VANUCCI FAZ PALESTRA E
LANÇA LIVRO NA
“CIDADE MARAVILHOSA”
No último dia 23 de novembro o jornalista Cesar
Vanucci esteve no Rio de Janeiro, que, segundo ele, continua lindo apesar dos
pesares. Fez palestra e lançou livro no Teatro Vanucci, casa de espetáculo de
650 lugares, localizada no Shopping Center da Gávea.
“Realismo Fantástico, anotações de um repórter”,
o tema da palestra proferida para centenas de pessoas, com numerosos
jornalistas e escritores presentes.
O livro “Realismo Fantástico”, editorado pela
“Impressões de Minas” e prefaciado pela jornalista Ana Elizabeth Diniz, foi
autografado pelo autor após a exposição.
O Teatro Vanucci foi implantado há trinta anos
pelo saudoso Augusto Cesar Vanucci, irmão de Cesar Vanucci, à época diretor da
linha de shows da Rede Globo de Televisão. Augusto Cesar foi o primeiro
brasileiro a arrebatar o “Emmy” em Hollywood e o prêmio “Ondas” conferido em
Londres a figuras de projeção no cenário artístico internacional.
De repente, um clarão de esperança
Cesar
Vanucci
“A
comovedora tragédia envolvendo a Chapecoense e as reações em cadeia de
solidariedade humana por ela suscitadas proporcionaram ao mundo uma chance de
reencontrar-se com sua essência humana.”
(Antônio Luiz da Costa, educador)
De
repente, nos horizonte plúmbeos das frustrações dilacerantes e do desalento
conformado, um clarão de esperança.
Turbulentos
caminhos trilhados durante décadas de feroz antagonismo político colocaram a Colômbia
numa encruzilhada histórica, na busca pelo desarmamento de espíritos e almejada
conciliação nacional. Vejam só como são as tramas do destino! Pois foi justamente
em Médelin, polo de irradiação cultural, econômica e demográfica de relevância,
em momento perturbador, faminto de tolerância e sedento de fraternidade, vivido
pela nação irmã, que a gente simples do povo deflagrou, na esteira de uma
dolorida tragédia aérea, a mais empolgante manifestação coletiva de teor
humanístico e espiritual de que se tem notícia nos tempos contemporâneos.
A
avassaladora demonstração de misericordiosa solidariedade acontecida dentro e
fora do estádio, nascida de espontaneidade que conserva pureza cristalina comparável
à água de um regato intocado de montanha, foi compreendida em todas as
latitudes do planeta como uma chance dada a mais ao mundo de poder
reconectar-se com sua humanidade.
O
sentimento de confraternidade aflorado, produzindo intensa reação em cadeia,
contagiando mentes e corações por aí afora, forneceu uma medida exata do
fabuloso potencial que a sociedade humana carrega dentro de si e que está em
condições de poder empregar, em não poucos instantes, em suas tentativas de
solucionar angustiantes questões. Questões essas que abarcam, como sabido,
todas as formas imagináveis (ou inimagináveis) de sofrimento.
A
dor coletiva suscitada pelo drama do voo fatídico do avião sem combustível, que
ceifou vidas preciosas, retirando de nosso convívio promissores atletas,
dinâmicos dirigentes esportivos e talentosos jornalistas, teve o condão de
despertar reações formidáveis, reveladoras da grandeza do espírito humano. Pena
que a insensatez e insanidade dominantes no jogo existencial consigam na maior
parte do tempo sofrear sentimento tão nobre, tão poderoso, apto – fácil
perceber - a operar transformações prodigiosas no cenário mundano. A verdade
verdadeira é que, no mais recôndito da alma das ruas, palpita, ardente, ancorada
em valores éticos e morais autênticos, uma energia construtiva com fabulosas
propriedades. Uma energia capacitada a oferecer a este mundo de Deus cansado de
guerra o instrumental necessário à remoção de toda sorte de obstáculos
impeditivos da celebração da vida plena, mesmo os considerados intransponíveis
pela inconsciência humana.
Uma
energia em condições de assegurar, algum dia, para todo o sempre, a prevalência
da concórdia, da harmonia, da tolerância, do respeito às diversidades, da
justiça social, da paz na convivência entre pessoas, entre nações, entre etnias,
entre crenças religiosas e políticas.
As
generosas emoções que compeliram milhões de criaturas, desde Médelin até
Chapecó, ao exercício sincero dos atos de comovedora solidariedade projetados
em duradouras e impactantes imagens, estimularam a expansão de espaços
reservados às práticas fraternais. Representaram, ao mesmo tempo, de certo
modo, uma catarse que pode auxiliar o ser humano a repensar muitas coisas
essenciais relativas à aventura da vida.
Fortaleceram
os corações fervorosos, os viventes de índole pacífica, os homens e mulheres de
boa-vontade em seus esforços diuturnos de construção de um mundo melhor. As
energias criativas criam – como não? – ocasiões de esperança.
Vozes
céticas questionarão, por certo, os argumentos alinhados por este desajeitado
escriba com suas quiméricas interpretações dos lances da vida. O registro aqui
produzido do acontecimento que enlutou o Brasil e que desencadeou essa arrebatante
onda universal de solidariedade, não se aprestaria, jeito maneira, a essas ruminações de pura
utopia, contra argumentarão, com certeza, alguns. Recorro, na procura de
resposta, a dois poetas: Mário Quintana e Thiago de Mello.
Diz
o primeiro: “Se as coisas são inatingíveis... ora! – não é motivo para não
querê-las... – que tristes os caminhos, se não fora / a presença distante das
estrelas!”.
O
segundo diz: “É preciso que o homem aprenda a confiar no homem, assim como a
palmeira confia no vento, o vento confia no ar, o ar confia no campo azul do céu.”
Registros desconcertantes
Cesar
Vanucci
“Alguma
coisa, com toda certeza, deve estar funcionando mal na vida comunitária quando
um comunicado referente a desemprego em massa contribui para elevar os índices
da Bolsa de Valores!”
(Antônio
Luiz da Costa, educador)
Um
punhado de registros desconcertantes. São extraídos do noticiário nosso de cada
dia. Alguns comunicam a sensação de que este mundo de Deus, onde o tinhoso tem
por costume fincar alguns enclaves, está mesmo virado de cabeça pra baixo.
1) Renomados especialistas do mercado
financeiro deixaram os leigos em assuntos bursáteis pra lá de confusos com as
luminosas explicações fornecidas, dia desses, a respeito das razões de
significativa alta ocorrida na Bolsa de Valores de São Paulo. Segundo eles, a
elevação foi motivada pelas notícias “favoráveis” acerca da eliminação de
milhares de postos de trabalho e fechamento de mais de uma centena de agências
do Banco do Brasil. É o caso de juntar as mãos em atitude de oração e bradar:
Valha-nos Deus, Nossa Senhora!
2) Todos se recordam daquela Turma de
magistrados paulistas que absolveu os policiais militares indiciados pelo “massacre
do Carandiru”, estarrecendo até mesmo as estátuas de pedra dos apóstolos de
Aleijadinho plantadas no adrio do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, em
Congonhas. Pois bem! Esses mesmos cidadãos, foram autores, indoutrodia, de uma
outra desnorteante decisão. Negaram provimento a um recurso da Defensoria
Pública no sentido da redução da pena de réu condenado pelo furto de cinco
rodelas de salame numa mercearia. Das alegações submetidas à douta apreciação
dos ilustres juristas constou a revelação de que o delito foi praticado sob
forte emoção, à vista da circunstância de que o apenado, vivendo o drama do
desemprego, apoderou-se dos alimentos para saciar a fome dos filhos menores...
3) Por duas vezes seguidas, em curto
espaço de tempo, a Petrobras anunciou a redução do preço da gasolina na fonte.
As redes dos postos de abastecimento não fizeram nadica de nada no sentido de
repassar para a distinta clientela qualquer vantagem, mínima que fosse,
decorrente da queda havida no custo da mercadoria. Pouquíssimo tempo depois,
melhor dizendo, há poucas horas atrás, a estatal retornou a público para
informar que o preço do combustível iria sofrer nova alteração, desta feita
para mais. A majoração chegou às bombas quase que instantaneamente. Nalguns
casos, até antes de concluída a leitura do comunicado do porta-voz da empresa
petrolífera.
4) Ao olhar atento de observadores do
momento político (todos, obviamente
preocupados com o mundão de coisas cabulosas que andam pintando no
pedaço) não passou desapercebido um lance pouco comentado, concernente à
invasão da Câmara dos Deputados por meia
dúzia de gatos pingados que se autodenominaram “patriotas” e “defensores da
democracia”. Entre as faixas carregadas pelo bando, uma pelo menos continha
frenética conclamação sugerindo intervenção militar na vida democrática
brasileira.
5) Motoristas que, amiúde, compelidos
pelos estressantes congestionamentos nas áreas urbanas, recorrem aos serviços
privados de estacionamento não escondem sua indignação diante dos valores que
lhes vêm sendo cobrados. Comodamente posicionados, à deriva de qualquer
regulamentação ou fiscalização, os assim denominados “flanelões” praticam, com
o maior desembaraço e desfaçatez, tabelas de remuneração pode-se dizer
afrontosas pelo trabalho prestado. Aqui está uma história bastante emblemática
do que anda rolando. Cliente antigo de um dos maiores planos de saúde da praça
resolveu colocar o veículo, à falta de opção de estacionamento em logradouros
próximos, no pátio do hospital pertencente à mesma organização de que é
usuário. Concluídas as consultas, cerca de duas horas depois, viu-se compelido
a desembolsar a módica soma de R$36,00 pela zelosa guarda do veículo. Ora, epa!
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