Eles
partiram primeiro
Cesar Vanucci *
“A morte
é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto”. (Fernando Pessoa)
· A palestra na AMULMIG
(Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais), com foco na lendária
história de Sobral Pinto, comemorativa dos 300 anos de Minas, estava marcada
para meados de abril. Teve que ser adiada por conta do flagelo da Covid. Agora,
por dolorido motivo, acabou tendo que ser mesmo cancelada. Quem havia se comprometido
a proferi-la – e o faria, com toda certeza, de modo empolgante – era o magnífico
ser humano, profissional do Direito de conceito ímpar, Aristóteles Atheniense.
Com sua súbita partida, o destino cruel privou-nos, certo é, de momentos de fruição
intelectual de rara beleza, mas muito mais do que isso, numa extensão e
intensidade difíceis de serem medidas, do convívio ameno e cordial com
personalidade exponencial da inteligência e do saber. Aristóteles, com sua
proficiência profissional, liderança inconteste, expressa em inúmeros cargos
exercidos na OAB e em outros redutos expressivos na vida comunitária, aos quais
emprestou fecundo labor, fez-se reconhecido publicamente, entre os pares e
junto a diferentes setores, como um “advogado símbolo”. Ele se confessou
sumamente desvanecido com o convite que lhe fiz para contar coisas a respeito
de Sobral Pinto, símbolo perfeito do advogado brasileiro. É certo que, à hora
de sua subida à tribuna da AMULMIG para o pronunciamento, o mestre de cerimônia
da assembleia iria, naturalmente, apresenta-lo à plateia, sublinhando sua
invejável condição de cidadão identificado com as causas nobres e os
edificantes valores enfeixados na reluzente trajetória de Sobral. Aristóteles
foi alguém que soube cumprir exemplarmente a missão que lhe tocou executar em
sua passagem pela pátria dos homens. Deixou enorme saudade.
· Alberto Oswaldo
Continentino Araújo, outro amigo dileto que acaba de “partir primeiro”. Passou
a não mais ser visto na curva da estrada da vida, conforme a lírica imagem de
Fernando Pessoa. Mantive convivência extensa e frutuosa com esse cidadão de
bem. Homem culto e diligente, sintonizado com as coisas positivas da aventura
cotidiana. Trabalhamos juntos num sem número de empreitadas, na gloriosa Minas-Brasil
Seguradora e no operoso Sindicato das Empresas de Seguros Privados de Minas
Gerais. Ele presidiu, por vários mandatos, com competência, o órgão
representativo dos empresários do setor de seguros e ofereceu-me a presidência
da Comissão de Recursos Humanos. Em sua gestão administrativa foi desencadeada
vasta programação de cursos de especialização profissional nas diferentes
regiões do Estado. Esta ação educativa foi complementada, por bom espaço de
tempo, com orientação técnica oferecida numa página semanal de seguros,
divulgada no jornal “Estado de Minas”.
Alberto
era filho de José Oswaldo Araújo, ex-prefeito de Belo Horizonte, fundador da
Minas-Brasil, poeta consagrado. Ocupou também funções de realce na Federação
dos Seguradores e na Associação Comercial de Minas. Fez parte, demonstrando
disposição infatigável para o trabalho, de um grupo de líderes classistas
firmemente engajados em campanhas voltadas para o engrandecimento econômico do
Estado. Graças ao estilo de governança
que adotou com seus companheiros executivos, ajudou a estruturar na
Minas-Brasil, na época, uma das mais importantes organizações do país do ramo
de seguros, um elo de integração humana poderoso com a comunidade de trabalho.
Ainda hoje, muito tempo depois da transferência do acervo da empresa para outra
companhia, os antigos colaboradores da Minas-Brasil se reúnem periodicamente em
festivos e concorridos encontros de congraçamento. Alberto Oswaldo não estará
presente no próximo, para tristeza geral.
· Ivermectina: este o
nome do remédio. Antiviral de custo até dia desses acessível, utilizado com
êxito, segundo depoimentos colhidos em fontes acreditadas, para tratamento de
determinados surtos epidêmicos, vem sendo apontado nas redes sociais, com
insistência, como terapia preventiva dotada de certo efeito positivo no caso da
Covid. Como simples repórter, que das coisas cientificas, bem como de tantas
outras coisas relevantes, nada sabe, confesso com sinceridade haver ficado
impressionado com as revelações, acerca das propriedades do aludido
medicamento, que ouvi, indoutrodia, da infectologista Lucy Kerr. Trata-se de
médica e pesquisadora de Ribeirão Preto, pertencente aos quadros da USP.
Aconselho o reduzido, posto que leal e assíduo, contingente de leitores deste
desajeitado escriba a se inteirar do que a especialista vem dizendo, baseada –
conforme acentua – em pesquisas
promovidas por um punhado de profissionais médicos.
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