Pandemia
de cesáreas
Cesar Vanucci *
“Inaceitável esse
procedimento!”
(Ministro
Arthur Chioro, da Saúde)
Pelo
conjunto de medidas que acaba de ser anunciado, o Ministério da Saúde parece
mesmo decidido a por fim nessa “pandemia de cesáreas” propagada pelos serviços
privados e públicos de assistência à saúde, com o primeiro dos setores
mencionados assumindo a maior parcela de culpa no cartório pelos malfeitos
detectados.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula em 15 por cento o índice tolerável
de partos cirúrgicos. Entre nós, por conta de variados fatores, com realce para
a mercantilização do processo e a ausência de orientação técnica adequada, os
índices, considerados os mais elevados no rol dos países desenvolvidos, atingem
as altitudes himalaianas de 84 por cento na faixa da assistência suplementar e
de 40 por cento na esfera pública. Números que configuram quadro inaceitável,
um verdadeiro e gravíssimo problema de saúde pública. Declarando-se no firme
propósito de não mais aceitar, sob hipótese alguma, a cesariana
indiscriminadamente como parto normal, o Ministro Arthur Chioro orientou os
órgãos sob seu comando, com ênfase para a Agência Nacional de Saúde
Suplementar, no sentido de que coloquem em vigor imediatamente normas capazes
de interromper o descalabro apontado. Encarada por muitos, irresponsavelmente,
como procedimento de mera rotina, as cesarianas a torto e a direito produzem
danos pessoais e econômicos consideráveis. Oito entre dez casos de gestação assistidos
pelos planos de saúde valem-se dessa alternativa obstétrica. Na rede pública, o
condenável esquema também marca presença, se bem que em índice inferior ao da
rede privada, conquanto ainda bastante exagerado para os padrões recomendados
pela OMS. A ordem do Ministério é frear o abuso. Especialistas no campo médico
asseveram que as cesáreas desnecessárias aumentam consideravelmente a
probabilidade de o bebê nascer com problemas respiratórios e triplica o risco
de morte da parturiente.
As
determinações previstas obrigam médicos, hospitais, clínicas, planos de saúde,
agentes públicos da área, parturientes a obedecer critérios técnicos e
administrativos fadados a eliminar, vez por todas, a prática irresponsável do
parto cirúrgico desnecessário. O prazo estabelecido para que tudo seja posto a
funcionar de acordo com os critérios traçados é de 180 dias. Sanções pesadas
aguardam aqueles que se recusem a seguir as regras.
A
resolução das autoridades, muito bem recebida pela opinião pública, demonstra a
disposição governamental em enfrentar com rigor um dos muitos desafios hoje
existentes nos sistemas de prestação de serviços públicos e privados na
nevrálgica área da Saúde.
Tão
benfazeja orientação oficial reacende na esperança popular o ardente desejo de
que outras soluções possam vir a ser encontradas com referência a questões
igualmente sérias enfrentadas pelos usuários dos programas assistenciais. Uma
delas diz respeito aos abusos cometidos pelos planos com relação aos idosos.
Brada aos céus uma exigência das operadoras. Em flagrante desrespeito à
legislação brasileira, elas estabelecem que as contribuições mensais visando a
continuidade da assistência sejam majoradas em percentuais elevadíssimos,
insuportáveis, à hora em que as pessoas atingem faixas etárias diferentes. Quem
chega, por exemplo, aos 60 anos vê-se constrangido a desembolsar valor
equivalente ao dobro do que vinha até então pagando pelo seu sagrado direito de
acesso aos serviços. Isso é simplesmente estarrecedor. É chegada a hora, então,
Senhor Ministro, de se colocar freio também em tão extorsiva prática!
A
Teoria de tudo
Cesar Vanucci *
"Amplamente verdadeira".
(Stephen Hawking, a respeito da fita que
retrata sua vida)
Mesmo
sem ter assistido à hora em que libero estas maldatilografadas qualquer outro
filme concorrente, arrisco-me sem vacilações a proclamar que o Oscar deste ano
será inevitavelmente atribuído ao esplêndido “A Teoria de tudo” e aos atores
Eddie Redmayne e Felicity Jones, que protagonizam os principais personagens do
roteiro. Não me recordo, percorrendo as ladeiras da memória um bocado de anos,
de haver me deparado na tela com desempenho tão primoroso quanto o de Redmayne encarnando
a figura fabulosa do homem de ciência Stephen Hawking. A jovem parceira não
fica nada atrás em brilhantismo na personificação de Jane, a esposa.
O
diretor James Marsh consegue compor narrativa empolgante a respeito de um tema
demasiadamente complexo, que exige doses elevadas de talento e criatividade nas
abordagens sobre o relacionamento humano das figuras retratadas. O enredo se
fixa na vida e na obra de um homem genial, hoje com 73 anos, acometido de
enfermidade degenerativa neuromotora que impede por completo sua mobilidade e
fala e, que nada obstante toda essa arrasadora adversidade, é celebrado como
uma das cabeças pensantes mais lúcidas e fecundas da história científica.
Surpreendi, na atmosfera de arrebatamento dominante numa sala de projeção apinhada,
indisfarçáveis sinais de choro silencioso.
A
trama centrada na ligação conjugal quase resvala nalguns momentos para a pieguice,
sobretudo quando se tem presente a informação de que a ruptura do cientista e
esposa - uma intelectual de mérito, estudiosa da poesia ibérica medieval -, depois
de 26 anos de vida em comum, recobriu-se de certo caráter contencioso, omitido
nas cenas sentimentais projetadas. Pode-se ainda dizer, na análise da fita, que
o enfoque romântico tende a exceder ligeiramente, numa medida geral, os trechos
do relato reservados aos extraordinários feitos científicos do biografado. Mas,
isso não retira, jeito maneira, do filme a condição de obra cinematográfica de
alto quilate. A “Teoria de tudo” mexe pra valer com a sensibilidade do público.
À vista, uma penca de prêmios.
O
rei que governa de longe. História desconcertante. Mais parece
invencionice de escribas habituados a produzirem contos na linha do realismo
fantástico. Vem narrada na IstoÉ. Gbi, de cuja existência real ninguém
suspeita, é um dos mais pobres países do maltratado continente africano. É
governado por um representante da etnia ewes, o rei Céphas Bansah, cujo
domicílio permanente está localizado na cidade alemã de Ludwigshafen. O cara
administra os súditos à distância (sete mil quilômetros separam Gbi da
Alemanha), utilizando avançados recursos eletrônicos de comunicação. Expede
ordens, faz declarações, assina atos pela internet. Explica aos assessores o
que deve ser feito por meio de contatos telefônicos via “skype” e “whats app”.
Céphas
Bansah é dono de uma oficina mecânica no lugar em que mora. Alega nada receber
pelo trabalho como rei. Seu sustento é garantido no batente profissional.
Esclarece que governa nessas condições “para ficar mais próximo das novas
tendências e tecnologias e, assim, introduzí-las mais facilmente em minha
nação”. Quer dizer com isso que em Gbi pode faltar comida, medicamentos, serviços
básicos, mas não falta, de jeito algum, internet. A respeito do curioso
personagem há ainda coisas para serem contadas. Na verdade, ele era o terceiro
na linha sucessória, mas acabou assumindo o trono em lugar do pai e do irmão
mais velho por uma circunstância incrível: os dois são canhotos e pela cultura
ewes criaturas com esse “defeito de nascença” são impedidas de assumir funções
de relevância na vida comunitária.
Os
antigos cunharam uma expressão tranchã para classificar situações desse gênero:
madeira de dar em doido...
Deu
a louca
Cesar Vanucci *
“É loucura, mas há
método nela.”
(Shakespeare)
O
olhar atento no noticiário nosso de cada dia conduz à constatação de que não
faltam nunca bons protagonistas, em parte alguma deste planeta azul, para viver
lances cotidianos inusitados nesta interminável encenação da comédia humana.
Temos
aqui registros de alguns deles. Lances e respectivos protagonistas.
·
Que o Presidente Vladimir Putin, com toda aquela panca de tzar engravatado, é
um narcisista de marca e que, ao redor, legiões de compatriotas não disfarçam
embevecimento e admiração pelo estilo varonil que exibe em suas aparições
públicas, todo mundo anda calvo de saber. O que ninguém, no entanto, seria
capaz de imaginar, como consequência dessas constatações, é que um grupo de
artistas, naturalmente com aquiescência do personagem, se aventurasse a compor
uma sequência de painéis retratando o ídolo como uma réplica viva contemporânea
de Hércules. Comemorando o 62º aniversário do dirigente russo, foi montada numa
galeria de Moscou uma mostra de pintura onde, em doze quadros, Putin aparece
como super-herói. Num lance, enfrenta galhardamente feroz dragão, noutro lance,
sustenta sobre os musculosos ombros o peso do globo terrestre. Seguindo essa
toada, “repete”, nas demais telas, outros “feitos” lendários atribuídos à
figura mitológica grega evocada. Troço impressionante...
·
Acusado de haver desferido um ataque de “hackers” aos computadores de um
estúdio cinematográfico norte-americano, o governo da Coreia do Norte
contra-atacou bem ao seu estilo, com vociferações apocalípticas e xingatório
grosseiro. Em decorrência da agressão cibernética, acompanhada de ameaças, o
estúdio decidiu, num primeiro instante, suspender o lançamento da comédia que
narra a história fictícia de uma tentativa de sequestro do supremo dirigente
coreano. No mundo real, um raivoso senhor feudal com poderes de vida e morte
sobre os súditos num país fechado aos olhares do mundo, detentor de arsenal
atômico. A decisão foi criticada, inclusive pelo Presidente Barack Obama, que
lamentou pudesse um torpe ato de vandalismo cibernético, com feição terrorista,
alvejar com resultados tão impactantes a liberdade de expressão artística. Uma
polêmica acesa a respeito do incidente ocupou as atenções, dela participando as
autoridades coreanas. Primeiramente, dizendo que não tinham nada a ver com o
fato e, depois, denunciando que seu país estaria sendo alvo de retaliações nos domínios
cibernéticos por parte dos Estados Unidos. Na sequência, porta-vozes do regime
ditatorial de Pyongyang reavivaram sua eterna pré-disposição para confrontações
bélicas, escorada em seu poderio de fogo nuclear e, além disso, atingindo o
auge em matéria de destempero verbal, comparando o presidente dos Estados
Unidos a um orangotango.
Tudo
na Coreia do Norte do tirano Kim Jong-un é assim: regido pela insânia. Em
“eleições” recentes, o supremo mandatário, segundo celebrou a imprensa do país,
conseguiu incomparável façanha: conquistou, por força de carisma e simpatia,
100 por cento dos votos sem uma única, isolada, exclusiva abstenção de eleitor,
em qualquer seção eleitoral. É isso aí...
·
Nos Estados Unidos, uma encrenca política danada, colocando frente a frente o
governador republicano Cris Christie, de Nova Jersey, e o prefeito democrata
Mark Sokolich, de Fort Lee, desembocou num congestionamento de veículos sem
precedentes na Ponte George Washington, a mais trafegada do país. Quando a
imprensa resolveu investigar mais a fundo as causas do engarrafamento apurou,
para perplexidade geral, que tudo foi provocado intencionalmente pelo
governador.
O
que se teve em mira, com o transtorno trazido à comunidade, foi afetar a
campanha do prefeito adversário na véspera da eleição estadual.
·
O canal de televisão Fox News, ligado a furiosas falanges fundamentalistas
norte-americanas, vem “mimoseando”, volta e meia, com doestos imbecis o Papa
Francisco. Acusa-o, entre outras coisas, de comunista. Os comentaristas da
emissora não apreciam as falas e posições pontificas diante do neoliberalismo,
da cultura consumista e na defesa de postulados sociais e do diálogo inter-religioso.
GALERIA DE ARTE
A PRODIGIOSA
OBRA ARTÍSTICA DE
Descendente de suíços chegados em 1880 ao Brasil,
nasceu em Juiz de Fora em 1940, numa família de músicos e artistas. Autodidata,
fez sua primeira exposição na cidade natal em 1960, junto com seus irmãos Nívea
e Décio, também pintores. Ao longo da primeira metade da década, enviou quadros
para o Salão Nacional de Belas Artes, no Rio, até que em 1967 obteve o Prêmio
de Viagem ao Exterior, o maior do país. Casou-se com Fani Bracher, também
pintora, e partiram juntos para dois anos na Europa, fixando-se principalmente
em Paris. Suas viagens de estudos o levaram de Lisboa a São Petersburgo e
Moscou, possibilitando-lhe conhecer amplamente a tradição da arte ocidental.
Em 1964, viajando com sua irmã Nívea para pintar do
natural, descobriu Ouro Preto, que desde logo elegeu como sua cidade de
residência e tema principal. Naturalmente se interessa por e aborda, também, os
demais temas clássicos da pintura, como naturezas-mortas, flores, retratos e
marinhas. Devido ao temperamento inquieto e à grande energia, Bracher é um dos
artistas brasileiros que mais realizaram exposições e outras atividades
correlatas, tanto aqui como no exterior. Curiosamente, são mais individuais do
que participações em coletivas, o que apenas confirma a singularidade e
supra-temporalidade de sua obra, de natureza e linguagem essencialmente
expressionistas.
Em 1980, Bracher foi um dos escolhidos para o
Prêmio Hilton de Pintura, como um dos artistas que mais se destacaram na década
de 70, ao lado de João Câmara, Siron Franco, Tomie Ohtake e outros. Intitulada
Pintura Sempre e com curadoria de Olívio Tavares de Araújo, sua primeira
retrospectiva ocorreu em 1989, percorrendo sete cidades do país. Embora não lhe
seja habitual, realizou três grandes séries de pinturas. A primeira foi
Homenagem a Van Gogh, com nada menos de cem telas pintadas em 1990 (ano do
centenário de morte do artista), para dar vazão a uma paixão de adolescência.
Depois, Do Ouro ao Aço, sobre a siderurgia em Minas Gerais (1992). Enfim, Brasília
(2006/2007), homenagem a Juscelino Kubitschek, com cuja família a sua teve
relações. Atualmente outra retrospectiva com 49 quadros, de 1961 a 2006,
percorre diversas cidades européias e já esteve em Luxemburgo, Bruxelas,
Bruges, Frankfurt, Praga e Moscou. A série Homenagem a Van Gogh, por sua vez,
chegou ainda a Tóquio e Pequim.
Publicaram-se seis livros e, contando os programas
realizados pelas tvs abertas, já foram gravados mais de quarenta documentários
em vídeo sobre sua obra, além do filme em 35 mm Pintura e Paixão Segundo C.B.
Bracher é um ativo defensor das causas ligadas à preservação de Ouro Preto, e
tem duas filhas, Blima (jornalista) e Larissa (atriz). É avô recente de
Valentim.
Carlos Bracher realizou importantes exposições no
Brasil e no mundo.
(Texto extraído do site do artista)
Será
o ET de Roswell?
(Veja no “Jogo Animado” desta edição)
Willian Machado obsequia-me frequentemente com
matérias instigantes, fruto de investigações, leitura e estudos atentos que
realiza na linha dos chamados “fenômenos transcendentes”.
O que “Jogo Animado” mostra nesta edição do
“Blog do Vanucci” é um vídeo por ele obtido referente a essa fascinante
temática. Às informações transmitidas, abaixo reproduzidas, faço questão de
juntar um registro especial: há mais de vinte anos, entrevistei no programa
“Realismo Fantástico”, no CBH, antigo prefixo da televisão mineira, o médico
estadunidense Jesse Marcel Junior, filho do coronel Jesse Marcel, personagem
central do célebre “Incidente Roswell”. Nas declarações que colhi, o
entrevistado confirmou, nas linhas gerais, a impressionante história da captura,
pela Força Aérea Americana, da nave alienígena.
O relato vindo na sequencia pertence à matéria
encaminhada pelo Willian Machado: “Esta intrigante metragem do que pretende ser
um segundo clipe do corpo de um alienígena morto que está sendo examinado por
pessoal militar em um hangar de aviões
foi publicada originalmente em “Uncensored” da Nova Zelândia, revista
trimestral que vem sendo agora distribuída nos EUA. Técnicos da revista fizeram
um “frame by frame” analítico antes de divulgar o seu conteúdo, determinando
tratar-se de material legítimo em todos os aspectos. Ele, clipe, não só mostra o alienígena morto
(provavelmente a partir do acidente de Roswell). O corpo do alienígena está
sendo levado para um hangar por uma ambulância militar. Existem pistas
suficientes para datar com precisão a filmagem a partir do final de 1940. Os
editores da revista descrevem a descoberta como "monumentalmente interessante",
na verdade, "autêntica". Não é revelado como Uncensored descobriu o
clipe, ou como se fez a filmagem, mas a revista é inflexível quanto à sua
autenticidade. Enquanto Uncensored foi a primeira revista a publicar
fotografias de cenas do clipe, a própria filmagem completa não foi lançada pela
revista na internet até agora.”
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