Posse acadêmica na Amulmig
com lançamento de livro sobre JK
Cesar Vanucci
“Em Minas prevalece, eterno no tempo e no espaço,
o culto da liberdade, transmitido de geração em geração”.
(Paulo Pinheiro Chagas, figura exponencial
na vida cultural e política brasileira)
Em imponente assembleia festiva, prestigiada por centenas de convidados, realizada no auditório da Associação Comercial de Minas, o economista Carlos Alberto Teixeira de Oliveira tomou posse de uma cadeira na Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais. No mesmo ato ocorreu o lançamento do livro de sua autoria “Juscelino Kubitschek, Profeta do Desenvolvimento – Exemplos e Lições ao Brasil do Século XXI”, publicação de 2500 páginas, em três tomos.
Na condição de presidente da Amulmig, saudei o novo acadêmico com as palavras na sequência reproduzidas.
“Saúdo, com todo respeito, o doutor Paulo Eduardo Rocha Brant vice-governador de Minas Gerais, um Estado em que prevalece, “eterno no tempo e no espaço, o culto da liberdade, transmitido de geração em geração, como um sonho sonhado à beira do fogo na singeleza dos serões domésticos”, conforme dizeres do grande e saudoso tribuno Paulo Pinheiro Chagas.
Prezado amigo Aguinaldo Diniz Filho, ilustre presidente da valorosa Associação Comercial e Empresarial de Minas, entidade que tem sido palco de memoráveis campanhas de colorido verde, amarelo, azul e branco, vale dizer, de feição saudavelmente nacionalista, em favor do desenvolvimento econômico e social da Nação brasileira.
Senhor Juscelino Brasiliano Roque, ilustre prefeito municipal de Diamantina, uma cidade de encantos mil; uma cidade que, não suficientemente satisfeita com essa condição, ainda se dá ao luxo e soberba de ser berço de Nonô, maior personagem da vida pública brasileira de todos os tempos.
Caríssimo amigo Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, cidadão que entende muitíssimo bem as coisas de seu tempo e de seu país e que emprega admiravelmente os dons pessoais de um invejável cabedal de conhecimentos em obstinada defesa das causas desenvolvimentistas.
Companheiras e companheiros acadêmicos da Amulmig, Academia Mineira de Letras, Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Academia de Letras Guimarães Rosa, da Policia Militar, Arcádia, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, Academia Mineira de Leonismo; companheiros jornalistas; companheiros de outras instituições culturais – uns e outros mensageiros da palavra social que em seus afazeres tanto se empenham, louvavelmente, na construção de um mundo melhor.
O espírito humano só funciona aberto.
Senhoras e senhores, O espírito humano é que nem o paraquedas! Só funciona aberto. Este magistral conceito de vida, proposto por Louis Pauwels e Jacques Bergier, ajusta-se como luva para exprimir o substancioso conteúdo desta festa. Festa de arrebatantes e recompensantes emoções. De evocações cívicas que se colocam em maviosa sincronia com o sentimento nacional.
Festa de exaltação da cultura, tão alvejada por ai nestes tempos confusos. Festa de reafirmação da perene supremacia da inteligência, da consciência social desperta no plano das ações mundanas. Festa que referenda a certeza de que os valores do espírito são indispensáveis, indescartáveis, nas conquistas essenciais reclamadas pela evolução civilizatória.
De uma posse acadêmica pode-se garantir tratar-se de ato com certo toque sacramental, derivado, naturalmente, do reconhecimento do primado da inteligência, impregnada de humanismo e espiritualidade, sobre tudo aquilo que o engenho humano é capaz de conceber.
A Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, apoderada de regozijo, afeição e simpatia, engalana-se toda para acolher condignamente seu mais novo associado nesta solene assembleia. Uma assembleia de feérico brilho pelo seu significativo enredo e pela presença sumamente honrosa de ilustres convidados.
O economista, empresário, escritor, professor, jornalista Carlos Alberto Teixeira de Oliveira é alguém que apreendeu, exemplarmente, gravando-a na mente, no coração, no pensamento, na palavra e na ação, a lição transmitida por Pauwels e Bergier. Conserva o espírito permanentemente receptivo aos sentimentos, clamores, exigências que brotam de variadas contingências atinentes à jornada da vida. Imprime fecundidade às ideias, cuidando de coordenar e executar iniciativas, trabalhos, movimentos voltados aos sagrados ideais da prosperidade comunitária e do bem-estar humano. O acompanhamento de sua cintilante trajetória na cena pública é revelador de seu ardor combativo em prol de causas edificantes. Ardor- fácil de intuir -, nascido de uma apurada sensibilidade social e de uma percepção aguda dos fenômenos sociais e econômicos da história.
Carlos Alberto é nacionalmente reconhecido como detentor de opulenta bagagem de conhecimentos na área dos estudos econômicos de vanguarda. É um analista econômico louvado, pode-se dizer, em verso e prosa. Amigos e conhecidos identificam, em sua rica personalidade e em seu perfil de dinâmico empreendedor, o que pode ser classificado de “santa obsessão” com relação às formulações que engendra, ancoradas em sólidos conceitos doutrinários e bom-senso, quando reivindica das gestões públicas a adoção de políticas de desenvolvimento realmente eficazes para o país.
Retomada do crescimento econômico como saída para crises
Em pregação continua, no que fala e escreve, Carlos Alberto ganhou notoriedade por enfatizar a urgente, necessária e inadiável retomada do crescimento econômico como saída para as crises. Explica que essa é a maneira única, insubstituível, de fazer com que o Brasil consiga galgar degraus na escalada em direção aos patamares de progresso que lhe estão reservados, previstos numa vocação de grandeza antevista pela História e calcada nas potencialidades sem par das riquezas naturais que possuímos e virtualidades de nosso povo, criativo e generoso.
O currículo de Carlos Alberto é um “nunca acabar” de citações acerca de funções relevantes públicas e privadas, exercidas sempre com elevada competência. Secretário de Estado em mais de uma pasta, presidiu o BDMG e a Associação Brasileira de Instituições de Desenvolvimento. Esteve à frente do Sebrae, Indi, Fundação João Pinheiro, Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, reitoria de universidade, antigos Bemge, Banco de Crédito Real e Banco Agrimisa. Participou de numerosos cursos de pós-graduação no país e no exterior. Entre as instituições financeiras em que trabalhou, figura o Safra Nacional Banco de Nova Iorque, do qual foi vice-presidente executivo. Preside na atualidade a Associação dos Economistas de Minas, o IBEF Nacional, e a MinasPart - Desenvolvimento Empresarial e Econômico Ltda, sendo ainda diretor geral da apreciada revista “Mercado Comum”. Acumulou em sua trajetória um sem número de títulos, condecorações e honrarias. É autor de vários livros, cabendo destaque a “JK 50 Anos de Progresso em 5 Anos de Governo” e “Economia com Todas as Letras e Números”.
Representando o município de Belo Horizonte na Municipalista, ele escolheu como patrono um personagem da maior envergadura cultural e política da história mineira: o saudoso Murilo Badaró, ex-deputado, ex-senador, ex-presidente da Academia Mineira de Letras, tribuno e escritor consagrado.
Magnífico livro sobre JK
Meus Senhores e Minhas Senhoras, “De todos nós, é o nome dele que vai durar mil anos. Ele estará na memória das gerações por que sua aventura vital foi extraordinária.” O autor desta frase é Afonso Arinos, figura de proa na vida intelectual e política brasileira no século passado. As grandiloquentes referências contemplam ninguém mais, ninguém menos que Juscelino Kubitschek de Oliveira, nome indelevelmente envolto na reverência e na saudade nos lares e ruas brasileiras. Sugestivo anotar que Afonso Arinos foi adversário político e crítico da obra do cidadão cuja memória, num gesto que o engrandece, fez questão de enaltecer com as palavras reproduzidas.
Rogo, agora, especial atenção da distinta plateia. Ponham tento todos nas circunstâncias afortunadas desta festa de exaltação da cultura e da inteligência e de elevada evocação cívica com a qual a Amulmig recepciona o cidadão Carlos Alberto Teixeira de Oliveira. Aqui, neste recinto, simultaneamente com a posse do nosso novo acadêmico, adepto fervoroso da doutrina desenvolvimentista do presidente que fez o Brasil avançar meio século em cinco anos de governo, está sendo oficialmente lançado um livro magnífico. Livro que nos brinda com preciosas informações sobre a vida e obra de um cidadão dotado de sabedoria incomum, de espírito aberto, que provou exuberantemente ser este “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, como está na bela canção popular, possuidor de todas as condições necessárias para se transformar na maior potência deste planeta azul.
A publicação “Juscelino Kubitschek. Profeta do Desenvolvimento – Exemplos e Lições ao Brasil do Século XXI” oferece ao presidente da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais ensancha oportunosa para revelações que constituem motivo de orgulho muito grande para a instituição. A sede da Amulmig, além de Casa de São Francisco, é também conhecida por Casa de JK. E por mais de uma razão, permitam-nos a gabação. Primeira razão: JK fez parte do quadro de associados da Amulmig. Segunda razão: a sede da Municipalista, no alto das Mangabeiras, próximo à praça Israel Pinheiro, também conhecida por praça do Papa, quase no sopé da majestosa Serra do Curral, fica localizada em prédio que pertenceu a JK e que conserva nas paredes traços arquitetônicos desenhados por Oscar Niemeyer, companheiro de Nonô na epopeia de Brasília e em muitas outras vitoriosas empreitadas políticas e culturais.
O veto e a posse de JK na Amulmig
O ingresso de Juscelino na Amulmig envolve pormenores históricos que não podem deixar de ser aqui relatados. Aconteceu há meio século. Aprovada a indicação de seu nome, melhor dizendo, a aclamação de seu nome à conta de seus irrecusáveis méritos como estadista, gestor da coisa pública, tribuno, líder carismático, intelectual, cuidou-se de programar a sessão solene de posse. Foi aí, então, que a ira dos plantonistas do fervilhante obscurantismo cultural dominante na paisagem pátria se manifestou. Pessoas ligadas ao regime autoritário daqueles tempos de chumbo mandaram para a entidade um recado curto e grosso: JK não pode tomar posse. Interrompa-se já o processo, sob pena de severas represálias.
O presidente, fundador da Amulmig, respeitado poeta e escritor Alfredo Marques Viana de Gois, de saudosa lembrança, achava-se licenciado da função. Inteirado da arbitrária “decisão extra-acadêmica”, entendeu de reassumir imediatamente o posto. E enfrentou, galharda e desassombradamente, diante da descabida pressão exercida contra a dignidade do sodalício, a “ordem” insolente emanada de representantes do governo ditatorial. Ou seja, do regime de exceção dominante, que “jamais existiu”, a se levar em consideração ridícula teoria revisionista da história circulante por aí, nascida de uma concepção fundamentalista da vida. Viana de Gois fez questão de coordenar no capricho, nos moldes ritualísticos costumeiros, a festa de posse. JK foi envolvido em clima de consagração. E, tanto quanto se sabe, as prometidas represálias não aconteceram. É incomum, mas pode ocorrer, vez por outra, nos trevosos domínios do despotismo, de alguém embriagado pelo poder subitamente reencontrar-se, por ligeiros instantes, com sua humanidade e acabar sendo acometido de um impulso de pudor.
Foi assim, então, que JK, injustamente banido, transformado em pária político pelo ódio, perseguido por suas crenças democráticas, encontrou na Amulmig um espaço a mais pra expor ideias e ideais fecundos.
Presenteio agora a distinta plateia com algumas palavras de Juscelino na cerimônia em que se tornou membro da Amulmig:
“Estou certo de que quando os sinos bimbalharem o novo minuto do terceiro milênio a sociedade humana se regerá por leis melhores. Nem o capitalismo com suas injustiças e muito menos o comunismo, com as suas terríveis crueldades, satisfarão a humanidade no limiar dessa nova etapa do tempo. Profeta não sou. Médico já fui. Difícil fazer o prognóstico sobre o mundo de amanhã. A equação está montada. Deus há de ajudar para que do cadinho fervente que borbulha em todos os centros de cultura do mundo, surja uma fórmula que permita uma humanidade compreensível e sem ódios, e, sobretudo, livre”. Assim falou JK. As palavras, como pontuou o escritor Vicente Guimarães, o saudoso Vovô Felício, ao homenageá-lo em sua chegada a Amulmig, jorraram “vaporosas, ondulantes, coloridas como um bando de borboletas multicores.”
Amulmig, “Um relicário para guardar a glória de seus ilustres expoentes”
Senhores e Senhoras, a Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, guardiã serena de saberes acumulados foi apontada também na fala de seu mais fulgurante associado, JK, como “um relicário para guardar a glória de seus mais ilustres expoentes”. É isso, exatamente que a entidade se empenha em fazer na cerimônia desta noite.
Esta Casa, de tão ricas tradições de cultura, que na exaltação à inteligência celebra esfuziantemente a fascinante - posto que em não poucos momentos perturbadora - aventura humana; a Casa de Francisco de Assis, que fez da humildade um itinerário de vida; a Casa de JK, o líder, o estadista, que melhor soube interpretar o sentimento nacional, esta Casa abre as portas de par em par para receber seu mais novo associado. Seja muito bem vindo Carlos Alberto Teixeira de Oliveira. Você tem razão com sua história de vida: o espírito humano só funciona aberto!”
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