Sinais
alentadores no ar
Cesar
Vanucci *
“Não
se deve confiar nas pessoas que,
a
propósito do mar só nos falam de enjoo.”
(Louis Pauwells, coautor, junto com
Jacques Bergier, do célebre “O
Despertar dos Mágicos”)
São
numerosos e assaz alentadores os indícios da pujante capacidade brasileira para
o enfrentamento de desafios e problemas considerados cruciais. Como sabido,
defrontamo-nos com uma crise de respeitáveis dimensões. Ela deriva em parte de
uma conjuntura internacional adversa. Mas decorre também de deslizes domésticos
deploráveis. São deslizes produzidos por ineficiência governamental, posturas
políticas e atuações empresariais insustentáveis à luz do bom senso e das
regras éticas.
Em
razão disso a sociedade brasileira tem amargado, de tempos a esta parte,
frustrações sem conta. Desnecessário alinhar, pela enésima vez, fatos
sobejamente conhecidos que contribuem para estimular, no espírito de parcelas
ponderáveis da população, a desagradável sensação de que a confusão anteposta
em nossa caminhada, nascida de tantos desacertos comportamentais arremeteu-nos
a um beco sem saída. É obvio que as saídas existem. Mas, agravando as coisas,
revestindo-as de cores sombrias, na contramão dos interesses nacionais, atuam
freneticamente manjados “pescadores de águas turvas”.
Adeptos
da tese do “quanto pior, melhor”, infiltram-se em justas manifestações de
inconformismo comunitário para acenar continuamente com “cenários
catastrofistas”. São cenários que não se amoldam, fácil perceber, à realidade
nacional. Fingindo desconhecer as verdadeiras potencialidades brasileiras,
subestimando as virtualidades, a vocação empreendedora, o poder criativo de
nossa gente, os “plantonistas do apocalipse”, uma minoria ruidosa, pregam abertamente
a adoção de fórmulas desvairadas à guisa de “solução” para as momentosas
questões que nos afligem. Compõem enredo irremediavelmente caótico de sabidos e
indesejáveis acontecimentos gerados à margem da vontade popular, como se para
os males detectados não existissem remédios. Tentam desacreditar as
instituições que nos regem. Chegam, até mesmo, esticando a limites
insuportáveis seus propósitos incendiários, a propor a ruptura do regime
democrático. Não se deixam sensibilizar pelas claras evidências de que graças a
essas mesmas instituições, afinadas com o genuíno sentimento da Nação, as
apurações de muitos episódios de corrupção se processam em escala satisfatória.
As decisões tomadas nas áreas legais revelam franca disposição de garantir não
sejam as irregularidades praticadas, ao contrário do que a história tantas
vezes registrou no passado, lançadas debaixo do tapete.
Desconfiar
desses “propagandistas do desalento” é aconselhável. Louis Pauwells gravou
frase antológica especialmente para eles: “Não se deve confiar nas pessoas que,
a propósito do mar só nos falam de enjoo.”
Mas
como estávamos dizendo lá no começo, alguns sinais vêm sendo dados do animador
esforço em que a Nação se vê empenhada no sentido de reaver valores e de
suplantar as dificuldades econômicas.
Vamos
nos ocupar desses alentadores sinais nas considerações abaixo.
Na própria faixa de atuação da Petrobras
extraímos constatações do que proclamamos. Os resultados superavitários no
primeiro trimestre (cinco bilhões e trezentos milhões de reais) nas operações
da empresa servem de prova. O financiamento do Banco da China, de três bilhões
e quinhentos milhões de dólares, é a maior operação de crédito na história
latino-americana. Seja recordado que tal aporte revela-se superior ao valor de
aquisição da Vale pelos grupos privados que assumiram o controle da segunda
maior empresa nacional, uma das maiores do mundo no setor de mineração, quando
de sua controvertida “desestatização”. E olhem que o valor aí pago (três
bilhões e trezentos milhões de dólares) foi celebrado em verso e prosa, como um
recorde absoluto em matéria de transferência de negócio. Tem mais: apesar dos
percalços, a estatal foi a empresa de energia que maior crescimento acusou, no
mundo, na produção de petróleo em 2014.
E já que falamos em investimentos
chineses, anotemos outra alvissareira informação. Esbanjando confiança nas
potencialidades brasileiras, governo e empresários da potência asiática
confessam-se propensos a aplicar 53 bilhões de dólares na economia brasileira,
principalmente em ferrovias e energia. 7 bilhões estão destinados a atividades
ligadas à Petrobras. Essa formidável injeção de recursos, que contempla até
mesmo a implantação de uma ferrovia transoceânica na direção do Pacífico,
passando pelo Peru, está sendo prevista como fruto da visita que o premiê Li
Keqiang, acompanhado de 200 empresários, faz ao Brasil neste instante.
Convenhamos, não faz o menor sentido conceber que uma parceria desse tamanho
possa vir a ser firmada com uma economia debilitada, aguardando a extrema unção
na “UTI”, como propalado na cantilena derrotista.
É preciso atentar para outros sinais
positivos. Os números recentes da balança de pagamentos se enfileiram entre
eles. O reconhecimento da “Social Progress Imperative”, ong norte-americana, de
que o Brasil ostenta presentemente o maior Índice de Progresso Social (IPS) no
bloco das economias emergentes, incluídas na relação China, Índia, Rússia e
África do Sul, é mais um registro digno de atenção. A informação de recente relatório
do Banco Mundial, assinalando que nosso país conseguiu “praticamente erradicar
a extrema pobreza e o fez mais rápido do que os países vizinhos, puxando para
cima o desempenho social da região como um todo”, é outro dado merecedor de
reflexão. E o que não dizer das conclusões do chamado “Relatório Mundial da
Felicidade”, divulgado semanas atrás nos Estados Unidos? Ao Brasil concedeu-se,
no ranking dos “países mais felizes”, honrosa 16ª colocação. Pontuação de
6,983, contra 7,587 atribuída à Suíça, primeira classificada. Acima do Brasil,
em “capital social”, colocam-se a Islândia, Dinamarca, Noruega, Canadá,
Finlândia, Países Baixos, Suécia, Nova Zelândia e Austrália. Atrás, com
pontuações mais baixas, derivadas de “estresse econômico, político e social”,
posicionam-se, entre outros países, Estados Unidos, China, Japão, França,
Alemanha, Rússia, Inglaterra, Bélgica, Espanha, Chile, Argentina.
A própria lucratividade do poderoso
sistema bancário, sem similar, vale de certa maneira como indicativo da força econômica
nacional. E nem sequer o arrefecimento nas vendas de veículos no primeiro
quadrimestre do ano pode ser visto de forma alarmista, como se alardeia. Não é
difícil arrolar elementos que se contrapõem à tese. Vamos lá: a produção de
veículos alcançou em 2014 a impressionante cifra de 3 milhões e 400 mil
unidades. Apenas três países ultrapassaram-nos: China, EUA e Japão. Oportuno
lembrar que o custo de carros no mercado interno, por conta de lucros
exagerados e não por causa de impostos, é o mais elevado do mundo. Em razão dos
preços, das ruas permanentemente congestionadas nas grandes e médias cidades, é
de se imaginar que, nalgum instante, possa ocorrer, como não? saturação nas
compras. De outra parte, se as atividades do setor se mostrassem mesmo inteiramente
desfavoráveis, sem boas perspectivas de negócios, como explicar a implantação,
num caso já ocorrida, em dois outros anunciada, de novas sofisticadas plantas
automobilísticas? Sinal sugestivo chega-nos também do criativo setor da
comunicação digital. Em crescente expansão, o sedutor segmento industrial,
comercial e de serviços já assegura-nos sexta posição no ranking mundial.
Isso aí.
*
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
Presidente da Academia Mineira de
Leonismo, membro fundador da Academia de Letras do Triangulo Mineiro e membro
da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais
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