e das impunidades
mortificantes.
Tragédias
terroristas lá e acolá
Cesar Vanucci *
“Eu
sou Charlie!”
(Frase que o mundo
adotou para expressar
indignação aos atos dos
fanáticos do Apocalipse)
Os
atentados que estremeceram Paris e comoveram o mundo produziram verdadeira
conscientização universal quanto aos riscos confrontados pela humanidade diante
do radicalismo terrorista. As calorosas manifestações de solidariedade e
repulsa ouvidas de pronto em todos os cantos do planeta deram o tom firme e
resoluto da reação aos desatinos radicais.
A
caminhada que líderes mundiais, de diferentes tendências políticas e
religiosas, de braços dados, empreenderam pelas ruas da capital francesa, em
sinal de desagravo, à frente da multidão, reafirmou a certeza de que a
sociedade humana identifica no fanatismo incendiário, espalhado por aí, um adversário
feroz. Um inimigo obcecado pelo propósito de destroçar valores caros à boa
convivência. Com interpretações mórbidas de textos sagrados, atitudes
preconceituosas violentas, as falanges radicais de diversificadas matizes tornaram-se,
na atualidade, ameaças permanentes à estabilidade social.
O
desafio está posto. O combate ao radicalismo há que ser vigoroso. Mas não pode
prescindir das cautelas recomendadas pela cartilha democrática. As facções
extremistas não podem lobrigar brecha alguma nas medidas de defesa social a
serem adotadas que crie ensancha oportunosa a manobras perversas. Nada que
venha alimentar a intolerância, a xenofobia, a discriminação contra segmentos
formados por criaturas de boa paz. Confundir a imensa maioria dos seguidores do
Islã com essa horda minoritária desvairada que semeia o pavor em nome de falsos
conceitos religiosos é laborar em equívoco clamoroso, suscetível de afetar a
convivência inter-religiosa e humanitária.
A fonte matricial dos impulsos criminosos terroristas não é religiosa. Não
é étnica. Nada tem a ver com nacionalidades. É brutalidade solta. Declaração de
guerra gratuita contra a dignidade humana, como fez questão de registrar, em
indignado pronunciamento, o Imã da Grande Mesquita de Paris, principal hierarca
da comunidade muçulmana, Dali Boubakeur.
Depois
de tudo isso devidamente trazido à reflexão, rogo agora um minuto da preciosa atenção
dos poucos (mas leais) leitores deste desajeitado escriba para o registro de
outra tragédia terrorista de dias atrás.
Aconteceu
na mesma semana dos incidentes em território francês acima comentados, parece
até que no mesmo dia. A Nigéria, país com a maior população do continente
africano, foi cenário de atos perpetrados com dose de crueldade inaudita por
outro grupo radical. A grande mídia internacional, concentrada absorventemente
na cobertura dos acontecimentos de Paris, não reservou no relato dos episódios
tempo e espaço correspondentes à sua gravidade.
Seguinte:
vinte pessoas morreram estraçalhadas e outras dezenas ficaram feridas num
shopping popular em consequência da detonação da carga de dinamite presa ao
corpo de uma – anotem aí - garotinha de apenas dez anos de idade. Dois dias
depois, provocando igualmente grande número de vítimas inocentes, mais duas
menores, uma de 11 e outra de 13 anos, “explodiram” noutro local de intensa
movimentação popular. As ocorrências foram praticadas a mando da arrepiante
facção terrorista “Boko Haram”. Organização que também se diz “porta-voz” do
pensamento maometano, no que é veementemente contestada pelas lideranças dessa
corrente religiosa majoritária no país. Os responsáveis pela horripilante
façanha se notabilizam, tanto quanto os selvagens adeptos do Isis, por
barbaridades sem fim nas regiões em que atuam.
Este
registro comporta uma interrogação de certo modo incômoda, que insistimos em
fazer a nós mesmos: será que a diferença de tratamento dispensado pela mídia, atinente
à divulgação das tragédias na França e na Nigéria, pode induzir a suposição de
que, do ponto de vista da comunicação internacional, uma tragédia horrenda em
terras d’África não teria o mesmo peso de uma tragédia horrenda acontecida em
terras europeias? E como uma coisa puxa a outra, será que as lideranças
mundiais não poderiam promover também em Lagos, capital da Nigéria, uma outra
emblemática e memorável manifestação pública, como a de Paris, para expressar
seu desagravo e repulsa a esses fanáticos do apocalipse?
Onde
já se viu?
Cesar Vanucci *
“Não
se espantar é toda a arte que
conheço
para tornar e manter a gente feliz.”
(Pope)
Os
juros cobrados aos consumidores que recorrem a financiamentos continuam a
escalada estratosférica. Calcula-se que a taxa média anual nas operações bancárias
andem próximas dos 45 por cento, mais do que o triplo do aumento dos juros
básicos (Selic), fixados pelo Banco Central. No tocante aos juros do cheque
especial, apontando índice de crescimento superior a 15 por cento no exercício
passado, a taxa anual já ultrapassa os 200 por cento. A mais elevada dos
últimos anos, mesmo considerada a circunstância de a Selic, utilizada como
referência pelo sempre voraz sistema bancário, ser agora menor do que era em
períodos anteriores. Dados tão desestimulantes - a serem fatalmente agravados
com esta mais recente elevação da Selic - incitam os observadores a sair
gritando por ai como certamente faria o saudoso Joelmir Beting com aquela verve
e domínio do assunto que tanto o distinguiam no colunismo econômico: “Cruz
crédito!”
Namorados
virtuais. Observando
por aí esse mundão de gente, em tudo quanto é canto, a toda hora, em
circunstâncias as mais inesperadas e improváveis, a clicar incríveis engenhocas
eletrônicas, recebendo, passando e repassando informações, filmando,
fotografando, batendo papos intermináveis, fofocando, adquirindo e
desvencilhando-se de coisas, num pandêmico esforço de comunicação global, não
cheguei a me espantar nadica de nada com uma reportagem do Fantástico.
Mostrando mudanças viscerais de comportamento ocorridas, ultimamente, na
sociedade japonesa, a repórter entrevistou alguns rapazes, que se proclamam de
saída heterossexuais, mas que se dão por plenamente realizados hoje, nos
relacionamentos “com o outro sexo”, em manter enraizados elos afetivos com
personagens virtuais. Eles trocam confidências com as “namoradas”. Chamam-nas
carinhosamente pelo nome ou apelido. Demonstram zelo e carinho na incrementada
“convivência”. Dizem sentir falta delas. Admitem até nutrir um certo sentimento
de posse que os leva, às vezes, ao ciúme. As revelações, comportando
indicadores de rematada babaquice, um maná para estudiosos de antropologia e
psiquiatria, não chegaram ao ponto de uma explicação suficientemente clara
sobre se paixonite tão tórrida é capaz de arrastar os enamorados, nalgum
momento, a atos de intimidade conjugal. Onde já se viu!...
“Viva
Hitler!” Comandante
do Batalhão de Choque da PM carioca até recentemente, o coronel Fábio de Souza
vem de ser exonerado das funções que ocupava no gabinete do Secretário da
Segurança naquele Estado. Adepto confesso do nazismo, o militar, junto com
colegas da corporação, fazia apologia das ideias hitleristas na internet,
propagando mensagens deste teor: “Viva Hitler!”; “Viva a raça sem defeitos!”;
“Coronel Fábio pela instauração do Reich!” Incitava, ainda, em ordens de
comando aos subordinados, a violência policial para coibir manifestações de
protesto. Entrou em discordância com outro coronel, Márcio Rocha, ex-comandante
do Batalhão de Choque. Pouco depois de uma troca de mensagens suas com outros
militares criticando o colega, a residência do referido coronel foi alvejada
com rajada de tiros. Tá danado.
Atlas
desfigurado.
Uma
editora britânica conceituada socorreu-se de um expediente indigno para
movimentar vendas de seus produtos no Oriente Médio. Lançou um Atlas omitindo a
existência do Estado do Israel. “Justificou-se” com a afirmação, ridícula a
mais não poder, que sua decisão obedece a “preferências locais”. Consta que,
após o malfeito praticado, a editora fez um mea-culpa, desculpando-se. Tá
danado.
GALERIA DE ARTE
DI CAVALCANTI,
CIDADÃO DO MUNDO
Di Cavalcanti |
“Para mim, a principal função
da arte é a conscientização”
(Di Cavalcanti)
Mais conhecido como Di Cavalcanti, Emiliano Augusto
Cavalcanti de Albuquerque e Melo foi um grande pintor, desenhista, ilustrador e
caricaturista brasileiro.
Um dos idealizadores da semana de Arte Moderna de
1922, foi dos primeiros a retratar elementos da realidade urbana brasileira,
como favelas, festas populares, operários.
Juntamente com outros nomes de valor, como Anita
Malfatti, Tarsila do Amaral, Graça Aranha, foi um dos mais representativos
artistas do modernismo brasileiro.
Di Cavalcanti contava em sua obra o que via e o
que vivia, seja no desenho, na caricatura ou na pintura. Mostrava o cotidiano
das pessoas comuns. Sua obra contempla a sociedade brasileira de
seu tempo, aquilo que seu olhar pôde perceber.
Di Cavalcanti notabilizou-se ainda como escritor,
jornalista e poeta. Transportou para a arte brasileira a complexa efervescência
social e política do século 20.
Boêmio, cidadão do mundo, trazia na alma três
capitais – Rio de Janeiro, São Paulo e Paris. Uma das principais figuras da
Semana de Arte Moderna, foi, apesar de sua natureza indisciplinada, um artista
engajado. Cultor da beleza feminina, fez das mulheres o tema principal de sua obra.
(Fonte: “Mercado Arte”)
(Fonte: “Mercado Arte”)
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