quinta-feira, 26 de março de 2015




Deu a louca no mundo

Cesar Vanucci

“Não permitirei jamais a constituição 
do Estado Palestino!”
(Benjamim Netanyahu, 
primeiro ministro de Israel)


Benjamin Netanyahu deixou cair a máscara. Num arroubo retórico extremo, inaugurando mais um outro conjunto residencial para colonos judeus em área do mapa palestino tomada na marra, proclamou arrogantemente com todos os erres, esses e ipsilones que jamais, em tempo algum,  permitirá a constituição do Estado Palestino. Desafiou abertamente – e esta não é, na verdade, a primeira vez que age assim – a ONU, as nações aliadas de Israel, a comunidade das nações.
Essa “gloriosa” proclamação do primeiro ministro israelita, despojando-se definitivamente da pele de cordeiro há tantos anos garbosa e hipocritamente envergada, arrancou aplausos entusiásticos dos radicais que o acompanham na campanha eleitoral em curso. Mas, por outro lado, levantou manifestações de repúdio em tudo que é canto do planeta. Criou um cenário em que se pode divisar nitidamente uma quebra de confiança definitiva na atuação de Tel-Aviv com relação às negociações de paz no conturbado Oriente Médio. O mundo inteiro passa, agora, com carradas de razão, a torcer por uma vitória dos adversários políticos de Bibi nas urnas israelenses no pleito que se avizinha, alimentando a esperança de que, ao contrário do fanático dirigente, eles se mostrem dispostos a encontrar uma saída honrosa, pacífica, justa, para a tremenda encrenca criada pelo comportamento permanentemente belicoso do “premier”.
Estas maldatilografas linhas já estavam lançadas quando do anúncio da vitória eleitoral apertada de Netanyahu no pleito israelita. Tá danado.


· Guerra climática
Conversa de causar arrepio gélido em esquimó encapotado com peles de urso e rena. Cientistas e ambientalistas já desenham no quadro dos problemas a serem futuramente enfrentados pela humanidade em sua relação com a Natureza, outra assustadora ameaça. A mudança climática como instrumento bélico virou objeto de estudos na área da chamada geoengenharia. Pesquisas atinentes ao tema vêm sendo estimuladas por estrategistas de estados maiores militares nalguns países, em conluio com cientistas. Como sempre desafortunadamente acontece, as prioridades não contemplam alterações que possam trazer benefícios para a sociedade. Como, por exemplo, a concentração de chuvas em regiões castigadas pela estiagem. As atenções estão focadas na busca de fórmulas capazes de desencadearem danos em territórios inimigos. É a “guerra climática”, valha-nos Deus, Nossa Senhora!

· Lá, como cá
Lá, como cá, más fadas há. Para a ganância humana não existem mesmo fronteiras. Reportagem do “The Observer”, assinada pelo jornalista Jill Treanor, com tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves, estampada na edição de 18 de março da “CartaCapital”, conta os pormenores de uma maracutaia recente vivida na austera Escócia. O Banco Real Escocês, que vem acumulando colossais prejuízos, equivalentes aos 45 bilhões de libras esterlinas entregues pelos contribuintes para evitar sua falência, continuou remunerando os principais executivos com vultosas gratificações. Procedeu como se tudo estivesse correndo num mar de rosas, apesar dos registros de estrondosos prejuízos por sete anos a fio.
Punida por crimes de manipulação nos mercados de câmbio, a instituição foi socorrida pelo Tesouro no auge da crise. E não é que, agora, a opinião pública toma conhecimento, estarrecida, que 128 de seus principais executivos vêm sendo regiamente recompensados por todo esse tempo? Receberam bonificações anuais da ordem média de 1 milhão de euros cada qual, pelos “bons serviços executados”. Três dos privilegiados abiscoitaram valores de 6 milhões de euros anuais. Outras gratificações “acima do padrão” foram registradas: 3 milhões e 300 mil para um; 6 milhões e 300 mil euros para outro; outros 3 milhões para mais um.
Está claro que os escoceses estão danados da vida com essa escabrosa história, que juntamente com o recente escândalo do HSBC coloca o sistema bancário do Reino Unido em incômoda projeção.


Umas e outras

Cesar Vanucci

“Até que enfim, uma noticia boa
sobre a Petrobras: outro recorde de produção!”
(Antônio Luiz da Costa, educador)


As ponderáveis parcelas da Nação brasileira que, compreensivelmente, se angustiam com os descaminhos trilhados pela Petrobras em função da máfia nela infiltrada, não podem perder de vista, em defesa da empresa - um pujante e intransferível patrimônio de nossa gente - alguns fatos relevantes que ocorrem em meio ao turbilhão das revelações escabrosas trazidas a público. Alguns desses fatos estão passando, de certa forma, desapercebidos. É bom tê-los presentes nas avaliações que se processam acerca dos novos rumos a serem fatalmente perseguidos na tentativa de recolocar a estatal nos trilhos de almejada recuperação.

A nova diretoria da empresa já alinhou uma série de medidas com vistas a alcançar o reequilíbrio administrativo e econômico. A venda de ativos no plano da atuação externa é parte de um planejamento financeiro apontado como producente no sentido de preservar o caixa e concentrar ações em investimentos prioritários. Como tal entendida a produção de óleo e gás no Brasil naquelas áreas de elevada produtividade e com alentadoras perspectivas de retorno.

Há que se registrar, por outro lado, um lance auspicioso ocorrido recentemente na faixa da produção. Ficou obscurecido por óbvias circunstâncias. No último mês de janeiro, a estatal bateu novo e significativo recorde de produção de petróleo no pré-sal das bacias de Campos e Santos. Atingiu o volume de 670 mil barris diários. Isso corresponde a 28 por cento do total extraído das águas profundas. Um outro motivo a mais pra comemoração: no final do ano passado, a produção de gás natural chegou a 75,5 milhões de metros cúbicos/dia. A maior desde a abertura dessa modalidade de exploração.

· Jornalista ameaçado
Resguardando-se de ameaças decorrentes de denúncias contra policiais militares baianos responsáveis pelo assassinato de 15 jovens negros no início de fevereiro, o jornalista Enderson Araújo viu-se forçado a buscar refúgio fora de Salvador. A mídia não tem se ocupado do assunto – que configura uma clara violação aos direitos humanos e agressão à liberdade de imprensa – com o realce de que se faz naturalmente merecedor.


· População aplaude Programa
Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), não divulgada com o devido realce pela grande mídia, revelou que 95% (noventa e cinco por cento) da população mostra-se satisfeita com o Programa “Mais Médicos”.
A certeza do sucesso alcançado pelo Programa está refletida na visível aceitação comunitária, que acabou silenciando (observaram?) as discordâncias iradas à sua implantação por parte de alguns setores políticos e de órgãos representativos da atividade médica. Os critérios utilizados pelo Ministério da Saúde, na convocação dos médicos para atuar na atenção básica em periferias de grandes cidades e municípios desassistidos em matéria de serviços de saúde do interior, são apontados como modelares. As vagas destinam-se prioritariamente a médicos brasileiros que se interessem em atuar nas regiões onde seja detectada ausência de profissionais. No caso do não preenchimento de todas as vagas, é aceito o concurso de médicos de outros países, com o objetivo de resolver o problema, que é emergencial.
O Brasil possui 1,8 médicos por mil habitantes. O índice é menor do que em outros países, como a Argentina (3.2), Uruguai (3.7), Portugal (3.9) e Espanha (4, por mil habitantes). Além da carência de profissionais, defrontamo-nos com a distribuição desigual de médicos por regiões. Em 22 Estados, o número está abaixo da média nacional, segundo o “Diagnóstico da Saúde do Brasil”.

· Os ossos de Hipócrates
Custa crer que algo tão estarrecedor haja ocorrido num consultório médico. Não dá definitivamente pra digerir essa história do médico que, depois de prestar assistência a uma ingênua garota envolvida em doloroso caso de aborto, resolveu chamar a polícia para enquadrá-la criminalmente. A sensação que sobra é de uma tremenda bofetada na ética profissional. Os ossos de Hipócrates devem ter tremido no túmulo com a postura desse seu extraviado discípulo contaminado de noções mórbidas a respeito da vida.




GALERIA DE ARTE



     AMILCAR DE CASTRO


    "mEU FAZER É INTUITIVO E 

     AVENTUREIRO" 


Amilcar de Castro

Artista plástico, nasceu em 1920, na cidade mineira de Paraisópolis. Faleceu em Belo Horizonte no dia 21 de novembro de 2002. Formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão. Em 1944 inscreve-se na Escola de Arquitetura e Belas Artes em Belo Horizonte, frequentando o curso livre de desenho e pintura de Alberto da Veiga Guignard, e o de escultura figurativa com Franz Weissmann. Com Guignard, foi introduzido na técnica do lápis duro, com o qual sulcava as folhas de papel, primeiro índice dos cortes que faria nas chapas de ferro que o tornariam o mais importante escultor brasileiro em atividade, reconhecível pelas monumentais esculturas em chapas de ferro cortadas e dobradas.

Em 1952, mudou-se para o Rio. Em 1953, inicia a carreira de diagramador e trabalha nas revistas A Cigarra e Manchete, no mesmo ano em que realiza sua primeira escultura construtiva, influenciado pelo trabalho de Max Bill, cuja obra conhecera na II Bienal de São Paulo. Em 1956, participou da Exposição de Arte Concreta em São Paulo, e no ano seguinte assinou o projeto de reforma gráfica do Jornal do Brasil.Em 1959 assinaria com Ferreira Gullar, Franz Weissmann e Lygia Clark, entre outros, o Manifesto Neoconcreto. Ainda nessa ocasião realiza exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e no Belvedere da Sé, em Salvador. 
Em 1960, ganha o primeiro prêmio da categoria escultura no XV Salão do Museu de Belas Artes de Belo Horizonte e participa da Exposição Internacional de Arte Concreta em Zurique, na Suíça. No ano seguinte apresenta seus trabalhos no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). 
Em 1964, realiza a cenografia do enredo da Escola de Samba da Mangueira, auxiliado por Hélio Oiticica, responsável pela pintura de uma alegoria. Em 1967, participa da mostra Artistas Brasileiros Contemporâneos, no Museu de Arte Moderna de Buenos Aires. Participou de cinco edições da Bienal de São Paulo. Ao longo dos anos 60, continuou a trabalhar com diagramação para jornais cariocas e mineiros.
Em 1968 e 1970 foi bolsista da Fundação Guggenhein, permanecendo nos Estados Unidos da América por três anos. Retornou ao Brasil em 1971, fixando-se definitivamente em Belo Horizonte. Em 1973, torna-se professor de composição e escultura da Escola Guignard, da qual se seria mais tarde diretor. Nos anos 1970 e 1980, leciona na Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aposentando-se em 1990. A partir daí, dedica-se exclusivamente à atividade artística. Em 1989, o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, realiza uma retrospectiva de sua obra.Nos anos 1990 teve algumas de suas esculturas colocadas em espaços públicos. 
Em 1998 construiu uma obra para o projeto de renovação do bairro Hellersdorf, na antiga Berlim Oriental, ali instalando uma monumental escultura de 24 toneladas. No ano seguinte suas obras foram exibidas em mostras em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. 
Em 2000, uma exposição de 14 obras e 10 desenhos inéditos do artista foi montada em São Paulo e Rio de Janeiro para homenagear seu 80º aniversário. Em 2001 inaugurou ateliê em Nova Lima.

Aqui estão fotos de obras 
do grande escultor:


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