quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

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Nos tempos do 
lança-perfume

Cesar Vanucci

“Carnaval, uma tradição venerável, uma festividade adorada que tem a significação de um desafogo na existência árida do brasileiro.”
(Gilberto Amado)

A proximidade do chamado “tríduo momesco” – expressão, diga-se de passagem, inadequada para definir a folia de mês inteiro que estremece hoje os redutos baianos – cria ensancha oportunosa (como era hábito dizer-se em tempos de antigamente) para relembrar carnavais que passaram.

Vai ter quem reclame, por certo, da postura saudosista deste escriba. Mas nem por isso – tá bem? - vou deixar de dizer que os carnavais de outrora, dos bons e irrecuperáveis tempos de uma juventude já transitada em julgado, eram infinitamente mais joviais e prazerosos. A alegria rolava solta, em clima de total descontraimento, em salões decorados com esmero na base da serpentina, balões, máscaras, figuras de cartolina, bonecos sustentados em estruturas de madeira, com farto emprego de papel machê, tinta, algodão e lantejoulas.

A esmagadora maioria dos foliões, incluídas aí patotas familiares inteiras, fazia dos clubes o centro preferencial de diversão no período dos festejos. Os arrelientos, com seus excessos cervejeiros, estragavam, por vezes, o prazer alheio. Mas, para a tranquilidade geral, não passavam, na verdade, com suas aprontações barulhentas, de uma minoria. Manjados por todos, eram, tanto quanto possível, mantidos à distância nas evoluções graciosas, ao som da batucada, dos pares e blocos pelas pistas dançantes. Um montão de gente, abstêmios de berço, participava dos folguedos sem ingerir, ao longo dos quatro dias, uma gota sequer de bebida alcoólica. O que não os impedia de competir em animação com a majoritária parcela dos que vertiam bebida com moderação, como é recomendado hoje, de pura mentirinha, em tudo quanto é intervalo de tevê, na tradicional litigância publicitária das cervejarias.

Naqueles tempos ainda – e a revelação, como já comprovei é de molde a espantar os mais moços - nenhum carnavalesco que se prezasse abria mão de trazer ao alcance, para pronto uso, o seu tubo de lança-perfume. De vidro ou metálico. Borrifar com jato de perfume um conhecido equivalia a uma saudação amistosa. Alvejar os cabelos ou o colo de uma jovem com um esguicho, acompanhando a cadência bonita do samba, representava forma galante de exprimir simpatia e afetividade. Não ocorria a ninguém, obviamente, o temor de vir a ser acusado de assédio por conta desse inocente procedimento. Ficava-se a aguardar pelo esguicho de volta, um sinal promissor de correspondência. A bisnaga perfumada era considerada, assim, imprescindível dentre os apetrechos carnavalescos. Tanto quanto a fantasia, o confete, a serpentina. Entrava e saia carnaval, e de nenhuma voz autorizada se fazia ouvir qualquer tipo de advertência relativa à insuspeitada toxidade do produto. Não passava pela cabeça de qualquer vivente a “extravagante” ideia de que o lança-perfume pudesse, em algum momento, ser equiparado a drogas da pesada, capazes de provocarem dependência química. A visão que dele se tinha, de modo geral, era de um brinquedo divertido, para adultos e crianças. Nas matinês, a meninada trazia, pendurado na cintura ou preso nas mãos, seu tubo de lança-perfume. Jogar perfume nos outros tinha tudo a ver com o espírito da festa. Só mesmo imperícia no manejo do artefato produzia um que outro inesperado transtorno. Quando, por exemplo, se atingia, inadvertidamente, o olho do freguês, em lugar de outra parte do corpo imune ao ardor incômodo do líquido.

A invenção de moda de embeber o conteúdo dos frascos em lenço, mode que aspirá-lo, demorou um tempão para chegar aos salões. A raridade desse tipo de ocorrência recorda-me um “quebra pau”, prontamente dissolvido pela turma do “deixa disso”, envolvendo personagens conhecidos na vida pública. Contrariando a regra escrupulosamente seguida por todo mundo, eles andaram cheirando, prolongadamente, a ponto de dar vexame, o lenço encharcado de perfume. Acabaram se estranhando no auge da vibração. O episódio ficou de tal forma gravado na lembrança do lugar, que chegou a ser citado como referência de algo indesejável até mesmo, dois ou três anos depois, nos preparativos de outras festividades carnavalescas. Acrescente-se, a bem da verdade, que os belicosos foliões, responsáveis pela infringência das regras, tomaram “chá de sumiço” nos carnavais seguintes, sentindo-se no mínimo constrangidos com relação ao malfeito praticado.

Então, tem ou não tem aqui razão o neto de vó Carlota, quando afirma, carregado de certezas, que os carnavais de antigamente eram bem mais bacanas e prazenteiros?

LIONS 
NA PASSARELA DO SAMBA


O Companheiro Leão José Castro, conhecido na carinhosa convivência dos amigos pelo apelido de “Zé do Pedal”, dinâmico presidente do valoroso Lions Clube de Viçosa, encaminhou-nos o material que temos a satisfação de agora reproduzir neste blog. O assunto focalizado é a simpática homenagem que uma Escola de Samba de São Paulo vai prestar, no próximo desfile carnavalesco, ao nosso Lions Clube Internacional pelo transcurso de seu centenário de realizações em favor da causa do bem-estar social.


Escola de Samba Leandro de Itaquera homenageia 
Lions Clube em seu centenário

Quando o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Leandro de Itaquera, do grupo de acesso do carnaval paulistano, entrar na avenida no dia 11 de fevereiro, estará levando muito mais que um samba enredo para a passarela do samba em busca de voltar à elite do carnaval paulistano. A escola estará levando para o Anhembi a história dos 100 anos de serviço voluntário do Lions Clube, o maior Clube de serviço do Mundo, com mais de 1.4 milhões de associados e presente em mais de 210 países e áreas geográficas.

A ideia de homenagear o Lions Clube em seu centenário surgiu em uma reunião entre os amigos da  Velha Guarda da escola: Elias Aracati, Paulinho da Leandro e Valdir Cassoli que levaram a ideia para o Presidente da Escola, o qual depois de diversas reuniões com o governador do Distrito LC2, Rubens Mesadri, foi autorizado, pela sede internacional de Lions Clube, a realizar a homenagem.

Sob a direção do carnavalesco Orlando Júnior, muito conhecido no carnaval tanto de SP quanto no RJ, foi definido o tema a ser levado pra avenida “A celebração da solidariedade no mundo - onde há uma necessidade, há um Leão”. O samba enredo vencedor foi desenvolvido pelos compositores André Ricardo, Elias Aracati, Guilherme Napoleão, Jiva Velha Guarda, Jorge Musa, Luciane Albuquerque, Mauro Lúcio, Moacir Oliveira, Paulinho da Leandro, Rogerio Papa, Silvio Branco e Valdir Cassoli, e teve como base a sinopse (documentos no qual o carnavalesco desenvolve o enredo no desfile).

A escola irá para a avenida com 19 alas, incluído bateria, velha guarda, ala de passistas, todas elas com quase 60 componentes, muitos deles membros do Lions Clube oriundos de todo o Brasil, entre eles ex-Governadores, Governadores, a pré-candidata a terceiro Vice Presidente de Lions Clube Internacional, PID Rosane Teresinha Jahnke, e o ativista mineiro José Geraldo de Souza Castro, Zé do Pedal, 60, presidente do Lions Clube de Viçosa e pré-candidato a segundo Vice Governador do Distrito L-C12, que foi convidado pela Leandro de Itaquera para ser Padrinho da Ala Roda Viva (primeira ala em escola de samba no Brasil formada exclusivamente por pessoa com deficiência). O convite foi feito, após a diretoria conhecer o projeto “Extremas Fronteiras – Barreiras Extremas” (Cruzada pela Acessibilidade), no qual Zé do Pedal caminhou 10.700km, dando aproximadamente 15 milhões de passos, empurrando uma cadeira de rodas, desde Uiramutã (RR), Fronteira norte do Brasil com a Venezuela e passando 20 estados brasileiros até o  Chuí – RS, tendo como objetivo chamar a atenção sobre um dos principais problemas que afeta a pessoa com deficiência: as barreiras arquitetônicas.

Saiba mais:
Escola de Samba Leandro de Itaquera
Localizado no bairro de Itaquera, Zona Leste da cidade de São Paulo e fundado em 3 de março de 1982, o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Leandro de Itaquera surgiu quando Karen, durante sua festa de aniversário, pediu a seu pai, Leandro Alves Martins, fundador e atual presidente, uma escola de samba de presente.
Para transformar o sonho de Karen em realidade, bastou apenas uma reunião de “seu Leandro” com alguns amigos sambistas, para a fundação da Escola de Samba Leandro de Itaquera, que tem como símbolo o Leão, representando força e liderança. O nome da escola, que tem como cores oficiais o vermelho (garra) e o branco (paz), é uma justa homenagem a Seu Leandro.
Em 1988, seis anos após sua fundação, a Leandro de Itaquera já vencia o Grupo 1, classificando-se para a primeira divisão do samba em 1989. A constante preocupação desde sua fundação, com a história, cultura e meio ambiente, a Leandro de Itaquera levou para a Avenida importantes temas cujo conteúdo permitiu à escola estar sempre em lugar de destaque, como por exemplo "Babalotim", interpretado por Eliana de Lima e a bateria comandada por Mestre Lagrila, um dos grandes nomes entre os ritmistas da cidade
Em 1990 a Leandro homenageou seu bairro, Itaquera, e após desfilar sob forte chuva, classificou-se em quinto lugar entre dez escolas, ficando atrás de Camisa, Rosas, Peruche e Vai-Vai e um ano depois, obtinha sua melhor classificação, ficando em quarto lugar, com o enredo "Querem Acabar Comigo", que criticava a exploração das riquezas naturais brasileiras, e em 1994 conquistava o quinto lugar com o enredo, "Tietê - Um Rio de Verdade", colocação que se repetiu em 1999.
Em 2004, nas comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo, a escola inovou ao trazer para a avenida duas baterias, sob o comando de Mestre Adamastor. Os dois grupos revezavam-se ao longo da avenida, com algumas convenções em que ambos se apresentavam ao mesmo tempo.
Em 2007, no desfile em que comemorava e cantava seu jubileu de prata, a Leandro de Itaquera surpreendeu ao público trazendo na comissão de frente o próprio presidente da escola, Seu Leandro. Na coreografia, que contava a história da fundação da escola, o presidente contracenava com a neta, Ariani, que interpretava a tia, Karin, e no ano seguinte, com um enredo falando sobre a Revolta dos Malês, conquistou o vice-campeonato do grupo de acesso, voltando ao Grupo Especial em 2009.
No carnaval de 2009, a escola decidiu homenagear a atriz e comediante Regina Casé, com o enredo: "Leandro de Itaquera faz a festa da periferia. Salve salve, nossa rainha Regina Casé"
Em 2010, homenageou suas próprias cores: "Sob um manto de amor e paz, sou Leandro de Itaquera desfilando o Vermelho e Branco no meu carnaval", o samba enredo foi interpretado por Sandra de Sá e a escola contou a importância das cores vermelho e branco, retratando o período da era cristã, quando os reis demonstravam poder através da cor vermelho. Mostrou a importância das cores nas religiões africanas e deu destaque aos símbolos do mundo em vermelho e branco.
Em 2012 a Leandro trouxe novamente o Meio Ambiente, contratando o carnavalesco Orlando Júnior, que era carnavalesco da Tradição escola do Rio De Janeiro
Em 2013, veio com um enredo afro O leão guerreiro mostra a sua força! É a garra e a bravura do negro no quilombo da Leandro de Itaquera desfilou com todo seu alto astral e a sua garra como é de costume. Na apuração se consagrou Vice-campeã, levando nota máxima em quatro dos nove quesitos, Alegoria, Harmonia, Samba Enredo e M.S.P.B, conseguindo a vaga vitoriosamente para o Grupo Especial no ano seguinte.
Em 2014 a escola da Zona Leste  abriu os desfiles de sexta-feira do grupo especial com um enredo que abordou o futebol e a Copa do Mundo FIFA de 2014, a agremiação apresentou um samba enredo animado que contagiou o Anhembi porém, durante o seu desfile pegou uma forte tempestade de granizo, comprometendo  diversos quesitos como Evolução,  fantasia e bateria o que foi inevitável a sua queda para o grupo de acesso
De volta ao Grupo de Acesso em 2015, a Leandro voltou com os temas de enredo afros "Invencível" com abordagem no legado deixado por Nelson Mandela, um dos mais respeitados líderes morais e políticos do mundo, com um enredo desenvolvido pelo carnavalesco Marco Aurélio Ruffinn. Com um desfile empolgante, a agremiação brigaria pelo título, porém o Leão teve que contentar-se apenas com a 4° colocação.
Em 2016, a Leandro apresentou o enredo "Rainhas de todos nós, mulheres guerreiras! Ê, Baiana... Com suas bênçãos, a Leandro conta sua história e celebra o centenário do samba". Apesar da garra da comunidade, o desfile foi aquém do que se esperava. Na apuração, a escola chegou a frequentar a zona de rebaixamento, mas acabou terminando em 6° lugar.
Para o carnaval de 2017, a escola fez uma reedição de "Babalotim - A história dos Afoxés", enredo apresentado no carnaval de 1989, ano em que a agremiação estreou no Grupo Especial.

Saiba mais:
Lions Clube
 A Associação Internacional de Lions Clubes começou, em 1917, como um ideal de Melvin Jones, empresário de Chicago.
Ele acreditava que os clubes locais de homens de negócios deveriam ampliar seus horizontes, deixando as preocupações de ordem estritamente profissional, interessando-se na melhoria de suas comunidades e do mundo em geral.
Três anos após a sua organização, a associação se tornou internacional quando, em 1920, se fundou o primeiro clube no Canadá. Durante as décadas de 1950 e 1960, a expansão internacional continuou à medida que clubes foram organizados, principalmente na Europa, Ásia e África.
Na atualidade, a associação conta com mais de 1,4 milhão de homens e mulheres em 45.000 clubes localizados em 205 países e áreas geográficas.
Em 1925 o Lions aceitou o desafio de Helen Keller, lançado em seu discurso aos membros do clube de serviço na convenção internacional em Cedar Point, Ohio, EUA, quando os desafiou a se tornarem os “paladinos dos cegos na cruzada contra a escuridão”. A partir deste momento, os Lions clubes têm se envolvido ativamente no serviço em prol dos cegos e deficientes visuais.
Ampliando o seu papel no campo da compreensão internacional, a associação ajudou em 1945 as Nações Unidas a estabelecer as seções das Organizações Não-Governamentais e continua a manter o seu status de consultor perante esta organização.
Em 1990 os Leões lançaram a sua mais enérgica ofensiva para a conservação da visão, o Programa SightFirst. Este programa, de pensamento Global e atuação Local, procura livrar o mundo da cegueira evitável e reversível, assistindo aos serviços de cuidados da saúde que estão desesperadamente carecendo de atenção.

Além dos programas em prol da visão, o Lions Clubes Internacional se comprometeu a proporcionar serviços aos jovens. Os Lions clubes também se empenham na melhoria das condições do meio ambiente, construção de habitações para deficientes, conscientização acerca da diabete, programas para o deficiente auditivo e, através da sua fundação, prestam ajuda às vítimas de catástrofes em todo o mundo.

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