Vale
a pena ler de novo
Cesar
Vanucci
“A
repetição é a melhor retórica.”
(Napoleão Bonaparte)
Trecho
do editorial “A reação vai sendo adiada”, “Diário do Comércio”, edição de 1º de
maio: “Havia otimismo e esperança a partir das eleições do ano passado e
conhecidos os resultados. Esperava-se renovação, conduzindo às reformas que,
postergadas, levaram o País a uma situação limite. Chegamos ao mês de maio com
sentimentos diferentes. Preocupa a incapacidade do Executivo de promover a
necessária articulação política, base para avanços que não podem mais ser
adiados. Preocupa a revisão, sempre para menor, das projeções de indicadores
econômicos, apontando que a recuperação foi modesta até agora e dificilmente
mudará de patamar, pelo menos não com a velocidade esperada e prometida.
Preocupa a repetição, na esfera política, de movimentos sugerindo que não
existe sequer a exata dimensão dos problemas que estão por ser enfrentados. O
Brasil está regredindo e empobrecendo, fato que se percebe incontestável diante
da mera observação dos números relativos ao comportamento da indústria. De
acordo com os dados relativos ao exercício passado, a participação do setor na
composição da renda nacional, o Produto Interno Bruto, foi de 11,3%, o pior
resultado desde 1947 quando tais levantamentos tiveram início.” (...)
Trecho
do comentário de Gaudêncio Torquato, DC de 30 de abril: “A constatação se
escancara a todo o momento: o Brasil padece da síndrome do touro. Em vez de
pensar com a cabeça e arremeter com o coração, faz exatamente o contrário.
Querem ver? O presidente Bolsonaro ouve os impropérios contra militares em mais
um vídeo de Olavo de Carvalho, insere-o em sua rede social, retira-o depois de
20 horas de exposição. Solta uma nota repudiando o libelo acusatório, mas exaltando
a figura do guru dos Bolsonaros. O filho Carlos, pondo mais pólvora na
fogueira, acaba compartilhando o vídeo com seus seguidores. Síndrome do touro.
O governo, trôpego e à procura de um rumo, embala uma proposta para reformar a
Previdência, encaminhando-a sem discussão prévia à Câmara dos Deputados. Por
fragilidade de sua articulação política, o pacote ganha intensa discussão em
uma comissão que deveria analisar apenas a questão da admissibilidade, não o
mérito: é constitucional ou não? Os deputados de oposição procuram obstruir a
sessão de aprovação da CCJ. A tensão entre Executivo e Legislativo se mostra
por inteiro, sob a dúvida: quem efetivamente vai comandar os próximos passos na
Comissão Especial e no Plenário? Síndrome do Touro.” (...)
No
DC de 26 de abril, Aristóteles Atheniense publicou artigo intitulado “A censura
imposta à imprensa pelo STF”, do qual reproduzimos o trecho abaixo: “A cúpula
do Judiciário brasileiro conviveu na semana passada com um fato que, pela sua
repercussão, mostrou que a sociedade repele toda e qualquer forma de censura
aos meios de comunicação. Recentemente, o presidente do STF, ministro Dias
Tóffoli, instituiu um órgão inusitado pelo qual a Corte tornou-se autora da
denúncia responsável pela investigação, cabendo-lhe decidir fatos relacionados
com a sindicância, determinando atos judiciais da inquirição, definindo,
afinal, quem seria o culpado pelo fato delituoso apurado. A Procuradoria-Geral
da República, quando muito, teria participação simbólica no expediente em curso.
Assim, o Poder Judiciário, a quem compete a resolução dos conflitos e dos
problemas sociais, converteu-se numa instituição poderosa, o que destoa tanto
de sua finalidade, como de sua própria história.” (...)
Considerações
sobre o momento brasileiro formuladas pelo ex-Presidente Fernando Henrique
Cardoso, em entrevista ao jornalista Bruno Mateus, em “O Tempo”: “Ele (governo)
não tem rumo, não se vê claramente para que lado vai. O governo é muito
desconjuntado. Você tem a área econômica tentando apontar para um certo caminho
e você tem algumas áreas descabeladas, com propostas que não têm concretude
(...), e você tem um setor amplo ocupado por militares, que passaram a ser mais
sensatos no jogo todo.” (...) “Acho que nós temos que dar um desconto nestes primeiros
meses, mas, por enquanto, não vi nada que justificasse o entusiasmo da
população.” (...) Na mesma entrevista, FHC faz uma avaliação da política
econômica: “O que está acontecendo é algo difícil mesmo. Os dados mostram isso,
dá um certo desalento na sociedade, e a sociedade está sempre com pressa, e
sempre acha que o governo pode resolver, mas não está resolvendo. Embora eu
tenha dito que temos que dar tempo ao tempo, a sociedade não sentiu nada de
positivo no governo.” (...) “Mas era preciso haver uma animação da sociedade
para os investimentos chegarem com mais energia. Animação quer dizer caminho,
isso que todo mundo está esperando para ver para onde vamos. Enquanto se
espera, o povo se desespera. O povo está sem emprego, com dificuldade na vida urbana.
Estamos vendo o prestigio do governo se derreter.” (...)
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