Deu a louca no mundo
Cesar
Vanucci
“Não permitirei jamais
a constituição
do Estado Palestino!”
(Benjamim
Netanyahu,
primeiro ministro de Israel)
Benjamin Netanyahu deixou cair a
máscara. Num arroubo retórico extremo, inaugurando mais um outro conjunto
residencial para colonos judeus em área do mapa palestino tomada na marra, proclamou
arrogantemente com todos os erres, esses e ipsilones que jamais, em tempo
algum, permitirá a constituição do
Estado Palestino. Desafiou abertamente – e esta não é, na verdade, a primeira
vez que age assim – a ONU, as nações aliadas de Israel, a comunidade das nações.
Essa “gloriosa” proclamação do
primeiro ministro israelita, despojando-se definitivamente da pele de cordeiro
há tantos anos garbosa e hipocritamente envergada, arrancou aplausos
entusiásticos dos radicais que o acompanham na campanha eleitoral em curso.
Mas, por outro lado, levantou manifestações de repúdio em tudo que é canto do
planeta. Criou um cenário em que se pode divisar nitidamente uma quebra de
confiança definitiva na atuação de Tel-Aviv com relação às negociações de paz
no conturbado Oriente Médio. O mundo inteiro passa, agora, com carradas de
razão, a torcer por uma vitória dos adversários políticos de Bibi nas urnas
israelenses no pleito que se avizinha, alimentando a esperança de que, ao
contrário do fanático dirigente, eles se mostrem dispostos a encontrar uma
saída honrosa, pacífica, justa, para a tremenda encrenca criada pelo
comportamento permanentemente belicoso do “premier”.
Estas maldatilografas linhas já
estavam lançadas quando do anúncio da vitória eleitoral apertada de Netanyahu
no pleito israelita. Tá danado.
·
Guerra climática
Conversa de causar arrepio gélido
em esquimó encapotado com peles de urso e rena. Cientistas e ambientalistas já
desenham no quadro dos problemas a serem futuramente enfrentados pela
humanidade em sua relação com a Natureza, outra assustadora ameaça. A mudança
climática como instrumento bélico virou objeto de estudos na área da chamada
geoengenharia. Pesquisas atinentes ao tema vêm sendo estimuladas por
estrategistas de estados maiores militares nalguns países, em conluio com
cientistas. Como sempre desafortunadamente acontece, as prioridades não
contemplam alterações que possam trazer benefícios para a sociedade. Como, por
exemplo, a concentração de chuvas em regiões castigadas pela estiagem. As
atenções estão focadas na busca de fórmulas capazes de desencadearem danos em
territórios inimigos. É a “guerra climática”, valha-nos Deus, Nossa Senhora!
·
Lá, como cá
Lá, como cá, más fadas há. Para a
ganância humana não existem mesmo fronteiras. Reportagem do “The Observer”,
assinada pelo jornalista Jill Treanor, com tradução de Luiz Roberto Mendes
Gonçalves, estampada na edição de 18 de março da “CartaCapital”, conta os
pormenores de uma maracutaia recente vivida na austera Escócia. O Banco Real
Escocês, que vem acumulando colossais prejuízos, equivalentes aos 45 bilhões de
libras esterlinas entregues pelos contribuintes para evitar sua falência,
continuou remunerando os principais executivos com vultosas gratificações.
Procedeu como se tudo estivesse correndo num mar de rosas, apesar dos registros
de estrondosos prejuízos por sete anos a fio.
Punida por crimes de manipulação
nos mercados de câmbio, a instituição foi socorrida pelo Tesouro no auge da
crise. E não é que, agora, a opinião pública toma conhecimento, estarrecida,
que 128 de seus principais executivos vêm sendo regiamente recompensados por
todo esse tempo? Receberam bonificações anuais da ordem média de 1 milhão de
euros cada qual, pelos “bons serviços executados”. Três dos privilegiados
abiscoitaram valores de 6 milhões de euros anuais. Outras gratificações “acima
do padrão” foram registradas: 3 milhões e 300 mil para um; 6 milhões e 300 mil
euros para outro; outros 3 milhões para mais um.
Está claro que os escoceses estão
danados da vida com essa escabrosa história, que juntamente com o recente
escândalo do HSBC coloca o sistema bancário do Reino Unido em incômoda
projeção.
Umas e outras
Cesar
Vanucci
“Até que enfim, uma
noticia boa
sobre a Petrobras:
outro recorde de produção!”
(Antônio
Luiz da Costa, educador)
As ponderáveis parcelas da Nação
brasileira que, compreensivelmente, se angustiam com os descaminhos trilhados
pela Petrobras em função da máfia nela infiltrada, não podem perder de vista, em defesa da
empresa - um pujante e intransferível patrimônio de nossa gente - alguns fatos
relevantes que ocorrem em meio ao turbilhão das revelações escabrosas trazidas
a público. Alguns desses fatos estão passando, de certa forma, desapercebidos.
É bom tê-los presentes nas avaliações que se processam acerca dos novos rumos a
serem fatalmente perseguidos na tentativa de recolocar a estatal nos trilhos de
almejada recuperação.
A nova diretoria da empresa já alinhou
uma série de medidas com vistas a alcançar o reequilíbrio administrativo e
econômico. A venda de ativos no plano da atuação externa é parte de um
planejamento financeiro apontado como producente no sentido de preservar o
caixa e concentrar ações em investimentos prioritários. Como tal entendida a
produção de óleo e gás no Brasil naquelas áreas de elevada produtividade e com
alentadoras perspectivas de retorno.
Há que se registrar, por outro
lado, um lance auspicioso ocorrido recentemente na faixa da produção. Ficou
obscurecido por óbvias circunstâncias. No último mês de janeiro, a estatal
bateu novo e significativo recorde de produção de petróleo no pré-sal das
bacias de Campos e Santos. Atingiu o volume de 670 mil barris diários. Isso corresponde
a 28 por cento do total extraído das águas profundas. Um outro motivo a mais
pra comemoração: no final do ano passado, a produção de gás natural chegou a
75,5 milhões de metros cúbicos/dia. A maior desde a abertura dessa modalidade
de exploração.
· Jornalista ameaçado
Resguardando-se de ameaças
decorrentes de denúncias contra policiais militares baianos responsáveis pelo
assassinato de 15 jovens negros no início de fevereiro, o jornalista Enderson
Araújo viu-se forçado a buscar refúgio fora de Salvador. A mídia não tem se
ocupado do assunto – que configura uma clara violação aos direitos humanos e
agressão à liberdade de imprensa – com o realce de que se faz naturalmente
merecedor.
· População aplaude
Programa
Uma pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), não divulgada com o devido realce pela grande
mídia, revelou que 95% (noventa e cinco por cento) da população mostra-se
satisfeita com o Programa “Mais Médicos”.
A certeza do sucesso alcançado pelo
Programa está refletida na visível aceitação comunitária, que acabou
silenciando (observaram?) as discordâncias iradas à sua implantação por parte
de alguns setores políticos e de órgãos representativos da atividade médica. Os
critérios utilizados pelo Ministério da Saúde, na convocação dos médicos para
atuar na atenção básica em periferias de grandes cidades e municípios
desassistidos em matéria de serviços de saúde do interior, são apontados como
modelares. As vagas destinam-se prioritariamente a médicos brasileiros que se
interessem em atuar nas regiões onde seja detectada ausência de profissionais.
No caso do não preenchimento de todas as vagas, é aceito o concurso de médicos
de outros países, com o objetivo de resolver o problema, que é emergencial.
O Brasil possui 1,8 médicos por mil
habitantes. O índice é menor do que em outros países, como a Argentina (3.2),
Uruguai (3.7), Portugal (3.9) e Espanha (4, por mil habitantes). Além da
carência de profissionais, defrontamo-nos com a distribuição desigual de
médicos por regiões. Em 22 Estados, o número está abaixo da média nacional,
segundo o “Diagnóstico da Saúde do Brasil”.
· Os ossos de Hipócrates
Custa crer que algo tão
estarrecedor haja ocorrido num consultório médico. Não dá definitivamente pra
digerir essa história do médico que, depois de prestar assistência a uma
ingênua garota envolvida em doloroso caso de aborto, resolveu chamar a polícia
para enquadrá-la criminalmente. A sensação que sobra é de uma tremenda bofetada
na ética profissional. Os ossos de Hipócrates devem ter tremido no túmulo com a
postura desse seu extraviado discípulo contaminado de noções mórbidas a
respeito da vida.
GALERIA DE ARTE
AMILCAR DE CASTRO
"mEU FAZER É INTUITIVO E
AVENTUREIRO"
Amilcar de Castro |
Artista plástico,
nasceu em 1920, na cidade mineira de Paraisópolis. Faleceu em Belo Horizonte no dia 21 de novembro de 2002. Formou-se em
Direito, mas não exerceu a profissão. Em 1944 inscreve-se na Escola de
Arquitetura e Belas Artes em Belo Horizonte, frequentando o curso livre de
desenho e pintura de Alberto da Veiga Guignard, e o de escultura figurativa com
Franz Weissmann. Com Guignard, foi introduzido na técnica do lápis duro, com o
qual sulcava as folhas de papel, primeiro índice dos cortes que faria nas
chapas de ferro que o tornariam o mais importante escultor brasileiro em
atividade, reconhecível pelas monumentais esculturas em chapas de ferro
cortadas e dobradas.
Em 1952, mudou-se
para o Rio. Em 1953, inicia a carreira de diagramador e trabalha nas revistas A Cigarra e Manchete,
no mesmo ano em que realiza sua primeira escultura construtiva, influenciado
pelo trabalho de Max Bill, cuja obra conhecera na II Bienal de São Paulo. Em
1956, participou da Exposição de Arte Concreta em São Paulo, e no ano seguinte
assinou o projeto de reforma gráfica do Jornal
do Brasil.Em 1959 assinaria
com Ferreira Gullar, Franz Weissmann e Lygia Clark, entre outros, o Manifesto Neoconcreto. Ainda nessa
ocasião realiza exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ)
e no Belvedere da Sé, em Salvador.
Em 1960, ganha o primeiro prêmio da
categoria escultura no XV Salão do Museu de Belas Artes de Belo Horizonte e
participa da Exposição Internacional de Arte Concreta em Zurique, na Suíça. No
ano seguinte apresenta seus trabalhos no Museu de Arte Moderna de São Paulo
(MAM-SP).
Em 1964, realiza a cenografia do enredo da Escola de Samba da
Mangueira, auxiliado por Hélio Oiticica, responsável pela pintura de uma
alegoria. Em 1967, participa da mostra Artistas Brasileiros Contemporâneos, no
Museu de Arte Moderna de Buenos Aires. Participou de cinco edições da Bienal de
São Paulo. Ao longo dos anos 60, continuou a trabalhar com diagramação para
jornais cariocas e mineiros.
Em 1968 e 1970 foi
bolsista da Fundação Guggenhein, permanecendo nos Estados Unidos da América por
três anos. Retornou ao Brasil em 1971, fixando-se definitivamente em Belo
Horizonte. Em 1973, torna-se professor de composição e escultura da Escola
Guignard, da qual se seria mais tarde diretor. Nos anos 1970 e 1980, leciona na
Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
aposentando-se em 1990. A partir daí, dedica-se exclusivamente à atividade
artística. Em 1989, o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, realiza uma retrospectiva
de sua obra.Nos anos 1990 teve
algumas de suas esculturas colocadas em espaços públicos.
Em 1998 construiu uma
obra para o projeto de renovação do bairro Hellersdorf, na antiga Berlim
Oriental, ali instalando uma monumental escultura de 24 toneladas. No ano
seguinte suas obras foram exibidas em mostras em São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte.
Em 2000, uma exposição de 14 obras e 10 desenhos inéditos do
artista foi montada em São Paulo e Rio de Janeiro para homenagear seu 80º
aniversário. Em 2001 inaugurou ateliê em Nova Lima.
Aqui estão fotos de obras
do grande escultor:
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