Luiz de Paula,
um cintilante
itinerário
Cesar Vanucci
“Que belo é ter
um amigo!”
(Miguel Torga,
poeta)
Querem saber de uma coisa? Os 100 anos bem vividos de
Luiz de Paula Ferreira exigem, no duro da batatolina (como se diz na saborosa
linguagem popular), celebração que extrapole os limites do território familiar.
A cintilante trajetória percorrida por este cidadão pleno de compreensão sobre
o sentido da vida, dono de invejável erudição, que sabe conjugar magnificamente
ideias arrojadas e ações fecundas, merece ser mostrada a todos como uma saga na
crônica norte-mineira.
Montes Claros, com sua irresistível brejeirice
sertaneja, genuinamente brasileira, tem-no obviamente na conta de personagem
exponencial. Alguém com retrato garantido na galeria dos que, ardendo
criatividade e labor produtivo, contribuíram para que se tornasse o polo de
irradiação cultural, social e econômico, de que tão justamente podem seus
habitantes se ufanarem. É bastante compreensível que, no apreço e admiração das
ruas, Luiz seja visto como grande benfeitor da comunidade. Um “verdadeiro
contemporâneo do futuro”! Uma pessoa que, utilizando adequadamente os talentos
concedidos por Deus, com audácia vanguardeira e olhar assestado no amanhã, avaliou
as potencialidades da região e ajudou a projetar as estratégias do crescimento
que conferiram à mesma a posição ostentada no mapa cultural, social e econômico
de Minas e do País.
Escritor festejado, com função intelectual que exala
vida, bem sucedido empresário, parceiro do saudosíssimo e, como ele,
infatigável José Alencar, nesse colossal empreendimento chamado Coteminas, com
todas suas esplêndidas ramificações nas veredas do progresso industrial, Luiz
de Paula imprimiu ainda as marcas digitais, ao tempo do exercício parlamentar,
nos programas de incentivo ao desenvolvimento do nordeste, concorrendo
decisivamente para a criação da assim chamada “área mineira da Sudene”.
Esse mineiro de boa cepa, a quem importa mais ser do
que parecer ( tomando emprestado inspirado conceito de Guimarães Rosa), é
considerado símbolo vivo, símbolo
itinerante de Montes Claros, cidade que representa um portal da cultura
brasileira de nosso vasto sertão. Dizer que Luiz tem a cara de Montes Claros é
o obvio ululante. Seu currículo, de rico conteúdo humanístico, ostenta além da
condição de escritor e poeta, as facetas de musicista, associado de várias
organizações culturais (entre elas, o conceituado Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais), repentista afamado e fotógrafo premiado. Vale
registrar, a propósito, que em julho de 1974 uma foto de sua autoria, de teor
ecológico, ganhou as honras de página inteira na extinta revista “Realidade”.
Fiquei conhecendo Luiz de Paula Ferreira nos idos de
1965, assim que cheguei de muda a Belo Horizonte, largando pra traz a condição
de advogado do Sesi em Uberaba para assumir o cargo de Superintendente Geral do
Sistema Federação das Indústrias, a convite do saudoso Fábio de Araújo Motta.
Em minhas quase quatro décadas de permanência nas honrosas funções mantive
saudável convivência, fraternal relacionamento com o ilustre cidadão
centenário. Acompanhei de perto seu excelente trabalho como empresário e
dirigente classista. Colaborei com ele na missão, conduzida com bom senso e
proficiência proverbiais, como chanceler da comenda do “Mérito Industrial”,
anualmente concedida pela valorosa entidade. Inteirei-me dos detalhes de um sem
número das realizações que promoveu com obstinação criadora. Desfrutei do
privilégio de ouvi-lo contar, narrador incomparável, causos saborosíssimos
ambientados nas paragens sertanejas. Conservo bem nítida na memória deliciosa e
instigante história registrada num de seus livros, tendo por título “Olha ocê
criminoso”, que me permito aqui reproduzir.
Vitorino, “um camarada andejo”, acumulava os ofícios de fotógrafo
ambulante e professor de primeiras letras. Foi contratado por um coronel da
zona rural para alfabetizar o pessoal rude de seus redutos políticos mode
que poderem alistar-se como eleitores. O instrutor topou, logo de cara,
com dificuldade inesperada. O pessoal matriculado não dava as caras na sala de
aula. Com intervenção do coronel, Vitorino conseguiu, enfim, reunir o grupo. O
relato, daqui pra frente, partindo de uma recomendação dada pelo coronel ao professor,
é do próprio Luiz: “Bem, seu Vitorino, os homens estão aí. Agora carece o
senhor dizer a eles uma palavra boa e dar um exemplo ou dois para criar maior
compreensão e entusiasmo em nossos amigos e futuros eleitores. Vitorino pegou a
deixa. E falou bonito. Explicou àquele grupo tão singular de alunos que o
analfabeto (...) é que nem um cego perdido no mundo. Não vai além da enxada, da
foice e do machado. Não pode prosperar. Não pode retirar dinheiro em bancos
para fazer uma lavoura maior. (...) E assim por diante. Os homens prestavam
atenção e o coronel dava mostras de satisfação. Lembrando-se do pedido e dos
exemplos, Vitorino foi em frente: - Agora vou dar um exemplo. Quero que todos
os senhores prestem muita atenção. Para ficarem sabendo como é importante a
pessoa saber ler. E fixando o olhar no Amâncio, caboclo tido e havido como
cabra da confiança do coronel, firmou a voz: - O senhor aí, seu Amâncio. Não
falando com pouco ensino, vamos dar por certo que um sujeito qualquer, dessas
almas que Deus põe no mundo por descuido, e o capeta toma conta, um sujeito
desses desagrada o coronel. E o coronel escreve o nome do mal-agradecido num
papel e manda para o senhor corrigir a injustiça. Preste bem atenção. O senhor
recebe o papel com o nome do homem, mas o senhor não sabe ler direito. E nem
pode mostrar o papel a ninguém. O senhor pega o papel, vira e revira na mão.
Soletra mal-e-mal. Entende o nome errado. E taca fogo noutro.
Olha ocê criminoso!”
Veja bem, caríssimo leitor. A empolgação suscitada no espírito deste
desajeitado escriba pela vida e obra de Luiz de Paula é de molde a poder
conduzi-lo a estender por muitas e muitas laudas ainda estes maldigitados
escritos. Há coisas demais a relatar numa biografia tão prodigiosa. Vou ficando
por aqui mesmo, apoderado da certeira convicção de que os exemplos de retilínea
conduta espalhados por este estimado amigo, em sua itinerância terrena pela
pátria humana, produziram frutos à mancheia. Frutos que, como os da linguagem
evangélica, permanecem.
Cesar Vanucci
“As frases
feitas são a
companhia
cooperativa do espírito.”
(Machado de Assis)
“Se for verdade tudo o que estão dizendo sobre o Lula,
isso vira uma arma de campanha. E, sendo uma arma de campanha, afeta também a
votação. Eu ganhei do Lula duas vezes, não acho o Lula um bicho-papão.”
(Fernando Henrique Cardoso)
“Meus adversários andaram semeando Aécio e, agora,
estão colhendo Bolsonaro.” (Luis Ignácio Lula da Silva)
“A Lava Jato não está ameaçada, não estará.” (Carmem
Lúcia, presidente do STF)
“Política é para políticos, não dá pra imaginar que um
gestor competente vá solucionar os problemas do Brasil. O que o país precisa é
de bons políticos.” (Roberto Setúbal, presidente do Banco Itau)
“A denúncia é uma peça de ficção.” (Antônio Claudio
Mariz de Oliveira, advogado de Temer na defesa de seu constituinte perante a
Câmara dos Deputados)
“Essa gente que está batendo panela pode acabar sendo
alvo amanhã de atentados aos seus direitos. Cria-se uma insegurança geral, um
fascismo vulgarizado.” (Gilmar Mendes, presidente do TSE)
“As incontornáveis contradições tucanas fazem a
legenda parecer uma biruta de aeroporto. Vai ao sabor dos ventos.” (Rodrigo
Martins, jornalista)
“Como continuar com um governo comandado por um
presidiário como Eduardo Cunha?” (Renan Calheiros, ao deixar a liderança do
PMDB)
“O que existe é um acordo espúrio com Temer em troca
de apoio a Aécio Neves.” (Miguel Reale Junior, autor do pedido de impedimento
de Dilma Rousseff, ao anunciar seu desligamento do PSDB)
“Acho que o Brasil esgotou o ciclo da impunidade, pelo
menos da segurança da impunidade. Falta resolver a incompetência da máquina
pública.” (Deputado Miro Teixeira)
“O que a Lava Jato tem demonstrado, e as investigações
eleitorais também, é que as despesas de campanha no Brasil são extremamente
elevadas. Porque têm de ser milionárias?” (Nicolao Dino, vice-procurador geral
eleitoral)
“A reforma trabalhista rebaixa o
patamar civilizatório mínimo alcançado pela legislação brasileira. A jornada
intermitente é um contrato de servidão voluntária. O indivíduo simples fica à
disposição, na verdade, o seu tempo inteiro ao aguardo de três dias de
convocação.”(Marcelo Delgado, ministro do TST)
“A solução correta, pacífica e
inteligente, está na convocação de eleições diretas antecipadas no prazo mais
curto possível. Ao povo a palavra final.” (Mino Carta, jornalista)
“O que adianta passar mensalão,
petrolão e daqui a pouco um outro “ão”, sem mudar mecanismos de prevenção.”
(Alexandre de Moraes, ministro do STF)
“Não sei como Deus me colocou
aqui.” (Michel Temer)
“Uma coisa é o tempo do Judiciário e
outra coisa é o tempo político.” (Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil)
“O noticiário tem apontado Rodrigo
Maia como um Didi da política, o craque que joga parado. Sem se mexer, o
presidente da Câmara estaria armando para suceder Temer – e não só quando este
vai ao exterior.” (José Roberto Toledo, jornalista)
"Fiquei
chocado e senti náusea. Foi minha reação física: um choque, e fiquei enjoado
mesmo." (Rodrigo Janot, procurador geral da República, sobre a reação que
teve com as revelações que levaram às acusações contra Temer e Aécio)
“Segundo o noticiário, ao ex-ministro
Geddel Vieira, cidadão acostumado com toda sorte de mordomias proporcionadas
pelo poder, foi destinada uma cela, na Papuda, desprovida de água quente. Com
esse frio danado que anda fazendo, as más línguas vêm apostando que ele acabará
aderindo, logo, logo, a uma delação premiada.” (Antônio Luiz da Costa,
educador)
"Do jeito que as coisas vão,
peritos da defesa de Temer vão mostrar gravações provando que Elvis não morreu
e continua cantando." (Escritor Paulo Coelho)
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