Nestes tempos
de coronavírus
Cesar
Vanucci
“Brasília
poderia ter sido (desde o começo da pandemia) uma fonte de informações e de
orientações respeitáveis. Degradada, a ação federal move-se entre comédias e
provocações.”
(Élio Gáspari, jornalista)
Tempos
difíceis, provações à pamparra. Tempos para o exercício febricitante de valores
que enobrecem a caminhada humana. Tempos de solidariedade, de fraternidade.
Tempos de imprescindíveis bom-senso, juízo, reflexão. E, também, apropriado a
meditação, reclusão interior e – como não? – oração.
Das
lideranças detentoras de responsabilidades institucionais bastante precisas na
cartilha republicana e no texto constitucional é legítimo aguardar, mais do que
isso, exigir, que saibam se comportar à altura das aspirações nacionais.
Revelem-se zelosas e dedicadas no cumprimento do dever, afirmativas nas
decisões preventivas e curativas que possam contribuir eficazmente para o
enfrentamento da galopante pandemia e minimização de seus devastadores efeitos
sociais e econômicos.
O
entendimento nacional acima de paixões políticas, largadas de lado ridículas “questiúnculas
de aldeia”, discussões bizantinas desagregadoras, é uma solene imposição deste
grave momento. As circunstâncias reclamam uma conjugação de forças, de
vontades, a mais poderosa que se tenha condições de articular, de maneira a
definir, com todo vigor, as políticas mais adequadas que o país tenha ao seu
dispor, para o confronto inexorável com a enfermidade que ceifa vidas preciosas
e lesiona o valioso patrimônio da coletividade.
As
providências requeridas pela dramática situação requerem uma sintonia fina de
propósitos e esforços. Faz-se mister que as autoridades competentes, em todos
os escalões, a começar pelo Governo Federal, deem-se as mãos, compartilhem a
mesma mesa para diálogos construtivos e decisões efetivas. Desvencilhem-se da
ruinosa tentação de ditarem regras, mesmo que bem-intencionadas, provenientes
de interpretações pessoais egolátricas das ocorrências ameaçadoras que nos
rondam. Somem conhecimentos, inventividade, promovendo a coalizão capaz de
transmitir à Nação a certeza confortadora de que o melhor da competência
inerente ao complexo oficial de serviços públicos está sendo colocado a serviço
da proteção comunitária.
Da
engrenagem assistencial constituída com esse edificante objetivo, amparada
naturalmente no indispensável apoio dos sistemas privados de saúde, espera-se
um trabalho eficiente, muito trabalho eficiente. Trabalho de magnitude tal que
nunca se possa dar por suficientemente trabalhado o todo problemático a ser
encarado, mesmo que o esforço laboral despendido seja o mais intenso e extenso
jamais estruturado.
O
projeto nacional de combate ao coronavírus terá que ser, - é o óbvio ululante –
coordenado na esfera federal. Os governos estaduais e municipais, bem como as
lideranças de outros segmentos da sociedade convocadas para trabalho conjunto,
serão partícipes importantíssimos no colossal processo. Cabe anotar, neste
ponto das considerações, penosa constatação. Até, pelo menos, à hora em que
estes dizeres estavam sendo digitados o presidente Jair Bolsonaro mostra-se estranhavelmente
avesso a fazer uso do diálogo de modo a possibilitar a alvejada conjugação de
ações. Empregando palavras e atitudes inconvenientes e dúbias, classificando o
terrificante vírus de “uma gripezinha” insignificante e de alarmismo inconsequente
as diligências assumidas noutras esferas administrativas, dava extravagante
demonstração de não haver, ainda, então, se compenetrado da indelegável missão
que o cargo exercido lhe confere nessa hora de angustia e temores.
A
sociedade brasileira concentra-se, agora, na esperançosa expectativa que esse
procedimento equivocado, prejudicial aos interesses nacionais, ceda lugar a uma
avaliação ponderada dos fatos, uma compreensão exata da realidade que nos
rodeia e que disso possam resultar negociações, entendimentos, troca de
conhecimentos, atos positivos, com suprema urgência e sem mais desperdícios de
energias e recursos, de maneira a contribuir para aliviar um pouco as
desgastantes tensões. E colocar o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, em
posicionamento estratégico recomendável nas trincheiras abertas para o combate ao
flagelo.
Um comentário:
Grata, estar, pela quantidade de informações e reflexões ..a raco
Postar um comentário