CONVITE ESPECIAL PARA OS AMIGOS DO BLOG DO VANUCCI
Rumos democráticos
Cesar
Vanucci
“A democracia é, antes de
tudo, um estado de espírito.
Lá démocratie est d’abord
um état d’esprit.”
(Pierre
Mendès-France, político francês)
Só
pode ser ignorância ou má fé. Ou então – elevando a ênfase a volume máximo –
ambas as duas coisas juntas, umbilicalmente ligadas, irremediavelmente
entrelaçadas. Só pode ser.
Ver
e ouvir nas redes sociais, na televisão, em faixas e cartazes de rua, proposições
ruidosas defendendo um regime autoritário no lugar do regime democrático produz,
no espírito das camadas lúcidas e sensatas – afortunadamente para o Brasil,
esmagadora maioria – uma sufocante sensação de desconforto e mal-estar. O
disparate impatriótico dá suporte à convicção de que os autores de sugestões
tão escalafobéticas, pra dizer o mínimo, só podem estar sendo mesmo acionados, nas
delirantes vociferações, como já enunciado, por crassa ignorância ou
incomensurável má fé.
Ninguém
provido de bom senso está a fim, na hora atual, de dourar pílulas. De rechaçar
o óbvio ululante. Dá, sim, pra perceber com nitidez vincos de desencanto estampados
em muitos semblantes. Olhares de frustração e desconfiança e gestos de
inconformismo espedaçados no ar. Mesmo não desconhecendo e, até mesmo
lastimando os sinais de exacerbado sensacionalismo detectado no bombardeio
midiático centrado nas mazelas da corrupção sistêmica que de muito nos angustia,
a opinião pública tem externado desassossego com o que rola no panorama
nacional. Deplora as evidências de descontrole político de muitos, traduzido em
atos de imobilismo gerencial, paixões incendiárias, manobras partidárias
despojadas de grandeza, egos inflados à undécima potência. Considera de suma
relevância as investigações em andamento atinentes aos malfeitos registrados
nas searas política e administrativa. A opinião pública expressa, ainda, total
concordância quanto a aplicação de punição exemplar aos envolvidos em desvios
de recursos devidamente comprovados.
Se,
por um lado, esse o estado de espírito dominante (de maneira, aliás,
compreensível) em diferentes estamentos da sociedade, é fácil identificar, de
outra parte, grau elevado de confiança e, de certo modo, uma repousante atmosfera
de alívio comunitário diante da constatação de que as instituições democráticas
respondem satisfatoriamente às aspirações gerais, nesse capítulo das apurações de
irregularidades administrativas. Demonstram firmeza nunca dantes observada ao
enfocar denúncias vindas à tona sobre malversação de dinheiro público.
Trata-se
de procedimento altamente salutar para o país. Prova maturidade e sensibilidade
social. Projeta desejo forte de mudanças alicerçadas em utopia positiva, tecida
de emoção e regras.
O
que a Nação realmente deseja, nesta hora, é que na esteira das operações
desencadeadas pelos poderes competentes com o fito de deslindar, doa a quem
doer, situações promíscuas englobando agentes governamentais inidôneos e
empreendedores inescrupulosos despontem medidas eficazes com vistas a correção
de rumos. E que essas providências se revelem suficientes para extinguir a
instabilidade política, fortalecer e aprimorar o sistema republicano, reaver a
cadência do desenvolvimento econômico e social. Tudo isso sem crise
institucional, sem apelações grotescas à ruptura de preceitos constitucionais,
sem golpes rasteiros que possam tisnar a claridade solar da opção pela
democracia, presente - mercê de Deus - nas mentes e corações.
Um partido chamado Brasil
Cesar Vanucci
“Não temos saudade da voz única
das ditaduras!”
(Marcos Vinicius Furtado Coelho,
presidente da OAB)
A sociedade emite sinais bem
visíveis de fadiga com relação ao clima de instabilidade gerado pelas incendiarias
paixões e egos exacerbados que andam pintando no pedaço político.
Em “Carta à Nação”, a Ordem dos
Advogados do Brasil e as Confederações nacionais do patronato, secundadas por
outras respeitáveis instituições, deixam isso muito bem explicitado ao lançarem
um conjunto de propostas para a superação de uma crise que possui,
iniludivelmente, conotações de cunho mais político do que econômico.
“Independentemente de posições partidárias – acentua-se no texto – a Nação não
pode parar, nem ter sua população e seu setor produtivo penalizados por disputas ou dificuldades de
condução de um processo político que recoloque o país no caminho do
crescimento.” (...) “É preciso que as forças políticas, de diversos matizes,
trabalhem pela correção e rumos da Nação. É uma tarefa que se inicia pelo Executivo,
a quem cabe o maior papel nessa ação, mas exige o forte envolvimento do
Congresso, do Judiciário e de toda a sociedade.”
Marcos Vinicius Furtado Coelho,
presidente da OAB, mostrou-se bastante enfático ao reivindicar, em entrevista anunciando
o memorial, que as mudanças sejam processadas com “estrito respeito à
Constituição”. “Nem queremos ser longa manos
de governo e nem linha auxiliar de oposição”, assegurou, adicionando a
informação de que o impeachment de Dilma Rousseff, por alguns aventado, não
integra definitivamente a pauta do grupo. A defesa intransigente da
Constituição – ressaltou ainda – opõe os signatários do documento a qualquer
tentativa de ruptura do sistema democrático. “Não temos saudade da voz única das
ditaduras. Esse é um ponto que não abrimos mão”, arrematou.
No documento, é sugerido o
fortalecimento do Judiciário nas investigações de corrupção, com garantia de
segurança jurídica nos processos e a aplicação de regras claras que contribuam para
a desburocratização e investimentos na infraestrutura.
Outras manifestações públicas de
líderes empresariais influentes e mais o posicionamento do presidente do
Senado, até certo ponto surpreendente em razão de seu controvertido
protagonismo no xadrez político, revelam que são numerosos os setores engajados
na tarefa de amainar ânimos
exageradamente exaltados e em pontilhar um roteiro de ações propositivas de
interesse nacional.
O empresário Paulo Cunha, do
Grupo Ultra, revela-se alinhado com os conceitos emitidos por Luiz Carlos
Trabuco, quando o presidente do Bradesco conclama as pessoas a gestos de
grandeza que separem “o ego pessoal daquilo que é o melhor para o País”.
Cunha confessa-se radicalmente
contrário à ideia do impedimento da Chefe do Governo, reconhecendo a
inexistência de razões para medida tão extrema, vaticinando que “isso cindiria
o País ao meio”.
“Nosso partido é o Brasil!”. Proclama
a “Carta da Indústria” divulgada pela Federação das Indústrias de Minas Gerais
(Fiemg) e seus 137 sindicatos associados, posicionando-se “em defesa de
princípios e valores capazes de reconduzir o Brasil aos caminhos do
desenvolvimento sustentável e da estabilidade”. A manifestação da indústria considera
indispensável que “as soluções passem pela independência e harmonia dos
Poderes, pela cooperação entre eles (...), pelo respeito ao Estado de direito,
às instituições, à democracia e à Constituição.”
A “Agenda Brasil”, assim batizada
pelo Senador Renan Calheiros, presidente do Senado, contempla, a seu turno, um
conjunto de propostas relevantes para o debate nacional em torno das diretrizes
a seguir. É considerada outra oportuna contribuição ao desanuviamento das
tensões.
As propostas expõem a necessidade
da retomada de obras de infraestrutura, contemplam a questão fiscal de modo a
que se possa fomentar receitas a curto prazo, como a criação de um modelo
seguro visando a repatriação de capitais e a criação de regras estáveis para a
retomada das concessões, além de muitos outros itens reconhecidos como
estratégicos dentro de um esquema desenvolvimentista.
De tudo quanto posto emerge a
cristalina e reconfortante certeza de que as forças vivas da Nação não
esmorecem na crença nas potencialidades brasileiras para se sobreporem com
êxito a qualquer crise, não importa o tamanho. O Brasil, como dito acima, é o
partido preferido de todos nós.
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