sexta-feira, 4 de janeiro de 2019


Resgatar a memória de Landell é preciso


                                                        Cesar Vanucci


“Aquele momento festivo cristalizou (...)
 a funcionalidade do invento do padre Landell”.
(Jornalista Hamilton Almeida, biógrafo)

Estudiosos da fabulosa obra do padre Roberto Landell de Moura não vacilam, um instante sequer, no reconhecimento de seu pioneirismo como inventor. Incluem-no, sem titubeios, na galeria dos mais geniais  criadores de  instrumentos agregados  ao  bem-estar e conforto da humanidade. Deploram, naturalmente, que o obscurantismo cultural oposto ao portentoso trabalho haja impedido a utilização, em dimensão planetária, de seus engenhos vanguardeiros. A indesejável  circunstância  concedeu a  outros personagens obstinados e talentosos a chance de despontarem como pioneiros, em seu lugar, na área das descobertas tecnológicas importantes. Está  positivado  que  Landell chegou  primeiro  até  em inventos que garantiram Nobel para cientistas detentores de renome que ele, Landell, viu-se impossibilitado de alcançar.


Elucidativo documentário levado ao ar pela TV Senado divulga informações preciosas sobre a saga Landell Moura. No citado trabalho acham-se enfileirados depoimentos de esplêndido conteúdo. São jornalistas, biógrafos e historiadores contando o que sabem, empenhados num acerto de contas indispensável com a história. Entre outros: Hamilton Almeida, Heródoto Barbeiro, Ivan Dorneles Rodrigues, Daltro D’Arisbo, Reinaldo Tavares, Francisco Assis de Queiroz, Vânia Abatte, Etevaldo Siqueira, José Marques de Melo, Ana Amélia Lemos e Sérgio Zambiasi, os dois últimos com presença no Senado.

Na “Wikipédia”, colhemos breve descrição, de autoria do padre-inventor, sobre as propriedades de suas invenções precursoras. Aqui está: “O aparelho Telauxiofono é última palavra, sobre telefonia com fio, não só pelo vigor e inteligibilidade com que transmite a palavra, mas também porque, com ele, se obtêm todos os efeitos do telefone alto-parlatore e do teatrofono. Com esta notável diferença, que se tratando da teatrofonia, é suficiente um só transmissor, por maior que seja o número dos concertantes. Além disso, com o Telauxiofono, o problema da telefonia ilimitada tornar-se-á uma realidade prática e econômica. O Caleofono, como o precedente, trabalha também com fio, e é original porque, em vez de tocar a campainha para chamar, faz ouvir o som articulado ou instrumental. É muito apropriado para escritórios. O Anematofono, com o qual, sem fio, obtêm-se todos os efeitos da telefonia comum, porém com muito mais nitidez e segurança, visto funcionar ainda mesmo com vento e mau tempo. É admirável este aparelho, pelas leis inteiramente novas que revela. O Teletiton, espécie de telegrafia fonética com o qual, sem fio, duas pessoas podem-se comunicar, sem que sejam ouvidas por outra. Creio que com este sistema poder-se-á transmitir por meio da energia elétrica a grandes distâncias e com muita economia, sem que seja preciso usar-se de fio ou cabo condutor. O Edifono finalmente serve para dulcificar e depurar as vibrações parasitas da voz fonografada, reproduzindo-a ao natural. Este aparelho tornar-se-á o amigo inseparável dos músicos compositores e dos oradores".

No memorial elaborado para obtenção, em março de 1901, da patente brasileira de um aparelho destinado à transmissão fonética à distância, com fio ou sem fio, Landell anotou que o invento permite “projetar pelo espaço a voz a distâncias bem regulares. Funciona com sol, chuva, tempo úmido e forte cerração, como também com vento contrário se usarmos de placas automáticas e, nestes dois últimos casos, a distância a que se pode chegar é verdadeiramente prodigiosa. No mar, quando há cerração, e nas regiões calmas, esse aparelho pode prestar muito bons serviços”.

Analisando recentemente as propostas científicas do sacerdote, o engenheiro Carlos Guerra Lima emitiu parecer salientando que, sem sombra de dúvidas, o equipamento concebido para transmissões revelou-se “muito mais complexo tecnicamente do que os desenvolvidos por Marconi e Rhumer”.

Em 1984, a Fundação de Ciência e Tecnologia de Porto Alegre reconstruiu o transmissor de ondas patenteado por Landell em 1904 nos Estados Unidos. Os testes foram muito bem sucedidos. Hamilton Almeida, biógrafo, conta que o aparelho foi exibido, pela primeira vez, em 1984, num ato comemorativo da Semana da Pátria. “Aquele momento festivo cristalizou de maneira incontestável a funcionalidade do invento do padre Landell”, registrou.

O leitor já percebeu claramente que a obra do padre Moura possui uma amplitude tal que se configura impraticável descrevê-la satisfatoriamente numa mera sequência de despretensiosos artigos. O que essencialmente importa, todavia, é chamar a atenção das pessoas para o indeclinável dever cívico que se impõe, perante a história, de se fazer o resgate da memória deste sábio, autêntico contemporâneo do futuro. Alguém, de fulgurância invulgar, injustamente encoberto pelas espessas brumas do esquecimento. No comentário vindouro, concluiremos nossa modesta participação no elogiável esforço em que se acham empenhados ilustres patrícios, no sentido de inserir o rico legado do padre-inventor no acervo oficial dos mais notáveis avanços científicos da civilização.




Acerto de contas histórico

Cesar Vanucci

“Roberto Landell de Moura foi o protagonista dessa façanha e pouca gente sabe disso.”
(Hamilton Almeida, biógrafo de Landell, sobre a invenção do rádio)

2019 assinalará o transcurso dos 120 anos da primeira transmissão mundial da voz humana por ondas radiofônicas. O sitio “Jornalistas&Cia”, engajado em campanha de mobilização de segmentos representativos da Nação brasileira com vistas ao reconhecimento dos extraordinários feitos científicos do padre Roberto Landell de Moura, está anunciando a disposição de intensificar o trabalho de divulgação da obra do genial inventor. Esclarece, a propósito, que muitas foram as conquistas na primeira fase da campanha, em 2010, ao ensejo da celebração do sesquicentenário do nascimento de Landell. Mas, mesmo assim, a fascinante saga do inventor do rádio e de outros instrumentos eletrônicos incorporados ao bem-estar humano continua ignorada pela grande maioria das pessoas. Anota alguns resultados expressivos já alcançados: o lançamento do selo comemorativo pelos Correios; a inclusão do nome de Landell no panteão dos Heróis da Pátria; a introdução da história padre-inventor no currículo escolar do ensino fundamental em Porto Alegre; a instituição do Prêmio Landell de Moura de Jornalismo, em São Paulo.

O jornalista Hamilton de Almeida, biógrafo de Roberto Landell de Moura, em depoimento ao “Jornalistas&Cia”, explica, com detalhes, porque considera 2019 importante na história radiofônica. Frisa: “Será ocasião para lembrar dois marcos do rádio no país. Em 16 de julho se completarão 120 anos da mais antiga experiência documentada de transmissão de voz humana por ondas de rádio. O padre Roberto Landell de Moura foi o protagonista dessa façanha e pouca gente sabe disso, infelizmente. Outro fato marcante será o centenário da radiodifusão. A Rádio Clube de Pernambuco foi fundada em 6 de abril de 1919 por um grupo que, na época, intitulava-se “amadores de telegrafia sem fio”.

Hamilton Almeida conta, na sequência, lances da primeira transmissão mundial da voz humana, produzida graças ao engenho criativo de Landell de Moura, marco histórico da invenção do rádio. “Se estivéssemos agora na São Paulo de 1899, a mídia se resumiria a jornais e revistas, cujo noticiário do exterior chegava por meio de cabos submarinos. Para as comunicações pessoais e empresariais teríamos apenas o telefone com fio e o telégrafo sem fio. Pesquisava-se, mas nenhum cientista em qualquer lugar do mundo havia tido êxito na transmissão da voz sem fio. A chamada radiotelefonia era um sonho dourado. Mas eis que surge um brasileiro, padre, com sólidos conhecimentos de física e uma dose considerável de genialidade, que acreditou que aquele sonho poderia tornar-se realidade. Após muitos estudos e testes ele convidou diversas autoridades públicas, empresários e jornalistas, e exibiu o inovador aparelho de rádio. Isso aconteceu nas dependências do Colégio Santana, na zona norte da capital paulista. Para fazer uma transmissão wireless da voz humana, com muitas testemunhas, Padre Landell construiu o mais primitivo aparelho de rádio do mundo de que se tem registro.”
“Jornalistas&Cia” interroga o biógrafo do sacerdote-cientista:“Qual a diferença básica das experiências de Landell e de Marconi, a quem hoje, inclusive em grande parte do Brasil, se atribui a invenção desse veículo de comunicação?” Resposta: “A grande diferença é a voz; e os sons musicais. En­quanto o brasileiro mostrava que era possível fazer transmissões de rádio ponto a ponto e de radiodifusão, o italiano usava as ondas de rádio para transmitir sinais em código Morse. Portanto, quando se cogita da invenção de um veículo de comunicação como o rádio, em que escutamos vozes e músicas, quaisquer sons, não há como tirar o mérito do padre Landell. Os dois souberam empregar as ondas de rádio para enviar e receber mensagens. Foram grandes conquistas da humanidade. Mas um inventou o rádio e o outro, o telégrafo sem fio. Ambos foram pioneiros da era “wireless”, que tem pouco mais de um século, assim como (Nikola)Tesla, com o controle remoto.”

Cabe registrar que muitas outras louváveis iniciativas têm sido promovidas, de tempos a esta parte, no sentido de assegurar a Landell a glória que lhe foi negada em vida. O “Movimento Landell de Moura”, que batalha incansavelmente pelo reconhecimento de seu nome em larga escala, propôs ao Governo que reivindique internacionalmente o pioneirismo do brasileiro na invenção do rádio. Os radioamadores brasileiros têm Landell como patrono. Porta-vozes da Igreja Católica deixaram consignada, em mais de uma ocasião, chegando até mesmo a formularem pedido de perdão, sua fabulosa contribuição para o progresso da ciência, para os avanços civilizatórios e para a conciliação dos valores esposados pela ciência e pela fé.

Configura-se assim, de forma estrondosa, a justiça, que outra coisa não representa a verdade em ação, de toda esta acumulação de esforços em torno da ideia de um resgate, à altura de sua grandeza como ser humano, da memória do genial brasileiro. O Brasil não pode furtar-se ao dever de promover este acerto de contas com a história em torno da vida e obra do padre-inventor. Por força de numerosos fatores adversos, entre eles o obscurantismo cultural, várias invenções de Landell, apontadas em nossas singelas narrativas, acabaram sendo “inventadas” por outros cientistas, como salienta o biógrafo Hamilton de Almeida.




Gentilmente enviado pelo amigo Silviano Cançado Azevedo, belo texto de autoria de Bruno Pitanga, doutor em neuroimunologia, neurocientista, professor universitário e palestrante. 


"ORE

Pra viver melhor, não se preocupe, *se ocupe.* Ocupe seu tempo, ocupe seu espaço, ocupe sua mente. Não se desespere, *espere.* Espere a poeira baixar, espere o tempo passar, espere a raiva desmanchar. Não se indisponha, *disponha.* Disponha boas palavras, disponha boas vibrações, disponha sempre. Não se canse, *descanse.* Descanse sua mente, descanse suas pernas, descanse de tudo. Não menospreze, *preze.* Preze por qualidade, preze por valores, preze por virtudes. Não se incomode, *acomode.* Acomode seu corpo, acomode seu espírito, acomode sua vida. Não desconfie, *confie.* Confie no seu sexto sentido, confie em você, confie em Deus. Não se torture, *ature.* Ature com paciência, ature com resignação, ature com tolerância. Não pressione, *impressione.* Impressione pela humildade, impressione pela simplicidade, impressione pela elegância. Não crie discórdia, *crie concórdia.* Concórdia entre nações, concórdia entre pessoas, concórdia pessoal. Não maltrate, *trate bem.* Trate bem as pessoas, trate bem os animais, trate bem o planeta. Não se sobrecarregue, *recarregue.* Recarregue suas forças, recarregue sua coragem, recarregue sua esperança. Não atrapalhe, *trabalhe.* Trabalhe sua humanidade, trabalhe suas frustrações, trabalhe suas virtudes. Não conspire, *inspire.* Inspire pessoas, inspire talentos, inspire saúde. Não se apavore, *ore.* Ore a Deus! Somente assim viveremos dias melhores.”

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