Tiraram a alegria
das
arquibancadas...
Cesar
Vanucci
“Se
a alegria popular definhou a culpa cabe, por inteiro,
à desastrosa condução dos
negócios políticos e administrativos.”
(Domingos Justino Pinto, educador)
Cadê
aquele festival colorido das bandeiras freneticamente agitadas nas ruas, praças
e outros inesperados recantos? Cadê aquele mar de gente dos desfiles saudavelmente
contaminados de ardor carnavalesco e de inspiração pode-se também dizer cívica?
As
camisas verde-amarelas por que largadas em cabides ou gaveteiros nos
guarda-roupas? Qual o motivo de as janelas das moradias e as fachadas de
prédios deixarem de receber os adornos coloridos típicos de instantes
celebrativos de forte emoção popular? Como explicar o silêncio ensurdecedor do
foguetório e buzinaço que não está sendo ouvido? Que negócio estranho é esse de
não mais conseguir-se escutar, pelo menos como pálida amostra da retumbância dos
registros de antigamente, a envolvente cadência do batuque, o ronco resfolegante
da cuíca, o brado vibrante do torcedor apaixonado, o silvo cortante do apito, o
coral desafinado, mas soberbo, das interpretações de refrãos musicais que todo
mundo aprendeu a entoar, outros ruídos pensantes variados, à guisa de
celebração de qualquer coisa marcante sucedida durante as refregas
futebolísticas? Por que não mais está sendo captado, com a intensidade de
outros estrondosos momentos, aquele formidável alarido que a gente do povo espontaneamente
compunha, em tempos de copa, e que era visto como uma saudável e inédita
inclinação peculiarmente brasileira para democrática confraternidade social,
deixando as pessoas de outras plagas espantadas e embevecidas?
Afinal
de contas, o que andou pintando no pedaço para que, de uma hora pra outra, contrariando
hábitos tradicionais arraigados e contendo impulso cultural poderoso, o País
resolvesse manter-se neste instante, de um modo geral, na comparação com
ocasiões pregressas marcadas por celebrações coletivas grandiosas, mudo e quedo
que nem penedo?
Tem-se
por certo que os 7 X 1 da Copa de 2014, por mais aguda que tenha sido a
decepção cravada no espírito popular, não explicam por si só o arrefecimento do
interesse com relação a um evento esportivo que, ao longo dos anos, sempre
suscitou empolgação invulgar. Estudiosos do comportamento humano devem estar cuidando
de inserir, em seus trabalhos de pesquisa, investigações sobre o que terá
desencadeado certas reações agora detectadas na alma das ruas. Até algum tempo
atrás, ninguém por certo imaginaria pudéssemos nos deparar com a circunstância
de muitos torcedores de futebol serem capazes de escalar a composição dos
ministros da Suprema Corte, embora confessando alguma dificuldade em declinar
os nomes dos titulares do escrete brasileiro no torneio mundial.
Pode
ser que aconteça, daqui a pouco, no correr dos jogos em andamento na Rússia, na
almejada hipótese de que a seleção se mostre capaz de desfazer a impressão deixada
na estreia, que essa perspectiva de quase apatia, ou de interesse limitado por
uma competição que teve sempre o condão de galvanizar pra valer as atenções, venha
a ser revertida. A chama do entusiasmo seria, assim, de repente, reacesa, prevalecendo
até - quem sabe? - um epílogo que anunciasse a recuperação da hegemonia
brasileira nos domínios do esporte das multidões. Oxalá “sesse” assim, como se
diria no saboroso linguajar roceiro.
De
qualquer modo, uma conclusão deflui implacavelmente de todos esses acontecimentos.
A causa das características bizarras, escalafobéticas com as quais a opinião
pública encara nossa participação na copa não é outra além dos desacertos
políticos e administrativos oriundos do gerenciamento incompetente da coisa
pública, sensivelmente agravados ultimamente, os malfeitos decorrentes da ação
inescrupulosa de graduados com mandato, agentes públicos e empreiteiros
inidôneos. Todos estes ingredientes indigestos são encontrados na raiz dessa desagradável
alteração no estado de espírito da sociedade. A ganância do time do colarinho
branco, com excesso de jogadas desarmoniosas no gramado político, andou roubando
a alegria das arquibancadas.
Lions de Contagem inaugura sede
O
Lions de Contagem, o mais jovem clube da jurisdição do Distrito LC-4 de Lions,
inaugurou no último dia 20 de junho sua sede, localizada no Bairro Água Branca.
A Governadora do Distrito, Maria das Graças Amaral, participou do evento, que
reuniu numerosos representantes da comunidade leonística, além de outros
ilustres convidados, com destaque para integrantes do Lions BH Inconfidência,
clube padrinho do Lions de Contagem.
Na
ocasião, foi implantado o Leo Clube vinculado ao clube de Contagem. Momento de
grande emoção constituiu a inauguração do Espaço Cultural “Walmir Costa”, de
saudosa memória, pai do empresário Lúcio Costa, presidente da “Suggar”, grande
incentivador de empreendimentos culturais.
O
Lions de Contagem é presidido pela professora Francimara das Graças Batista.
Conforme prometido, vamos reproduzir aqui o texto "A carta das Madalenas de Minas para Francisco", complemento da reportagem estampada na revista “Ecológico”, edição de nº 107, de abril de 2018, da jornalista Déa Januzzi
sob o título "Dentro de cada mulher há uma Madalena."
sob o título "Dentro de cada mulher há uma Madalena."
A Carta das Madalenas de
Minas
para Francisco
Perdoe-nos, Francisco, por
chegar assim tão de repente, sem cerimônia, chamando-te pelo nome. Não dá para
te nomear de Sumo Pontífice ou Sua Santidade. Pois és o Papa do século XXI, um
revolucionário como Jesus. Perdoe-nos por te comparar a Jesus. Mas tu, Papa
Francisco, também chegaste com simplicidade, compaixão, ternura e gentileza
para redimir as mulheres de todas as culpas católicas, que foram pregadas na
cruz de suas vidas. Para rever o rastro de machismo que contaminou a Igreja. Tu
és o papa da alegria, da fraternidade, do perdão e da esperança. Vens curando
todas as nossas feridas ancestrais abertas por um mundo masculino autoritário e
inflexível, que diminuiu, baniu, pisoteou, enclausurou, incendiou, excluiu,
maltratou e infernizou o feminino.
Tu és o papa que devolveste o
poder às mulheres, assim como fizeste com Maria Madalena, elevando-a ao posto
de “a apóstola dos apóstolos”. Dando um lugar de honra à Madalena e às mulheres
neste mundo atual, tão caótico. Tu és o mensageiro de um novo mundo, sem distinção
de gênero, de raça, ou entre pobres e ricos. Tu és o exemplo de como devemos
respeitar a Mãe Terra e também a natureza interior de cada mulher.
Aqui, deste front feminino, que
fica em Moeda, Minas Gerais, Brasil, 39 mulheres encontraram um jeito especial
de mostrar gratidão a um papa que aboliu preconceitos e absolveu as mães
solteiras declarando: “Mãe não é estado civil. Mãe é mãe e pronto”. Um jeito de
agradecer a um papa que parou de excomungar as mulheres que praticaram aborto
em algum momento difícil de suas vidas. Um papa que fala coisas assim: “A
mulher é que dá harmonia ao lar. Não está aqui para lavar louças”.
Tu és muito mais a Igreja de
Maria Madalena do que a de Pedro. Tu és a Igreja do cuidado essencial, que não
guerreia, mas acolhe, comunga e compartilha. A Igreja sem penitências e
martírios desnecessários, sem os pesados grilhões de dogmas ultrapassados. Sem
o peso da Inquisição.
Tu és a Igreja dos dias atuais,
mais leve e livre. A Igreja do coletivo e não do individualismo. Uma igreja
sem pecados cometidos, sem culpa, sem demônios e sem o fogo do inferno, pois só
tu sabes que o inferno é aqui, como tens sentenciado aos quatro cantos.
Foi pensando em ti, Papa
Francisco, que 39 mulheres mineiras bordaram um manto em sua homenagem. A jornada
de cura dessas mulheres foi longa como a de Maria Madalena, em busca do
autocuidado, da delicadeza, mas sem vacilo, sem medo, com a ousadia que só as
mulheres têm. Guiadas pela espiritualidade de Magdala Guedes, sob a inspiração
de Maria Madalena, elas bordaram o manto que agora chega em tuas mãos com as
linhas e cores do feminino ressuscitado por tu.
Um presente bordado com as
cicatrizes da alma feminina, para anunciar o amanhecer de um novo tempo.
Unidas, essas mulheres lhe dão graças: “Bendito Francisco!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário