Obsessão sim,
mas benfazeja
Cesar Vanucci
“A cobiça em
riba da Amazônia não é de hoje, vem de longe.”
(Danilo Gomes,
jornalista e escritor)
Vários leitores
lisonjeiam, com amáveis referências, este desajeitado escriba pelo trabalho de
anotar, neste acolhedor espaço, informações sobre as ameaças de
internacionalização da Amazônia, ardentemente desejada por gringos de
diferentes sotaques.
Um dos
acompanhantes frequentes destas maltraçadas, aludindo à frequência com que o
tema é abordado, considera-me “um obcecado pela Amazônia”. Tento explicar, agora,
o que não consegui fazer no contato telefônico. Há uma obsessão para o bem e há
uma obsessão para o mal. A primeira pode ser rotulada como não? de santa.
Ghandi foi um obcecado pela paz. Tereza de Calcutá tinha obsessão pela
solidariedade social. Recomendava com contagiante entusiasmo: “Ame até doer!”
JK, volta e meia evocado nestes empobrecidos tempos de lideranças autênticas e
de ideias fecundas, mostrou-se um “possuído” incorrigível pela causa do
desenvolvimento.
Pensando bem,
muitas são as causas de interesse humano que fazem jus a esse tratamento
obsessivo e benfazejo. Trata-se de uma forma de espalhar boa contaminação
vibratória no plano das ideias e ideais que conferem dignidade a aventura da
vida. Reconheço-me, portanto, humildemente, nesta história da Amazônia, alguém
apoderado de cívica obsessão.
As furibundas campanhas
desenvolvidas no exterior valem-se de toda sorte de artifício para desacreditar
o Brasil. Como já revelado, as ameaças são introduzidas em tribunas e manchetes
de largo alcance, na programação subliminar de orientação didática, em gibis onde super heróis enveredam
por “beneméritas ações” em “defesa da humanidade” no deslumbrante e riquíssimo
cenário amazônico. Um pedaço dadivoso de chão “dominado” por cruéis vilões empenhados
em aprontar malfeitorias sem fim para acabar com a vida neste planeta azul...
Os cruéis vilões, adivinhem só, somos nós outros. Nestas encenações de rematada
hipocrisia e farisaísmo, impulsionadas por desmesurada e inocultável ambição
colonial, os porta-vozes desses interesses sorrateiros antibrasileiros procuram
ocupar lugar no coro dos clamores bem intencionados de grupos ambientalistas.
Grupos esses inconformados com os danos provenientes do desmatamento ou com o
tratamento dispensado às populações indígenas.
O que existe
para verdadeiramente ser feito, neste capítulo, é a aplicação de medidas
rigorosas contra tais atos execráveis, com apuração severa de responsabilidades
e penalização dos culpados. A majestosa paisagem amazônica não pode ser largada
à sanha criminosa de ninguém...
Junto com a
ofensiva contra agressores ao meio ambiente faz-se imprescindível, ainda, uma mobilização
de recursos que responda aos desafios reclamados pelo progresso da região, com
resolutas políticas econômicas, sociais e de segurança. Não podemos deixar de
repelir as inadmissíveis chantagens que recobrem de falsa preocupação ecológica
aquilo que não passa, pra dizer verdade, de insopitável e voraz desejo
alienígena de rapinagem econômica e política.
Cuido na sequência, enriquecendo-as, de incorporar às
minhas reflexões texto bastante pertinente encaminhado, a propósito do candente
tema, pelo conceituado jornalista e escritor Danilo Carlos Gomes: “Mestre Cesar Vanucci, de fato, a cobiça em riba da Amazônia não é de
hoje, vem de longe. Vem do século XIX. Não sou inimigo dos EEUU, não tenho essa
maluquice de "Fora, yankees!", não tenho cegueira ideológica, não sou
um maluco e atrasado bolivariano (coitado de Bolivar!), mas não
posso concordar com o olho gordo de Washington em cima da Amazônia. Os ingleses
também nos deram dor de cabeça, naquela época, com a tal “Questão Christie”
(creio que em 1863). Defendamos o nosso território da cobiça alheia, sem
ranços ideológicos, mas com apoio seguro no Direito Público Internacional. Como
fizeram Ruy Barbosa, o Barão do Rio Branco e outros
estadistas do passado. Obrigado pelos ensinamentos.”
Uma orquestração quase
silente
Cesar Vanucci
“...grande
ardil internacional.”
(Jair Barbosa
da Costa, escritor, referindo-se às ameaças externas pela internacionalização
da Amazônia)
Como anotado
aqui, vem sendo compreensivelmente grande o interesse despertado pela sequencia
de artigos referentes à cobiça estrangeira sobre o brasileiríssimo território
amazônico junto ao escasso – posto que leal – leitorado deste desajeitado escriba,
com suas bem intencionadas e quiméricas intepretações do jogo da vida, Adicionamos
hoje, às considerações alinhadas a respeito do efervescente tema, observações
valiosas formuladas pelo escritor, jornalista, crítico literário, acadêmico
Jair Barbosa da Costa, oficial graduado reformado dos quadros da Polícia
Militar mineira.
Ele, o autor da
mensagem a seguir reproduzida: “Impressionante seu resumo a apresentar
todos os núcleos-significativos essenciais à compreensão do quadro de
terror estrangeiro contra nossa Amazônia, ou melhor, a favor de sua posse
por organismos internacionais. Essa
orquestração, meu caro Vanucci, quase silente embora, por se tratar de grande
ardil internacional objetivando a invasão da Amazônia
brasileira, poderia muito bem ter sido interrompida caso nosso Congresso
Nacional fosse voltado para a defesa da integridade
territorial brasileira, e o Governo, também, protestasse junto aos organismos
internacionais contra esse coro de gafanhotos
gringos, sedentos do que não lhe pertence; preparasse um documento do qual
constassem os pormenores de suas manifestações e os divulgasse aos
quatro cantos da Terra para que todos tomassem conhecimento desse plano
diabólico. Enquanto não o fazem, nobre companheiro Vanucci,
sugiro-lhe encaminhar essa preciosa síntese do "olho gordo"
aos poderes da República e aos veículos de comunicação de massa
(imprensa e tevê) do País. Estou convencido de que será surpreendido com a
repercussão de seu esforço. Fiz semelhante denúncia, quando o governo de
Fernando Henrique Cardoso entregou a vigilância da Região Amazônica
ao Projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), uma empresa
norte-americana. O milho vigiado por raposa. (artigo publicado no Estado de Minas, sob o título Novas emanações
de Brasília, de 20 de
nov. de 1995, pág. de Opinião).”
Reputamos
oportuna a reprodução do artigo citado. Vem na sequência o que foi escrito por
Jair Barbosa da Costa, focado no contexto político daquele momento. “Novas
emanações de Brasília. Não é sem motivo que O Corvo, do célebre poeta e
contista norte-americano, Alan Poe, foi evocado pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso, em seu discurso de represália aos que suspeitam da falta de
transparência e até de comprometimento moral de seus auxiliares diretos, no Projeto
de Vigilância da Amazônia.
Há pouco mais
de dez anos, narrávamos, sob metáforas, os fétidos odores que exalavam dos
gabinetes acarpetados do Planalto. À época, tiveram de apelar para o gênio de
Sabin, porquanto nenhum sanitarista havia conseguido detectar o gérmen que a
todos contagiava – era a corrupção generalizada.
Depois, a
efeméride Collor e os quarenta ladrões, capitaneados por P.C.Farias. “E agora,
José?” – perguntaria o poeta – Seria concebível a contaminação do mesmo vírus brasiliensis, ainda não erradicado
na equipe de FHC?
“Num mundo como
o nosso, praticar ciência social é, em primeiro lugar, praticar política da
verdade.“ – ensina C. Wrigth Mills, em sua obra A imaginação sociológica. Ora,
não é mais tempo de dizer, despoticamente: “Eu sou presidente!”, em vez de
justificar os atos oficiais, perante o povo e o Parlamento, que têm o direito
de cobrar, de querer ser informados, sobretudo num regime democrático.
Frágeis estão
os alicerces da sociedade brasileira, porque abalados por tantos e sucessivos
terremotos éticos e morais. E Fernando Henrique Cardoso não o sabe? Então não
devia angustiar, ainda mais, essa gente sofrida e perplexa.
O Congresso
deve ou não deve imediata satisfação ao povo sobre o “escândalo do SIVAM
(Sistema de Vigilância da Amazônia)”? Por que S.Exa. não deixa abrir-se a
cortina dos bastidores palacianos? Os corvos de sua retórica estariam, hoje,
mais ávidos pela ambiência malcheirosa do que nos governos anteriores? Quem
poderá sabê-lo?
Vai ser muito
difícil grampear a boca daqueles que, em sua maioria, aprenderam a dizer sim às
propostas neoliberais, mas, nesta circunstância, acicatados pela imprensa,
vigilante e independente, estão dispostos a esclarecer os fatos.
A corrupção
começa a obnubilar a capital do País. Os cafés-da-manhã, almoço com os
comandantes militares descontentes, reuniões sigilosas com os “fiéis
companheiros” – nada disso amenizará o clima de tensão e a expectativa criados
com a substituição do ministro da Aeronáutica; a indiferença ao relatório do
senador Gilberto Miranda, em que pede o arquivamento do malfadado projeto; a
protelação, sem justa causa, de uma CPI, requerida pelo deputado Arlindo
Chinaglia, para se apurar a suspeita de tráfico de influência nesse assunto,
sem falar da tentativa de desmoralização da Polícia Federal. Esperamos que o
presidente diga à imprensa e ao povo: “Sou mero gestor da República. Meu jogo é
limpo. Venham conferir. Entrem que a Casa é sua!”
Riquezas do Brasil
Cesar Vanucci
"Amazônia: maravilha da vida, benção para o Brasil e para o mundo."
(“Campanha da Fraternidade de 2007”, da Conferencia Nacional dos Bispos
do Brasil - CNBB)
Foi na época em que a Vale
do Rio Doce, segunda maior empresa nacional, estava sendo desestatizada. Pra
deixar bem claras as coisas, "desestatizada" a preço de banana nanica
adquirida como refugo no Ceasa para distribuição em sacolão de arrabalde.
Pois bem, na época em
questão, figuras eminentes, entre elas o saudoso Arcebispo de Mariana Dom
Luciano de Almeida, levantaram como hipótese de trabalho a ideia de que as
jazidas auríferas exploradas pela empresa pudessem vir a ser vinculadas a um
projeto social de magnitude atrelado aos superiores interesses nacionais. A
operacionalização – enfatizou-se então - ficaria a cargo da própria União. Ou
de uma organização capacitada a dar efetivo cumprimento à proposta tal como
concebida. A recomendação foi recebida com desdém. Vê lá se os doutos
integrantes da nomenklatura
que há anos toma, em nome do povo, as decisões econômicas e sociais que regem
nosso maltratado destino iriam conceder alguma fatia de seu tempo precioso para
o exame de questões de somenos, que nem essa!... Ora, veja, pois!
O caso das colossais
reservas diamantíferas da Amazônia, aflorado anos depois por conta de litígios
envolvendo índios e garimpeiros, traz de volta, de quando em vez, pela sua
candente oportunidade e pertinência, a sugestão formulada na ocasião mencionada
por categorizadas lideranças. Já disse aqui, várias vezes, repetindo agora, que
a operacionalização, por vias clandestinas, na linha das conveniências de
malfeitores internacionais, das riquezas minerais do dadivoso subsolo amazônico
clama por pronta e vigorosa intervenção do Estado. Escoro a observação numa
revelação espantosa: em apenas dois anos – dados divulgados tempos atrás - o
contrabando de diamantes na região chegou a movimentar – pasmo dos pasmos –
algo em torno de dois bilhões de dólares. Tem mais: os números citados, como se
comprovou adiante, foram subestimados. Do retificativo procedido por
especialistas brotou, então, a informação de que a máfia dos diamantes, agindo
impunemente, fazendo uso até mesmo de campos de pouso exclusivos, estava
conseguindo transportar pra fora do país riquezas avaliadas em 27 bilhões de
reais por ano, ou seja 4 vezes mais do que o valor inicialmente anotado.
Números tão atordoantes,
façam-me o favor, clamam por permanente atenção, em caráter de prioridade e
urgência, para a área. Intervenção firme e vigorosa, com aparato logístico
militar. Tem-se que impedir, para todo sempre, o desvio de recursos tão
volumosos de sua legítima destinação, que outra não pode ser senão o bem-estar
social do povo brasileiro. Povo que é o único e insubstituível proprietário do
gigantesco patrimônio mineral, objeto pelo que se sabe de dilapidação por parte
de índios ingênuos ou espertalhões e de garimpeiros abusados, todos a serviço
de contrabandistas inescrupulosos. Nenhuma dessas facções, óbvio está, ligando
a mínima ao sagrado interesse da Nação.
É preciso proclamar, hoje e
sempre: essa história das agressões consentidas na Amazônia tem que render,
nalgum momento, eficazes desdobramentos político, social, militar, econômico capazes
de resguardar a soberania brasileira e colocar sob rigorosa proteção as
imensuráveis riquezas armazenadas naquele pedaço de chão brasileiro. Riqueza
nossa, toda nossa, exclusivamente nossa.
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