Por falar em salários acima do teto...
Cesar Vanucci
“Dos megassalários ninguém fala bulhufas nas
reuniões referentes aos cortes dos gastos públicos.”
(Domingos Justino Pinto, professor)
São
milhares. Várias dezenas de milhares. Nem os órgãos de fiscalização, nem o
chamado “jornalismo investigativo” (tão
ciosos de suas prerrogativas, por vezes discutíveis) mostram-se, um tiquinho
que seja, encorajados em promover um levantamento minucioso, completo, das
práticas irregulares acumuladas ao longo dos anos concernentes aos agentes
públicos detentores de remuneração muito acima do teto legal fixado pelos
Poderes da República.
Eles
compõem a “elite” dos servidores no Judiciário, Legislativo e Executivo da
União, Estados e (alguns) municípios. O acesso transparente às informações
sobre vencimentos exorbitantes esbarra em obstáculos burocráticos sem conta, de
modo a ocultar as aberrações contidas nas folhas de pagamento. Tais privilégios
são defendidos por muitos com unhas e dentes afiados. Invoca-se comumente o
argumento questionável de que se trata de “direito insofismável”, o que dá vaza
à ideia equivocada sustentada por setores interessados de que os megassalários
(e põe mega nisso) são, na realidade, “intocáveis”.
Salta
aos olhos, no entanto, que o esquema em questão, pelas suas avantajadas
proporções e elevado montante de recursos públicos englobados, clama de há
muito por reavaliações e revisões urgentes.
Mas, acontece do pessoal com atribuições gerenciais bem definidas no
contexto das responsabilidades administrativas e fiscais não se dispor, hora
alguma, a promover os estudos aprofundados reclamados pelo assunto de modo a
resolvê-lo. Encaram a questão como tabu, como indescascável “batata quente”.
Deixar tudo como está pra ver como é que fica, sem meter a “mão na cumbuca”,
torna a situação de um surrealismo sem par. Pela “Lei da Transparência” as
informações sobre megassalários não poderiam ser jamais sonegadas ao
conhecimento público. A sonegação acontece, todavia, de forma clamorosa. As
autoridades competentes desviam o olhar do severo semblante da realidade.
O
exército de beneficiários desse incômodo sistema corresponde, em número de
integrantes, a grosso modo ao número de habitantes de uma cidade de porte
médio. A renda “per capita” por eles auferida atingiria, por hipótese, valores
consideravelmente superiores à renda dos moradores de uma cidade com população
idêntica localizada, digamos, nas paragens escandinavas.
Cabe
ainda assinalar que, em instante algum nos estudos ora processados pelos
dirigentes governamentais e pelas lideranças políticas, acerca dos cortes
apontados como indispensáveis nos gastos públicos visando o equilíbrio
orçamentário, ouviu-se qualquer leve murmúrio, à guisa de mera sugestão, quanto
a restrições nessa faixa opulenta dos salários situados bem acima do teto
legal. A recusa de enfrentamento dos fatos como são, em debater exaustivamente
a momentosa questão, como o bom senso recomenda, apontando definições
consentâneas com o interesse superior da coletividade, é mais um registro da
ineficiência gerencial detectada não é de hoje na vida brasileira. Ora, veja,
pois!
Realismo
Fantástico
Cesar Vanucci
“... uma obra que garimpa da
memória, do outrora,
do presente, histórias e
registros da grande aventura humana.”
(Ana
Elizabeth Diniz, jornalista)
O Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Minas Gerais foi o palco escolhido pela “Impressões de Minas –
Produção Editorial” para o lançamento do mais recente livro deste desajeitado
escriba. Incontável número de amigos e conhecidos, compondo plateia de alta
representatividade intelectual, prestigiou a noitada de autógrafos no último
dia 17 de setembro, quinta-feira.
Senti-me deveras recompensado
com as cativantes demonstrações de simpatia do público leitor que me honrou com
sua participação no ato. Experimentei, por instantes, aquela deleitosa sensação
retratada pelo poeta João Cabral de Melo Neto quando anota que “escrever é
situar-se no extremo de si mesmo.”
“Realismo Fantástico”, o nome
do livro, classificado de “instigante” no prefácio da brilhante jornalista Ana
Elizabeth Diniz. Sendo pobre, mas não orgulhoso, não vacilo um tiquinho que
seja em reproduzir trecho dos generosos conceitos por ela emitidos: “Há pessoas
que passam pela vida perscrutando o insondável, o inusitado, o inominável, o
indizível. Vanucci é desses seres que transita com desenvoltura por dimensões
paralelas, por frestas existenciais e nos faz ansiar por mais. Por isso esse
livro é instigante.”
Quero lembrar que a expressão
“Realismo Fantástico” foi cunhada e popularizada por “dois contemporâneos do
futuro”. Intérpretes altamente qualificados da fascinante, posto que conturbada,
aventura humana, Louis Pauwells e Jacques Bergier, com o seu “O despertar dos mágicos”, revelando voraz
sede de curiosidade e poética capacidade narrativa, ensinam-nos que o
fantástico não pode ser simplesmente
definido como uma violação das leis naturais, mas sim como uma manifestação
dessas leis, mesmo que elas se vejam salpicadas de enigmáticas cintilações
mágicas. Isso remete a um conceito mimoso de Paul Valèry, quando sublinha que, “no
conhecimento moderno, o maravilhoso e o positivo contraíram espantosa aliança.”
Tomamos da expressão bolada
por Bergier e Pauwells para dar título ao singelo livro lançado. Nele estão
enfeixados setenta e seis comentários estampados em periódicos há décadas
frequentados por nossas colaborações. O “Diário do Comércio”, de Belo
Horizonte, em destaque entre eles.
Trata-se de escritos
alinhados com aquilo que imaginamos possa ser rotulado de “temática
transcendente”. Ou seja, um encadeamento solto de ideias sobre coisas
invulgares, fenômenos insólitos e desconcertantes que emergem de territórios do
conhecimento ainda por serem desbravados pela inteligência, percepção e
curiosidade.
Por quase uma década, no
extinto CBH, de Belo Horizonte, mantive um programa de televisão com esse
título. Apresentado semanalmente, o programa permitiu ousados exercícios de
imaginação na busca de informações a respeito do sentido oculto da infinidade
de questões propostas pelos caprichos da vida como charadas a serem decifradas.
Algumas das situações abordadas na televisão foram transpostas para o livro.
Outras mais ficarão aguardando publicação vindoura, já antevista nas quiméricas
pretensões do autor.
Acerca da expressão “Realismo
Fantástico” é interessante frisar ser ela também utilizada por corrente da
ficção literária integrada por alguns dos maiores mestres mundiais da arte de
contar histórias: Gabriel Garcia Marques, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Jorge
Luiz Borges, entre outros. Quem conhece as obras primas intituladas “Cem anos
de solidão”, “Dona flor e seus dois maridos”, “Incidente em Antares” e “O
Aleph” sabe muito bem do que se está falando. Cabe, a propósito de tudo isso,
ressaltar também que, a páginas tantas do livro, é reproduzida empolgante
confissão do genial Guimarães Rosa. Registrada numa crônica de jornal com mais de meio
século, o escritor fala de seu entranhado envolvimento com fenômenos ligados à
percepção extra-sensorial. Do inusitado texto ressaltam evidências de que a
obra do autor de “Grande Sertão Veredas” foi marcada, desde sempre, por
intuições e impulsos mágicos, de nítida configuração parapsicológica,
inexplicáveis à luz do conhecimento convencional.
E, por último: para quem
possa, eventualmente, interessar-se pelo livro deixo a seguir anotados os dados
da editora. “Impressões de Minas”, telefone (31)34922383 e site www.impressoesdeminas.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário