Junção de processos terapêuticos
Cesar
Vanucci
“Não é ter saúde que
é bom; não a ter é que é ruim.”
(Abgar Renault)
Quem tem olhos pra enxergar e ouvidos pra
escutar percebe com clareza o que anda acontecendo. A criação e o funcionamento
de organizações brotadas no seio da comunidade, sem fins predominantemente
lucrativos, consagradas a ações assistenciais escoradas nas chamadas terapias
alternativas vêm ocorrendo em ritmo sempre crescente, em tudo quanto é canto.
Dá pra perceber em todas as camadas da população, um certo fascínio pela
(re)descoberta de recursos terapêuticos naturais, representados pela
homeopatia, fitoterapia, pelas técnicas, algumas milenares, de aplicação
energética.
Sentindo-se molestados pela, não raras vezes,
precária assistência à saúde que se lhes é oferecida, pela conspiração contra a
vida configurada em clamorosas desatenções a problemas fundamentais de saúde
pública, pelos elevados custos dos medicamentos e, até mesmo, como acontece em
alta escala, sobretudo na África abandonada, pelas falsificações de remédios,
segmentos significativos da sociedade, aqui em nossos pagos e alhures, focam
olhares esperançosos em processos que possam abrir, para o ser humano, outras
possibilidades de tratamento e cura de aflitivos males físicos e psicológicos.
É só por tento no considerável volume de pessoas permanentemente atraídas aos
locais de prestação desses atendimentos terapêuticos diferenciados.
Recentemente, a televisão mostrou uma
experiência indicativa do que poderá vir a ser uma provável junção dos métodos
terapêuticos convencionais com os recursos inovadores acenados pelas chamadas
terapias alternativas. Em hospital católico, pertencente à congregação das
irmãs beneditinas, numa importante cidade americana, foram adotados processos
de assistência sinalizadores de procedimentos que poderão, talvez, identificar
a medicina a ser no futuro praticada. As imagens mostraram uma sequência de
ações médicas convencionais, rodeadas de instrumentos tecnológicos
avançadíssimos e, também - residindo aí a singularidade do processo -, de
aplicações energéticas, através da imposição de mãos, praticadas por paranormais,
místicos, sensitivos, ou que outra denominação se queira dar a alguém enquadrado nessa instigante modalidade de
atuação terapêutica. Uma intervenção cirúrgica complexa foi acompanhada, o
tempo todo, por uma senhora provida de poderes de energização, com o cirurgião
chefe recorrendo, volta e meia, aos seus préstimos e intervenção como
complemento do procedimento executado no paciente. Noutra sugestiva sequência
de cenas, um psiquiatra confessou, sem relutância alguma, haver abolido
praticamente a medicamentação de natureza química ministrada aos enfermos,
afiançando, com ênfase nas palavras, que o emprego de terapias naturais,
inclusive a energização, vem proporcionando resultados amplamente satisfatórios
nas demandas de seu consultório. A reportagem apresentada na tevê é de molde a
estimular, obviamente, reflexões por parte de todos que se achem empenhados em
estudos e pesquisas relacionados com os rumos da assistência à saúde.
Esses registros
conferem refulgente atualidade a conceitos esposados por Fritjop Capra. No
arrebatante livro “Sabedoria Incomum”, o famoso físico reconhece,
maravilhado, fazendo uso de sua clarividente visão das coisas do mundo, a
revolucionária eficácia dessa conjugação dos conhecimentos científicos
consolidados, absorvidos pela medicina tradicional, com as propostas advindas
da assim chamada medicina natural. A fusão dessas técnicas, como demonstrado
na experiência do hospital norte-americano, representa muito bem a
corporificação daquilo que Capra, em suas percepções de ordem humanística e
espiritual, preconiza – como não? – para o amanhã da vida.
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