sexta-feira, 22 de junho de 2018


Tiraram a alegria
 das arquibancadas...

Cesar Vanucci

“Se a alegria popular definhou a culpa cabe, por inteiro, 
à desastrosa condução dos negócios políticos e administrativos.”
(Domingos Justino Pinto, educador)

Cadê aquele festival colorido das bandeiras freneticamente agitadas nas ruas, praças e outros inesperados recantos? Cadê aquele mar de gente dos desfiles saudavelmente contaminados de ardor carnavalesco e de inspiração pode-se também dizer cívica?
As camisas verde-amarelas por que largadas em cabides ou gaveteiros nos guarda-roupas? Qual o motivo de as janelas das moradias e as fachadas de prédios deixarem de receber os adornos coloridos típicos de instantes celebrativos de forte emoção popular? Como explicar o silêncio ensurdecedor do foguetório e buzinaço que não está sendo ouvido? Que negócio estranho é esse de não mais conseguir-se escutar, pelo menos como pálida amostra da retumbância dos registros de antigamente, a envolvente cadência do batuque, o ronco resfolegante da cuíca, o brado vibrante do torcedor apaixonado, o silvo cortante do apito, o coral desafinado, mas soberbo, das interpretações de refrãos musicais que todo mundo aprendeu a entoar, outros ruídos pensantes variados, à guisa de celebração de qualquer coisa marcante sucedida durante as refregas futebolísticas? Por que não mais está sendo captado, com a intensidade de outros estrondosos momentos, aquele formidável alarido que a gente do povo espontaneamente compunha, em tempos de copa, e que era visto como uma saudável e inédita inclinação peculiarmente brasileira para democrática confraternidade social, deixando as pessoas de outras plagas espantadas e embevecidas?
Afinal de contas, o que andou pintando no pedaço para que, de uma hora pra outra, contrariando hábitos tradicionais arraigados e contendo impulso cultural poderoso, o País resolvesse manter-se neste instante, de um modo geral, na comparação com ocasiões pregressas marcadas por celebrações coletivas grandiosas, mudo e quedo que nem penedo?
Tem-se por certo que os 7 X 1 da Copa de 2014, por mais aguda que tenha sido a decepção cravada no espírito popular, não explicam por si só o arrefecimento do interesse com relação a um evento esportivo que, ao longo dos anos, sempre suscitou empolgação invulgar. Estudiosos do comportamento humano devem estar cuidando de inserir, em seus trabalhos de pesquisa, investigações sobre o que terá desencadeado certas reações agora detectadas na alma das ruas. Até algum tempo atrás, ninguém por certo imaginaria pudéssemos nos deparar com a circunstância de muitos torcedores de futebol serem capazes de escalar a composição dos ministros da Suprema Corte, embora confessando alguma dificuldade em declinar os nomes dos titulares do escrete brasileiro no torneio mundial.
Pode ser que aconteça, daqui a pouco, no correr dos jogos em andamento na Rússia, na almejada hipótese de que a seleção se mostre capaz de desfazer a impressão deixada na estreia, que essa perspectiva de quase apatia, ou de interesse limitado por uma competição que teve sempre o condão de galvanizar pra valer as atenções, venha a ser revertida. A chama do entusiasmo seria, assim, de repente, reacesa, prevalecendo até - quem sabe? - um epílogo que anunciasse a recuperação da hegemonia brasileira nos domínios do esporte das multidões. Oxalá “sesse” assim, como se diria no saboroso linguajar roceiro.
De qualquer modo, uma conclusão deflui implacavelmente de todos esses acontecimentos. A causa das características bizarras, escalafobéticas com as quais a opinião pública encara nossa participação na copa não é outra além dos desacertos políticos e administrativos oriundos do gerenciamento incompetente da coisa pública, sensivelmente agravados ultimamente, os malfeitos decorrentes da ação inescrupulosa de graduados com mandato, agentes públicos e empreiteiros inidôneos. Todos estes ingredientes indigestos são encontrados na raiz dessa desagradável alteração no estado de espírito da sociedade. A ganância do time do colarinho branco, com excesso de jogadas desarmoniosas no gramado político, andou roubando a alegria das arquibancadas.


Lions de Contagem inaugura sede



O Lions de Contagem, o mais jovem clube da jurisdição do Distrito LC-4 de Lions, inaugurou no último dia 20 de junho sua sede, localizada no Bairro Água Branca. A Governadora do Distrito, Maria das Graças Amaral, participou do evento, que reuniu numerosos representantes da comunidade leonística, além de outros ilustres convidados, com destaque para integrantes do Lions BH Inconfidência, clube padrinho do Lions de Contagem.
Na ocasião, foi implantado o Leo Clube vinculado ao clube de Contagem. Momento de grande emoção constituiu a inauguração do Espaço Cultural “Walmir Costa”, de saudosa memória, pai do empresário Lúcio Costa, presidente da “Suggar”, grande incentivador de empreendimentos culturais.
O Lions de Contagem é presidido pela professora Francimara das Graças Batista.
As fotos abaixo reproduzidas foram colhidas pelo economista Alvimar Peres da Cunha, membro do Lions Inconfidência.










Conforme prometido, vamos reproduzir aqui o texto "A carta das Madalenas de Minas para Francisco", complemento da reportagem estampada na revista “Ecológico”, edição de nº 107, de abril de 2018, da jornalista Déa Januzzi 
sob o título "Dentro de cada mulher há uma Madalena."


A Carta das Madalenas de 
Minas para Francisco

Perdoe-nos, Francisco, por chegar assim tão de repente, sem cerimônia, chamando-te pelo nome. Não dá para te nomear de Sumo Pontífice ou Sua Santidade. Pois és o Papa do século XXI, um revolucionário como Jesus. Perdoe-nos por te comparar a Jesus. Mas tu, Papa Francisco, também chegaste com simplicidade, compaixão, ternura e gentileza para redimir as mulheres de todas as culpas católicas, que foram pregadas na cruz de suas vidas. Para rever o rastro de machismo que contaminou a Igreja. Tu és o papa da alegria, da fraternidade, do perdão e da esperança. Vens curando todas as nossas feridas ancestrais abertas por um mundo masculino autoritário e inflexível, que diminuiu, baniu, pisoteou, enclausurou, incendiou, excluiu, maltratou e infernizou o feminino.
Tu és o papa que devolveste o poder às mulheres, assim como fizeste com Maria Madalena, elevando-a ao posto de “a apóstola dos apóstolos”. Dando um lugar de honra à Madalena e às mulheres neste mundo atual, tão caótico. Tu és o mensageiro de um novo mundo, sem distinção de gênero, de raça, ou entre pobres e ricos. Tu és o exemplo de como devemos respeitar a Mãe Terra e também a natureza interior de cada mulher.
Aqui, deste front feminino, que fica em Moeda, Minas Gerais, Brasil, 39 mulheres encontraram um jeito especial de mostrar gratidão a um papa que aboliu preconceitos e absolveu as mães solteiras declarando: “Mãe não é estado civil. Mãe é mãe e pronto”. Um jeito de agradecer a um papa que parou de excomungar as mulheres que praticaram aborto em algum momento difícil de suas vidas. Um papa que fala coisas assim: “A mulher é que dá harmonia ao lar. Não está aqui para lavar louças”.
Tu és muito mais a Igreja de Maria Madalena do que a de Pedro. Tu és a Igreja do cuidado essencial, que não guerreia, mas acolhe, comunga e compartilha. A Igreja sem penitências e martírios desnecessários, sem os pesados grilhões de dogmas ultrapassados. Sem o peso da Inquisição.
Tu és a Igreja dos dias atuais, mais leve e livre.  A Igreja do coletivo e não do individualismo. Uma igreja sem pecados cometidos, sem culpa, sem demônios e sem o fogo do inferno, pois só tu sabes que o inferno é aqui, como tens sentenciado aos quatro cantos.
Foi pensando em ti, Papa Francisco, que 39 mulheres mineiras bordaram um manto em sua homenagem. A jornada de cura dessas mulheres foi longa como a de Maria Madalena, em busca do autocuidado, da delicadeza, mas sem vacilo, sem medo, com a ousadia que só as mulheres têm. Guiadas pela espiritualidade de Magdala Guedes, sob a inspiração de Maria Madalena, elas bordaram o manto que agora chega em tuas mãos com as linhas e cores do feminino ressuscitado por tu.
Um presente bordado com as cicatrizes da alma feminina, para anunciar o amanhecer de um novo tempo. Unidas, essas mulheres lhe dão graças: “Bendito Francisco!”


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