sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Obsessão sim, mas benfazeja

Cesar Vanucci

“A cobiça em riba da Amazônia não é de hoje, vem de longe.”
(Danilo Gomes, jornalista e escritor)

Vários leitores lisonjeiam, com amáveis referências, este desajeitado escriba pelo trabalho de anotar, neste acolhedor espaço, informações sobre as ameaças de internacionalização da Amazônia, ardentemente desejada por gringos de diferentes sotaques.

Um dos acompanhantes frequentes destas maltraçadas, aludindo à frequência com que o tema é abordado, considera-me “um obcecado pela Amazônia”. Tento explicar, agora, o que não consegui fazer no contato telefônico. Há uma obsessão para o bem e há uma obsessão para o mal. A primeira pode ser rotulada como não? de santa. Ghandi foi um obcecado pela paz. Tereza de Calcutá tinha obsessão pela solidariedade social. Recomendava com contagiante entusiasmo: “Ame até doer!” JK, volta e meia evocado nestes empobrecidos tempos de lideranças autênticas e de ideias fecundas, mostrou-se um “possuído” incorrigível pela causa do desenvolvimento.

Pensando bem, muitas são as causas de interesse humano que fazem jus a esse tratamento obsessivo e benfazejo. Trata-se de uma forma de espalhar boa contaminação vibratória no plano das ideias e ideais que conferem dignidade a aventura da vida. Reconheço-me, portanto, humildemente, nesta história da Amazônia, alguém apoderado de cívica obsessão.

As furibundas campanhas desenvolvidas no exterior valem-se de toda sorte de artifício para desacreditar o Brasil. Como já revelado, as ameaças são introduzidas em tribunas e manchetes de largo alcance, na programação subliminar de orientação  didática, em gibis onde super heróis enveredam por “beneméritas ações” em “defesa da humanidade” no deslumbrante e riquíssimo cenário amazônico. Um pedaço dadivoso de chão “dominado” por cruéis vilões empenhados em aprontar malfeitorias sem fim para acabar com a vida neste planeta azul... Os cruéis vilões, adivinhem só, somos nós outros. Nestas encenações de rematada hipocrisia e farisaísmo, impulsionadas por desmesurada e inocultável ambição colonial, os porta-vozes desses interesses sorrateiros antibrasileiros procuram ocupar lugar no coro dos clamores bem intencionados de grupos ambientalistas. Grupos esses inconformados com os danos provenientes do desmatamento ou com o tratamento dispensado às populações indígenas.

O que existe para verdadeiramente ser feito, neste capítulo, é a aplicação de medidas rigorosas contra tais atos execráveis, com apuração severa de responsabilidades e penalização dos culpados. A majestosa paisagem amazônica não pode ser largada à sanha criminosa de ninguém...

Junto com a ofensiva contra agressores ao meio ambiente faz-se imprescindível, ainda, uma mobilização de recursos que responda aos desafios reclamados pelo progresso da região, com resolutas políticas econômicas, sociais e de segurança. Não podemos deixar de repelir as inadmissíveis chantagens que recobrem de falsa preocupação ecológica aquilo que não passa, pra dizer verdade, de insopitável e voraz desejo alienígena de rapinagem econômica e política.

Cuido na sequência, enriquecendo-as, de incorporar às minhas reflexões texto bastante pertinente encaminhado, a propósito do candente tema, pelo conceituado jornalista e escritor Danilo Carlos Gomes: “Mestre Cesar Vanucci, de fato, a cobiça em riba da Amazônia não é de hoje, vem de longe. Vem do século XIX. Não sou inimigo dos EEUU, não tenho essa maluquice de "Fora, yankees!", não tenho cegueira ideológica, não sou um maluco  e atrasado  bolivariano (coitado de Bolivar!), mas não posso concordar com o olho gordo de Washington em cima da Amazônia. Os ingleses também nos deram dor de cabeça, naquela época, com a tal “Questão Christie” (creio  que em 1863). Defendamos o nosso território da cobiça alheia, sem ranços ideológicos, mas com apoio seguro no Direito Público Internacional. Como fizeram Ruy  Barbosa, o Barão  do Rio Branco e  outros  estadistas do passado. Obrigado pelos ensinamentos.”


Uma orquestração quase silente

 Cesar Vanucci

“...grande ardil internacional.”
(Jair Barbosa da Costa, escritor, referindo-se às ameaças externas pela internacionalização da Amazônia)

Como anotado aqui, vem sendo compreensivelmente grande o interesse despertado pela sequencia de artigos referentes à cobiça estrangeira sobre o brasileiríssimo território amazônico junto ao escasso – posto que leal – leitorado deste desajeitado escriba, com suas bem intencionadas e quiméricas intepretações do jogo da vida, Adicionamos hoje, às considerações alinhadas a respeito do efervescente tema, observações valiosas formuladas pelo escritor, jornalista, crítico literário, acadêmico Jair Barbosa da Costa, oficial graduado reformado dos quadros da Polícia Militar mineira.

Ele, o autor da mensagem a seguir reproduzida: “Impressionante seu resumo a apresentar todos os núcleos-significativos essenciais à compreensão do quadro de terror estrangeiro contra nossa Amazônia, ou melhor, a favor de sua posse por organismos internacionais. Essa orquestração, meu caro Vanucci, quase silente embora, por se tratar de grande ardil internacional objetivando a invasão da Amazônia brasileira, poderia muito bem ter sido interrompida caso nosso Congresso Nacional fosse voltado para a defesa da integridade territorial brasileira, e o Governo, também, protestasse junto aos organismos internacionais contra esse coro de gafanhotos gringos, sedentos do que não lhe pertence; preparasse um documento do qual constassem os pormenores de suas manifestações e os divulgasse aos quatro cantos da Terra para que todos tomassem conhecimento desse plano diabólico. Enquanto não o fazem, nobre companheiro Vanucci, sugiro-lhe encaminhar essa preciosa síntese do "olho gordo" aos poderes da República e aos veículos de comunicação de massa (imprensa e tevê) do País. Estou convencido de que será surpreendido com a repercussão de seu esforço. Fiz semelhante denúncia, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso entregou a vigilância da Região Amazônica ao Projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), uma empresa norte-americana.  O milho vigiado por raposa. (artigo publicado no Estado de Minas, sob o título Novas emanações de Brasília, de 20 de nov. de 1995, pág. de Opinião).”
Reputamos oportuna a reprodução do artigo citado. Vem na sequência o que foi escrito por Jair Barbosa da Costa, focado no contexto político daquele momento. “Novas emanações de Brasília. Não é sem motivo que O Corvo, do célebre poeta e contista norte-americano, Alan Poe, foi evocado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu discurso de represália aos que suspeitam da falta de transparência e até de comprometimento moral de seus auxiliares diretos, no Projeto de Vigilância da Amazônia.
Há pouco mais de dez anos, narrávamos, sob metáforas, os fétidos odores que exalavam dos gabinetes acarpetados do Planalto. À época, tiveram de apelar para o gênio de Sabin, porquanto nenhum sanitarista havia conseguido detectar o gérmen que a todos contagiava – era a corrupção generalizada.
Depois, a efeméride Collor e os quarenta ladrões, capitaneados por P.C.Farias. “E agora, José?” – perguntaria o poeta – Seria concebível a contaminação do mesmo vírus brasiliensis, ainda não erradicado na equipe de FHC?
“Num mundo como o nosso, praticar ciência social é, em primeiro lugar, praticar política da verdade.“ – ensina C. Wrigth Mills, em sua obra A imaginação sociológica. Ora, não é mais tempo de dizer, despoticamente: “Eu sou presidente!”, em vez de justificar os atos oficiais, perante o povo e o Parlamento, que têm o direito de cobrar, de querer ser informados, sobretudo num regime democrático.
Frágeis estão os alicerces da sociedade brasileira, porque abalados por tantos e sucessivos terremotos éticos e morais. E Fernando Henrique Cardoso não o sabe? Então não devia angustiar, ainda mais, essa gente sofrida e perplexa.
O Congresso deve ou não deve imediata satisfação ao povo sobre o “escândalo do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia)”? Por que S.Exa. não deixa abrir-se a cortina dos bastidores palacianos? Os corvos de sua retórica estariam, hoje, mais ávidos pela ambiência malcheirosa do que nos governos anteriores? Quem poderá sabê-lo?
Vai ser muito difícil grampear a boca daqueles que, em sua maioria, aprenderam a dizer sim às propostas neoliberais, mas, nesta circunstância, acicatados pela imprensa, vigilante e independente, estão dispostos a esclarecer os fatos.
A corrupção começa a obnubilar a capital do País. Os cafés-da-manhã, almoço com os comandantes militares descontentes, reuniões sigilosas com os “fiéis companheiros” – nada disso amenizará o clima de tensão e a expectativa criados com a substituição do ministro da Aeronáutica; a indiferença ao relatório do senador Gilberto Miranda, em que pede o arquivamento do malfadado projeto; a protelação, sem justa causa, de uma CPI, requerida pelo deputado Arlindo Chinaglia, para se apurar a suspeita de tráfico de influência nesse assunto, sem falar da tentativa de desmoralização da Polícia Federal. Esperamos que o presidente diga à imprensa e ao povo: “Sou mero gestor da República. Meu jogo é limpo. Venham conferir. Entrem que a Casa é sua!”

Riquezas do Brasil

Cesar Vanucci


"Amazônia: maravilha da vida, benção para o Brasil e para o mundo."
(“Campanha da Fraternidade de 2007”, da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB)


Foi na época em que a Vale do Rio Doce, segunda maior empresa nacional, estava sendo desestatizada. Pra deixar bem claras as coisas, "desestatizada" a preço de banana nanica adquirida como refugo no Ceasa para distribuição em sacolão de arrabalde.

Pois bem, na época em questão, figuras eminentes, entre elas o saudoso Arcebispo de Mariana Dom Luciano de Almeida, levantaram como hipótese de trabalho a ideia de que as jazidas auríferas exploradas pela empresa pudessem vir a ser vinculadas a um projeto social de magnitude atrelado aos superiores interesses nacionais. A operacionalização – enfatizou-se então - ficaria a cargo da própria União. Ou de uma organização capacitada a dar efetivo cumprimento à proposta tal como concebida. A recomendação foi recebida com desdém. Vê lá se os doutos integrantes da nomenklatura que há anos toma, em nome do povo, as decisões econômicas e sociais que regem nosso maltratado destino iriam conceder alguma fatia de seu tempo precioso para o exame de questões de somenos, que nem essa!... Ora, veja, pois!

O caso das colossais reservas diamantíferas da Amazônia, aflorado anos depois por conta de litígios envolvendo índios e garimpeiros, traz de volta, de quando em vez, pela sua candente oportunidade e pertinência, a sugestão formulada na ocasião mencionada por categorizadas lideranças. Já disse aqui, várias vezes, repetindo agora, que a operacionalização, por vias clandestinas, na linha das conveniências de malfeitores internacionais, das riquezas minerais do dadivoso subsolo amazônico clama por pronta e vigorosa intervenção do Estado. Escoro a observação numa revelação espantosa: em apenas dois anos – dados divulgados tempos atrás - o contrabando de diamantes na região chegou a movimentar – pasmo dos pasmos – algo em torno de dois bilhões de dólares. Tem mais: os números citados, como se comprovou adiante, foram subestimados. Do retificativo procedido por especialistas brotou, então, a informação de que a máfia dos diamantes, agindo impunemente, fazendo uso até mesmo de campos de pouso exclusivos, estava conseguindo transportar pra fora do país riquezas avaliadas em 27 bilhões de reais por ano, ou seja 4 vezes mais do que o valor inicialmente anotado.

Números tão atordoantes, façam-me o favor, clamam por permanente atenção, em caráter de prioridade e urgência, para a área. Intervenção firme e vigorosa, com aparato logístico militar. Tem-se que impedir, para todo sempre, o desvio de recursos tão volumosos de sua legítima destinação, que outra não pode ser senão o bem-estar social do povo brasileiro. Povo que é o único e insubstituível proprietário do gigantesco patrimônio mineral, objeto pelo que se sabe de dilapidação por parte de índios ingênuos ou espertalhões e de garimpeiros abusados, todos a serviço de contrabandistas inescrupulosos. Nenhuma dessas facções, óbvio está, ligando a mínima ao sagrado interesse da Nação.

É preciso proclamar, hoje e sempre: essa história das agressões consentidas na Amazônia tem que render, nalgum momento, eficazes desdobramentos político, social, militar, econômico capazes de resguardar a soberania brasileira e colocar sob rigorosa proteção as imensuráveis riquezas armazenadas naquele pedaço de chão brasileiro. Riqueza nossa, toda nossa, exclusivamente nossa.

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