Outras frases
da coleção
Cesar Vanucci
“As frases feitas são a companhia cooperativa do espírito.”
(Machado de Assis)
Conforme prometido, junto hoje, para apreciação dos
leitores, mais algumas frases colecionadas, achados verbais que considero
preciosos. A exemplo das que foram anteriormente lançadas nesta coluna,
exprimem sentimentos, emoções, ideias, reflexões que têm muito a ver com a
construção humana. Com as visões que temos sobre o significado da existência.
Pra começar, anotemos pensamentos relativos ao mais
inevitável dos fenômenos que acompanham a nossa caminhada pela terra dos
homens, a morte. De Fernando Pessoa: “A morte é a curva da estrada. Morrer é só
não ser visto.” De Camões: “As pessoas não morrem, partem primeiro.” De Richard
Bach: “Existe um jeito simples de saber se está cumprida a missão de alguém. Se
está vivo, não está.” De Guimarães Rosa: “A gente morre para provar que viveu.”
Woody Allen: “Não que esteja com medo de morrer. Apenas não queria estar lá
quando isso acontecesse.”
Chamo sua atenção, agora, para uma definição
irretocável de saudade, vinda logo abaixo. Supunha, até indoutrodia, que a
frase, extraída de um poema, fosse da leva do grande Catulo da Paixão Cearense,
primeiro violão da sinfônica brasileira de poetas. Mas ouvindo, com o enlevo
costumeiro, o Rolando Boldrin declamar o poema, no apreciado programa “Senhor
Brasil”, na Cultura, constatei estar incorrendo em lêdo engano. Por não haver
conseguido anotar na hora o nome do verdadeiro autor, deixo aqui, um tanto
constrangido, de mencioná-lo. Mas vamos logo à definição da saudade: “Sodade é
como a grama tiririca, que a gente pode arrancá, virá de
raiz pro ar, mas quá. Um fiapo escondido no torrão
faz a peste vicejá.”
Está aqui uma outra bela definição, esta a respeito da
confiança que deve imperar sempre no relacionamento humano. O autor é ninguém
mais, nem menos do que Tiago de Mello: “O homem deve confiar no homem, como a
palmeira confia no vento, o vento confia no ar e o ar confia no campo azul do
céu.” Da santa Tereza de Calcutá, este conselho magistral acerca do amor para
com o próximo: “Ame até doer!” A frase alinha-se com um texto lapidar, retirado
do evangelho de João: “Quem não ama o próximo, que vê, como poderá amar a Deus,
que não vê?” Nessa linha ainda. Do poeta, professor e desembargador Lauro
Fontoura, de saudosa memória: “Galiléia, o luar põe alegorias brancas no cabelo
do Mestre. A noite desce como uma bênção. Para os lados de Hebron, a distância
se afuma num fundo bíblico de searas. Cristo apanha a seus pés uma criança
leprosa. Ergue-a a altura da fronte e beija-lhe a boca. O pequeno, levantando
as pálpebras ingênuas e pousando o olhar triste na doçura doirada dos olhos
divinos, perguntou: - A tua religião, ó Rabi, cura as minhas feridas?”
As frases reunidas na sequência contemplam a
importância, para o exercício da cidadania e para o cultivo do sentimento
nacional, do idioma pátrio: “A pátria é o idioma”, acentua o fabuloso escritor
Monteiro Lobato. Eça de Queiróz, outro luminar da literatura portuguesa, sobe o
tom: “Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua
terra; todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento
chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.”
As definições que se seguem são sobre cultura. “Quando
ouço alguém falar em cultura, puxo do meu revólver.” A frase é atribuída a
Hermann Goring, integrante da sinistra cúpula nazista. O pensador francês Louis
Pauwells, coautor de “O despertar dos mágicos”, bolou, em contraposição, essa
outra frase: “Quando me falam em revólver, puxo logo a minha cultura.”
Acerca do direito humano à liberdade de opinião,
Voltaire produziu uma frase primorosa que utilizava como lema num dos programas
(“Vice-versa”) que criei em minha passagem pela direção da Rede Minas de
Televisão: “Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a
morte o vosso direito de dizê-lo.”
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