Biden
ou Trump?
Cesar Vanucci
“A sugestão de se conferir a Donald Trump o
Nobel da Paz fortalece
a impressão de que alguma coisa no ar anda
afetando o miolo das pessoas.”
(Domingos
Justino Pinto, educador)
· Biden ou Trump? Conhecidos respondem: pra nós,
tanto faz como tanto fez. Trata-se de uma forma de dizer que, a grosso modo,
nada tende a mudar, de modo a favorecer o resto do mundo, qualquer que venha a
ser a escolha do eleitorado estadunidense, na conduta política da Casa Branca
no plano internacional. A relação de Washington com outros países se prima
sempre pela mesmíssima ótica imperial da Roma dos césares, guardadas,
obviamente, as devidas proporções e configurações da conjuntura política e
cultural vigente nos tempos de agora. Valendo-nos de chistosa observação,
ouvida em mais de uma ocasião, a diferença na mudança do poder supremo na
grande potência equivale, comparativamente, à do sabor da pepsi e da coca cola.
Todas essas considerações não invalidam, contudo, a “torcida” que, em diferentes
partes do planeta, setores da opinião pública identificados com a democracia e
valores humanísticos, fazem pela vitória do candidato democrata. A aposta no
triunfo de Biden leva em conta a perspectiva de alívio nas tensões cumulativas criadas
pelo seu oponente, cidadão despreparado e fanfarrão, com um parafuso de menos
na cachola. É certo que Joe Biden não reúne, a uma vista d’olhos superficial, as
qualificações de um Barack Obama, ou de John Kennedy. Mas pra quem acompanha as
performances do atual mandatário estadunidense, dúvida alguma paira quanto à
opção a fazer. Trump vive emaranhado em trapalhadas e manobras belicosas com potencial
para acender estopins de explosões incontroláveis.
· Nobel da Paz. Ato escancarado de desfaçatez pré-eleitoral. Quem
ousou promovê-lo foi um deputado norueguês, Christian Tybring-Gjedde, membro da
Assembleia Parlamentar da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ele
indicou o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, ao “Prêmio Nobel da
Paz”, ora, veja pois! A indicação de personagens e instituições, no tocante ao
Nobel, é ampla, geral e irrestrita. Não significa que o indicado venha a ser
escolhido. Brasileiros ilustres, carregados de méritos, como Dom Helder Câmara
e Chico Xavier, tiveram os nomes apontados para receber a honrosa láurea. As
sugestões não foram acolhidas. O Comitê do Nobel não se manifesta previamente
sobre eventuais candidaturas. São os autores das indicações que se encarregam
de divulgá-las, como agora acontece no caso de Trump. É significativo o número
de propostas nascidas ao longo dos anos, de conveniências políticas
inocultáveis. Oportuno assinalar, a esse propósito, que as eleições
presidenciais nos Estados Unidos estão bem próximas. Cabe, também, recordar
que, no passado, entre as figuras de projeção política mundial “lembradas”, mas
não condecoradas, estiveram Adolf Hitler, Benito Mussolini e Joseph Stalin.
· Guardiões talebanistas. Mais essa agora: “Guardiões do Crivella”!
Num Rio de Janeiro já acuado pelas milícias, pela “corrupção
institucionalizada”, pelas quadrilhas do tráfico de drogas, pela ferocidade de
segmentos policiais, surge agora, para atazanar ainda mais a paciência da
população, uma falange, composta de “voluntários”, com o objetivo de intimidar,
nas portas dos hospitais, cidadãos em busca de informações sobre pacientes
internados. A ação irada dos “guardiões”, em boa parte recrutados nos quadros
do funcionalismo público, contempla preferencialmente jornalistas encarregados
da cobertura de fatos ligados ao flagelo da Covid-19. Essa mais recente
ofensiva de intolerância talebanista, registrada na cena carioca, agride acintosamente
os preceitos democráticos.
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