Tópicos
da atualidade
Cesar Vanucci
“Democracia implica redistribuição da renda,
criação de empregos e bem-estar social
crescente.”
(Ulysses
Guimarães, sempre atual)
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A
Ministra da Agricultura, com a firme convicção dos que se crêem donos de
“verdades” que não cabem ser questionadas, disse num simpósio internacional não
existirem no Brasil condições propícias para o cultivo de produtos orgânicos.
Conhecidos nossos, com atuação no setor da agricultura familiar, levantam, a propósito
da douta opinião, a hipótese de que as estepes siberianas e o Alasca talvez
sejam locais mais apropriados para essa modalidade de prática agrícola...
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Com
arrogante e frenética disposição, bem ao seu estilo, roçando as raias da
paranoia, Donald Trump dá andamento à colossal construção de um muro na extensa
divisa com o México, país considerado aliado incondicional dos Estados Unidos
(imagine só se não fosse!). Explica, exultante, que a cerca comportará
sofisticado sistema eletrônico, dispositivos para disparos de choques
elétricos, arame farpado, vigilância permanente com cães ferozes e militares
instruídos a atirarem nas pernas de indesejáveis imigrantes. Um repeteco
chocante do “muro da vergonha”, implantado por ditadura comunista que dividiu a
Alemanha por quase três décadas, até 1989. Muro que entrou nos anais da
história como referência abominada pela consciência democrática mundial.
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A
inusitada e descabida exigência de apresentação de CPF em compras de produtos e
serviços clama por urgente intervenção das autoridades competentes. Coletadas
ao acaso, aqui vão amostras de situações desconcertantes vividas pelos
fregueses. CPF para compra de barras de cereais em farmácia. CPF para poder ingressar
num parque público em busca de momentos de lazer. CPF para aquisição de talão
de estacionamento rotativo, mesmo que por período de apenas uma hora ao preço
de quatro reais e quarenta centavos. Essa “invenção de moda” – como era de
costume dizer-se em tempos de antigamente – alveja o bom-senso e produz
desdobramentos indesejáveis, como é lícito imaginar.
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Os de
boa memória, retornando a fatos sucedidos na vida administrativa mineira anos
atrás, hão de se lembrar dos categóricos argumentos levantados em favor da tese
de que o Estado deveria abrir mão do controle de sua pujante rede de
organizações bancárias em favor de instituições privadas. O dinheiro apurado
nas operações, etecetera e tal, coisa e loisa, constituiria decisivo suporte
para o tão almejado equilíbrio das contas públicas. Perguntar não ofende, tá
bem? Será que isso ficaria mesmo demonstrado numa eventual reavaliação do
processo de privatização transcorrido, em que fosse utilizado trabalho de
auditoria que escarafunchasse devidamente a questão? Oportuno manter esse lance
no foco das atenções à hora em que defensores da privatização de ativos
públicos a qualquer preço, ostentando a mesma linha de raciocínio, saem a
público dizendo que a privatização da Cemig representa a “salvação da lavoura”
para as combalidas finanças das Gerais.
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Num
instante assinalado pela escassez de lideranças e ideias, muitos da geração
deste desajeitado escriba evocam, saudosisticamente, personagens que deixaram
impressas, na caminhada da construção nacional, pegadas cintilantes. Ulysses
Guimarães, pela atuação no capítulo da redemocratização, foi um desses. Faz
sentido, pelo sabor de atualidade de que ainda se revestem, reproduzir, aqui,
apreciáveis conceitos por ele expendidos. Vamos lá: “Democracia é estado de
direito, liberdade de pensamento e de organização popular, respeito a autonomia
dos movimentos sociais. Repousa na existência de partidos políticos sólidos.
Democracia significa voto direto e livre, significa restauração da dignidade e
das prerrogativas do Congresso e do Poder Judiciário, significa liberdade e
autonomia sindical, significa liberdade de informação e acesso democrático aos
meios de comunicação de massa. Democracia implica democratização das estruturas
do Estado, implica resgatar a soberania nacional, implica redistribuição da
renda, criação de empregos, e bem-estar social crescente.”
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