HOMENAGEM A UM HOMEM DE BEM
Klinger Sobreira de Almeida *
“Belo Horizonte, 20 de abril de 2020, Caro amigo Norman,
Ontem, 19Abr (domingo), 18h56, Adriana, que o acompanhou em
todos os momentos, registrava no WhatsApp: “Ele foi encontrar-se com Deus”. Às
20h17: “A morte deixou uma dor que ninguém pode curar... Mas o amor deixou
memórias que ninguém pode apagar. ”
Amigo, cumprida a missão, dentro dos insondáveis desígnios de
Deus, sua Alma libertou-se, partiu, no prosseguimento da viagem cósmica, rumo à
pátria espiritual. Não obstante a morte do corpo promova a separação física do
ente querido, nós sabemos que você continua vivo e pujante.
Infelizmente, por razões dessa quarentena decorrente do vírus
que assola o planeta, não pudemos estar ao seu lado nos últimos momentos de sua
travessia terrena, quando, no querido Biocor, você teve a assistência de
dedicados médicos e enfermeiros, e o consolo da nunca ausente Adriana.
Nesta hora, sentindo e percebendo a presença do amigo, gostaria
de externar algumas recordações sobre sua profícua passagem terrena.
Tive o privilégio de conhecê-lo nos primórdios dos anos 70. Você
funcionário graduado da USIMEC (posteriormente, transferiu-se para a USIMINAS);
eu, recém-chegado a Ipatinga, como Delegado Especial de Polícia e Comandante do
Contingente Policial-Militar.
Você era uma figura singular que logo se assentou em meu painel
de relacionamentos. Facilitava os contatos entre poder público e empresas,
dinamicamente ativo em prol dos interesses da coletividade. Com o tempo, e a convivência em
empreendimentos comunitários e interação em lojas maçônicas e clubes de
serviço, sedimentou-se a nossa amizade.
Como disse, figura singular, você diferenciava das demais
pessoas. Sempre alegre e otimista, não tinha tempo ruim. Estava em permanente
disposição para qualquer desafio em prol da comunidade ipatinguense. Sua
participação em eventos construtivos irradiava, nos companheiros, a vontade de
vencer, superar obstáculos.
Quando fui transferido para BH, agosto 78, trouxe em minha
geografia afetiva muitas amizades. Porém, uma ocupava relevo proeminente:
NORMAN. Por isso, considerei um
privilégio, tê-lo conhecido.
Coincidentemente, você veio, tempo depois, servir a Usiminas, em
BH. Tivemos encontros esporádicos naquele início dos anos 80. Posteriormente,
quando você retornou do Curso Superior de Guerra, tive o prazer de vê-lo
ministrando palestras no Curso Superior de Polícia e lecionando no Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais.
Seu “engenho e arte” na transmissão, em palestras e aulas, de
Princípios Políticos, Doutrina e Estratégia de Desenvolvimento, tornaram-no
admirado por uma geração de oficiais da PMMG.
Assistimos o impulso que você deu à sessão mineira da
ADESG-Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Por cinco
lustros, elevou-a como modelo nacional. Os cursos anuais, sob sua égide,
emergiram como fatores importantíssimos no aperfeiçoamento de elites dirigentes
das áreas pública, privada e militar. Eram disputadíssimos, e constituíam ponto
relevante no currículo dos aspirantes a cargos em nível estratégico.
Seu currículo, grandioso e qualitativo, é difícil de ser
sintetizado: professor universitário, viagens de especialização em diversos
países europeus, estágios no Pentágono, Escolas do Exército e Marinha dos
Estados Unidos e na NASA. Em você, um acervo de sabedoria, mas ressaltava bem à
mostra, a simplicidade e a humildade. Inebriava-o, tão somente, o prazer em
servir ao próximo, ser útil, semear conhecimento com alegria e otimismo.
Em 1987, transferido para a reserva da PMMG, parti para a atividade
empresarial, por quase trinta anos em outros estados. Considerando-me seu
amigo, você, por iniciativa sua, não deixou que a distância nos afastasse, o
contato era permanente. Além de telefonemas e visitas, recebia o pequeno jornal
impresso da ADESG, que evoluiu para o portentoso Newsletter semanal.
Consagrou-me uma palestra – Perfil do Profissional de Sucesso – que, por alguns
anos, proferi, a seu convite, aos estagiários dos cursos anuais.
Retornando a BH, em 2016, encontrei-o vibrante
na seara literária e nas entidades comunitárias: Instituto Histórico e
Geográfico – IHGMG, Arcádia, Maçonaria... Seus ensaios e artigos abrilhantavam
importantes antologias. Suas palestras convocavam maciça presença em diferentes
areópagos. Por quase vinte anos consecutivos, foi escolhido paraninfo dos
cursos de especialização médica do Biocor. Tive a satisfação de vê-lo,
juntamente com sua esposa Adriana (filha do saudoso Cel Zoir Piedade Gavião),
ingressar na Academia de Letras João Guimarães Rosa da PMMG. As instituições
militares mineiras ocupavam seu coração.
Em fins do ano passado, tendo seu estado de saúde agravado, eu e
Sílvia visitamo-lo no Biocor. Lá estava, a apoiá-lo, Adriana. Mesmo na doença
atroz, você não se abatera. Espargia alegria. Recebendo a Coletânea que ajudara
a editar – Encontro Rosiano em Prosa e Verso/ALJGR – folheou-a embevecido;
distribuiu exemplares a médicos e amigos.
Felizes são aqueles que aproveitam a oportunidade da travessia
terrena; que fazem dela uma jornada de crescimento interior; que erigem como
faróis o bem ao próximo e a amizade. Estes, cumprida a missão e liberta a Alma,
prosseguem em voo ascensional nos horizontes de luz. São Homens de Bem. E você,
NORMAN JOSÉ DE ANDRADE GIUGNI, foi um Homem de Bem.
Nestas recordações saudosas, pálidas diante do que você
representou, envio-lhe, singular e inesquecível amigo, meu abraço espiritual."
* Klinger Sobreira de Almeida – Militar
Ref/PMMG
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