Magníficos
eventos culturais
Cesar Vanucci
“A cultura é nossa tomada de
conhecimento do melhor
do que se tem sabido e dito (...) da
historia do espírito humano.”
(Matthew Arnold, pensador britânico)
Numa
única semana, encarrilhados, três magníficos eventos culturais. A posse de Luiz
Carlos Abritta na presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Minas
Gerais. A palestra de Maria Inês Marreco na Amulmig, focando o tema “Minas
Gerais: Celeiro de Talentos”. O relançamento do livro “O Pequeno Jornaleiro”,
de Maria Inês Chaves de Andrade, ilustrações de Son Salvador, com os direitos
autorais cedidos pela autora a uma obra social instituída pelos inesquecíveis Pedro
Aleixo e Helena Antipoff.
Na
festividade mencionada em primeiro lugar, que teve por palco o Instituto Histórico
e Geográfico, junto com a posse da nova diretoria ocorreu a celebração do 112º
aniversário da instituição. Frei Evaldo Xavier Gomes oficiou a Ação de Graças
pela efeméride. No discurso de despedida da função, Aluizio Alberto da Cruz
Quintão apresentou, com a colaboração da vice-presidente Regina Almeida, relatório
das fecundas atividades levadas a efeito no mandato trienal encerrado. Um
quadro com retrato do ex-presidente foi descerrado na galeria do salão nobre. Os
acadêmicos Paulo Ramiz Lasmar e Joaquim Cabral Netto também fizeram uso da
palavra. O primeiro enumerou iniciativas culturais relevantes executadas no
curso da gestão finda. O segundo saudou, em nome do sodalício, o novo
presidente, seu companheiro de muitos anos nas lidas do Ministério Público. O
pronunciamento do novo presidente foi antecedido de lance que deixou forte emoção.
Dois filhos do empossado recitaram poemas de Osvaldo Abritta e de Maria da
Conceição Antunes Parreiras Abritta. Ele, magistrado, intelectual vinculado ao
movimento modernista liderado por Oswald Andrade, pai de Luiz Carlos Abritta.
Ela, poeta consagrada, integrante de várias academias literárias, esposa de
Luiz Carlos. Ambos, de saudosa memória.
Apontando
os nomes dos componentes da diretoria, conselho fiscal e comissões que darão
suporte administrativo e técnico às ações, o dirigente empossado detalhou seus
planos de trabalho. Anunciou, como primeiro ato, a constituição de grupo de
acadêmicos para coordenar programa, previsto para 2020, comemorativo do terceiro
centenário da criação da capitania das Minas Gerais. A festa no Instituto Histórico,
por inúmeros lances, pelos discursos ouvidos, de excepcional conteúdo
intelectual, revestiu-se de fulgor difícil de ser igualado em cerimônias do
gênero.
O
evento, na Amulmig, que teve Maria Inês Marreco como expositora, alcançou
igualmente incomum brilhantismo. Ancorada em rica pesquisa, prevalecendo-se de
opulenta bagagem de conhecimento e de invejável fluência verbal, a
conferencista brindou a plateia com narrativa atraente sobre a vida e feitos de
mineiros que, ao longo da história, despontaram em posições de realce em
diferentes áreas da atuação comunitária. O trabalho apresentado arrancou
aplausos e suscitou, por parte dos presentes, observações que serviram para robustecer
a tese do protagonismo decisivo assumido por cidadãos nascidos nas Gerais na
construção do desenvolvimento nacional. Assim é que foram citados, como
personagens de proa no cenário brasileiro, entre outros, os nomes de Joaquim
José da Silva Xavier, Juscelino Kubitscheck de Oliveira, Sobral Pinto, Santos
Dumont, Carlos Drummond de Andrade, Henriqueta Lisboa, Ary Barroso, Carlos
Chagas, João Guimarães Rosa, Edson Arantes do Nascimento, Darci Ribeiro.
Também
na Amulmig – Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais – aconteceu outra
assembléia repleta de significação cultural, com a participação de convidados
ilustres, entre eles descendentes e amigos do notável político e jurista Pedro
Aleixo e admiradores da renomada educadora Helena Antipoff. A festejada
acadêmica Maria Inês Chaves de Andrade, escritora, poeta, professora, advogada,
figura de presença realçante na cena literária mineira, promoveu o relançamento
do livro “O Pequeno Jornaleiro”, doado à “Associação do Pequeno Jornaleiro”.
Essa organização, criada há 85 anos pelos saudosos Pedro Aleixo e Helena
Antipoff, administrada na atualidade por Mauricio Aleixo e Úrsula Aleixo, filho
e neta de Pedro Aleixo, desdobrou-se no curso do tempo transcorrido em outros
núcleos operacionais de caráter assistencial. Na solenidade, os 90 anos de
produtiva existência de Mauricio Aleixo foram festivamente celebrados. Em seu
discurso, Maria Inês sublinhou a importância social da “Associação do Pequeno
Jornaleiro”, lembrando que Pedro Aleixo deu a partida, Mauricio Aleixo tocou a
obra adiante, Úrsula Aleixo ampliou-a “e eu me deixo, dessarte participar desta
narrativa linda, fazendo a minha para brincarmos juntos nossa alegria
interior”.
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