sexta-feira, 26 de agosto de 2016


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Ouro para o Brasil


 Cesar Vanucci

“Somos o povo mais sensato e inteligente do mundo”.
(Alberto Torres, jornalista, advogado, político, pensador social)


Cuidemos de celebrar. Muito bem celebrado. Festa genuinamente brasileira, feita de cadências, cores e musicalidade enfeitiçantes, com arrebatantes mensagens de conteúdo humanístico, desenrolada em clima de solidariedade social contagiante, nunca dantes percebido em promoções do gênero, esmerada na organização e competente na performance técnica, os Jogos Olímpicos recém realizados encheram o mundo inteiro de encantamento. Na classificação geral das ruas, o Brasil fez jus a ouro. Com louvor.

Extasiadas com o que contemplaram ao vivo e em cores, numa cobertura televisiva impecável, complementada por noticiário impresso ágil e vibrante, vozes numerosas das multidões perguntam-se como se fez possível, num país dessa colossal dimensão, envolvido em graves questões políticas e institucionais, com clamorosos problemas de vulnerabilidade social, a concretização de uma proeza da magnitude destes Jogos Olímpicos, bem concebidos no formato e melhor ainda na execução?

A resposta, ou melhor as respostas a tal indagação só pode(m) ser dada(s) por quem conheça a alma brasileira. Muitos têm sido ao longo dos anos os equívocos cometidos nas tentativas de interpretação das coisas, dos hábitos e dos sentimentos da gente brasileira. Por despreparo, descuido, desinformação, de quando em vez até por excesso de ingenuidade e má-fé, propagam-se versões falsas sobre o nosso jeito de ser. Acusam-nos de ser o “país do jeitinho”, de não sabermos votar, por aí... Não é incomum ler-se e ouvir-se – e não apenas como simplório registro anedótico – que ao colocar em prática o projeto da criação, a Suprema Divindade entendeu caprichosamente de estabelecer um paradoxo crucial: povoar o território mais dadivoso do planeta com o pessoal menos provido de capacidade para administrá-lo. Há quem, lá fora e também aqui dentro, leve a sério esse tremendo disparate. Armados de preconceitos, contaminados por incontornável “complexo vira-lata”, surgem com frequência, aos magotes, “especialistas” em previsões agourentas e derrotistas sobre tudo aquilo que signifique esforço criativo, trabalho persistente e engenhoso das forças produtivas nacionais na conquista de patamares mais elevados na escalada do desenvolvimento social, cultural e econômico. São caras que conseguem semear alguma confusão no espírito das criaturas desavisadas. Seus posicionamentos distorcidos colocam-se em frontal desacordo com o ponto de vista de eminentes pensadores.

Alberto Torres, por exemplo, defendia com ardor, acima disso com fervor, que “somos (os brasileiros) o povo mais sensato e inteligente do mundo”. Tese referendada com entusiasmo por sociólogos e antropólogos respeitados, entre outros, Darcy Ribeiro, Gilberto Freire, Roberto DaMata, Sérgio Buarque. O não brasileiro Stefan Zweig falava coisas semelhantes.

O Brasil é um país aberto ao novo e às mudanças, mesmo em  momentos adversos. Aprendeu a confrontar a realidade com sentimento positivo, como reconhece, Domênico de Masi, sociólogo italiano, autor de trabalho (“O futuro chegou”) onde são apontados modelos de vida para a sociedade humana. Há poucos anos – é o próprio Domênico que conta -, pesquisa levada a efeito pela OCA (Organização de Conhecimentos Associados), de São Paulo, entrevistando meia centena de personalidades de efetiva influência no processo cultural brasileiro, ofereceu dados consistentes reveladores da insofreável vocação brasileira para empreender transformações sociais com respeito às diversidades comportamentais. A conclusão da pesquisa apontou valores básicos profundamente arraigados na conduta nacional. Eles representam fiel retrato do brasileiro. Tratemos de anotar estes traços característicos de nossa sociedade: “o ritmo, a sensualidade sem complexos, a festividade, a exaltação das cores e dos sabores, a intercultura, a capacidade de copiar e de inventar.” E mais: “o brasileiro é informal, trabalha em mangas de camisa e sabe operar em grupo, é fluído nos seus processos de decisão, não tem preconceitos ideológicos, aprende fazendo, tende a conjugar o trabalho com o divertimento, presta serviços de modo atento, afável e afetuoso.”

Os conceitos humanísticos proclamados e os valores morais projetados acima concorrem para que se possa responder com adequação às perguntas feitas pelos que se assombraram com a capacidade brasileira de promover o evento. Boa parte deles inteirou-se desta verdade: com toda certeza, nenhum outro país do mundo, convivendo com a carga pesada dos problemas circunstanciais que ora nos afligem, saberia responder de forma tão satisfatória, em termos rigorosamente pacíficos, sem sobressaltos e sem contundências eventualmente produzidos pelas paixões e divergências políticas, aos desafios da colossal empreitada olímpica.


Denúncia chocante de uma Prêmio Nobel


Cesar Vanucci


"A aids é uma arma biológica."
(Wangari Maathai, Nobel da Paz 2004)


Tempos atrás, a queniana Wangari Maathai, ganhadora do Nobel da Paz, deu voz a uma suspeita aterrorizante. É bem verdade que, antes dela, outros personagens, não favorecidos pela intensa projeção mundial que o dignificante título naturalmente confere, andaram dizendo coisas assemelhadas. Não conseguiram, evidentemente, assegurar a mesma repercussão alcançada por Wangari, embora os objetivos almejados pela autora da denúncia, propondo abertura de um debate a respeito, não houvessem surtido qualquer efeito prático. Ultrapassado o impacto dos primeiros momentos, estabeleceu-se silêncio de tumba etrusca em torno das contundentes palavras proferidas.

Cuidemos de relembrar o que Maathai afirmou, sem rebuços, apoderada de abrasadora convicção. A aids é uma arma biológica. Foi criada por cientistas malucos em laboratórios comprometidos com atividades bélicas. Textualmente: "Alguns dizem que essa enfermidade veio dos macacos, mas eu duvido. Vivemos com os macacos desde tempos imemoriais. Na verdade, o vírus foi criado por cientistas para guerra biológica. Por que há tantos segredos sobre a aids? Isso me traz muitos questionamentos."

A ganhadora do Nobel não deixou por menos: o HIV foi concebido por “êmulos” do “dr. Silvana” por encomenda da indústria armamentista com a finalidade de controlar a população do continente africano. Até parece que Wangari andou lendo o "Presidente Negro", romance de Monteiro Lobato, absorvendo um pouco da espantosa história do "conserto do mundo pela eugenia", ali descrita numa brincadeira literária de talento. Junto com a doença, admitiu ainda a valorosa mulher, existem setores empenhados em disseminar a crença, de fácil assimilação nas camadas despolitizadas, de que a aids é uma “maldição divina”. Foi “enviada” pelos céus como expiação para pecados... "Nós, negros da África, estamos morrendo mais de aids do que os outros povos do planeta", acentua Wangari Maathai, embasando a assertiva em estatísticas da Organização das Nações Unidas onde se proclama estarem localizados naquele  continente oitenta por cento dos portadores do vírus. Aliás, os números da Organização Mundial de Saúde dão conta de que no citado pedaço do mundo - às vezes, esquecido até por Deus -, grassa não uma epidemia, mas uma pandemia avassaladora, que aniquila vidas de forma impiedosa e gera perspectivas catastróficas em não poucos lugares.

Seja relembrado que a fala da queniana não é solitária na estarrecedora denúncia. Numerosas têm sido, desde o aparecimento da enfermidade, as pessoas que admitem a tese apontada como veraz para definir a origem da doença. Os graves questionamentos levantados não perderam até hoje atualidade, sem que a comunidade científica se revele receptiva a promover um debate mais amplo em torno da tormentosa questão. O setor fecha-se em copas. Dá por liquidada a fatura, ou seja, não abre mão da afirmação de que o vírus provém do macaco. Não se deixa, jeito maneira, sensibilizar pelas alegações de que a promiscuidade sexual, detectada em tantos outros momentos do processo civilizatório, jamais deu causa, no passado remoto ou mais próximo de nossos dias, a qualquer manifestação de enfermidade que lembre de leve esse devastador mal dos tempos modernos.

A mídia, a seu turno, parece, também, ter pressa em dar o assunto por encerrado. Uma revista alemã, de grande tiragem, andou sustentando há tempos, a teoria de que a aids teria brotado em laboratório especializado na fabricação de produtos para guerra bacteriológica. Escapuliu ao controle, ou foi intencionalmente introduzida em agrupamentos sexuais e raciais previamente "selecionados", numa monstruosa maquinação de cérebros doentios. Mas a avaliação do problema, por esse prisma terrível, denunciado pela publicação, não passou daí.



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