quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Patrimônio inalienável da Nação


Cesar Vanucci

“A Petrobras, bem como a Amazônia, está
permanentemente na mira da cobiça internacional.”
(Antônio Luiz da Costa, professor)


Nossa brasileiríssima Petrobras, maior empresa da América Latina, continua amargando seu “momento Geni”. Forçoso reconhecer: andaram fazendo por ela para que merecesse. Gestores ineptos falharam na tarefa de conter as bandalheiras praticadas pela quadrilha especializada em assaltos aos cofres públicos que se apoderou de algumas instâncias decisórias da empresa.

Enquanto as investigações avançam, escancarando as “proezas” dos meliantes do “colarinho branco” – figuras do mundo politico e empresarial até indoutrodia consideradas por muita gente “acima de qualquer suspeita” -, a Estatal é alvo, dentro e fora do país, de bombardeio midiático implacável. Como geralmente ocorre em bombardeios maciços, a saraivada de criticas produz danos em áreas e setores que, também, fazem jus a medidas de proteção. Por respeitáveis razões. Por ser o que é no cenário nacional, por incontáveis feitos acumulados em trajetória histórica cintilante, que se não lhe podem ser retirados assim sem mais nem menos, a Petrobras tem que ficar resguardada, está claro, dos chamados “predadores internos”. Coisa que, aliás, as autoridades competentes estão se esmerando em fazer com as ações judiciais em curso, indicativas da vitalidade institucional brasileira.

Mas a proteção a ser-lhe assegurada não pode se esgotar nessas relevantes decisões. Salta aos olhos a necessidade de medidas de alcance mais amplo. A Petrobras é um patrimônio inalienável da Nação. Responde por parcela ponderável do esforço coletivo brasileiro concentrado nas conquistas do desenvolvimento econômico social. Figura, por esse motivo, não é de hoje, na alça de mira da cobiça internacional. Parte das críticas e condenações públicas que lhe são feitas é de ostensiva inspiração antinacional. A forte queda nas ações da empresa, bem como certos anúncios espalhafatosos em torno de supostas reações internacionais a respeito das irregularidades praticadas – repita-se, enfrentadas com impecável severidade republicana – escondem, no duro da batatolina, como era costume dizer-se em tempos de antanho, contundentes ataques especulativos. Tais ataques podem ser debitados a setores empenhados na vulnerabilização sempre crescente da empresa. Os intuitos dessa gente agridem frontalmente o interesse nacional.

São fartos e convincentes os indicadores disponíveis sobre o invejável potencial econômico da empresa. Antes de mencionar alguns deles rogaríamos um tiquinho da atenção dos que acompanham estas singelas considerações para um registro sintomático. Em 2008, empresas poderosas dos Estados Unidos viram-se, de repente, flagradas numa maracutaia sem equivalência na história contemporânea. A tal “bolha imobiliária” que desencadeou reações catastróficas. As autoridades americanas, como fizeram as autoridades brasileiras no tocante à Petrobras, promoveram as intervenções reclamadas pelas circunstâncias. As empresas se recompuseram. Não se sabe dizer com exatidão se houve por lá (como aqui) punições adequadas aos executivos envolvidos nas negociatas. Mas é certo que, dentro e fora dos Estados Unidos, ninguém dá notícia de haver sido estruturado qualquer esquema voltado pra ideia autofágica de enfraquecer as empresas colocadas no epicentro do escândalo, em longínqua tentativa de submetê-las, mais adiante, ao controle de gestões externas.

Feita esta sugestiva observação passemos aos dados comprobatórios da pujança da nossa Petrobras. Em agosto, a produção de petróleo no Brasil atingiu novo recorde e uma marca histórica relativa à exploração em águas profundas. O “campo Lula” do pre-sal tornou-se o principal núcleo produtor, desbancando o “campo Roncador”, na bacia de Campos. A produção global de petróleo elevou-se à marca recorde de 2.547 milhões de barris/dia, alta de 9.5% em relação a agosto de 2014. Também a produção de gás natural atingiu marca recordista.

Vale recordar que o Brasil chegou à extração de 800 mil barris/dia, depois de 40 anos. Na bacia de Campos, esse mesmo volume de produção foi alcançado em 24 anos, com 423 poços. Já na era do (cobiçadíssimo) pre-sal bastaram apenas 39 poços para se chegar ao mesmo número. Inevitável a comparação: empresas americanas, no Golfo do México, levaram 20 anos para gerar 500 mil barris/dia.

Os números dessa impressionante expansão colocam em foco algo de suprema importância. A Petrobras, senhores e senhoras, continua ostentando posição vanguardeira na produção petrolífera mundial. O pre-sal, em águas territoriais brasileiras, é visto por entendidos como a maior descoberta da indústria no hemisfério ocidental nestes últimos anos. Tudo quanto dito inspira uma perguntinha que, talvez, possa soar incômoda nalguns ouvidos sensíveis: por que cargas d’água tal informação é esnobada na grande mídia?


Esses fantásticos para-atletas


Cesar Vanucci

“Conseguem fazer mais com menos.”
(Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro)


A opinião pública brasileira acompanha com visível simpatia e um certo fascínio o desempenho dos atletas paraolímpicos brasileiros. Identifica em seus semblantes, atitudes e palavras, na resoluta disposição com que se atiram nos preparativos e nas competições, as melhores virtudes da gente brasileira. Adversidade alguma abala o entusiasmo das equipes. O sucesso por elas alcançado, bem analisadas as coisas, é superior em muito ao dos atletas tradicionais. É só por tento nas posições conquistadas, por uns e por outros, nos últimos tempos.

No último Parapan-Americano, os brasileiros subiram mais vezes ao pódio, nas diversas modalidades esportivas disputadas, do que seus oponentes dos Estados Unidos e Canadá, duas potências esportivas. O primeiro lugar nos Jogos foi conquistado pela segunda vez. As medalhas de ouro acumuladas, neste e nos dois Parapans anteriores, somaram praticamente o dobro das alcançadas pelos nossos representantes nos três últimos Jogos Pan-Americanos. No de Toronto, como se recorda, o Brasil pegou o 3º lugar na classificação geral.

Na “IstoÉ”, o repórter Raul Montenegro alinha interessantes considerações a respeito dos feitos dos atletas paraolímpicos. Começa por explicar que, nada obstante a diferença de rendimento, o segmento recebe proporcionalmente bem menos incentivos financeiros do que o atletismo tradicional. Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), sublinha que os para-atletas “conseguem fazer mais com menos”. Destaca também o fato de que os Estados Unidos e o Canadá canalizam, só para os Jogos Paralímpicos, valores maiores do que os liberados para o financiamento global, desde a base até a ponta, dos esportistas brasileiros com necessidades especiais. Mesmo assim, apesar dos investimentos e das estruturas serem inferiores aos dos outros países, o trabalho executado no Brasil tem garantido números excepcionais. A introdução das atividades paralímpicas no sistema escolar, como conceito de inclusão social, vem permitindo planejamento de longo prazo. Essa circunstância, acrescida de um esquema de aprimoramento na formação de técnicos, tem rendido auspiciosos frutos. Contamos hoje com uma plêiade de atletas talentosos, como é o caso, para ficar na citação de apenas dois nomes, de André Brasil e Daniel Dias, considerados grandes estrelas da natação mundial. Paulo Brancatti, professor da Unesp (Universidade Júlio de Mesquita Filho, de São Paulo) resume nas frases abaixo o desempenho das equipes vitoriosas do Paraolímpico Brasileiro: “Os atletas assumem o esporte com mais vontade, determinação e garra. Para muitos é a oportunidade de inserção na vida social.”

Nesta hora em que, em tantas faixas de atuação da vida nacional, avistamos algumas reações de pessimismo e de desalento, é altamente saudável e encorajador perceber nesse time valoroso de compatriotas, nossos para-atletas, empenho incomum em proclamar as virtualidades da brava gente brasileira. Em projetar sua crença no futuro do país.

Na Paraolimpíada do ano que vem, no Rio de Janeiro, podemos apostar, com firmeza, que eles estarão, novamente, enchendo de alegria e emoção positiva os corações de todos nós.



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