Depois
do amanhã
Cesar
Vanucci
“Nascidos um para o outro.”
(Editorial do “O Estado
de São Paulo” criticando
atitudes do Presidente Jair Bolsonaro e do
ex-Presidente Lula)
· Das profundezas do
abismo em que a humanidade se viu mergulhada emergem lições valiosas e
definitivas. O mundo não poderá continuar a ser o mesmo depois de amanhã. A
ordem das coisas no plano econômico terá que ser reformulada com embasamento na
justiça social. As indecentes desigualdades detectadas no partilhamento das
riquezas produzidas pelo labor coletivo terão que desaparecer da conturbada
paisagem social. Formatar novo modelo de convivência entre pessoas, grupos e
países, não cogitados até agora nas numerosas e equivocadas políticas
econômicas e sociais adotadas mundo afora, em diversificados momentos e
circunstâncias, representa escopo grandioso. As aspirações das ruas são no
sentido de que esse objetivo seja perseguido com santa obsessão. A importante
tarefa de conectar o processo civilizatório em marcha com as diretrizes de vida
traçadas pelo humanismo e espiritualidade há que ser agarrada com vontade
política, sensibilidade social aguçada pelas lideranças verdadeiramente
comprometidas com a causa da elevação dos padrões de bem-estar humano. Impõe-se
a implantação de estruturas de convivência capazes de compatibilizar os
extraordinários avanços tecnológicos contemporâneos com os ardentes anseios populares
por melhorias nas condições de vida comunitária. A dissociação dessas
conquistas, em caráter inteiriço, com o conforto humano global provoca lesões
difíceis de serem tratadas na cruel realidade enfrentada por bilhões de
criaturas. Todas elas com inalienáveis direitos aos benefícios que a ciência e
o desenvolvimento estão potencialmente capacitados a oferecer aos povoadores
deste planeta azul. A miséria, sob quaisquer de suas horrendas configurações,
carece ser banida da face da terra. Constitui ignominia e insulto à dignidade
do ser humano. É imperioso seja posta a funcionar, a pleno vapor, sem
tergiversações, nem contemplação acomodada para com omissões, ganância e
conveniências espúrias, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O acesso a
moradia, emprego, saúde e educação terá que ser assegurado a todos, em todos os
lugares. A história do desenvolvimento reclama, das cabeças pensantes mais
privilegiadas dos quadros dirigentes, envolvendo formadores de opinião e
tomadores de decisão, que participem, ativa e solidariamente, de diálogos que
consolidem projetos sociais transformadores. Projetos inspirados, obviamente,
nas recomendações da justiça social, de modo a que se possam colher, de
conseguinte, frutos compensadores. O clamor da sociedade por dias mais bonançosos
exige posturas renovadoras. A harmonia social, solenemente pregada na retórica
dos palanques políticos, terá que deixar de ser, no depois do amanhã, teoria
vazia, cantilena falaciosa, para se converter em prática de vida plena e
estuante.
· Editorial do jornal “O
Estado de São Paulo”, de dias atrás, bate pesado nos dois personagens mais
notórios da atualidade política brasileira. “Nascidos um para o outro” é o que
se proclama, na referida matéria, com foco no Presidente Jair Messias Bolsonaro
e no ex-Presidente Luiz Ignácio Lula da Silva. “Tanto o presidente da República
quanto o chefão petista se associam na mais absoluta falta de escrúpulos em
níveis que fariam até Maquiavel corar”, anota ainda o comentário.
·Depois de sinalizar
abundantemente que acabaria adotando a medida extrema, o presidente Donald
Trump tornou efetiva a decisão de proibir a entrada no território estadunidense
de viajantes procedentes do Brasil. A argumentação oferecida é de que está
havendo, neste instante, em nossos pagos, completo descontrole nas ações de
combate ao coronavírus. A proibição coincide com o fato de o Brasil haver
assumido, desconsoladoramente, o segundo lugar entre os países do mundo, nas
alarmantes estatísticas da impiedosa enfermidade. Até a hora em que estas
anotações adquiriam - como era de costume dizer-se no passado – “letra de
forma”, a única manifestação conhecida de alguém ligado ao Planalto consistia
na afirmativa de que “o governo americano está seguindo parâmetros
quantitativos previamente estabelecidos, que alcançam naturalmente um país tão
populoso quanto o nosso, não havendo nada específico contra o Brasil”. O
registro estava complementado pela seguinte frase: “Ignorar a história da
imprensa”. Cabe aduzir, a propósito, que os Estados Unidos são, acima do
Brasil, o país que apresenta os mais volumosos indicadores de propagação do
surto pandêmico. Da parte de Brasília não houve qualquer decisão de se
restringir, no território nacional, a entrada de pessoas provindas dos Estados
Unidos.
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