O nazismo e a
“supressão da história”
Cesar Vanucci
“A nossa
revolução é uma nova etapa, ou antes,
a etapa definitiva da evolução que conduz
à supressão da história.”
(Adolf Hitler)
Tanto quanto
está dando para perceber, levando-se em conta registros dos órgãos de
comunicação social, internet obviamente incluída, muitas das manifestações
extremadas, de bolorento teor ultraconservador, que volta e meia irrompem na
cena pública em diferentes partes – o Brasil não fica fora -, são de
inocultável inspiração nazista.
Nalgumas
situações já não há nem mesmo preocupação com disfarces ideológicos. A terceira
força política mais poderosa da Alemanha nos dias de hoje é declaradamente
hitlerista. Os “supremacistas brancos”
dos Estados Unidos não fazem por menos. O desconhecimento de causa pode
arrastar muita gente, sobretudo em camadas mais jovens, como aconteceu com a
grande maioria da população alemã nos anos 30, a se deixar seduzir pela cantilena
perversa dos cultores da sinistra suástica. Ou seja, tomar-se de insano
entusiasmo por uma pregação ancorada em falsos conceitos nacionalistas, falso
humanismo, falso moralismo. Ver a bandeira nazista desfraldada, como se viu
agora na campanha eleitoral alemã e em manifestações dos tais
“supremacistas brancos” nos Estados
Unidos, provoca – como não? - calafrios na espinha. Adolf Hitler e sua horda de
fanáticos desencadearam a maior tragédia da história humana. Conhecer, com o
salutar fito de abominá-las, as ideias do tenebroso personagem é algo muito
importante nestes instantes confusos atravessados pela civilização. Aqui dentro
e lá fora.
O pintor frustrado que se tornou dirigente político
poderosíssimo, a ponto de poder influenciar os rumos da história, foi
responsável pelos mais hediondos crimes de lesa humanidade jamais praticados,
desde que o mundo se reconhece mundo. Uma faceta menos explorada
da personalidade de Adolf Hitler revela-nos, instigantemente, o comprometimento
visceral do líder nazista, desde os começos de sua trajetória política, com
tresloucados conceitos e ações de cunho místico. É dali que emerge sua
convicção pessoal insana, compartilhada com devoção por alucinados seguidores,
do papel messiânico que o destino lhe estaria reservando O “Fuhrer” se
apresenta e é aceito pela sociedade alemã como o homem capaz de redimir a sua
gente. Nas furibundas manifestações em que deixa entrevista sua paranoica
exaltação mística, ele se coloca na condução de um movimento diferente, sem
similar em época alguma, para que possa executar “missão redentora”...
Num estudo em que assestam a claridade dos
holofotes sobre as raízes da “filosofia hitleriana”, apropriadamente
classificada de luciferina, os pensadores Jacques Bergier e Louis Pauwells
mostram que a ambição e a “sagrada missão” de que o mesmo se acreditava
investido ultrapassaram infinitamente os domínios da política e do patriotismo.
Dão a palavra a Hitler para uma melhor explicação dessa assertiva: “A ideia de
nação – diz lá o “Fuhrer” – tive de me servir dela por razões de oportunidade,
mas já sabia que ela não podia ter mais do que um valor provisório. Dia virá em
que pouca coisa restará, mesmo aqui na Alemanha, daquilo que chamamos o
nacionalismo. O que haverá no mundo será uma confraria universal dos mestres e
dos senhores.”
Ainda o fundamentalismo nazista
Cesar Vanucci
“A propaganda
não pode servir à verdade, especialmente
quando possa salientar algo favorável
ao oponente.”
(Adolf Hitler)
Uma frase:
“Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada.” Outra frase:
“A propaganda não pode servir à verdade, especialmente quando possa salientar
algo favorável ao oponente.”
Ambas as frases
são de Adolf Hitler. Foram extraídas do “Mein Kampf” (“Minha Luta”), a “bíblia”
nazista escrita por um cidadão que se acreditava provido de poderes
“messiânicos” em sua tresloucada aventura de contaminar a história com
hediondas teses racistas, xenófobas e radicais.
A retórica
desse famigerado dirigente político que conseguiu, num dado instante da
trajetória humana, eletrizar vários milhões de fanáticos adeptos com
alucinatória pregação voltada para a “supressão da história”, não consistia em
mero jogo de palavras. Representava convocação pronta para atos belicosos,
posturas virulentas, gestos hostis, sem tréguas, na base da doutrina do “crê ou
morre”. Em suas delirantes elucubrações, ele imaginava uma confraria universal
conduzida por “mestres” e “senhores”. A esse poder imperial absoluto seria
submetida, em condições de vassalagem, toda a sociedade humana. O processo previa
a eliminação das “reconhecidas raças inferiores”. Auschwitz e outros centros de extermínio confirmaram
tenebrosamente essa conceituação luciferina do nazismo.
Hitler deixou
evidenciado que a política convencional significou apenas, em sua “missão
redentora”, uma mera manifestação externa. Reduziu-se a instrumento de
aplicação prática e momentânea de uma cartilha de conceitos deformados, de
tétrica inspiração esotérica, concernentes às leis da vida. A humanidade seria “aquinhoada”,
dentro desse alinhamento de emoções mórbidas, com um destino que os homens
comuns não seriam nem de leve capazes de conceber, muito menos suportar. O
mundo ficaria reservado apenas a “homens superiores”, naturalmente os da “raça
ariana pura”. Seres que ele, Hitler, procurava fervorosamente preservar da
“contaminação com seres impuros”, de maneira a garantir supremacia dos “valores
prodigiosos” contidos em sua perversa doutrina racial.
Adolf Hitler – as
evidências estridentes de seus posicionamentos doutrinários estão aí pra
confirmar – foi um fundamentalista extremado. O mais radical de todos, na
interpretação das leis espirituais que regem a conduta humana e os fatos
sociais que compõem nosso precioso e inalienável patrimônio humanístico.
Tinha-se na conta de “vidente” portentoso. Valia-se de conceitos extraídos de
pseudociências para demenciais propostas. Contava com o fanatismo apocalíptico
de profetas como o austríaco Hans Horbiger, seu guru de cabeceira, e de
companheiros tão insanos quanto o chefe, integrantes de sociedades herméticas
engajadas na construção de um “admirável mundo novo”, composto de “semideuses”...
Essa condição de
fundamentalista desvairado do “pai do nazismo”, perceptível em seus modos de
pensar, falar e agir, não pode deixar de ser rememorada nesta hora. Ali e aqui,
de modo alarmante, despontam no pedaço numerosos personagens e grupos radicais empenhados
em desfraldar as bandeiras ignominiosas da intolerância, do ódio racial e das
discriminações e posturas extremadas as mais diversificadas.
Em círculos devotados às
práticas humanísticas e espirituais autênticas, onde se bebe inspiração para
luta permanente em favor de um mundo melhor, a movimentação deletéria dos
radicais é alvo de abominação. Repugna a todos eles – parcela majoritária entre
os seres humanos -, vislumbrar em tantas reações fundamentalistas, religiosas
ou políticas, da hora atual vestígios da incendiária doutrina nazista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário