As duas frentes de luta
na Amazônia
Cesar Vanucci
“A Amazônia corre risco permanente por causa
da devastação e por causa da cobiça
estrangeira.”
(Antonio
Luiz da Costa, educador)
Cobiça
estrangeira e devastação florestal. Na atilada percepção da sociedade
brasileira são duas questões candentes que comportam ser enfrentadas, a um só
tempo, com máxima disposição e destemor.
Minimizar
a gravidade da ação predatória, fora de controle, detectada no fabuloso bioma
amazônico, atribuindo a divulgação persistente, sobre o que vem acontecendo,
exclusivamente a grupos que, lá fora, promovem permanentemente articulações no
sentido de obter acesso livre, para explorá-las a bel prazer, às prodigiosas
riquezas dos dadivosos solo e subsolo, não representa, de maneira alguma, a
verdade fatual. É certo, absolutamente certo – não há como negar -, que grupos
e personagens influentes, das mais diferentes nacionalidades, ora
dissimuladamente, ora às escancaras, defendem a estapafúrdia tese de que a
Amazônia é região a ser internacionalizada. No momento presente, esses setores se
mostram mais alvoroçados que de costume, em seus destemperos verbais, por causa
justamente do volume mais intenso, escorado em recordes históricos, das
queimadas despropositadas nos principais biomas de nosso país.
Cabe,
obviamente, ao Governo brasileiro tomar a si a responsabilidade de repelir, com
toda a veemência, de conformidade com o sentimento nacional, quaisquer ações
oriundas de tais grupos e personagens, que, agora e sempre, atentem contra
nossa soberania. A Amazônia é brasileira e os problemas a ela atinentes dizem
respeito tão somente à Nação brasileira.
A
atitude de repulsa do Brasil a qualquer intromissão terá que levar em conta,
naturalmente, outros aspectos. Por exemplo: que história mais insana é essa de
cartilhas escolares, em alguns países ditos amigos, como já foi insistentemente
denunciado, apontarem o território amazônico como zona regida por organismos
internacionais, e não parte indesvinculável de nossa pátria? Que história mais
adoidada é essa de revistas de quadrinhos mostrarem o “famoso” Capitão Marvel
usando seus “poderes miraculosos” para “proteger” a Amazônia de “marginais brasileiros”
que estariam a “invadi-la” com o fito de se “apoderarem” de suas riquezas?
Chegamos,
assim, nestas considerações, a uma clara constatação. Devastação florestal e
olho gordo estrangeiro na Amazônia são situações com características distintas.
Como muito bem diz o ditado popular, uma coisa é uma coisa e outra coisa é
outra coisa. Advém daí o imperativo de se reconhecer que o “dever de casa”
governamental não vem sendo realizado a contento, no tocante à necessária,
urgente e indeclinável defesa do meio ambiente. Amazônia em chamas, Pantanal em
chamas, Cerrado e Mata Atlântica pegando fogo são fatos insofismáveis mostrados
pelos sistemas de monitoramento. A culpa pelo que rola não pode ser imputada,
assim sem mais nem menos, a índios e a moradores de recônditos lugarejos espalhados
pela vastidão amazônica. Os culpados são outros: grileiros, madeireiros,
garimpeiros, a banda podre do agronegócio. Esses aí, sim, carecem ser contidos
em sua reiterada insubmissão às leis e portarias que dão suporte à política
ambientalista do país.
O
desserviço que a predação florestal acarreta é tremendo. Das fragilidades que
deixamos à mostra, no combate aos abusos ininterruptos cometidos, nossos
inimigos, embuçados ou não, se prevalecem a mancheia, para lesionar a imagem
brasileira, para prejudicar interesses econômicos brasileiros em suas
vinculações com o resto do mundo.
A
conjugação de vontades políticas com as dos demais segmentos da sociedade é reclamada
para constantes e infatigáveis esforços em duas frentes de luta: a da criminosa
destruição florestal e a das insidiosas e solertes manobras dos grupos que contemplam
a Amazônia com gula colonial.
2 comentários:
Muito boa análise...
Infelizmente, nem o atual governo brasileiro tem interesse em preservar a Amazônia. A idéia é o investimento no agro negocio. Triste assim
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