Uma
pesquisa surpreendente
Cesar
Vanucci
“Os entrevistados foram ouvidos em um
ambiente de opinião desfavorável a Lula.”
(Marcos
Coimbra, diretor da “Vox Populi”)
Recente
pesquisa de opinião promovida pelo Instituto “Vox Populi” trouxe dupla surpresa.
A primeira surpresa correu por conta do silêncio quase unânime, em relação aos
dados anunciados, observado por parte dos grandes veículos nacionais de
comunicação, sabidamente fissurados em divulgações desse gênero. A unanimidade
só não ocorreu em função de matéria a respeito do assunto estampada nas páginas
da revista “CartaCapital”.
O
outro motivo de surpresa decorreu dos próprios números apontados na pesquisa.
Abstemo-nos de comentá-los, deixando para o leitor a análise das informações
apuradas. Segundo a “Vox Populi”, entre 11 e 15 de dezembro passado, 2 mil eleitores foram entrevistados em todo país.
Seguindo formato padrão tradicionalmente utilizado pelos institutos de
pesquisas, o levantamento abrangeu um conjunto de perguntas com o fito de
estabelecer comparação de desempenho governamental entre los ex-Presidentes da
República Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, em diferentes
áreas de atuação. As pessoas consultadas apontaram qual deles se saiu melhor em
cada uma das situações propostas. Deu Lula na cabeça em praticamente todos os
itens. As diferenças percentuais foram sempre altas. Nos temas sociais,
bastante altas.
Vale
a pena tomar conhecimento dos índices registrados. O único tópico do confronto
que se mostrou desfavorável ao líder petista foi aquele em que se formulou
indagação sobre em qual administração “houve maior volume de corrupção”. Estas
as respostas dadas: 47% quanto ao Governo Lula. 18% quanto ao Governo FHC e 15%
quanto “aos dois governos, igualmente”. No tocante aos demais quesitos, os
índices comparativos foram os que se seguem: a) Quem gerou mais empregos? -
Lula 65%, FHC 19%; b) Quem investiu mais em educação? - Lula 60%, FHC 18%; c)
Quem teve maior preocupação com os pobres? - Lula 74%, FHC 9%; d) Quem investiu
mais em saúde? - Lula 46%, FHC 18%; e) Quem controlou melhor a inflação? - Lula
52%, FHC 28%; f) Quem mais concorreu para melhorar a imagem do Brasil no
exterior? - Lula 55%, FHC 20%; g) Quem mais estimulou o crescimento econômico?
- Lula 55%, FHC 21%; h) Quem investiu mais em segurança pública? - Lula 37%,
FHC 17%; i) Quem mais combateu a corrupção? - Lula 32%, FHC 18%. É interessante
frisar, no que concerne ao último item anotado, que esta foi a única parte da
consulta onde a resposta correspondente a “nenhum dos dois”, com 38%,
revelou-se superior aos índices atribuídos a cada ex-Chefe de Governo.
Marcos
Coimbra, diretor da “Vox Populi”, destaca aspecto relevante da pesquisa: a
circunstância especial do momento em que a mesma se realizou. “Ninguém ignora – sublinha – o
que se passou em 2015 e a intensidade da campanha (...) contra o Governo Dilma
Rousseff e o PT. (...) Os entrevistados foram ouvidos, portanto, em um ambiente
de opinião desfavorável a Lula”.
A
charge, o filme, o candidato
Cesar
Vanucci
“Vivemos no tempo mais esquisito de
todos os tempos!”
(Duke,
chargista)
Em
charge magistral, o talentoso Duke conta em “O Tempo” uma história bem típica
da alucinatória incongruência econômica e social desses tempos amalucados. No
primeiro rabisco, o aparelho de televisão informa ao telespectador refestelado
na poltrona: “Estamos na maior crise de todos os tempos!” Na cena retratada no
quadrinho seguinte, a notícia passada ao telespectador é esta aqui: “Bancos
registram os maiores lucros de todos os tempos!” No derradeiro registro, com o
olhar perplexo fixado na telinha, o telespectador sapeca: “Vivemos no tempo
mais esquisito de todos os tempos!”
Uma
charge apenas. Vale por uma grosa de comentários a respeito dessa tremenda
distorção do comportamento social que privilegia o lucro descomedido na escala
dos valores proporcionados pelo labor humano.
E já que se está a falar de ganhos himalaianos, queira o distinto leitor
aí, por favor, anotar: as taxas dos cartões de crédito já andam pelas altitudes
irrespiráveis dos 410.97%, o cheque especial já chegou a 248.34% e o “spread”
bancário a 87%, em decorrência, ao que se alega, do aumento da taxa básica
Selic de 2%. Dá procês?
Filme
3D. Falaram tanto desta fita! Disseram coisas e loisas do desempenho do
Leonardo DiCaprio, da direção de Alejandro Inãriptú, da narrativa empolgante
recheada de tiradas inovadoras e efeitos especiais inigualáveis etecetera e
tal! Tão persuasivo trabalho marqueteiro incentivou-me a trocar no final de
semana a programação de filmes exibidos na tv pela fila de uma sessão noturna
em sala de projeção do shopping.
Aqui
pra nós, esse “oba oba” em torno de “O Regresso”, no modesto parecer deste
desajeitado escriba, guarda desproporção com a ideia de uma obra de qualidade superior
vendida na propaganda do filme. Tendo em
vista as 12 indicações para o “Oscar”, é provável que o celuloide arrebate
estatuetas na grande festa hollywoodesca. Mas nem por isso ele faz jus à
classificação de “fora de série” .
Essa
superprodução ambientada em florestas da América do Norte foi rodada em
paisagem invernal deslumbrante com temperaturas abaixo de zero. Dos desempenhos
pode-se dizer que são marcantes. Das tomadas de cena pode-se dizer que são
criativas. Até aí tudo bem. O espectador atento não consegue, entretanto, libertar-se
da sensação de que DiCaprio, encarnando o personagem central responsável por
inacreditáveis proezas, recebeu instruções para se comportar, na trepidante
aventura encenada, como um êmulo de James Bond misturado com Capitão Marvel. Os
grandes e inesquecíveis espetáculos de cinema costumam tatuar na lembrança uma
marca de “quero mais”. Nasce aí aquele prazer especial que sempre se sente ao
revê-los. “O Regresso” não tem como entrar numa lista do gênero. Encurtando
razões: trata-se de filme mediano com 3D: desinteressante, desagradável,
desnecessário.
O
candidato a candidato. Esse Donald Trump, magnata estadunidense com pretensões
presidenciais, que ora disputa a preferência dos republicanos nas eleições
primárias em curso, vou te contar... Congregando apoios em setores que se
primam pelo radicalismo mais exacerbado, o homem defende propostas aterrorizantes.
Revela-se impecável versão talebã ocidental. Pra se ter uma ideia do que anda
ruminando nas andanças pré-eleitorais, vejam só algumas de suas propostas. Se eleito, expulsará imigrantes, coibirá o
culto muçulmano, construirá muro igual ao de Berlim dos tempos da “guerra fria”
separando os Estados Unidos do México. Não bastasse tudo isso, declara-se
totalmente de acordo com o emprego de tortura em moldes medievais para arrancar
confissões. Deus salve a América e o mundo!
Torcer
pra não ser verdade...
Cesar
Vanucci
“Prestarão imenso desserviço ao Brasil
os indivíduos que se atreverem a propagar que carecemos de condições favoráveis
para acolher os atletas e turistas atraídos pelas Olimpíadas.”
(Antônio
Luiz da Costa, professor)
Torço
ardorosamente para que não seja verdade. Roço os limites máximos da boa
vontade, compreensão e tolerância ao admitir que tudo não passa mesmo de
lamentável mal-entendido. Puro e simples equívoco. Essa estranha e
desagradabilíssima sensação percebida por tanta gente com relação a que estaria
ocorrendo empenhado esforço dos incorrigíveis “plantonistas do pessimismo”,
encastelados na grande mídia, no sentido de desacreditar, nas vésperas do magno
evento esportivo, a capacidade do Brasil para promover os Jogos Olímpicos deve
representar, tão somente e apenasmente, uma incorreta leitura dos fatos.
Isso
mesmo! Só pode ser “exagero de imaginação” supor que existam por aí indivíduos
mal intencionados à frente de uma central de boatos concentrada no nefasto
propósito de espalhar que o nosso país esteja incapacitado a acolher os atletas
e turistas das Olimpíadas por causa de mortíferos mosquitos...
Os
temores de que esse procedimento perverso esteja sendo realmente mostrado, dito
e lido na hora presente talvez possa ser explicado como eco distante daquilo
que aconteceu em 2014, por ocasião da Copa, quando o negativismo midiático
atingiu as raias do paroxismo, projetando um tipo de manifestação conhecido como
“complexo vira-lata”. Algo que, seja enfatizado, não tem a ver nadica de nada com o verdadeiro
sentimento nacional. Seja também relembrado que aquele evento, noves fora o
desempenho ridículo do escrete tremedeira do Felipão, notabilizou-se por retumbante sucesso. Revelou-se incomparável em
termos de organização, tomadas como referência todas as competições do gênero
anteriormente ocorridas.
Proclamava-se,
antes dos jogos, a torto e a direito, que os hotéis, os aeroportos, a rede de
serviços de entretenimento e lazer eram totalmente desaparelhadas para dar
respostas minimamente satisfatórias às exigências das levas turísticas
aguardadas. Mas tudo, tudo mesmo, desmentindo maus agouros, funcionou a pleno
contento. No tocante à segurança, colocada em xeque o tempo todo em antecipadas
críticas maldosas, ela se revelou eficiente de tal forma que conseguiu a proeza
de desbaratar um esquema fraudulento de muitos anos na venda de ingressos. O
esquema estava nucleado nos bastidores da própria FIFA e funcionou impunemente
em todos os campeonatos mundiais precedentes patrocinados pela entidade.
Resumindo
a ópera: o Brasil aborrece a versão pessimista da vida. A opinião pública
recusa espaço para quem, negando ou desconhecendo as virtualidades da brava
gente brasileira, incida na imprudência de propalar a ideia falsa de que não
reunimos condições para promover empreendimentos de dimensão universal. Falar
verdade, com pedido de desculpas pela gabação, não há quem possa nos superar
nesse mistér. Isso aí, gente boa!