O Papa e o
magnata talebã
Cesar Vanucci
“Apenas digo: esse homem não é
cristão!”
(Papa
Francisco referindo-se a Donald Trump,
pré-candidato à Presidência dos Estados
Unidos)
“Uma pessoa que pensa apenas em
construir muros, seja onde for, e não construir pontes, não é cristã.” A
manifestação do Papa Francisco teve endereço certo. Contemplou Donald Trump,
mas serve também para outros próceres mundiais, como não? Benjamim Netanyahu,
do Israel, sem dúvida alguma entre eles, já que responsável pelo erguimento de
quilômetros e mais quilômetros de muralhas, lembrando o muro de Berlim, na
Terra Santa.
Já ele, o magnata talebã em versão
ocidental, que as forças mais retrógradas do ultraconservadorismo estadunidense
apoiam na disputa pela sucessão de Barack Obama, mereceu do carismático
Pontífice mais essa referência: “Sobre se eu aconselharia a votar ou não votar,
não me meto. Apenas digo: esse homem não é cristão.” Ao emitir tal parecer
acerca do pré-candidato republicano, Francisco se baseou, por certo, nos
reiterados anúncios feitos por Trump de que irá implantar um muro de 2.500
quilômetros na fronteira dos Estados Unidos com o México. O objetivo alegado
para a ciclópica obra seria impedir a indesejável entrada de “nefastos
imigrantes”. Mas a “guerra santa” prometida pelo cara contra imigrantes não
ficaria adstrita ao colossal muro, caso o eleitorado estadunidense cometesse a
insensatez de atribuir-lhe o comando da Casa Branca. A deportação de 11 milhões
de cidadãos que, segundo ele, vivem ilegalmente nos Estados Unidos seria parte
também de seus “planos de governo”. Planos que, aliás, abrangem entre outras
insanas propostas o endurecimento dos esquemas de repressão instituídos nos tempos
do xerife George Bush, de modo a que possa ser “regulamentada” a prática da
tortura em interrogatórios policiais e militares.
Trump, que faz questão de exibir a
Bíblia onde quer que mostre a façanhuda estampa na cata de votos, classificou
de “vergonhosa” a atitude de Francisco ao aplicar-lhe o puxão de orelhas a que
fez jus. Reportando-se à visita recente do líder da Igreja ao México, saiu com
mais esta: “o governo mexicano fez comentários negativos para o Papa sobre
minha pessoa, porque a intenção do mesmo é continuar saqueando os Estados
Unidos, tanto na área comercial como na fronteira.” Confessou também – vejam
só! – “orgulho de ser cristão”, dizendo que “na presidência não tolerarei que a
cristandade se enfraqueça e seja atacada com constância, como agora acontece no
governo Obama...”
Pelas posições ultrarradicais
defendidas, Trump tem sido alvo de críticas dentro e fora dos Estados Unidos.
Conseguiu aglutinar, de outra parte, apoios emblemáticos. Os dirigentes da Ku
Klux Klan e o líder fascista Le Penn, francês, um dos que negam o holocausto
promovido pelos nazistas, figuram entre os entusiásticos apoiadores de sua
campanha.
Resolvam logo esse impasse
Cesar
Vanucci
“A
fosfoetanolamina é ou não é um medicamento eficaz? Solucionar
logo essa pendência que já se arrasta por duas décadas!”
(Domingos
Justino Pinto, professor)
O
que acontece com a fosfoetanolamina sintética, conhecida também como “pílula do
câncer”, é danado de intrigante. Por um bocado de tempo, calculadamente duas
décadas, a substância foi produzida e distribuída gratuitamente – oportuno
ressaltar – a pacientes necessitados pelo Instituto de Química de São Carlos,
Universidade de São Paulo. Um mundão de gente que utiliza a substancia
assevera, com fervorosa convicção, ser a mesma provida de inegável eficácia
terapêutica.
Mas
não é bem esse o entendimento de muitos especialistas em oncologia. A reação
desfavorável desses setores desembocou em intensa pressão junto às autoridades
competentes visando a proibição de se fabricar o medicamento. Segundo suas
alegações, a “fosfo” não foi objeto ainda de estudos científicos para avaliação
dos eventuais riscos à saúde pelo uso continuo e nem tampouco dispõe do
indispensável certificado da Anvisa.
Inconformados
com a interdição de fabricação e distribuição determinada pelo Poder Judiciário
de São Paulo, milhares de pessoas entenderam de impetrar medidas judiciais
exigindo fosse restabelecido o fornecimento regular do produto, considerados os
resultados favoráveis alcançados por tanta gente com a aplicação. Nada menos
que 13 mil processos atulham o cartório do Fórum de São Carlos em sinal de
discordância pela decisão judicial. A Procuradoria-geral da Universidade de São
Paulo foi impelida a entrar com ação cautelar no STF, pedindo a suspensão de
todas as liminares concernentes ao caso da “fosfo”. Paralelamente a tudo isso,
o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde anunciaram a constituição de
grupos de trabalho com o fito de avaliar a proclamada eficiência terapêutica da
“pílula”.
A
disposição de promover esses estudos demorou um bocado a ser tomada. Afinal de
contas já se passaram 20 anos desde que a fórmula medicamentosa começou a ser
fornecida, sempre gratuitamente, pela Universidade em cujos laboratórios foi
concebida. A atuação de bastidores, contrária à “fosfo”, por parte de grupos
farmacêuticos poderosos é inocultável, como se depreende das divulgações
pertinentes à questão.
Em
contraposição ao argumento de que a inexistência de manifestação favorável da
Anvisa veda o emprego da “fosfo”, é lembrado com constância por muita gente o
fato de o SUS aplicar anualmente somas fabulosas na aquisição de medicamentos
estrangeiros, recomendados formalmente para tratamento oncológico, e que não
dispõem, pela mesma forma, de registro no referido órgão.
A
expectativa no meio comunitário, sobretudo da parte dos que atestam a plena
eficácia do remédio, é de que essa longa pendência seja logo equacionada. Se a
“fosfo” resolve mesmo casos de câncer, podendo ser distribuída sem ônus ao
bolso dos particulares e aos cofres públicos, o que resta aos responsáveis pela
Saúde Pública é tratar de regulamentá-la com toda urgência possível. O papo
controverso a respeito já foi mais longe do que devia.
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