A ameaça da Macrobolha
“A Bomba de tudo (...) está pronta para estourar.”
(Carlos Drumond, jornalista)
“A Bomba de
tudo” é o sugestivo título de candente análise jornalística que, esmiuçando a
conjuntura política, econômica e social desse nosso mundo velho de guerra,
acena pra todos nós com as perspectivas de sombrio futuro. O autor do trabalho,
estampado na “CartaCapital”, jornalista Carlos Drumond, ancora-se em pareceres
de conceituados especialistas mundiais na área das ciências econômicas e sociais
para vaticinar que uma macrobolha de conotações financeiras, sociais,
ecológicas e militares, ronda ameaçadoramente a sociedade humana.
O dispositivo
desestabilizador está pronto para estourar na esteira das políticas monetárias
radicais irresponsavelmente praticadas por países do chamado G-7. No
entendimento de qualificados estudiosos da problemática humana destes tempos
conturbados, os “donos do mundo” mostram-se morbidamente insensíveis à copiosa
sinalização emitida por acontecimentos graves que vêm pipocando em tudo quanto
é pedaço de chão do planeta. São indicadores ruidosos da exaustão de um “modelo
de desenvolvimento” comprovadamente equivocado. Modelo que insiste em apontar
como ideal na conquista do bem-estar comunitário a adoção de regras rígidas,
efeitos perversos, de estabilização macroeconômica.
O enredo traçado
prevê abertura comercial e financeira descomedida, desregulamentada, expansão
descontrolada das assim denominadas forças de mercado, privatizações
desordenadas e, quase sempre, nocivas aos interesses das coletividades. Neste
ponto preciso das medidas aventadas, objeto de compreensíveis questionamentos, deparamo-nos
– é importante aqui ressaltar - com o nosso país retratado de corpo inteiro dentro
do figurino mostrado por conta das escolhas preferenciais procedidas pelo atual
governo. Indiferente às encorpadas manifestações contrárias, refletidas em
índices de descrédito e impopularidade jamais vivenciados por administradores
da coisa pública na história republicana brasileira, os detentores do poder
resolveram, numa guinada de 180 graus, alinhar as políticas econômicas e
sociais do país com os ditames neoliberalistas mais rígidos e extremados.
A proverbial
apatia parlamentar diante da emergência das reformas essenciais reclamadas pela
Nação está sendo, nesta hora, como sabido, sacudida pela marcha galopante do
processo de privatização da Eletrobras. A disposição oficial é promover tudo a
toque de caixa. Nada de diálogo, debates, coisas tão “desimportantes”, em torno
da efervescente questão. Fica visível o intento de, com a desestatização em
foco, escancarar-se um portal para iniciativas assemelhadas, envolvendo outros
ativos estratégicos agregados ao patrimônio da riqueza coletiva nacional, talvez
a própria Petrobras, o próprio Banco do Brasil, a própria Caixa Econômica
Federal, valha-nos Deus, Nossa Senhora! Corre-se avantajado risco de vermos a
estatal de eletricidade oferecida a ávidos compradores, de hora para outra,
naqueles mesmos moldes prejudiciais ao interesse nacional em que se deu a
transferência da Vale para grupos privados, a preço de banana refugada em final
de feira de subúrbio.
Voltando à macrobolha
anunciada no trabalho jornalístico citado. Os alertas provêm de diferentes e
insuspeitas procedências. Em abril passado, o próprio Fundo Monetário
Internacional falou de seu ceticismo quanto à eventualidade de uma retomada
consistente da economia mundial, tendo em vista o colossal endividamento
público e privado. “A dívida global
atingiu recorde histórico e os governos devem começar a reduzi-la já”. O órgão
contabilizou débitos acumulados de 164 trilhões de dólares, explicando que a
situação do endividamento das economias avançadas em comparação ao PIB é pior do
que as dos demais países. Índice sem precedentes: 225 por cento do PIB mundial.
Acréscimo de 12 pontos percentuais com referência ao índice anterior mais
elevado, em 2009, quando da eclosão da crise financeira que abalou o cenário
mundial.
Nessa linha de
advertências sobre o que está prestes a ocorrer, conforme narrado no trabalho
jornalístico mencionado, as revelações mais contundentes partem de dois
especialistas renomados, até recentemente gestores do “Bank for International
Settlements”, “Banco de Compensações Internacionais”, reconhecido como uma
espécie de banco central dos bancos centrais, Hervé Hannoun e Peter Dittus. Autores
do livro “Uma revolução é necessária. A bomba-relógio do modelo G-7”, eles argumentam
que “as políticas monetária, fiscal, macroeconômica, de defesa e contra o
superaquecimento global têm uma característica em comum: são negligentes,
imprudentes e irresponsáveis. Aprendizes de feiticeiros construíram um esquema
de crescimento impulsionado pela dívida que está levando para o próximo crash financeiro”. Dizem ainda: “Essas
políticas são apresentadas como sendo de interesse público. Não surpreende que
a confiança nos formuladores de políticas e instituições públicas esteja se
desgastando. As pessoas sentem que algo está errado com o modo como as elites
do G-7 se desincumbem das suas responsabilidades. A trajetória atual (...) está
levando a uma crise sistêmica que colocará em questão muitas das crenças nas
quais o sistema capitalista é construído.”
O tema dá vaza a
mais reflexões.
Encrencas que
adoecem o mundo
Cesar Vanucci
“A mídia internacional tem culpa no cartório. Ora se
tem!”
(Domingos Justino Pinto, educador)
As encrencas que
adoecem o mundo são muitas. E mesmo dispondo de um formidável aparato de
divulgação sobre o que rola pela aí, o ser humano carece, num sem número de
circunstâncias, de informações pertinentes e tempestivas a respeito de um
montão de coisas essenciais. Isso advém de descabidas interferências decretadas
por conveniências espúrias. Conveniências que têm origem, no mais das vezes, na
geopolítica-econômica.
Interpretações
propositadamente equivocadas, omissões clamorosas, cerceamentos da liberdade de
expressão, indesculpáveis sigilos, revelações truncadas: tudo isso faz parte de
uma metodologia de “comunicação” empregada à pamparra com o fito de confundir o
entendimento e desviar atenções.
O poderoso
instrumental midiático é posto, incessantemente, a serviço dessa capciosa
desfiguração da realidade. Pululam exemplos. Não é preciso retroceder muito no
tempo para identificar situações tormentosas que possam ser tomadas como
amostras sugestivas dessas desconcertantes reações. Vamos lá.
Dias atrás, o
sinistro EI, que andava um tanto quanto ausente do noticiário, voltou a atacar.
Agiu simultaneamente em muitas frentes, produzindo, como de praxe, macabras
estatísticas. As vítimas dos atentados ocorridos no Paquistão, Afeganistão, Síria
elevaram-se a mais de três centenas. Gente do povo, não envolvida nas
escaramuças bélicas que ensanguentam a região. O noticiário acerca dessas
tragédias humanitárias foi exageradamente comedido na banda de cá do planeta. Foi
de uma parcimônia desnorteante. E suspeitosa. Nada daquelas manchetes
estardalhantes, nascidas de compreensível indignação por parte das ruas, quando
a fúria terrorista eclode, por exemplo, numa capital no Ocidente, provocando vítimas
inocentes em número consideravelmente menor.
A primeira
ilação a extrair dos fatos narrados, concebida em grau de constrangimento que chega
a resvalar o estado de choque, é de que o Paquistão, o Afeganistão, a Síria
estão demasiadamente distantes. Fazem parte de uma “periferia geográfica” enxergada
com indiferença, com desdém, com menosprezo, pelos “donos do mundo”. Os
habitantes desses “lugares” são de “categoria inferior”. São da “mesma laia” dos
incômodos imigrantes, “de nacionalidades e etnias exóticas”, que têm sido
recolhidos a essas versões modernosas de campo de concentração, conhecidas como
centros de acolhimento humanitário montados pela “generosidade” de países ditos
civilizados. “Eles lá”, com seus estranhos linguajares, crenças e hábitos
culturais, que se entendam... É o que, de certa maneira, a manifesta má vontade
da cúpula mundial diante dos infortúnios registrados naquelas longínquas
paragens procura subliminarmente transmitir.
E não é que essa
chocante ilação acaba remetendo muitas pessoas dotadas de poder de observação atilado
e capacidade de raciocínio mais desenvolta, que conservam os aparelhos de
percepção pessoal sintonizados nos acontecimentos, a estranharem o motivo de as
ações do terror virem merecendo atenção escancaradamente secundária,
ultimamente, no noticiário internacional? “Desconfiômetro” ligado nas marchas e
contramarchas de cunho geopolítico, muitos analistas deixam no ar interrogações
sobre as causas dessa cortina de silêncio que, de repente, começa a recobrir a
movimentação dos fanáticos religiosos. Já há mesmo quem ouse aventar algo
estarrecedor. Como sabido, misteriosas forças ocultas têm sido responsáveis por
garantir até aqui a sobrevivência do ISIS, provendo-o dos recursos necessários
para seus nefastos feitos. Pois bem, essas mesmas forças ocultas estariam agora
concorrendo, em sórdidas articulações de bastidores, para atenuar os impactos
das agressões que o nefando agrupamento terrorista promove. O fim da picada!
Há mais a dizer
sobre essa questão do comportamento da mídia internacional quando minimiza a
gravidade de fatos que alvejam em cheio a dignidade humana.
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