Apurações acima de
quaisquer suspeitas
Cesar Vanucci
“Tudo
não passa de notícia falsa.”
(Comunicado do TSE)
Parar com esse descabido
papo. Conversa mais sem pé nem cabeça, como era de costume dizer-se, face a revelações
despropositadas, em tempos de antigamente. Apelando para o bom-senso, tratemos
de repelir essas insinuações maliciosas, atulhadas de segundas intenções. Elas
vicejam soltas por aí que nem fiapo de tiririca escondido no torrão, conforme o
linguajar roceiro.
Essa história de fraude
nas urnas eletrônicas é rigorosamente falsa. Tanto quanto uma nota de três
reais. Não passa de desculpa de maus perdedores. Melhor dizendo, a se levar em
conta a origem da suspeição levantada, desculpa de maus ganhadores. Perpetrada
sabe-se lá com quais enigmáticos desígnios.
A Organização dos Estados
Americanos (OEA) constituiu uma missão para acompanhar o processo eleitoral
brasileiro. Seus integrantes, sem vozes discrepantes, emitiram parecer
consistente, irretorquível, acerca da lisura do processo de coleta de votos
instituído pelo TSE. Auditagens independentes, a cargo de organizações conceituadas,
foram de outra parte contratadas com o fito de rastrear eventuais fissuras no
sistema de votação que pudessem vir a afetar a fidedignidade dos resultados.
Não deu outra. O certificado por elas divulgado comprovou, sem a mais tênue
ressalva, a eficácia plena dos procedimentos. Seja juntada a tudo isso o notório
reconhecimento na esfera internacional de que o esquema eleitoral vigente no
Brasil é modelar, a ponto de vir sendo copiado noutros países. A conclusão inapelável
a que se chega, no frigir dos ovos, é única. O Tribunal Superior Eleitoral está
coberto de razão, detentor de autoridade moral mais do que suficiente, quando
rebate de pronto quaisquer dúvidas, acusações e denúncias ardilosas, diretas e
indiretas, que busquem, ao fragor das paixões políticas, desfazer a
legitimidade dos métodos empregados na apuração de votos.
Faz-se oportuno também,
seguindo esta mesma linha de considerações, chamar atenção para o falso teor de
uma mensagem vastamente propagada nas redes sociais alusiva a interferências
indevidas do TSE nos números do primeiro turno. Segundo texto veiculado, o
órgão teria anulado pelo menos 7.2 milhões de votos, com isso alterando
significativamente os resultados. A publicação feita reclama do TSE um
esclarecimento cabal a respeito da suposta anulação dos votos. Conclama os
usuários das redes para que compartilhem a denúncia, de maneira a que “os
incautos não sejam ludibriados, antes que seja tarde demais.” Manifestando-se
sobre a questão, o TSE deixa esclarecido que “o dado não é verdadeiro”. Explica
em comunicado que “os 7.2 milhões de votos nulos foram dados pelos próprios
eleitores”. De acordo com o Tribunal, o voto nulo ocorre quando o eleitor
digita o número de um candidato inexistente na disputa do cargo.
Na votação para a
Presidência da República, o quantitativo acima mencionado de votos nulos
correspondeu a 6,14 por cento dos sufrágios depositados nas urnas. Desde 1998
esse índice tem variado de 5 a 10 por cento. “No caso da Presidência, se o
eleitor, por exemplo, votasse 99 estaria anulando o voto. Isso pode acontecer
por erro do eleitor na hora da votação, ou de forma intencional”, pontua ainda
o TSE.
Encurtando razões: tudo
quanto venha a ser alardeado de teor inverso à constatação da lisura nas
apurações há que ser interpretado, pela opinião pública, como desserviço à
causa democrática.
Um comentário:
Caro Vanucci, boa tarde!
Oportuno este seu artigo sobre o sistema eletrônico brasileiro e a miríade de falsos alarmes a respeito de suposta e nunca comprovada vulnerabilidade à fraude. É preciso interromper essa obsessão coletiva perniciosa. Acho que é a única "jabuticaba" madura e saudável.
Merece ser amplamente divulgado!
Parabéns!
Abraços,
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