Vacina não é pra já
Cesar
Vanucci
“A aids encontrou remédio a partir de
medicação que já existia. E agora?”
(Drauzio
Varella, médico)
O
médico Drauzio Varella, nome que dispensa apresentação, divulgou na revista
“Carta Capital”, em 9 tópicos, um resumo que fez de trabalho elaborado pela
“Medscape”, a propósito da pandemia do Covid-19. Tomo a liberdade de reproduzir
o texto, neste acolhedor espaço, à vista da candente atualidade de que se
reveste.
1)
O
vírus é transmitido pelas gotículas expelidas ao falar, tossir e espirrar. Pode
sobreviver em superfícies como as de plástico ou de metal por alguns dias (as
estimativas são variáveis). No ar, sobrevive poucas horas, mas as partículas de
secreção que formam aerossol são infectantes. A presença do vírus nas fezes
está documentada.
2)
Modelos
matemáticos sugerem que pacientes assintomáticos ou com poucos sintomas sejam
responsáveis por até 85% das transmissões, nas fases iniciais de um surto
epidêmico. Individualmente, essas pessoas transmitem menos, mas como não ficam
isoladas acabam por infectar mais gente.
3)
Trabalhos
chineses mostraram que a carga viral não difere significativamente entre os
pacientes infectados, todos podem transmitir a doença, tenham muitos ou poucos
sintomas. As últimas evidências da OMS mostram que cada paciente (Ro) infecta
na média entre 2,0 e 2,5 contatuantes (no sarampo Ro é 12 a 18: na gripe pouco
mais de 1)
4)
A OMS calcula que a mortalidade global por Covid-19 esteja na
media de 3,4%. Nos primeiros 4,2 mil casos examinados pelo CDC americano, houve
508 internações hospitalares, 121 em UTI e 44 óbitos.
5)
Na China, dois terços dos doentes apresentaram tosse, cerca de
40% tiveram febre, sintoma que chegou a 89% entre os hospitalizados. Diarreia e
vômito são raros: menos de 5%. Perda de olfato (anosmia) é queixa que aparece
com certa frequencia. Dispneia é sinal de agravamento do quadro e da necessidade
de internação hospitalar.
6)
O teste aplicado até aqui pela técnica de RT-PCR é realizado
colhendo-se por “swab” material das fossas nasais e da garganta, para detectar
a presença do RNA viral. Como a sensibilidade é relativamente baixa (ao redor
de 63%) - ou seja, de cada três infectados um tem resultado negativo (falso
negativo) - há
necessidade de repetição, nos casos suspeitos. No teste feito com amostra de
sangue, o objetivo é detectar a presença de anticorpos contra o vírus.
7)
Quase
todos os pacientes que necessitam de internação, apresentam dispneia, como
consequência de um processo inflamatório pulmonar, traduzido por opacidades
características na tomografia computadorizada, identificável em cerca de 60%
dos casos. Geralmente há necessidade de suplementação com oxigênio por cateter
ou máscara. Os doentes mais graves precisam ser entubados e colocados nos
aparelhos de ventilação mecânica, muitas vezes por duas ou três semanas.
8)
A
perspectiva do desenvolvimento de uma vacina a curto prazo é irreal. Os
pesquisadores mais otimistas esperam que ela esteja disponível em pouco mais de
um ano.
9)
Várias
medicações estão em fase de teste. A esperança é de que os estudos encontrem
atividade antiviral em medicamentos já existentes. Conseguimos drogas assim
para a Aids, por que não agora?
Segundo “pesquisa”
do ipso (instituto particular de sondagens de opinião), “encomendada” para uso único e exclusivo deste desajeitado
escriba, incorrigível propagador de quimeras, a cotação na simpatia popular do
ministro Luiz Henrique Mandetta está em alta vertiginosa. Os índices apurados
são bastante expressivos, sem margem de erro para menos, ao contrário do que
comumente ocorre nas pesquisas tradicionais. O titular da pasta da Saúde é, sem
a mais pálida sombra de dúvida, dentre os porta-vozes da cúpula governamental,
aquele que melhor pontuação alcançou na empatia popular. Passa firmeza e
relativa segurança nos comunicados e entrevistas, neste momento aflitivo vivido
nas ruas e lares. A imagem do Governo ficaria, por certo, muitíssimo
desgastada, caso houvesse se concretizado sua exoneração, dias atrás dada como
favas contadas. A intensificação dos rumores de que isso estava para acontecer
e que produziu, até mesmo, o esvaziamento às pressas das gavetas das mesas de
trabalho do Ministro e de integrantes de sua ativa assessoria científica e administrativa,
fez com que os círculos políticos em Brasília promovessem desusada movimentação
de bastidores. Contingente respeitável de personagens graduados da cena
pública, entre eles colegas de Mandetta no Ministério promovessem gestões que
impedissem a consumação do ato. Ao cabo e alfim, Luiz Henrique Mandetta
permaneceu na função, e isso foi considerado uma decisão acertada por parte da
opinião pública.
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