POSSE DE VANUCCI NA PRESIDÊNCIA DA AMULMIG
A Academia Municipalista de Letras de Minas
Gerais, por sua Presidente Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos,
tem o prazer de convidar V.S.ª e Família para a Sessão Solene de Posse da nova
Diretoria da entidade para o biênio 2016-2018, tendo como Presidente o
Acadêmico Cesar Vanucci.
A
cerimônia será realizada no dia 19 (dezenove) de julho de 2016, terça-feira, às
16 (dezesseis) horas, na sede da Academia, na Rua Agripa de Vasconcelos, 81 –
Mangabeiras, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Contar tudo a
Deus
Cesar Vanucci
“Os donos do mundo se mostram
indiferentes aos clamores
humanos em prol da paz , da justiça e da
solidariedade social.”
(Antônio
Luiz da Costa, educador)
“Quando eu morrer, vou contar tudo a
Deus!” O desabafo sofrido do garotinho sírio é uma estraçalhante prova dos
horrores provocados pela insensatez humana. Soa como uma sonora bofetada na
cara dos “donos do mundo”. Ricocheteia, com seu impacto acabrunhante, nas
mentes e corações de toda a humanidade. Fica difícil pacas para a grande
maioria dos seres humanos conter na alma um frêmito prolongado e gélido,
mesclado de indignação e impotência, diante daquela imagem inocente do menor de
rosto ensanguentado e olhar angustiado, carregado de perplexidade, estampada
via internet mundo afora.
A disposição de “contar tudo a Deus”
concentra-se, obviamente, no flagelo da guerra que devasta a terra natal do
pequenino. Nos horripilantes dramas pessoais que ele se vê forçado a
acompanhar, cotidianamente, na infortunada condição de testemunha ocular. Nas
atrocidades praticadas pelos combatentes. No rastro destrutivo incontrolável
que ceifa vidas, reduz a escombros patrimônios valiosos, produz milhares de
inválidos, gera êxodos colossais, desencadeia as calamidades da fome e das
enfermidades.
Mas esse garoto, caso pudesse ter acesso
a informações relativas a todas outras mazelas espalhadas por tudo quanto é
canto deste mundo de Deus onde o tinhoso tem por costume implantar seus
enclaves, conseguiria ampliar em muito o arquivo das revelações que se propõe
“levar ao conhecimento” da suprema divindade. Ele iria também explicar,
inicialmente, que “a guerra é aquela calamidade composta de todas as
calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem
bem que seja próprio e seguro”, como anotou padre Antônio Vieira, ainda no século 17.
Iria esclarecer, ainda, que o dilacerado território sírio, de suas
doloridas experiências, não é hoje o único pedaço deste planeta azul sacudido
pela violência bélica e demais modalidades funestas de agressão à dignidade
humana. Existem a deplorar, noutros lugares, conflitos bélicos com as mesmas
terríveis características. Há, ainda, uma sinistra onda de terrorismo deflagrada
pela fanatice religiosa ou política. A intolerância de cunho étnico e no plano
das ideias e costumes “inspira”, de outra parte, a virulência contra criaturas
indefesas em múltiplas regiões. As
mencionadas criaturas não rezam nas mesmas “cartilhas doutrinárias”
confeccionadas pelo preconceito mórbido, pela xenofobia enferma, pelo machismo
tribal e pelos dogmas rançosos cultivados, em tudo quanto é canto, por grupos
radicais de diferentes tendências. O garotinho não sabe ainda, mas o número de
refugiados - não apenas de procedência síria, por conseguinte, de patrícios
seus - espalhados por aí já chega à contagem descomunal de 65 milhões. Mais do
que a população inteira somada da Argentina, Chile e Uruguai. A acolhida
dispensada em numerosos países às multidões escorraçadas de seus pagos natais é
assustadora. Os refúgios mais parecem réplicas dos campos de concentração das
eras hitlerista e stalinista, valha-nos senhor Deus dos desgraçados!
A pobreza aviltante, a escassez de
alimento e de água, a falta de assistência sanitária e de recursos educacionais
básicos, originárias de uma ordem social e econômica perversa, são outros
tópicos inevitáveis no relato a ser feito sobre o que alguns setores com poder
decisório férreo andam aprontando em nome da humanidade, neste século de
esplendor tecnológico. Eles executam, contrariando evidentemente os generosos
anseios das parcelas majoritárias de uma sociedade humana sequiosa de justiça,
misericórdia, humanismo e solidariedade social, um “processo civilizatório” clamorosamente
equivocado. Algo em total e absoluta discordância – não cabe questionamento -
com o projeto da criação desenhado nas planilhas divinas para os homens e
mulheres de boa-vontade.
Coisa demais a contar a Deus!
Cara de santinho
Cesar Vanucci
“O corrupto tem sempre a cara de quem
diz: Não fui eu!”
(Papa
Francisco)
Em artigo recente, neste espaço,
aludimos de passagem a uma palavra do Papa Francisco em que ele descreve o
perfil do cidadão corrupto. Indagações de alguns leitores, interessados em se
inteirarem de mais detalhes do pronunciamento, estimularam-nos a retornar ao
assunto.
O jornalista italiano Andrea Tornielli,
vaticanista, redator do “La Stampa”, é responsável pelo site “Vatican Insider”
e colaborador de várias revistas internacionais. Escreveu a primeira biografia
de Francisco, o grande estadista mundial providencialmente alçado ao cargo de
Pontífice da Igreja Católica. O livro “Francisco, a vida e as ideias do Papa
latino-americano” foi traduzido para 16 idiomas.
Uma outra publicação, de autoria do
mesmo jornalista, intitulada “O nome de Deus é Misericórdia”, nasceu de uma
entrevista de Andrea com Francisco em julho do ano passado, poucos dias depois
da visita papal ao Equador, Bolívia e Paraguai. A conversa girou em torno da
“misericórdia de Deus”, classificada por Francisco como “a mensagem mais forte
do Senhor.”
É do livro mencionado, de enriquecedora
leitura, o substancioso trecho da fala de Francisco, referente à corrupção.
Reveste-se de refulgente atualidade nestes tempos tumultuados de agora.
O Papa com a palavra: “A corrupção não é
um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se
habitua a viver. O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua
autossuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém.
Construiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas: passa a vida
buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignidade e da
dignidade dos outros. O corrupto tem sempre a cara de quem diz: “Não fui eu!” Aquele
que minha avó chamava “cara de santinho”.
O corrupto é aquele que se indigna
porque lhe roubam a carteira e se lamenta pela falta de policiais nas ruas, mas
depois engana o Estado, sonegando impostos, e talvez demita os empregados a
cada três meses para evitar contratá-los por tempo indeterminado, ou então
possui trabalhadores não registrados. E depois conta vantagem de tudo isso
diante dos amigos. É aquele que talvez vá à missa todo domingo, mas não vê
nenhum problema em aproveitar a sua posição de poder, para exigir o pagamento
de propinas. A corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a bondade, a
beleza. O corrupto muitas vezes não se dá conta do seu estado, do mesmo modo
que quem tem mau hálito e não se dá conta. E não é fácil para o corrupto sair
dessa condição por um remorso interior. Geralmente o Senhor o salva por meio
das grandes provas da vida, situações que não pode evitar e que destroem a
máscara construída pouco a pouco, permitindo assim à graça de Deus entrar.”
Animamo-nos a perguntar ao distinto
leitor, depois de visto o texto acima, se não lhe ocorreu, como aconteceu
conosco, de identificar, na descrição feita pelo Papa Francisco a respeito do
comportamento habitual de muita gente na vida mundana, certos personagens com
os quais esbarramos frequentemente em situações rotineiras da convivência
comunitária?
Homenagem a uma
jovem septuagenária
Cesar Vanucci
“Ubuntu é a
tradução, em linguagem zulu,
das plagas
sul-africanas, de humanismo!”
(Antônio Luiz da Costa, educador)
Esbanjando
vitalidade, juventude de espírito claramente estampada no semblante, Diva
Moreira comemorou 35 anos de vida pela segunda vez consecutiva. Foi uma festa
de arromba, como se costuma dizer no saboroso linguajar das ruas. Rica em
colorido humano, a comemoração desenrolou-se em dois tempos: parte numa sexta,
outra num sábado. A denominação dada à celebração – Ubuntu – encaixou-se
magistralmente na sequência de lances culturais e artísticos esplêndidos da
programação levada a efeito nos salões do Conservatório Mineiro de Música.
Antes de relatar os
detalhes daquilo que este escriba e mais de 500 outros participantes do evento
presenciamos cabe explicar o que vem a ser Ubuntu. O vocábulo vincula-se à
cultura afro. Exprime a relação ideal entre o individuo e a coletividade.
Nelson Mandela inspirou-se nessa noção de vida ao promover a política de
reconciliação nacional que dele fez uma figura legendária. O Ubuntu propõe que
a humanidade de uma pessoa fique inextricavelmente ligada à humanidade de seu
semelhante. É um exercício permanente de fraternidade que implica compaixão e
abertura de espírito. Traduz compartilhamento, generosidade, desprendimento e
disponibilidade para o outro. Trata-se, na essência, de um exercício contínuo
do mais autêntico humanismo, algo de que este mundo de Deus anda bastante
necessitado. E como!...
No Ubuntu do
natalício da Diva porta-vozes de mais de uma dezena de movimentos sociais,
abrangendo sem número de generosas utopias, fizeram questão de registrar a
contribuição valiosa que essa mulher guerreira, culta, vanguardeira e
desassombrada, imprimiu a trabalhos memoráveis de resgate da cidadania em
múltiplas áreas de efervescência social. A espontaneidade das manifestações, o
peso expressivo de representatividade comunitária nas falas de louvação à
pessoa e obra festejadas, o nível requintado dos espetáculos artísticos (Mamour
Ba e equipe compareceram com sua cantoria e ritmo eletrizantes) revelaram a
força de uma liderança comunitária invejável. Não sei de muitas pessoas na área
pública com capacidade para aglutinar à sua volta tanta gente e tanto
entusiasmo igual à dessa valorosa septuagenária Diva Moreira.
Se eu fosse o
presidente
Silviano Cançado Azevedo* e
Silviano
Azevedo**
O Brasil se encontra hoje em situação calamitosa ao abandonar a honra e
a ética; o saneamento completo desta triste situação consumirá gerações. A
educação primorosa é fundamental. Precisamos iniciar com o procedimento
exemplar das autoridades dos três poderes. A história nos ensina que este
comportamento traz benefícios rápidos e eficazes. O ponto de partida seria agir
com honra e ética. Prosseguindo, reduzir o desemprego seria nossa prioridade
imediata.
Se eu fosse o presidente, o que faria mais?
Lançaria uma campanha de integração e boa vontade “um povo, uma nação, um só
destino”, com o objetivo de estabelecer a visão de que o Brasil precisa ser um.
Não pode existir o Brasil dos pobres e o Brasil dos ricos; o Brasil dos negros
e o Brasil dos brancos; o Brasil do Norte e o Brasil do Sul. O sucesso exige um
só caminho: o da união.
Criaria um movimento para a integridade do governo: transparência e
competência.
Começaria com grande simplificação da máquina governamental. Dezoito
ministérios são suficientes. Dentre eles, o atual Ministério de Fiscalização,
Transparência e Controle seria o Ministério do Governo Justo visando acompanhar
e vigiar os vários segmentos governamentais para garantir que a competência e
integridade permeassem todos os setores do governo. Este ministério teria
acesso direto e contínuo ao presidente; jamais haveria a falácia de que “o
presidente não sabia”. O líder tem que saber, porque ele é o responsável.
Conversa com o Brasil: A resistência a um governo com esse nível de abertura e
integridade seria vigorosa e intensa por aqueles acostumados a tirar vantagens
da máquina pública. Para manter a população integrada no esforço de restauração
seria necessário informá-la das decisões tomadas. O povo precisa ouvir o
presidente e as razões de interesse nacional que nortearam suas decisões. As
críticas e sugestões seriam consideradas. Como JK, “não tenho compromisso com o
erro”.
Portas abertas: Propostas sérias, recebidas de todas as origens seriam
bem-vindas e aproveitadas. Através de postos de acesso locais, docentes
preparados e equipes das universidades federais estariam à disposição para dar
assistência, fornecer informações aos cidadãos e receber sugestões.
Social Democracia: Sabemos que o socialismo fracassou e acreditamos que o
capitalismo está acabando; vamos aproveitar as virtudes de cada um deles: do
capitalismo, preservar a liberdade, a premiação da inteligência, criatividade e
trabalho duro e do socialismo, procurar “alcançar a igualdade de
oportunidades”.
Esquematizamos, em seguida, ações objetivas para um governo de curta duração,
inconformado com os 11,4 milhões de brasileiros desempregados:
Estratégias estruturantes do governo de dois anos e meio - Redução drástica do
desemprego via desenvolvimento: Reconquistaria a confiança de empresários,
investidores e consumidores; Incentivaria, com vigor, o desenvolvimento
sustentável do agronegócio; Estimularia as diversas modalidades do turismo e
dos serviços; Trocaria patrimônios públicos por obras de infraestrutura
sustentável, usando o seguro nas construções, e negociaria suas
operações; Promoveria mais investimentos em construção civil utilizando
as PPPs, seguro e sustentabilidade (portos, estradas de ferro e de rodagem,
metrôs, energia com destaque para as renováveis, saneamento, moradias...) e
negociaria suas respectivas operações; Promoveria a privatização ao máximo; A
tônica seria o desenvolvimento sustentável.
Reduziria a taxa de inflação para 4,5% ao ano e estabeleceria a meta de
crescimento econômico de 4% ao ano já em 2018. Reduziria a taxa Selic,
paulatinamente; Reduziria a carga tributária, acoplada à arrecadação; Adotaria
a indispensável comunicação Conversa com o Brasil; Melhoraria a educação, saúde
e segurança, seletivamente; Buscaria alcançar as reformas necessárias, em fases
distintas, priorizando a redefinição do Pacto Federativo; Elaboraria o Plano
Nacional de Desenvolvimento de médio e longo prazos.
Como o objetivo primário de nosso governo seria a redução rápida e substancial
do desemprego, buscando alcançar o pleno emprego, investiria forte nos setores
produtivos que têm condições de responder com agilidade e demandam mão de obra
intensiva, como o agronegócio, o turismo, os serviços, a construção civil...
Há setores do governo com boa atuação; vamos prestigiá-los e ampliar o número
dos excelentes. A meritocracia seria uma das nossas diretrizes permanentes.
Em síntese, essas serão as bases de meu governo, desenvolvimentista e
pragmático.
São urgentes as reformas da Constituição, cancelando vinculações e privilégios
insuportáveis, as reformas Política, Tributária e da Previdência. Não
esperaríamos que elas ocorressem integralmente para agir, já que, parafraseando
Aureliano Chaves, ‘ao homem público não basta fazer o possível; ele precisa
tornar possível o que é preciso ser feito’.
Começaríamos nosso trabalho no dia da posse.
* Engenheiro
**Arquiteto e professor da "Dallas School of Fotography"
nos Estados
Unidos
Nenhum comentário:
Postar um comentário