UMA TOCANTE
HOMENAGEM FILIAL
No percurso de passamento do pai querido,
olhar apaixonado da filha Maria Inês Chaves de Andrade, secretária da Amulmig.
08.11 - Data de falecimento
A história tem vida própria, eu sei. E soube disto no exato momento em
que o entendimento em mim se sedimentou porque sou só erosão. Aprendera a ter
fé. Pois, muito antes de saber do Pai soube de chamá-lo assim, porque criança
sabe muito antes de mais nada e ninguém que Ele está ali. Então, de repente, o
Pai chama o pai e o abrupto é a gente dizer para a criança interior da gente
que eles, afinal, não são os mesmos. Logo para ela que aprendera que Ele
era imortal. Quem? Pai não morre nunca, ensinou-lhe o pai, é eterno. Sorte a
minha, pensava a menina pensamento de criança, sem entender direito embora
Direito fosse entender depois, porque quando ela cresceu e virou mulher, ele já
era mesmo imortal e ela esqueceu de os distinguir. Ser filha de Deus nunca
foi fácil, como agora Ele quer que eu entenda, definitivamente, que ele não é
Ele. Então, entendi que dói muito quando deus morre. Agora, tudo que aprendi
com ele sobre Ele reverberou em mim, em tom grave, tão agudo seja o instante em
que a fé purga de tanta convicção. Deus e meu deus se convergiram para que a
integridade dialetizasse e imagem e semelhança perfizessem um ser humano ante
quem me prostro reverente. Prof. Doutor Aloízio Gonzaga de Andrade Araújo,
a história tem vida própria, pai, a que o Pai diz que é seu epílogo
aqui por agora e a gente nem sugeriu instante. Mas, é que esta criança interior
que é minha, esta que levada nunca se deixa levada pelo que não quer, tem uma
fé inarredável na divindade do ser humano porque passei toda uma vida, convivendo
com a sua humanidade, pai, e continuarei acreditando em si na perpetuidade
dessa sua essência tanta a pressinta recendente em toda sua família humana de
Pai Nosso. Muito obrigada, então, papai, por toda dádiva de tê-lo sempre
presente. Dia do meu aniversário/2019.
9.11 - Primeiro dia seguinte aos seguintes dias sem
primado
Enluto
Estar de luto... A falta dele é substantivo que verbaliza demanda de mim,
tão primeira pessoa seja nesta hora, não havendo ninguém que me acompanhe
sofrida, mesmo que me aperceba doutros sofrimentos em meu entorno por conta
dele também.
Eu luto e meu luto. Minha alma é breu
e luz, possa vestir preto enquanto busque a Deus, adeus não tenha aprendido a
dar sem Ele – vá com Deus, fique ainda, seja a única companhia possível porque
toda solidariedade, de repente, é nada se tudo é ausência e só.
Por isso, solidão, tão sólida seja a
partida, esfarelando-se a integridade da menina até então. Toda solidez foi
desmoralizada ante a grandeza da lacuna dele que me precipitou ao solo. Sofrimento
solo é isso. Experiência singular de precipício, escalavrada a alma, lavrada
mesmo às escâncaras tão exposta às intempéries e destemperos fique.
Ela perdeu o pai e o Pai a acolhe
para que a mulher chegue inteira para o enfrentamento da dor da menina.
Inesinha de tanta fé está febril porque só nela reconhece o amálgama dos
destinos na tessitura dos desígnios de Deus.
Possa escutar-me, ouço-me no limite de toda solidariedade que me disponha a
acolher, receba todos os beijos, e abraços, e afetos que me deem. Mas o
silêncio remanesce histérico e de braços abertos me crucifico em cada um como
tenha sido em você. E só o Cristo em mim reconhece o propósito da história dos
homens.
Meu sujeito na primeira pessoa que
sou conjuga em mim sentimento e solidão e eu luto.
Ensimesma-se toda pessoa e sei que
luto, também: minha mãe, luto; seus amigos, luto; todos os filhos, luto e seus
irmãos com os meus, luto.
O imperativo se imputa imperador -
impera a dor acima de tudo porque luto eu e a mim me impondo lutar tão
inarredável seja o enlutar - o eu de cada um e o luto em si lutado.
Como estou, meu amado?!
Pois, em luto...
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