Padre Landell, brasileiro, primeiro cientista a fotografar a aura |
Cesar Vanucci
“Roberto Landell
de Moura, padre, foi um inventor genial.”
(Antônio Luiz da Costa, professor)
A revelação,
feita agora em novembro, rendeu vistosas manchetes mundo afora. Ganhou
compreensível retumbância nas esferas científicas. Pesquisadores da
Universidade de Stanford, Estados Unidos, anunciaram com pompa, ufanando-se da
proeza, haver comprovado a existência da “aura humana”. Constataram que um
fluido energético invisível ao olhar da quase totalidade das pessoas recobre
permanentemente o corpo físico de todos os seres vivos. Noutras palavras,
reconheceram que a “aura” não é tosca crendice, mera superstição. Até que
enfim!
A “descoberta”
foi rotulada de “expossoma humano”. Afiança-se na descrição dessa camada de
energia que se trata de uma espécie de “nuvenzita” composta de micro-organismos
e outras partículas suspensas no ar, entre elas resíduos de gases químicos
expelidos em diferentes atividades. A pesquisa sustenta ainda que todos nós achamo-nos
constantemente expostos ao “expossoma” em todo e qualquer ambiente. Os autores
do trabalho expressam, como de costume, “ceticismo científico” acerca da versão
referente à aura propagada em narrativas esotéricas. Resolvem abrir, ao redor do
alardeado feito, uma controvérsia que promete dar o que falar. Segundo eles, a
“aura humana” captada nos experimentos de laboratório nada tem a ver com
energias sutis, percebidas pela ótica mística e identificadas, não é de agora,
nos estudos sobre os chamados fenômenos transcendentes. Fenômenos, diga-se de
passagem, que enxameiam este nosso velho mundo repleto de coisas assombrosas e
de decifração complicada.
Não fica nada
fácil para um simples leigo – caso deste desajeitado escriba, propagador de
quiméricas interpretações das charadas intrigantes antepostas à jornada humana
- meter o bedelho em tema de tamanha complexidade. Mas, seja como for, este
“repórter enxerido“ ousa afirmar que a revelação dos conceituados pesquisadores
estadunidenses admitindo a existência da aura está chegando com atraso de mais
de um século. É só atentar para o que, no final do século XIX e nas duas
primeiras décadas do século passado, um brasileiro notável, arrostando incompreensões
e preconceitos de todo quilate, andou participando aos seus contemporâneos. Ele
não apenas descreveu, como fotografou a aura em aparelho que inventou.
A informação que
ora passo ao distinto leitorado remete à fascinante história de Roberto Landell
de Moura. Cidadão gaúcho de Porto Alegre, nascido em 21 de janeiro de 1861,
falecido em 30 de junho de 1928. Falo de um sacerdote católico de mente aberta
e inclinações místicas, cientista e inventor, personagem de avantajada formação
cultural e científica. Um autêntico contemporâneo do futuro. Da leitura de numerosos
textos alusivos à sua vida e obra extraio empolgante narrativa.
A primeira
notícia a ser dada é de que, embora devotado à vida religiosa, com passagens
sempre edificantes pela administração de paróquias no Rio Grande do Sul e São
Paulo, Landell focava a atenção paralelamente em pesquisas científicas de
relevância no processo da evolução civilizatória. Foi apontado, por autoridades
na área dos saberes, como alguém de ideias consideravelmente avançadas para seu
tempo.
Com conceitos
inovadores da ciência e envolvimento em assuntos tabus do ponto de vista da
ortodoxia religiosa - como contatos com
o além, paranormalidade e crença na existência de outros mundos povoados de
inteligência – provocou reações de desagrado sem conta por parte de seus
superiores. Foi advertido em várias ocasiões para que moderasse o discurso e se
ativesse aos cânones doutrinários. De sua biografia consta episódio emblemático.
Em meados de 1890, Landell exibiu um de seus numerosos inventos a um prelado
paulista. Um aparelho que poderia ser definido como “telefone sem fio”, algo
inimaginável naquela época. Perturbado com as “vozes que vinham de nenhum
lugar”, o superior eclesiástico qualificou o aparelho “como obra do demônio”,
proibindo o padre inventor de prosseguir com os “heréticos” experimentos. Pesquisas
a respeito do campo energético sutil que circunda seres vivos levaram Landell a
conceber um outro aparelho extraordinário. Batizou-o com o nome de “Spiricon”.
Foi chamado às falas pela ousadia, acusado igualmente de prática profana. Anos
depois de sua morte, o russo Semyon Davidovich Kirlian, criou o instrumento que
produz o chamado “efeito kirlian”, praticamente retomando os estudos do padre
brasileiro. A descoberta de Kirlian valeu-lhe reconhecimento mundial. O
pioneirismo do padre Landell Moura não foi oficialmente atestado, em escala
mundial, devido ao obscurantismo cultural que alvejou sua atuação.
Este relato
sobre a vida e obra do genial compatriota vai ter sequência. O leitor ficará a
par nas próximas anotações, entre outras extraordinárias revelações, de texto
em que ele descreve a “aura humana”, cem anos antes dos cientistas de Stanford.
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