Patrimônio inalienável da Nação
Cesar
Vanucci
“A
Petrobras, bem como a Amazônia, está
permanentemente
na mira da cobiça internacional.”
(Antônio Luiz da Costa, professor)
Nossa
brasileiríssima Petrobras, maior empresa da América Latina, continua amargando
seu “momento Geni”. Forçoso reconhecer: andaram fazendo por ela para que
merecesse. Gestores ineptos falharam na tarefa de conter as bandalheiras
praticadas pela quadrilha especializada em assaltos aos cofres públicos que se
apoderou de algumas instâncias decisórias da empresa.
Enquanto
as investigações avançam, escancarando as “proezas” dos meliantes do “colarinho
branco” – figuras do mundo politico e empresarial até indoutrodia consideradas
por muita gente “acima de qualquer suspeita” -, a Estatal é alvo, dentro e fora
do país, de bombardeio midiático implacável. Como geralmente ocorre em
bombardeios maciços, a saraivada de criticas produz danos em áreas e setores
que, também, fazem jus a medidas de proteção. Por respeitáveis razões. Por ser
o que é no cenário nacional, por incontáveis feitos acumulados em trajetória
histórica cintilante, que se não lhe podem ser retirados assim sem mais nem
menos, a Petrobras tem que ficar resguardada, está claro, dos chamados
“predadores internos”. Coisa que, aliás, as autoridades competentes estão se
esmerando em fazer com as ações judiciais em curso, indicativas da vitalidade
institucional brasileira.
Mas a
proteção a ser-lhe assegurada não pode se esgotar nessas relevantes decisões. Salta
aos olhos a necessidade de medidas de alcance mais amplo. A Petrobras é um
patrimônio inalienável da Nação. Responde por parcela ponderável do esforço
coletivo brasileiro concentrado nas conquistas do desenvolvimento econômico
social. Figura, por esse motivo, não é de hoje, na alça de mira da cobiça internacional.
Parte das críticas e condenações públicas que lhe são feitas é de ostensiva
inspiração antinacional. A forte queda nas ações da empresa, bem como certos
anúncios espalhafatosos em torno de supostas reações internacionais a respeito
das irregularidades praticadas – repita-se, enfrentadas com impecável
severidade republicana – escondem, no duro da batatolina, como era costume
dizer-se em tempos de antanho, contundentes ataques especulativos. Tais ataques
podem ser debitados a setores empenhados na vulnerabilização sempre crescente
da empresa. Os intuitos dessa gente agridem frontalmente o interesse nacional.
São fartos
e convincentes os indicadores disponíveis sobre o invejável potencial econômico
da empresa. Antes de mencionar alguns deles rogaríamos um tiquinho da atenção
dos que acompanham estas singelas considerações para um registro sintomático.
Em 2008, empresas poderosas dos Estados Unidos viram-se, de repente, flagradas
numa maracutaia sem equivalência na história contemporânea. A tal “bolha
imobiliária” que desencadeou reações catastróficas. As autoridades americanas,
como fizeram as autoridades brasileiras no tocante à Petrobras, promoveram as
intervenções reclamadas pelas circunstâncias. As empresas se recompuseram. Não
se sabe dizer com exatidão se houve por lá (como aqui) punições adequadas aos
executivos envolvidos nas negociatas. Mas é certo que, dentro e fora dos
Estados Unidos, ninguém dá notícia de haver sido estruturado qualquer esquema
voltado pra ideia autofágica de enfraquecer as empresas colocadas no epicentro
do escândalo, em longínqua tentativa de submetê-las, mais adiante, ao controle
de gestões externas.
Feita esta
sugestiva observação passemos aos dados comprobatórios da pujança da nossa
Petrobras. Em agosto, a produção de petróleo no Brasil atingiu novo recorde e
uma marca histórica relativa à exploração em águas profundas. O “campo Lula” do
pre-sal tornou-se o principal núcleo produtor, desbancando o “campo Roncador”,
na bacia de Campos. A produção global de petróleo elevou-se à marca recorde de
2.547 milhões de barris/dia, alta de 9.5% em relação a agosto de 2014. Também a
produção de gás natural atingiu marca recordista.
Vale
recordar que o Brasil chegou à extração de 800 mil barris/dia, depois de 40
anos. Na bacia de Campos, esse mesmo volume de produção foi alcançado em 24
anos, com 423 poços. Já na era do (cobiçadíssimo) pre-sal bastaram apenas 39
poços para se chegar ao mesmo número. Inevitável a comparação: empresas
americanas, no Golfo do México, levaram 20 anos para gerar 500 mil barris/dia.
Os números
dessa impressionante expansão colocam em foco algo de suprema importância. A
Petrobras, senhores e senhoras, continua ostentando posição vanguardeira na
produção petrolífera mundial. O pre-sal, em águas territoriais brasileiras, é
visto por entendidos como a maior descoberta da indústria no hemisfério
ocidental nestes últimos anos. Tudo quanto dito inspira uma perguntinha que,
talvez, possa soar incômoda nalguns ouvidos sensíveis: por que cargas d’água
tal informação é esnobada na grande mídia?
Esses fantásticos para-atletas
Cesar
Vanucci
“Conseguem
fazer mais com menos.”
(Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico
Brasileiro)
A opinião
pública brasileira acompanha com visível simpatia e um certo fascínio o
desempenho dos atletas paraolímpicos brasileiros. Identifica em seus
semblantes, atitudes e palavras, na resoluta disposição com que se atiram nos
preparativos e nas competições, as melhores virtudes da gente brasileira.
Adversidade alguma abala o entusiasmo das equipes. O sucesso por elas
alcançado, bem analisadas as coisas, é superior em muito ao dos atletas
tradicionais. É só por tento nas posições conquistadas, por uns e por outros,
nos últimos tempos.
No último
Parapan-Americano, os brasileiros subiram mais vezes ao pódio, nas diversas
modalidades esportivas disputadas, do que seus oponentes dos Estados Unidos e
Canadá, duas potências esportivas. O primeiro lugar nos Jogos foi conquistado
pela segunda vez. As medalhas de ouro acumuladas, neste e nos dois Parapans
anteriores, somaram praticamente o dobro das alcançadas pelos nossos
representantes nos três últimos Jogos Pan-Americanos. No de Toronto, como se
recorda, o Brasil pegou o 3º lugar na classificação geral.
Na
“IstoÉ”, o repórter Raul Montenegro alinha interessantes considerações a
respeito dos feitos dos atletas paraolímpicos. Começa por explicar que, nada
obstante a diferença de rendimento, o segmento recebe proporcionalmente bem
menos incentivos financeiros do que o atletismo tradicional. Andrew Parsons,
presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), sublinha que os para-atletas
“conseguem fazer mais com menos”. Destaca também o fato de que os Estados
Unidos e o Canadá canalizam, só para os Jogos Paralímpicos, valores maiores do
que os liberados para o financiamento global, desde a base até a ponta, dos
esportistas brasileiros com necessidades especiais. Mesmo assim, apesar dos
investimentos e das estruturas serem inferiores aos dos outros países, o
trabalho executado no Brasil tem garantido números excepcionais. A introdução
das atividades paralímpicas no sistema escolar, como conceito de inclusão
social, vem permitindo planejamento de longo prazo. Essa circunstância,
acrescida de um esquema de aprimoramento na formação de técnicos, tem rendido
auspiciosos frutos. Contamos hoje com uma plêiade de atletas talentosos, como é
o caso, para ficar na citação de apenas dois nomes, de André Brasil e Daniel
Dias, considerados grandes estrelas da natação mundial. Paulo Brancatti,
professor da Unesp (Universidade Júlio de Mesquita Filho, de São Paulo) resume
nas frases abaixo o desempenho das equipes vitoriosas do Paraolímpico
Brasileiro: “Os atletas assumem o esporte com mais vontade, determinação e
garra. Para muitos é a oportunidade de inserção na vida social.”
Nesta hora
em que, em tantas faixas de atuação da vida nacional, avistamos algumas reações
de pessimismo e de desalento, é altamente saudável e encorajador perceber nesse
time valoroso de compatriotas, nossos para-atletas, empenho incomum em
proclamar as virtualidades da brava gente brasileira. Em projetar sua crença no
futuro do país.
Na
Paraolimpíada do ano que vem, no Rio de Janeiro, podemos apostar, com firmeza,
que eles estarão, novamente, enchendo de alegria e emoção positiva os corações
de todos nós.
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